Ela lava, passa, dá banho e alimenta seus filhos. Ainda oferece atividades didáticas que envolvem coordenação motora, criatividade e autonomia das crianças. Com a aprovação em março da Emenda Constitucional 66, a famosa PEC das Domésticas, mães têm trocado as funcionárias por escolas de tempo integral, que assumiram parte das atividades antes desempenhadas dentro de casa.Assim que a lei foi aprovada, a psicóloga Fabiana Dias Cardoso, de 37 anos, sentou com o marido e fez as contas: o acréscimo de R$ 1,3 mil no orçamento para deixar Isabela, de 5 anos, o dia todo na escola seria menor que a soma de salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), férias, 13º salário, auxílio-creche e hora extra que seriam pagos a Neide, que trabalha em sua casa. Ela diminuiu a quantidade de dias trabalhados por semana de três para dois e a menina, que antes ficava até meio-dia na escola, passou a ser buscada pelo pai na volta do trabalho, às 18h30. "Achamos que, mesmo tendo boa parte do orçamento comprometido, seria melhor gastar com a escola. É uma mudança radical, mas fiquei feliz: o desenvolvimento é muito maior", diz Fabiana.A economista Bianca Iecker, de 36 anos, não teve muita opção. A empregada que a ajudava a cuidar da filha Luiza, de 1 ano e 8 meses, queria mais que a hora extra proposta por ela e pediu demissão. Em vez de contratar outra pessoa, resolveu deixá-la em tempo integral na escola. "Já tinha vontade de colocá-la o dia todo, mas imaginava fazer isso apenas no próximo ano", explica. "Na escola, ela está mais bem assistida do que em casa."Para o pesquisador do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (CCE/ Ibre-FGV), Fernando de Holanda Barbosa Filho, essa procura é uma demanda natural, que já era esperada. "As pessoas buscaram alternativas mais baratas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.