Cinco grandes jornais da Dinamarca republicaram, em suas edições desta quarta-feira, a charge polêmica com o profeta Maomé que causou protestos violentos de comunidades muçulmanas em vários cantos do mundo em 2005. A charge - que traz a figura central do islamismo com um turbante em formato de bomba na cabeça - voltou ao jornal um dia depois da prisão de três pessoas supostamente envolvidas em um plano para assassinar um dos cartunistas autores da charge. Segundo autoridades dinamarquesas, dois tunisianos e um dinamarquês de origem marroquina foram detidos "para prevenir um assassinato ligado a terrorismo". Os jornais que republicaram as charges dizem que a ação foi uma forma de protesto contra o suposto plano de assassinar o cartunista. Surpresa Segundo o correspondente da BBC em Copenhague Thomas Buch-Andersen, as prisões surpreenderam a população do país, que pensava que o furor causado pelas charges já havia passado. O chefe do Serviço de Inteligência e Segurança da Dinamarca, Joakib Sharf, afirmou que as detenções foram feitas em operações na região de Aarhus, na região central do país, depois de intenso período de vigilância. Sharf não identificou o alvo do plano de assassinado, mas a edição online do Jyllands-Posten aponta que o cartunista Kurt Westergaard seria a possível vítima. Westergaard é um dos 12 artistas responsáveis pelas charges, mas ele é considerado o autor da caricatura considerada a mais polêmica, republicada nesta quarta-feira. O jornal afirmou ainda que o cartunista e sua esposa estão sob proteção da polícia há três meses. "Certamente fico com medo de perder a vida quando o serviço de inteligência diz que há um plano concreto para me matar", disse Westergaard em uma declaração publicada no site do Jyllands-Posten. "No entanto, transformei o medo em raiva e ressentimento", afirmou o cartunista. A charge foi publicada pela primeira vez em setembro de 2005 pelo jornal Jyllands-Posten. Outros 50 jornais publicaram a caricatura e protestos violentos se seguiram na Europa, Oriente Médio e outras partes do mundo, causando a morte de pelo menos 50 pessoas. A onda de protestos que seguiu a publicação das charges atingiu o ponto mais crítico quando as embaixadas da Dinamarca em Beirute e Damasco foram incendiadas e os protestos causaram mortes na Nigéria, Líbia e Paquistão. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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