O Grupo Silvio Santos está proibido de começar a construir o Shopping Bela Vista Festival Center, na Rua Jaceguai, no terreno onde está também o Teatro Oficina, do diretor José Celso Martinez Corrêa. A liminar foi concedida pela juíza Celina Kiyomi Toyoshima, da 3ª Vara da Fazenda Pública da capital paulista, na segunda-feira, a pedido da Associação Teatro Oficina Uzina Uzona. Em caso de descumprimento, foi estabelecida multa diária de R$ 2 mil. A associação alegou que, ao aprovar a construção do shopping , o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) ignorou uma proteção especial do entorno do teatro. "Essa liminar é revolucionária porque abre o Conselho para nós e para outros que se sentiram prejudicados por ele. Esse Conselho secreto, de decisões secretas é um absurdo", disse Zé Celso. O presidente do Grupo Silvio Santos, Luiz Sandoval, foi procurado pelo Estado, mas não foi encontrado. Segundo o advogado do Teatro Oficina, Cristiano Padial Fogaça Pereira, quando houve o tombamento, em 1983, o Condephaat não declarou se haveria uma área de proteção específica em torno do teatro, onde nada poderia ser construído. "Ou o Condephaat declara essa área de preservação ou dispensa isso. É praxe. Mas, no caso do Oficina, não se pronunciou", afirmou. Pereira contou que, em julho de 2006, entrou com um requerimento no conselho para discutir a aprovação do projeto de Silvio Santos porque os conselheiros "entenderam que o shopping não interferiria no entorno do teatro". Não houve resposta. "O Oficina foi tombado por sua atividade cultural e histórica, que acontece também do lado de fora. Além disso, o projeto original, de Lina Bo Bardi prevê também um teatro de estádio ali ao lado." A liminar é mais um round na briga entre Zé Celso e Silvio Santos, que já dura 20 anos. Em janeiro de 2005, os dois ensaiaram um acordo: Zé Celso aceitaria o shopping se Silvio construísse o Teatro de Estádio.