K2, K4 ou K9: por que ‘drogas K’ se espalham em SP e são perigosas? Saiba efeitos no corpo


Criada em laboratório nos anos 2000, a ‘maconha sintética’ se dissemina, principalmente entre adolescentes; nº de suspeitas de intoxicação é de 216, ante 98 ao longo de todo o ano passado

Por João Ker
Atualização:

Introduzida inicialmente nos presídios de São Paulo, a droga conhecida como K2, K4, K9 ou “spice”, extrapolou os presídios do Estado nos últimos meses e se espalhou pelas ruas da capital. A Secretaria Municipal da Saúde, na última semana, publicou nota técnica na qual afirma ver “aumento de intercorrências” relacionadas ao uso da substância, “em especial junto à população infantojuvenil”.

Apesar de conhecida como “maconha sintética”, a K9 foi criada em laboratório no início dos anos 2000 e tem efeito até cem vezes mais potente do que o produzido pela planta Cannabis sativa. Como o Estadão mostrou aqui, a presença da droga no Estado começou nas cadeias e foi usada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) como “balões de ensaio” para testar os efeitos da substância.

A matéria-prima para fabricar a K4 chega ao Brasil pelo contrabando ilegal em portos, aeroportos e fronteiras terrestres. Ela vem da Ásia, de partes da Europa e do norte da África em pequenas pedras que se assemelham a sais de banho e que, uma vez no País, são “cozinhadas” em laboratórios normais “de fundo de quintal” até serem transformadas em um líquido transparente.

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K4 escondida em chuteira, cós de cueca, fio dental, tubo de creme dental e sanduíche Foto: Secretaria de Administração Penitenciária

Esse líquido contém princípios ativos que imitam o efeito de drogas clássicas, como maconha ou LSD, mas com potência até cem vezes maior. Para entrar contrabandeado nos presídios, ele era borrifado em folhas de gramatura mais espessa, como papel de carta, que depois era picotado e fumado em um “cigarro”.

Nas ruas de São Paulo, a K9 ou K4 é comumente borrifada sobre misturas de ervas, da mesma forma que a droga se disseminou em Nova York, daí o nome “spice” (ou “tempero”, em inglês). Essa forma também contribuiu para que ela fosse chamada de “maconha sintética”, apesar de não vir da planta Cannabis sativa.

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Apenas de janeiro a abril, a Secretaria de São Paulo já registrou 216 suspeitas de intoxicação exógena por canabinoides sintéticos, dentre eles a K9. O total representa mais que o dobro de todo o ano passado, quando foram registradas 98 ocorrências. “Os canabinoides sintéticos estão entre as principais classes de drogas que geram dependência”, observa a pasta.

Quais os efeitos da K2, K4 ou K9 no corpo humano?

Na nota técnica da secretaria, são apontados os seguintes efeitos de intoxicação pela K9:

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  • Vômito e salivação excessiva;
  • Sonolência, desorientação;
  • Dificuldade de respirar;
  • Desmaios, convulsão;
  • Sinais evidentes na boca ou na pele decorrentes de contato ou ingestão da substância
  • substâncias químicas ou plantas tóxicas;
  • Lesões, queimaduras ou vermelhidão na pele, boca e lábios;
  • Cheiro característico de algum produto na pele, roupa ou objetos ao redor;
  • Alterações súbitas do comportamento ou estado de consciência.

Outros sintomas residuais e crônicos de uso, frequentemente vistos em vídeos nas redes sociais, incluem:

  • Ideação suicida;
  • Paranoia;
  • Delírios;
  • Alucinações;
  • Agitação;
  • Compulsões;
  • Ansiedade;
  • Pânico;
  • Agressividade;
  • Isolamento social.
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A secretaria também aponta que a K9 pode causar comprometimentos neurológicos, como prejuízos na atenção, falha de memória e da execução e localização visuoespacial. “Tivemos casos graves de pessoas que perderam o controle motor pela forma como a droga agiu no sistema nervoso”, disse ao Estadão em setembro o promotor Tiago Dutra Fonseca, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.

“Para quem já tem algum histórico de transtorno mental, isso pode agravar ainda mais como gatilho para um novo surto. Já nos casos fatais, a grande maioria está associada ao sistema cardiorrespiratório, gerando enfarte do miocárdio, uma parada cardíaca, e taquicardia; ou depressão no sistema respiratório, com falta de ar”, disse à época Adriana Tucci, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre Drogas, Sociedade e Cultura da Unifesp.

Por que a K9 se espalhou agora no Brasil?

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Até 2020, o Estado de São Paulo não tinha nem sequer máquinas capazes de realizar a perícia em drogas sintéticas como a K4. Hoje, apesar de já ser possível testar e identificar a substância apreendida, o combate ao tráfico de sintéticos ainda enfrenta um grande desafio: o aumento das vendas na internet, onde elas são disfarçadas e comercializadas em sites populares.

“Já vimos pessoas que vendiam a droga como sal de banho”, disse, também em setembro, Alexandre Learth, perito criminal diretor do Núcleo de Exames de Entorpecentes da Polícia Técnico-Científica do Estado

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Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram descobertas 1.124 novas substâncias entre 2009 e janeiro de 2021, o equivalente a uma nova droga por semana em todo o mundo. Algumas delas foram notificadas exatamente pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo durante as testagens das apreensões feitas no Estado.

“Há um aumento expressivo (das drogas sintéticas), que antes eram apenas uma exceção do que testávamos”, observou Learth. Adriana complementa que o rastreio dessas substâncias é ainda mais difícil porque “as características químicas mudam muito rapidamente” com a produção nos laboratórios de “fundos de quintal”.

Introduzida inicialmente nos presídios de São Paulo, a droga conhecida como K2, K4, K9 ou “spice”, extrapolou os presídios do Estado nos últimos meses e se espalhou pelas ruas da capital. A Secretaria Municipal da Saúde, na última semana, publicou nota técnica na qual afirma ver “aumento de intercorrências” relacionadas ao uso da substância, “em especial junto à população infantojuvenil”.

Apesar de conhecida como “maconha sintética”, a K9 foi criada em laboratório no início dos anos 2000 e tem efeito até cem vezes mais potente do que o produzido pela planta Cannabis sativa. Como o Estadão mostrou aqui, a presença da droga no Estado começou nas cadeias e foi usada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) como “balões de ensaio” para testar os efeitos da substância.

A matéria-prima para fabricar a K4 chega ao Brasil pelo contrabando ilegal em portos, aeroportos e fronteiras terrestres. Ela vem da Ásia, de partes da Europa e do norte da África em pequenas pedras que se assemelham a sais de banho e que, uma vez no País, são “cozinhadas” em laboratórios normais “de fundo de quintal” até serem transformadas em um líquido transparente.

K4 escondida em chuteira, cós de cueca, fio dental, tubo de creme dental e sanduíche Foto: Secretaria de Administração Penitenciária

Esse líquido contém princípios ativos que imitam o efeito de drogas clássicas, como maconha ou LSD, mas com potência até cem vezes maior. Para entrar contrabandeado nos presídios, ele era borrifado em folhas de gramatura mais espessa, como papel de carta, que depois era picotado e fumado em um “cigarro”.

Nas ruas de São Paulo, a K9 ou K4 é comumente borrifada sobre misturas de ervas, da mesma forma que a droga se disseminou em Nova York, daí o nome “spice” (ou “tempero”, em inglês). Essa forma também contribuiu para que ela fosse chamada de “maconha sintética”, apesar de não vir da planta Cannabis sativa.

Apenas de janeiro a abril, a Secretaria de São Paulo já registrou 216 suspeitas de intoxicação exógena por canabinoides sintéticos, dentre eles a K9. O total representa mais que o dobro de todo o ano passado, quando foram registradas 98 ocorrências. “Os canabinoides sintéticos estão entre as principais classes de drogas que geram dependência”, observa a pasta.

Quais os efeitos da K2, K4 ou K9 no corpo humano?

Na nota técnica da secretaria, são apontados os seguintes efeitos de intoxicação pela K9:

  • Vômito e salivação excessiva;
  • Sonolência, desorientação;
  • Dificuldade de respirar;
  • Desmaios, convulsão;
  • Sinais evidentes na boca ou na pele decorrentes de contato ou ingestão da substância
  • substâncias químicas ou plantas tóxicas;
  • Lesões, queimaduras ou vermelhidão na pele, boca e lábios;
  • Cheiro característico de algum produto na pele, roupa ou objetos ao redor;
  • Alterações súbitas do comportamento ou estado de consciência.

Outros sintomas residuais e crônicos de uso, frequentemente vistos em vídeos nas redes sociais, incluem:

  • Ideação suicida;
  • Paranoia;
  • Delírios;
  • Alucinações;
  • Agitação;
  • Compulsões;
  • Ansiedade;
  • Pânico;
  • Agressividade;
  • Isolamento social.

A secretaria também aponta que a K9 pode causar comprometimentos neurológicos, como prejuízos na atenção, falha de memória e da execução e localização visuoespacial. “Tivemos casos graves de pessoas que perderam o controle motor pela forma como a droga agiu no sistema nervoso”, disse ao Estadão em setembro o promotor Tiago Dutra Fonseca, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.

“Para quem já tem algum histórico de transtorno mental, isso pode agravar ainda mais como gatilho para um novo surto. Já nos casos fatais, a grande maioria está associada ao sistema cardiorrespiratório, gerando enfarte do miocárdio, uma parada cardíaca, e taquicardia; ou depressão no sistema respiratório, com falta de ar”, disse à época Adriana Tucci, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre Drogas, Sociedade e Cultura da Unifesp.

Por que a K9 se espalhou agora no Brasil?

Até 2020, o Estado de São Paulo não tinha nem sequer máquinas capazes de realizar a perícia em drogas sintéticas como a K4. Hoje, apesar de já ser possível testar e identificar a substância apreendida, o combate ao tráfico de sintéticos ainda enfrenta um grande desafio: o aumento das vendas na internet, onde elas são disfarçadas e comercializadas em sites populares.

“Já vimos pessoas que vendiam a droga como sal de banho”, disse, também em setembro, Alexandre Learth, perito criminal diretor do Núcleo de Exames de Entorpecentes da Polícia Técnico-Científica do Estado

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram descobertas 1.124 novas substâncias entre 2009 e janeiro de 2021, o equivalente a uma nova droga por semana em todo o mundo. Algumas delas foram notificadas exatamente pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo durante as testagens das apreensões feitas no Estado.

“Há um aumento expressivo (das drogas sintéticas), que antes eram apenas uma exceção do que testávamos”, observou Learth. Adriana complementa que o rastreio dessas substâncias é ainda mais difícil porque “as características químicas mudam muito rapidamente” com a produção nos laboratórios de “fundos de quintal”.

Introduzida inicialmente nos presídios de São Paulo, a droga conhecida como K2, K4, K9 ou “spice”, extrapolou os presídios do Estado nos últimos meses e se espalhou pelas ruas da capital. A Secretaria Municipal da Saúde, na última semana, publicou nota técnica na qual afirma ver “aumento de intercorrências” relacionadas ao uso da substância, “em especial junto à população infantojuvenil”.

Apesar de conhecida como “maconha sintética”, a K9 foi criada em laboratório no início dos anos 2000 e tem efeito até cem vezes mais potente do que o produzido pela planta Cannabis sativa. Como o Estadão mostrou aqui, a presença da droga no Estado começou nas cadeias e foi usada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) como “balões de ensaio” para testar os efeitos da substância.

A matéria-prima para fabricar a K4 chega ao Brasil pelo contrabando ilegal em portos, aeroportos e fronteiras terrestres. Ela vem da Ásia, de partes da Europa e do norte da África em pequenas pedras que se assemelham a sais de banho e que, uma vez no País, são “cozinhadas” em laboratórios normais “de fundo de quintal” até serem transformadas em um líquido transparente.

K4 escondida em chuteira, cós de cueca, fio dental, tubo de creme dental e sanduíche Foto: Secretaria de Administração Penitenciária

Esse líquido contém princípios ativos que imitam o efeito de drogas clássicas, como maconha ou LSD, mas com potência até cem vezes maior. Para entrar contrabandeado nos presídios, ele era borrifado em folhas de gramatura mais espessa, como papel de carta, que depois era picotado e fumado em um “cigarro”.

Nas ruas de São Paulo, a K9 ou K4 é comumente borrifada sobre misturas de ervas, da mesma forma que a droga se disseminou em Nova York, daí o nome “spice” (ou “tempero”, em inglês). Essa forma também contribuiu para que ela fosse chamada de “maconha sintética”, apesar de não vir da planta Cannabis sativa.

Apenas de janeiro a abril, a Secretaria de São Paulo já registrou 216 suspeitas de intoxicação exógena por canabinoides sintéticos, dentre eles a K9. O total representa mais que o dobro de todo o ano passado, quando foram registradas 98 ocorrências. “Os canabinoides sintéticos estão entre as principais classes de drogas que geram dependência”, observa a pasta.

Quais os efeitos da K2, K4 ou K9 no corpo humano?

Na nota técnica da secretaria, são apontados os seguintes efeitos de intoxicação pela K9:

  • Vômito e salivação excessiva;
  • Sonolência, desorientação;
  • Dificuldade de respirar;
  • Desmaios, convulsão;
  • Sinais evidentes na boca ou na pele decorrentes de contato ou ingestão da substância
  • substâncias químicas ou plantas tóxicas;
  • Lesões, queimaduras ou vermelhidão na pele, boca e lábios;
  • Cheiro característico de algum produto na pele, roupa ou objetos ao redor;
  • Alterações súbitas do comportamento ou estado de consciência.

Outros sintomas residuais e crônicos de uso, frequentemente vistos em vídeos nas redes sociais, incluem:

  • Ideação suicida;
  • Paranoia;
  • Delírios;
  • Alucinações;
  • Agitação;
  • Compulsões;
  • Ansiedade;
  • Pânico;
  • Agressividade;
  • Isolamento social.

A secretaria também aponta que a K9 pode causar comprometimentos neurológicos, como prejuízos na atenção, falha de memória e da execução e localização visuoespacial. “Tivemos casos graves de pessoas que perderam o controle motor pela forma como a droga agiu no sistema nervoso”, disse ao Estadão em setembro o promotor Tiago Dutra Fonseca, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.

“Para quem já tem algum histórico de transtorno mental, isso pode agravar ainda mais como gatilho para um novo surto. Já nos casos fatais, a grande maioria está associada ao sistema cardiorrespiratório, gerando enfarte do miocárdio, uma parada cardíaca, e taquicardia; ou depressão no sistema respiratório, com falta de ar”, disse à época Adriana Tucci, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre Drogas, Sociedade e Cultura da Unifesp.

Por que a K9 se espalhou agora no Brasil?

Até 2020, o Estado de São Paulo não tinha nem sequer máquinas capazes de realizar a perícia em drogas sintéticas como a K4. Hoje, apesar de já ser possível testar e identificar a substância apreendida, o combate ao tráfico de sintéticos ainda enfrenta um grande desafio: o aumento das vendas na internet, onde elas são disfarçadas e comercializadas em sites populares.

“Já vimos pessoas que vendiam a droga como sal de banho”, disse, também em setembro, Alexandre Learth, perito criminal diretor do Núcleo de Exames de Entorpecentes da Polícia Técnico-Científica do Estado

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram descobertas 1.124 novas substâncias entre 2009 e janeiro de 2021, o equivalente a uma nova droga por semana em todo o mundo. Algumas delas foram notificadas exatamente pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo durante as testagens das apreensões feitas no Estado.

“Há um aumento expressivo (das drogas sintéticas), que antes eram apenas uma exceção do que testávamos”, observou Learth. Adriana complementa que o rastreio dessas substâncias é ainda mais difícil porque “as características químicas mudam muito rapidamente” com a produção nos laboratórios de “fundos de quintal”.

Introduzida inicialmente nos presídios de São Paulo, a droga conhecida como K2, K4, K9 ou “spice”, extrapolou os presídios do Estado nos últimos meses e se espalhou pelas ruas da capital. A Secretaria Municipal da Saúde, na última semana, publicou nota técnica na qual afirma ver “aumento de intercorrências” relacionadas ao uso da substância, “em especial junto à população infantojuvenil”.

Apesar de conhecida como “maconha sintética”, a K9 foi criada em laboratório no início dos anos 2000 e tem efeito até cem vezes mais potente do que o produzido pela planta Cannabis sativa. Como o Estadão mostrou aqui, a presença da droga no Estado começou nas cadeias e foi usada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) como “balões de ensaio” para testar os efeitos da substância.

A matéria-prima para fabricar a K4 chega ao Brasil pelo contrabando ilegal em portos, aeroportos e fronteiras terrestres. Ela vem da Ásia, de partes da Europa e do norte da África em pequenas pedras que se assemelham a sais de banho e que, uma vez no País, são “cozinhadas” em laboratórios normais “de fundo de quintal” até serem transformadas em um líquido transparente.

K4 escondida em chuteira, cós de cueca, fio dental, tubo de creme dental e sanduíche Foto: Secretaria de Administração Penitenciária

Esse líquido contém princípios ativos que imitam o efeito de drogas clássicas, como maconha ou LSD, mas com potência até cem vezes maior. Para entrar contrabandeado nos presídios, ele era borrifado em folhas de gramatura mais espessa, como papel de carta, que depois era picotado e fumado em um “cigarro”.

Nas ruas de São Paulo, a K9 ou K4 é comumente borrifada sobre misturas de ervas, da mesma forma que a droga se disseminou em Nova York, daí o nome “spice” (ou “tempero”, em inglês). Essa forma também contribuiu para que ela fosse chamada de “maconha sintética”, apesar de não vir da planta Cannabis sativa.

Apenas de janeiro a abril, a Secretaria de São Paulo já registrou 216 suspeitas de intoxicação exógena por canabinoides sintéticos, dentre eles a K9. O total representa mais que o dobro de todo o ano passado, quando foram registradas 98 ocorrências. “Os canabinoides sintéticos estão entre as principais classes de drogas que geram dependência”, observa a pasta.

Quais os efeitos da K2, K4 ou K9 no corpo humano?

Na nota técnica da secretaria, são apontados os seguintes efeitos de intoxicação pela K9:

  • Vômito e salivação excessiva;
  • Sonolência, desorientação;
  • Dificuldade de respirar;
  • Desmaios, convulsão;
  • Sinais evidentes na boca ou na pele decorrentes de contato ou ingestão da substância
  • substâncias químicas ou plantas tóxicas;
  • Lesões, queimaduras ou vermelhidão na pele, boca e lábios;
  • Cheiro característico de algum produto na pele, roupa ou objetos ao redor;
  • Alterações súbitas do comportamento ou estado de consciência.

Outros sintomas residuais e crônicos de uso, frequentemente vistos em vídeos nas redes sociais, incluem:

  • Ideação suicida;
  • Paranoia;
  • Delírios;
  • Alucinações;
  • Agitação;
  • Compulsões;
  • Ansiedade;
  • Pânico;
  • Agressividade;
  • Isolamento social.

A secretaria também aponta que a K9 pode causar comprometimentos neurológicos, como prejuízos na atenção, falha de memória e da execução e localização visuoespacial. “Tivemos casos graves de pessoas que perderam o controle motor pela forma como a droga agiu no sistema nervoso”, disse ao Estadão em setembro o promotor Tiago Dutra Fonseca, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.

“Para quem já tem algum histórico de transtorno mental, isso pode agravar ainda mais como gatilho para um novo surto. Já nos casos fatais, a grande maioria está associada ao sistema cardiorrespiratório, gerando enfarte do miocárdio, uma parada cardíaca, e taquicardia; ou depressão no sistema respiratório, com falta de ar”, disse à época Adriana Tucci, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre Drogas, Sociedade e Cultura da Unifesp.

Por que a K9 se espalhou agora no Brasil?

Até 2020, o Estado de São Paulo não tinha nem sequer máquinas capazes de realizar a perícia em drogas sintéticas como a K4. Hoje, apesar de já ser possível testar e identificar a substância apreendida, o combate ao tráfico de sintéticos ainda enfrenta um grande desafio: o aumento das vendas na internet, onde elas são disfarçadas e comercializadas em sites populares.

“Já vimos pessoas que vendiam a droga como sal de banho”, disse, também em setembro, Alexandre Learth, perito criminal diretor do Núcleo de Exames de Entorpecentes da Polícia Técnico-Científica do Estado

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram descobertas 1.124 novas substâncias entre 2009 e janeiro de 2021, o equivalente a uma nova droga por semana em todo o mundo. Algumas delas foram notificadas exatamente pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo durante as testagens das apreensões feitas no Estado.

“Há um aumento expressivo (das drogas sintéticas), que antes eram apenas uma exceção do que testávamos”, observou Learth. Adriana complementa que o rastreio dessas substâncias é ainda mais difícil porque “as características químicas mudam muito rapidamente” com a produção nos laboratórios de “fundos de quintal”.

Introduzida inicialmente nos presídios de São Paulo, a droga conhecida como K2, K4, K9 ou “spice”, extrapolou os presídios do Estado nos últimos meses e se espalhou pelas ruas da capital. A Secretaria Municipal da Saúde, na última semana, publicou nota técnica na qual afirma ver “aumento de intercorrências” relacionadas ao uso da substância, “em especial junto à população infantojuvenil”.

Apesar de conhecida como “maconha sintética”, a K9 foi criada em laboratório no início dos anos 2000 e tem efeito até cem vezes mais potente do que o produzido pela planta Cannabis sativa. Como o Estadão mostrou aqui, a presença da droga no Estado começou nas cadeias e foi usada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) como “balões de ensaio” para testar os efeitos da substância.

A matéria-prima para fabricar a K4 chega ao Brasil pelo contrabando ilegal em portos, aeroportos e fronteiras terrestres. Ela vem da Ásia, de partes da Europa e do norte da África em pequenas pedras que se assemelham a sais de banho e que, uma vez no País, são “cozinhadas” em laboratórios normais “de fundo de quintal” até serem transformadas em um líquido transparente.

K4 escondida em chuteira, cós de cueca, fio dental, tubo de creme dental e sanduíche Foto: Secretaria de Administração Penitenciária

Esse líquido contém princípios ativos que imitam o efeito de drogas clássicas, como maconha ou LSD, mas com potência até cem vezes maior. Para entrar contrabandeado nos presídios, ele era borrifado em folhas de gramatura mais espessa, como papel de carta, que depois era picotado e fumado em um “cigarro”.

Nas ruas de São Paulo, a K9 ou K4 é comumente borrifada sobre misturas de ervas, da mesma forma que a droga se disseminou em Nova York, daí o nome “spice” (ou “tempero”, em inglês). Essa forma também contribuiu para que ela fosse chamada de “maconha sintética”, apesar de não vir da planta Cannabis sativa.

Apenas de janeiro a abril, a Secretaria de São Paulo já registrou 216 suspeitas de intoxicação exógena por canabinoides sintéticos, dentre eles a K9. O total representa mais que o dobro de todo o ano passado, quando foram registradas 98 ocorrências. “Os canabinoides sintéticos estão entre as principais classes de drogas que geram dependência”, observa a pasta.

Quais os efeitos da K2, K4 ou K9 no corpo humano?

Na nota técnica da secretaria, são apontados os seguintes efeitos de intoxicação pela K9:

  • Vômito e salivação excessiva;
  • Sonolência, desorientação;
  • Dificuldade de respirar;
  • Desmaios, convulsão;
  • Sinais evidentes na boca ou na pele decorrentes de contato ou ingestão da substância
  • substâncias químicas ou plantas tóxicas;
  • Lesões, queimaduras ou vermelhidão na pele, boca e lábios;
  • Cheiro característico de algum produto na pele, roupa ou objetos ao redor;
  • Alterações súbitas do comportamento ou estado de consciência.

Outros sintomas residuais e crônicos de uso, frequentemente vistos em vídeos nas redes sociais, incluem:

  • Ideação suicida;
  • Paranoia;
  • Delírios;
  • Alucinações;
  • Agitação;
  • Compulsões;
  • Ansiedade;
  • Pânico;
  • Agressividade;
  • Isolamento social.

A secretaria também aponta que a K9 pode causar comprometimentos neurológicos, como prejuízos na atenção, falha de memória e da execução e localização visuoespacial. “Tivemos casos graves de pessoas que perderam o controle motor pela forma como a droga agiu no sistema nervoso”, disse ao Estadão em setembro o promotor Tiago Dutra Fonseca, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.

“Para quem já tem algum histórico de transtorno mental, isso pode agravar ainda mais como gatilho para um novo surto. Já nos casos fatais, a grande maioria está associada ao sistema cardiorrespiratório, gerando enfarte do miocárdio, uma parada cardíaca, e taquicardia; ou depressão no sistema respiratório, com falta de ar”, disse à época Adriana Tucci, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre Drogas, Sociedade e Cultura da Unifesp.

Por que a K9 se espalhou agora no Brasil?

Até 2020, o Estado de São Paulo não tinha nem sequer máquinas capazes de realizar a perícia em drogas sintéticas como a K4. Hoje, apesar de já ser possível testar e identificar a substância apreendida, o combate ao tráfico de sintéticos ainda enfrenta um grande desafio: o aumento das vendas na internet, onde elas são disfarçadas e comercializadas em sites populares.

“Já vimos pessoas que vendiam a droga como sal de banho”, disse, também em setembro, Alexandre Learth, perito criminal diretor do Núcleo de Exames de Entorpecentes da Polícia Técnico-Científica do Estado

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram descobertas 1.124 novas substâncias entre 2009 e janeiro de 2021, o equivalente a uma nova droga por semana em todo o mundo. Algumas delas foram notificadas exatamente pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo durante as testagens das apreensões feitas no Estado.

“Há um aumento expressivo (das drogas sintéticas), que antes eram apenas uma exceção do que testávamos”, observou Learth. Adriana complementa que o rastreio dessas substâncias é ainda mais difícil porque “as características químicas mudam muito rapidamente” com a produção nos laboratórios de “fundos de quintal”.

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