O último título de campeão de Muhammad Ali


Aos 36 anos, o maioral dos pesos pesados do boxe derrotou Leon Spinks numa revanche em 1978

Por Edmundo Leite
Atualização:

A grande foto de um soco no queixo de Leon Spinks ao lado do título “Ali, campeão pela 3ª vez” estampou a capa do Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978. Pela última vez, o lendário pugilista Muhammad Ali conquistava o título de campeão dos pesos-pesados do boxe. Aos 36 anos, Ali tomava de volta o cinturão que perdera alguns meses antes para o jovem Leon Spinks, à época com 25 anos.

Capa do Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978 com a vitória de Muhammad Ali Foto: Acervo Estadão

Na página de Esportes, o texto não assinado sobre a luta contava como o boxeador que encantou o mundo com o seu estilo e personalidade desde os anos 60 despertou a partir do oitavo dos 15 assaltos contra Spinks, dançando como nos velhos tempos. Mas terminava com um sabor de despedida, sabendo que aquela notícia seria dada pela última vez.

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Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 16 de setembro de 1978

Ali, o maior do mundo pela 3ª vez

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Ele foi mesmo melhor do que Spinks e ganhou m título inédito: depois de ter perdido o cinturão, conseguiu recuperá-lo mais duas vezes. A últimas delas, ontem, em Nova Orleans.

Os passinhos curtos e malandros foram o primeiro sinal. Terminara o sétimo assalto e Muhammad Ali voltou para o seu canto dançando. Era a volta da confiança, a certeza de que o título voltaria às suas mãos. Antes, nada fizera lembrar o Ali dos bons tempos, a não ser a manifestação do público, que invadiu o corredor que levava ao ringue e exigiu multo trabalho dos policiais para impedir abraços e tapinhas nas costas do ex-campeão.

Por sobre as cabeças da multidão, dos policiais e guarda-costas, o rosto de Ali aparecia: sério, sem humor, olhar distante. Os aplausos do público quando subiu, ao ringue, os cartazes que ainda o proclamavam “o maior”, o sorriso de Leo Spinks — nada parecia trazer de volta o “Tagarela de Loulsville”.

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Ali estava irremediavelmente sério. Ele nem mesmo tentou intimidar o adversário com seu olhar penetrante, quando o juiz chamou-o para o centro do ringue. Olhava para um ponto fixo, perdido.

Spinks era o campeão. Alegre, saltitante. Entrou no “Superdome” de Nova Orleans sorrindo, dentro de um roupão vermelho, com um capuz cobrindo a cabeça. Recebeu um longo abraço do irmão Michael, agachou-se a um canto do ringue, rezou e partiu para a sua vitória. Mas Ali ainda tinha algo a dar. Não nos primeiros sete assaltos, em que não luziu, em que continuou sério, parecendo mais preocupado em evitar os golpes do adversário do que em acertar os seus.

Então, o gongo bateu e Ali deu seus passinhos. Começava exatamente naquele instante a história de um feito inédito: pela terceira vez, um peso pesado iria ser proclamado campeão mundial. Para surpresa de Spinks, o Ali que voltou para o oitavo assalto já dançava quase como nos velhos tempos. E começava a acertar seus jabs, com perfeita noção de distância. A diferença era enorme: de um lado, a força bruta, única arma do Spinks; do outro, a malícia, a técnica, a experiência de quem é, de verdade, um campeão mundial.

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Valente Spinks. Tentou sempre bater, mas Ali, o esperto, chegava sempre antes (e quando não chegava, dava um jeito de segurar os braços de Spinks). As 70.000 pessoas presentes ao “Superdome” viram, então, um pouco do que Ali sempre foi: o melhor de todos os pesos pesados. Só um pouco. Mas o suficente para ser melhor do que Spinks. O suficiente para voltar a ser o campeão.

Mais uma vez, ele conseguiu, quando muitos duvidaram disso E, no final, nos ombros dos amigos, Ali ainda deu seus gritos. Mas por pouco tempo. Logo, seu rosto tornou-se grave novamente: mais do que ninguém, Ali sabia que fora o melhor em cima do ringue. Só que pela última vez.

Muhammad Ali campeão no Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978. Foto: Acervo Estadão
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Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira. Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo. Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

A grande foto de um soco no queixo de Leon Spinks ao lado do título “Ali, campeão pela 3ª vez” estampou a capa do Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978. Pela última vez, o lendário pugilista Muhammad Ali conquistava o título de campeão dos pesos-pesados do boxe. Aos 36 anos, Ali tomava de volta o cinturão que perdera alguns meses antes para o jovem Leon Spinks, à época com 25 anos.

Capa do Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978 com a vitória de Muhammad Ali Foto: Acervo Estadão

Na página de Esportes, o texto não assinado sobre a luta contava como o boxeador que encantou o mundo com o seu estilo e personalidade desde os anos 60 despertou a partir do oitavo dos 15 assaltos contra Spinks, dançando como nos velhos tempos. Mas terminava com um sabor de despedida, sabendo que aquela notícia seria dada pela última vez.

Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 16 de setembro de 1978

Ali, o maior do mundo pela 3ª vez

Ele foi mesmo melhor do que Spinks e ganhou m título inédito: depois de ter perdido o cinturão, conseguiu recuperá-lo mais duas vezes. A últimas delas, ontem, em Nova Orleans.

Os passinhos curtos e malandros foram o primeiro sinal. Terminara o sétimo assalto e Muhammad Ali voltou para o seu canto dançando. Era a volta da confiança, a certeza de que o título voltaria às suas mãos. Antes, nada fizera lembrar o Ali dos bons tempos, a não ser a manifestação do público, que invadiu o corredor que levava ao ringue e exigiu multo trabalho dos policiais para impedir abraços e tapinhas nas costas do ex-campeão.

Por sobre as cabeças da multidão, dos policiais e guarda-costas, o rosto de Ali aparecia: sério, sem humor, olhar distante. Os aplausos do público quando subiu, ao ringue, os cartazes que ainda o proclamavam “o maior”, o sorriso de Leo Spinks — nada parecia trazer de volta o “Tagarela de Loulsville”.

Ali estava irremediavelmente sério. Ele nem mesmo tentou intimidar o adversário com seu olhar penetrante, quando o juiz chamou-o para o centro do ringue. Olhava para um ponto fixo, perdido.

Spinks era o campeão. Alegre, saltitante. Entrou no “Superdome” de Nova Orleans sorrindo, dentro de um roupão vermelho, com um capuz cobrindo a cabeça. Recebeu um longo abraço do irmão Michael, agachou-se a um canto do ringue, rezou e partiu para a sua vitória. Mas Ali ainda tinha algo a dar. Não nos primeiros sete assaltos, em que não luziu, em que continuou sério, parecendo mais preocupado em evitar os golpes do adversário do que em acertar os seus.

Então, o gongo bateu e Ali deu seus passinhos. Começava exatamente naquele instante a história de um feito inédito: pela terceira vez, um peso pesado iria ser proclamado campeão mundial. Para surpresa de Spinks, o Ali que voltou para o oitavo assalto já dançava quase como nos velhos tempos. E começava a acertar seus jabs, com perfeita noção de distância. A diferença era enorme: de um lado, a força bruta, única arma do Spinks; do outro, a malícia, a técnica, a experiência de quem é, de verdade, um campeão mundial.

Valente Spinks. Tentou sempre bater, mas Ali, o esperto, chegava sempre antes (e quando não chegava, dava um jeito de segurar os braços de Spinks). As 70.000 pessoas presentes ao “Superdome” viram, então, um pouco do que Ali sempre foi: o melhor de todos os pesos pesados. Só um pouco. Mas o suficente para ser melhor do que Spinks. O suficiente para voltar a ser o campeão.

Mais uma vez, ele conseguiu, quando muitos duvidaram disso E, no final, nos ombros dos amigos, Ali ainda deu seus gritos. Mas por pouco tempo. Logo, seu rosto tornou-se grave novamente: mais do que ninguém, Ali sabia que fora o melhor em cima do ringue. Só que pela última vez.

Muhammad Ali campeão no Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira. Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo. Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

A grande foto de um soco no queixo de Leon Spinks ao lado do título “Ali, campeão pela 3ª vez” estampou a capa do Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978. Pela última vez, o lendário pugilista Muhammad Ali conquistava o título de campeão dos pesos-pesados do boxe. Aos 36 anos, Ali tomava de volta o cinturão que perdera alguns meses antes para o jovem Leon Spinks, à época com 25 anos.

Capa do Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978 com a vitória de Muhammad Ali Foto: Acervo Estadão

Na página de Esportes, o texto não assinado sobre a luta contava como o boxeador que encantou o mundo com o seu estilo e personalidade desde os anos 60 despertou a partir do oitavo dos 15 assaltos contra Spinks, dançando como nos velhos tempos. Mas terminava com um sabor de despedida, sabendo que aquela notícia seria dada pela última vez.

Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 16 de setembro de 1978

Ali, o maior do mundo pela 3ª vez

Ele foi mesmo melhor do que Spinks e ganhou m título inédito: depois de ter perdido o cinturão, conseguiu recuperá-lo mais duas vezes. A últimas delas, ontem, em Nova Orleans.

Os passinhos curtos e malandros foram o primeiro sinal. Terminara o sétimo assalto e Muhammad Ali voltou para o seu canto dançando. Era a volta da confiança, a certeza de que o título voltaria às suas mãos. Antes, nada fizera lembrar o Ali dos bons tempos, a não ser a manifestação do público, que invadiu o corredor que levava ao ringue e exigiu multo trabalho dos policiais para impedir abraços e tapinhas nas costas do ex-campeão.

Por sobre as cabeças da multidão, dos policiais e guarda-costas, o rosto de Ali aparecia: sério, sem humor, olhar distante. Os aplausos do público quando subiu, ao ringue, os cartazes que ainda o proclamavam “o maior”, o sorriso de Leo Spinks — nada parecia trazer de volta o “Tagarela de Loulsville”.

Ali estava irremediavelmente sério. Ele nem mesmo tentou intimidar o adversário com seu olhar penetrante, quando o juiz chamou-o para o centro do ringue. Olhava para um ponto fixo, perdido.

Spinks era o campeão. Alegre, saltitante. Entrou no “Superdome” de Nova Orleans sorrindo, dentro de um roupão vermelho, com um capuz cobrindo a cabeça. Recebeu um longo abraço do irmão Michael, agachou-se a um canto do ringue, rezou e partiu para a sua vitória. Mas Ali ainda tinha algo a dar. Não nos primeiros sete assaltos, em que não luziu, em que continuou sério, parecendo mais preocupado em evitar os golpes do adversário do que em acertar os seus.

Então, o gongo bateu e Ali deu seus passinhos. Começava exatamente naquele instante a história de um feito inédito: pela terceira vez, um peso pesado iria ser proclamado campeão mundial. Para surpresa de Spinks, o Ali que voltou para o oitavo assalto já dançava quase como nos velhos tempos. E começava a acertar seus jabs, com perfeita noção de distância. A diferença era enorme: de um lado, a força bruta, única arma do Spinks; do outro, a malícia, a técnica, a experiência de quem é, de verdade, um campeão mundial.

Valente Spinks. Tentou sempre bater, mas Ali, o esperto, chegava sempre antes (e quando não chegava, dava um jeito de segurar os braços de Spinks). As 70.000 pessoas presentes ao “Superdome” viram, então, um pouco do que Ali sempre foi: o melhor de todos os pesos pesados. Só um pouco. Mas o suficente para ser melhor do que Spinks. O suficiente para voltar a ser o campeão.

Mais uma vez, ele conseguiu, quando muitos duvidaram disso E, no final, nos ombros dos amigos, Ali ainda deu seus gritos. Mas por pouco tempo. Logo, seu rosto tornou-se grave novamente: mais do que ninguém, Ali sabia que fora o melhor em cima do ringue. Só que pela última vez.

Muhammad Ali campeão no Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira. Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo. Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

A grande foto de um soco no queixo de Leon Spinks ao lado do título “Ali, campeão pela 3ª vez” estampou a capa do Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978. Pela última vez, o lendário pugilista Muhammad Ali conquistava o título de campeão dos pesos-pesados do boxe. Aos 36 anos, Ali tomava de volta o cinturão que perdera alguns meses antes para o jovem Leon Spinks, à época com 25 anos.

Capa do Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978 com a vitória de Muhammad Ali Foto: Acervo Estadão

Na página de Esportes, o texto não assinado sobre a luta contava como o boxeador que encantou o mundo com o seu estilo e personalidade desde os anos 60 despertou a partir do oitavo dos 15 assaltos contra Spinks, dançando como nos velhos tempos. Mas terminava com um sabor de despedida, sabendo que aquela notícia seria dada pela última vez.

Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 16 de setembro de 1978

Ali, o maior do mundo pela 3ª vez

Ele foi mesmo melhor do que Spinks e ganhou m título inédito: depois de ter perdido o cinturão, conseguiu recuperá-lo mais duas vezes. A últimas delas, ontem, em Nova Orleans.

Os passinhos curtos e malandros foram o primeiro sinal. Terminara o sétimo assalto e Muhammad Ali voltou para o seu canto dançando. Era a volta da confiança, a certeza de que o título voltaria às suas mãos. Antes, nada fizera lembrar o Ali dos bons tempos, a não ser a manifestação do público, que invadiu o corredor que levava ao ringue e exigiu multo trabalho dos policiais para impedir abraços e tapinhas nas costas do ex-campeão.

Por sobre as cabeças da multidão, dos policiais e guarda-costas, o rosto de Ali aparecia: sério, sem humor, olhar distante. Os aplausos do público quando subiu, ao ringue, os cartazes que ainda o proclamavam “o maior”, o sorriso de Leo Spinks — nada parecia trazer de volta o “Tagarela de Loulsville”.

Ali estava irremediavelmente sério. Ele nem mesmo tentou intimidar o adversário com seu olhar penetrante, quando o juiz chamou-o para o centro do ringue. Olhava para um ponto fixo, perdido.

Spinks era o campeão. Alegre, saltitante. Entrou no “Superdome” de Nova Orleans sorrindo, dentro de um roupão vermelho, com um capuz cobrindo a cabeça. Recebeu um longo abraço do irmão Michael, agachou-se a um canto do ringue, rezou e partiu para a sua vitória. Mas Ali ainda tinha algo a dar. Não nos primeiros sete assaltos, em que não luziu, em que continuou sério, parecendo mais preocupado em evitar os golpes do adversário do que em acertar os seus.

Então, o gongo bateu e Ali deu seus passinhos. Começava exatamente naquele instante a história de um feito inédito: pela terceira vez, um peso pesado iria ser proclamado campeão mundial. Para surpresa de Spinks, o Ali que voltou para o oitavo assalto já dançava quase como nos velhos tempos. E começava a acertar seus jabs, com perfeita noção de distância. A diferença era enorme: de um lado, a força bruta, única arma do Spinks; do outro, a malícia, a técnica, a experiência de quem é, de verdade, um campeão mundial.

Valente Spinks. Tentou sempre bater, mas Ali, o esperto, chegava sempre antes (e quando não chegava, dava um jeito de segurar os braços de Spinks). As 70.000 pessoas presentes ao “Superdome” viram, então, um pouco do que Ali sempre foi: o melhor de todos os pesos pesados. Só um pouco. Mas o suficente para ser melhor do que Spinks. O suficiente para voltar a ser o campeão.

Mais uma vez, ele conseguiu, quando muitos duvidaram disso E, no final, nos ombros dos amigos, Ali ainda deu seus gritos. Mas por pouco tempo. Logo, seu rosto tornou-se grave novamente: mais do que ninguém, Ali sabia que fora o melhor em cima do ringue. Só que pela última vez.

Muhammad Ali campeão no Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira. Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo. Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

A grande foto de um soco no queixo de Leon Spinks ao lado do título “Ali, campeão pela 3ª vez” estampou a capa do Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978. Pela última vez, o lendário pugilista Muhammad Ali conquistava o título de campeão dos pesos-pesados do boxe. Aos 36 anos, Ali tomava de volta o cinturão que perdera alguns meses antes para o jovem Leon Spinks, à época com 25 anos.

Capa do Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978 com a vitória de Muhammad Ali Foto: Acervo Estadão

Na página de Esportes, o texto não assinado sobre a luta contava como o boxeador que encantou o mundo com o seu estilo e personalidade desde os anos 60 despertou a partir do oitavo dos 15 assaltos contra Spinks, dançando como nos velhos tempos. Mas terminava com um sabor de despedida, sabendo que aquela notícia seria dada pela última vez.

Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 16 de setembro de 1978

Ali, o maior do mundo pela 3ª vez

Ele foi mesmo melhor do que Spinks e ganhou m título inédito: depois de ter perdido o cinturão, conseguiu recuperá-lo mais duas vezes. A últimas delas, ontem, em Nova Orleans.

Os passinhos curtos e malandros foram o primeiro sinal. Terminara o sétimo assalto e Muhammad Ali voltou para o seu canto dançando. Era a volta da confiança, a certeza de que o título voltaria às suas mãos. Antes, nada fizera lembrar o Ali dos bons tempos, a não ser a manifestação do público, que invadiu o corredor que levava ao ringue e exigiu multo trabalho dos policiais para impedir abraços e tapinhas nas costas do ex-campeão.

Por sobre as cabeças da multidão, dos policiais e guarda-costas, o rosto de Ali aparecia: sério, sem humor, olhar distante. Os aplausos do público quando subiu, ao ringue, os cartazes que ainda o proclamavam “o maior”, o sorriso de Leo Spinks — nada parecia trazer de volta o “Tagarela de Loulsville”.

Ali estava irremediavelmente sério. Ele nem mesmo tentou intimidar o adversário com seu olhar penetrante, quando o juiz chamou-o para o centro do ringue. Olhava para um ponto fixo, perdido.

Spinks era o campeão. Alegre, saltitante. Entrou no “Superdome” de Nova Orleans sorrindo, dentro de um roupão vermelho, com um capuz cobrindo a cabeça. Recebeu um longo abraço do irmão Michael, agachou-se a um canto do ringue, rezou e partiu para a sua vitória. Mas Ali ainda tinha algo a dar. Não nos primeiros sete assaltos, em que não luziu, em que continuou sério, parecendo mais preocupado em evitar os golpes do adversário do que em acertar os seus.

Então, o gongo bateu e Ali deu seus passinhos. Começava exatamente naquele instante a história de um feito inédito: pela terceira vez, um peso pesado iria ser proclamado campeão mundial. Para surpresa de Spinks, o Ali que voltou para o oitavo assalto já dançava quase como nos velhos tempos. E começava a acertar seus jabs, com perfeita noção de distância. A diferença era enorme: de um lado, a força bruta, única arma do Spinks; do outro, a malícia, a técnica, a experiência de quem é, de verdade, um campeão mundial.

Valente Spinks. Tentou sempre bater, mas Ali, o esperto, chegava sempre antes (e quando não chegava, dava um jeito de segurar os braços de Spinks). As 70.000 pessoas presentes ao “Superdome” viram, então, um pouco do que Ali sempre foi: o melhor de todos os pesos pesados. Só um pouco. Mas o suficente para ser melhor do que Spinks. O suficiente para voltar a ser o campeão.

Mais uma vez, ele conseguiu, quando muitos duvidaram disso E, no final, nos ombros dos amigos, Ali ainda deu seus gritos. Mas por pouco tempo. Logo, seu rosto tornou-se grave novamente: mais do que ninguém, Ali sabia que fora o melhor em cima do ringue. Só que pela última vez.

Muhammad Ali campeão no Jornal da Tarde de 16 de setembro de 1978. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira. Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo. Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

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