Zé do Caixão encarou medo para ver o seu sucesso na Europa. Saiba o que assustava o cineasta


Reportagem de 1974 mostrou o prestígio do cineasta na Europa enquanto vivia dificuldades para fazer filmes no Brasil

Por Acervo Estadão

O mestre do terror brasileiro tinha medo de avião. Por causa disso, Zé do Caixão, o cineasta José Mojica Marins, havia deixado de presenciar no exterior alguns festivais de cinema nos quais seus filmes foram premiados. Em abril de 1974, porém, Zé do Caixão resolveu encarar o temor para participar do III Convenção Francesa do Cinema Fantástico, na França.

O Jornal da Tarde contou essa história com uma foto de Zé do Caixão vendo a revista “L’Ecran Fantastique”, que havia lhe dedicado sete páginas e a contra-capa. Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 3 de abril de 1974

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Reportagem de 1978 sobre Zé do Caixão. Foto: Acervo Estadão

O sucesso europeu do Zé do Caixão, um precursor da moda do demônio.

Quem poderia imaginar urna sociedade, para fazer um filme, entre o produtor do último filme de Alain Delon, Fadei Kassar, e um produtor brasileiro? E quem, aceitando essa possibilidade, iria suspeitar que o sócio brasileiro — para esse filme com Giuliano Gernma, Florinda Bolkan e Mylene Demongeot — seria exatamente Primo Carbonari? Depois da primeira surpresa, vem uma outra. Ao lado destes artistas famosos mundialmente, dois dos atores principais serão brasileiros. Um é Francisco Cuoco. O outro. simplesmente, é o Zé do Caixão.

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O projeto já existe, e está incluído numa série de planos de José Mojica Marins. o “Zé do Caixão”, para quando voltar da III Convenção Francesa do Cinema Fantástico, da qual vai participar, na França, entre dia 7 e dia 14. Pela primeira vez, o Brasil vai participar desta convenção. Só temos, no gênero, o cinema feito por Mojica Marins E, embora diga ter sido sempre convidado, “Zé do Caixão” morre de medo de uma coisa muito pouco sobrenatural: o avião.

Desta vez, ele decidiu domar seu medo, e acompanhar seus dois filmes, que representarão toda a América Latina: “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver” (1966) e, “apenas como demonstração”, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968).

Ele não foi, em 1970, ao Festival de Berlim, quando foi apresentado o filme de Maurice Capovilla “O Profeta da Fome” (Mojica Marins, ator principal). Através de Glauber Rocha, que levou fotos e trallers seus, a Inglaterra também se interessou pelos filmes. Mojica Marins ganhou dois anos seguidos o Festival da Espanha, mesmo só enviando as obras: em 1972, “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver”; em 1973, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”.

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O ator José Mojica Marins nasceu por acaso: nenhum ator aceitou fazer esse tipo de papel. Glauber Rocha lançou-o na moda intelectual, ao chamá-lo de “gênio”. Quase toda a crítica só tomou conhecimento de sua obra depois disto. Com “À Meia Noite Levarei tua Alma” (1963), seu primeiro filme de terror em 35 milímetros (já tinha alguns em 16 milimetros), Mojica participou de um dos casos mais tristes do cinema brasileiro: por causa de dívidas, foi obrigado a vender o filme pela metade do preço da produção: Cr$ 5.000,00 dos quais só recebeu Cr$ 2.000,00. O lucro final foi de mais de Cr$ 600.000,00. Quando a venda foi feita, o filme já estava estourando em venda. Mas o ator não sabia.

Há pouco, Mojica recebeu uma carta sobre a possibilidade de uma produção conjunta com Christopher Lee e Vicent Price. Ao lado de Peter Cushing, Paul Nasty e Terence Fischer, esses dois mestres do terror são alguns dos nomes que estarão na Convenção, entre os 21 concorrentes.

Mojica está há quatro anos e meio sem fazer filmes de terror, desde que “Ritual dos Sádicos” foi proibido pela censura. Desta época em diante, ele fez filmes sobre problemas psicológicos, sátiras à alta sociedade, faroestes. Está terminando, como supervisor, ‘Instrumento da Máfia”.

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Seus atritos com a censura sempre foram ásperos: trabalhou tr,ês anos na televisão, e quase sempre os tapes eram proibidos. As estações tinham de recorrer a futebol, velhas reprises. No fim, acabavam se desinteressando. Este motivo levou os próprios produtores de cinema a ficarem com medo, e obrigou Zé do Caixão a mudar de fórmula.

Quando voltar da França, porém, ele espera ter realizado bons contatos para sua volta ao terror: uma série de 20 filmes co loridos para TV já recebeu propostas da Globo e da Record, que estariam interessadas em apresentar os filmes no Brasil.

É surpreendente, na Europa, a movimentação em torno da obra de José Mojica. A publicação francesa “L’Ecran Fantastique”, no seu último número, dedicou-lhe sete páginas e a contracapa, prometendo, para o próximo, a capa e uma análise dos filmes.

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Reportagem de 1978 sobre Zé do Caixão. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

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Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira.

Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo.

Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

O mestre do terror brasileiro tinha medo de avião. Por causa disso, Zé do Caixão, o cineasta José Mojica Marins, havia deixado de presenciar no exterior alguns festivais de cinema nos quais seus filmes foram premiados. Em abril de 1974, porém, Zé do Caixão resolveu encarar o temor para participar do III Convenção Francesa do Cinema Fantástico, na França.

O Jornal da Tarde contou essa história com uma foto de Zé do Caixão vendo a revista “L’Ecran Fantastique”, que havia lhe dedicado sete páginas e a contra-capa. Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 3 de abril de 1974

Reportagem de 1978 sobre Zé do Caixão. Foto: Acervo Estadão

O sucesso europeu do Zé do Caixão, um precursor da moda do demônio.

Quem poderia imaginar urna sociedade, para fazer um filme, entre o produtor do último filme de Alain Delon, Fadei Kassar, e um produtor brasileiro? E quem, aceitando essa possibilidade, iria suspeitar que o sócio brasileiro — para esse filme com Giuliano Gernma, Florinda Bolkan e Mylene Demongeot — seria exatamente Primo Carbonari? Depois da primeira surpresa, vem uma outra. Ao lado destes artistas famosos mundialmente, dois dos atores principais serão brasileiros. Um é Francisco Cuoco. O outro. simplesmente, é o Zé do Caixão.

O projeto já existe, e está incluído numa série de planos de José Mojica Marins. o “Zé do Caixão”, para quando voltar da III Convenção Francesa do Cinema Fantástico, da qual vai participar, na França, entre dia 7 e dia 14. Pela primeira vez, o Brasil vai participar desta convenção. Só temos, no gênero, o cinema feito por Mojica Marins E, embora diga ter sido sempre convidado, “Zé do Caixão” morre de medo de uma coisa muito pouco sobrenatural: o avião.

Desta vez, ele decidiu domar seu medo, e acompanhar seus dois filmes, que representarão toda a América Latina: “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver” (1966) e, “apenas como demonstração”, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968).

Ele não foi, em 1970, ao Festival de Berlim, quando foi apresentado o filme de Maurice Capovilla “O Profeta da Fome” (Mojica Marins, ator principal). Através de Glauber Rocha, que levou fotos e trallers seus, a Inglaterra também se interessou pelos filmes. Mojica Marins ganhou dois anos seguidos o Festival da Espanha, mesmo só enviando as obras: em 1972, “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver”; em 1973, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”.

O ator José Mojica Marins nasceu por acaso: nenhum ator aceitou fazer esse tipo de papel. Glauber Rocha lançou-o na moda intelectual, ao chamá-lo de “gênio”. Quase toda a crítica só tomou conhecimento de sua obra depois disto. Com “À Meia Noite Levarei tua Alma” (1963), seu primeiro filme de terror em 35 milímetros (já tinha alguns em 16 milimetros), Mojica participou de um dos casos mais tristes do cinema brasileiro: por causa de dívidas, foi obrigado a vender o filme pela metade do preço da produção: Cr$ 5.000,00 dos quais só recebeu Cr$ 2.000,00. O lucro final foi de mais de Cr$ 600.000,00. Quando a venda foi feita, o filme já estava estourando em venda. Mas o ator não sabia.

Há pouco, Mojica recebeu uma carta sobre a possibilidade de uma produção conjunta com Christopher Lee e Vicent Price. Ao lado de Peter Cushing, Paul Nasty e Terence Fischer, esses dois mestres do terror são alguns dos nomes que estarão na Convenção, entre os 21 concorrentes.

Mojica está há quatro anos e meio sem fazer filmes de terror, desde que “Ritual dos Sádicos” foi proibido pela censura. Desta época em diante, ele fez filmes sobre problemas psicológicos, sátiras à alta sociedade, faroestes. Está terminando, como supervisor, ‘Instrumento da Máfia”.

Seus atritos com a censura sempre foram ásperos: trabalhou tr,ês anos na televisão, e quase sempre os tapes eram proibidos. As estações tinham de recorrer a futebol, velhas reprises. No fim, acabavam se desinteressando. Este motivo levou os próprios produtores de cinema a ficarem com medo, e obrigou Zé do Caixão a mudar de fórmula.

Quando voltar da França, porém, ele espera ter realizado bons contatos para sua volta ao terror: uma série de 20 filmes co loridos para TV já recebeu propostas da Globo e da Record, que estariam interessadas em apresentar os filmes no Brasil.

É surpreendente, na Europa, a movimentação em torno da obra de José Mojica. A publicação francesa “L’Ecran Fantastique”, no seu último número, dedicou-lhe sete páginas e a contracapa, prometendo, para o próximo, a capa e uma análise dos filmes.

Reportagem de 1978 sobre Zé do Caixão. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira.

Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo.

Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

O mestre do terror brasileiro tinha medo de avião. Por causa disso, Zé do Caixão, o cineasta José Mojica Marins, havia deixado de presenciar no exterior alguns festivais de cinema nos quais seus filmes foram premiados. Em abril de 1974, porém, Zé do Caixão resolveu encarar o temor para participar do III Convenção Francesa do Cinema Fantástico, na França.

O Jornal da Tarde contou essa história com uma foto de Zé do Caixão vendo a revista “L’Ecran Fantastique”, que havia lhe dedicado sete páginas e a contra-capa. Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 3 de abril de 1974

Reportagem de 1978 sobre Zé do Caixão. Foto: Acervo Estadão

O sucesso europeu do Zé do Caixão, um precursor da moda do demônio.

Quem poderia imaginar urna sociedade, para fazer um filme, entre o produtor do último filme de Alain Delon, Fadei Kassar, e um produtor brasileiro? E quem, aceitando essa possibilidade, iria suspeitar que o sócio brasileiro — para esse filme com Giuliano Gernma, Florinda Bolkan e Mylene Demongeot — seria exatamente Primo Carbonari? Depois da primeira surpresa, vem uma outra. Ao lado destes artistas famosos mundialmente, dois dos atores principais serão brasileiros. Um é Francisco Cuoco. O outro. simplesmente, é o Zé do Caixão.

O projeto já existe, e está incluído numa série de planos de José Mojica Marins. o “Zé do Caixão”, para quando voltar da III Convenção Francesa do Cinema Fantástico, da qual vai participar, na França, entre dia 7 e dia 14. Pela primeira vez, o Brasil vai participar desta convenção. Só temos, no gênero, o cinema feito por Mojica Marins E, embora diga ter sido sempre convidado, “Zé do Caixão” morre de medo de uma coisa muito pouco sobrenatural: o avião.

Desta vez, ele decidiu domar seu medo, e acompanhar seus dois filmes, que representarão toda a América Latina: “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver” (1966) e, “apenas como demonstração”, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968).

Ele não foi, em 1970, ao Festival de Berlim, quando foi apresentado o filme de Maurice Capovilla “O Profeta da Fome” (Mojica Marins, ator principal). Através de Glauber Rocha, que levou fotos e trallers seus, a Inglaterra também se interessou pelos filmes. Mojica Marins ganhou dois anos seguidos o Festival da Espanha, mesmo só enviando as obras: em 1972, “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver”; em 1973, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”.

O ator José Mojica Marins nasceu por acaso: nenhum ator aceitou fazer esse tipo de papel. Glauber Rocha lançou-o na moda intelectual, ao chamá-lo de “gênio”. Quase toda a crítica só tomou conhecimento de sua obra depois disto. Com “À Meia Noite Levarei tua Alma” (1963), seu primeiro filme de terror em 35 milímetros (já tinha alguns em 16 milimetros), Mojica participou de um dos casos mais tristes do cinema brasileiro: por causa de dívidas, foi obrigado a vender o filme pela metade do preço da produção: Cr$ 5.000,00 dos quais só recebeu Cr$ 2.000,00. O lucro final foi de mais de Cr$ 600.000,00. Quando a venda foi feita, o filme já estava estourando em venda. Mas o ator não sabia.

Há pouco, Mojica recebeu uma carta sobre a possibilidade de uma produção conjunta com Christopher Lee e Vicent Price. Ao lado de Peter Cushing, Paul Nasty e Terence Fischer, esses dois mestres do terror são alguns dos nomes que estarão na Convenção, entre os 21 concorrentes.

Mojica está há quatro anos e meio sem fazer filmes de terror, desde que “Ritual dos Sádicos” foi proibido pela censura. Desta época em diante, ele fez filmes sobre problemas psicológicos, sátiras à alta sociedade, faroestes. Está terminando, como supervisor, ‘Instrumento da Máfia”.

Seus atritos com a censura sempre foram ásperos: trabalhou tr,ês anos na televisão, e quase sempre os tapes eram proibidos. As estações tinham de recorrer a futebol, velhas reprises. No fim, acabavam se desinteressando. Este motivo levou os próprios produtores de cinema a ficarem com medo, e obrigou Zé do Caixão a mudar de fórmula.

Quando voltar da França, porém, ele espera ter realizado bons contatos para sua volta ao terror: uma série de 20 filmes co loridos para TV já recebeu propostas da Globo e da Record, que estariam interessadas em apresentar os filmes no Brasil.

É surpreendente, na Europa, a movimentação em torno da obra de José Mojica. A publicação francesa “L’Ecran Fantastique”, no seu último número, dedicou-lhe sete páginas e a contracapa, prometendo, para o próximo, a capa e uma análise dos filmes.

Reportagem de 1978 sobre Zé do Caixão. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira.

Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo.

Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

O mestre do terror brasileiro tinha medo de avião. Por causa disso, Zé do Caixão, o cineasta José Mojica Marins, havia deixado de presenciar no exterior alguns festivais de cinema nos quais seus filmes foram premiados. Em abril de 1974, porém, Zé do Caixão resolveu encarar o temor para participar do III Convenção Francesa do Cinema Fantástico, na França.

O Jornal da Tarde contou essa história com uma foto de Zé do Caixão vendo a revista “L’Ecran Fantastique”, que havia lhe dedicado sete páginas e a contra-capa. Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 3 de abril de 1974

Reportagem de 1978 sobre Zé do Caixão. Foto: Acervo Estadão

O sucesso europeu do Zé do Caixão, um precursor da moda do demônio.

Quem poderia imaginar urna sociedade, para fazer um filme, entre o produtor do último filme de Alain Delon, Fadei Kassar, e um produtor brasileiro? E quem, aceitando essa possibilidade, iria suspeitar que o sócio brasileiro — para esse filme com Giuliano Gernma, Florinda Bolkan e Mylene Demongeot — seria exatamente Primo Carbonari? Depois da primeira surpresa, vem uma outra. Ao lado destes artistas famosos mundialmente, dois dos atores principais serão brasileiros. Um é Francisco Cuoco. O outro. simplesmente, é o Zé do Caixão.

O projeto já existe, e está incluído numa série de planos de José Mojica Marins. o “Zé do Caixão”, para quando voltar da III Convenção Francesa do Cinema Fantástico, da qual vai participar, na França, entre dia 7 e dia 14. Pela primeira vez, o Brasil vai participar desta convenção. Só temos, no gênero, o cinema feito por Mojica Marins E, embora diga ter sido sempre convidado, “Zé do Caixão” morre de medo de uma coisa muito pouco sobrenatural: o avião.

Desta vez, ele decidiu domar seu medo, e acompanhar seus dois filmes, que representarão toda a América Latina: “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver” (1966) e, “apenas como demonstração”, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968).

Ele não foi, em 1970, ao Festival de Berlim, quando foi apresentado o filme de Maurice Capovilla “O Profeta da Fome” (Mojica Marins, ator principal). Através de Glauber Rocha, que levou fotos e trallers seus, a Inglaterra também se interessou pelos filmes. Mojica Marins ganhou dois anos seguidos o Festival da Espanha, mesmo só enviando as obras: em 1972, “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver”; em 1973, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”.

O ator José Mojica Marins nasceu por acaso: nenhum ator aceitou fazer esse tipo de papel. Glauber Rocha lançou-o na moda intelectual, ao chamá-lo de “gênio”. Quase toda a crítica só tomou conhecimento de sua obra depois disto. Com “À Meia Noite Levarei tua Alma” (1963), seu primeiro filme de terror em 35 milímetros (já tinha alguns em 16 milimetros), Mojica participou de um dos casos mais tristes do cinema brasileiro: por causa de dívidas, foi obrigado a vender o filme pela metade do preço da produção: Cr$ 5.000,00 dos quais só recebeu Cr$ 2.000,00. O lucro final foi de mais de Cr$ 600.000,00. Quando a venda foi feita, o filme já estava estourando em venda. Mas o ator não sabia.

Há pouco, Mojica recebeu uma carta sobre a possibilidade de uma produção conjunta com Christopher Lee e Vicent Price. Ao lado de Peter Cushing, Paul Nasty e Terence Fischer, esses dois mestres do terror são alguns dos nomes que estarão na Convenção, entre os 21 concorrentes.

Mojica está há quatro anos e meio sem fazer filmes de terror, desde que “Ritual dos Sádicos” foi proibido pela censura. Desta época em diante, ele fez filmes sobre problemas psicológicos, sátiras à alta sociedade, faroestes. Está terminando, como supervisor, ‘Instrumento da Máfia”.

Seus atritos com a censura sempre foram ásperos: trabalhou tr,ês anos na televisão, e quase sempre os tapes eram proibidos. As estações tinham de recorrer a futebol, velhas reprises. No fim, acabavam se desinteressando. Este motivo levou os próprios produtores de cinema a ficarem com medo, e obrigou Zé do Caixão a mudar de fórmula.

Quando voltar da França, porém, ele espera ter realizado bons contatos para sua volta ao terror: uma série de 20 filmes co loridos para TV já recebeu propostas da Globo e da Record, que estariam interessadas em apresentar os filmes no Brasil.

É surpreendente, na Europa, a movimentação em torno da obra de José Mojica. A publicação francesa “L’Ecran Fantastique”, no seu último número, dedicou-lhe sete páginas e a contracapa, prometendo, para o próximo, a capa e uma análise dos filmes.

Reportagem de 1978 sobre Zé do Caixão. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira.

Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo.

Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

O mestre do terror brasileiro tinha medo de avião. Por causa disso, Zé do Caixão, o cineasta José Mojica Marins, havia deixado de presenciar no exterior alguns festivais de cinema nos quais seus filmes foram premiados. Em abril de 1974, porém, Zé do Caixão resolveu encarar o temor para participar do III Convenção Francesa do Cinema Fantástico, na França.

O Jornal da Tarde contou essa história com uma foto de Zé do Caixão vendo a revista “L’Ecran Fantastique”, que havia lhe dedicado sete páginas e a contra-capa. Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 3 de abril de 1974

Reportagem de 1978 sobre Zé do Caixão. Foto: Acervo Estadão

O sucesso europeu do Zé do Caixão, um precursor da moda do demônio.

Quem poderia imaginar urna sociedade, para fazer um filme, entre o produtor do último filme de Alain Delon, Fadei Kassar, e um produtor brasileiro? E quem, aceitando essa possibilidade, iria suspeitar que o sócio brasileiro — para esse filme com Giuliano Gernma, Florinda Bolkan e Mylene Demongeot — seria exatamente Primo Carbonari? Depois da primeira surpresa, vem uma outra. Ao lado destes artistas famosos mundialmente, dois dos atores principais serão brasileiros. Um é Francisco Cuoco. O outro. simplesmente, é o Zé do Caixão.

O projeto já existe, e está incluído numa série de planos de José Mojica Marins. o “Zé do Caixão”, para quando voltar da III Convenção Francesa do Cinema Fantástico, da qual vai participar, na França, entre dia 7 e dia 14. Pela primeira vez, o Brasil vai participar desta convenção. Só temos, no gênero, o cinema feito por Mojica Marins E, embora diga ter sido sempre convidado, “Zé do Caixão” morre de medo de uma coisa muito pouco sobrenatural: o avião.

Desta vez, ele decidiu domar seu medo, e acompanhar seus dois filmes, que representarão toda a América Latina: “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver” (1966) e, “apenas como demonstração”, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968).

Ele não foi, em 1970, ao Festival de Berlim, quando foi apresentado o filme de Maurice Capovilla “O Profeta da Fome” (Mojica Marins, ator principal). Através de Glauber Rocha, que levou fotos e trallers seus, a Inglaterra também se interessou pelos filmes. Mojica Marins ganhou dois anos seguidos o Festival da Espanha, mesmo só enviando as obras: em 1972, “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver”; em 1973, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”.

O ator José Mojica Marins nasceu por acaso: nenhum ator aceitou fazer esse tipo de papel. Glauber Rocha lançou-o na moda intelectual, ao chamá-lo de “gênio”. Quase toda a crítica só tomou conhecimento de sua obra depois disto. Com “À Meia Noite Levarei tua Alma” (1963), seu primeiro filme de terror em 35 milímetros (já tinha alguns em 16 milimetros), Mojica participou de um dos casos mais tristes do cinema brasileiro: por causa de dívidas, foi obrigado a vender o filme pela metade do preço da produção: Cr$ 5.000,00 dos quais só recebeu Cr$ 2.000,00. O lucro final foi de mais de Cr$ 600.000,00. Quando a venda foi feita, o filme já estava estourando em venda. Mas o ator não sabia.

Há pouco, Mojica recebeu uma carta sobre a possibilidade de uma produção conjunta com Christopher Lee e Vicent Price. Ao lado de Peter Cushing, Paul Nasty e Terence Fischer, esses dois mestres do terror são alguns dos nomes que estarão na Convenção, entre os 21 concorrentes.

Mojica está há quatro anos e meio sem fazer filmes de terror, desde que “Ritual dos Sádicos” foi proibido pela censura. Desta época em diante, ele fez filmes sobre problemas psicológicos, sátiras à alta sociedade, faroestes. Está terminando, como supervisor, ‘Instrumento da Máfia”.

Seus atritos com a censura sempre foram ásperos: trabalhou tr,ês anos na televisão, e quase sempre os tapes eram proibidos. As estações tinham de recorrer a futebol, velhas reprises. No fim, acabavam se desinteressando. Este motivo levou os próprios produtores de cinema a ficarem com medo, e obrigou Zé do Caixão a mudar de fórmula.

Quando voltar da França, porém, ele espera ter realizado bons contatos para sua volta ao terror: uma série de 20 filmes co loridos para TV já recebeu propostas da Globo e da Record, que estariam interessadas em apresentar os filmes no Brasil.

É surpreendente, na Europa, a movimentação em torno da obra de José Mojica. A publicação francesa “L’Ecran Fantastique”, no seu último número, dedicou-lhe sete páginas e a contracapa, prometendo, para o próximo, a capa e uma análise dos filmes.

Reportagem de 1978 sobre Zé do Caixão. Foto: Acervo Estadão

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira.

Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo.

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