O ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Tarso Genro, afirmou há pouco que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deu nenhuma orientação para que os ministros se licenciem ou saiam de férias para reforçar a campanha no segundo turno. Segundo Genro, a decisão de deixar a função ministerial temporariamente para trabalhar na campanha será tomada individualmente por cada ministro. "Se alguém se licenciar ou tirar férias vai tomar uma atitude que está no seu direito e, evidentemente, vai dedicar 100% do seu tempo para a campanha", disse Genro. Ele acrescentou que, por enquanto, só o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, tomou essa decisão. Segundo Genro, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, avalia a hipótese de deixar o cargo temporariamente. Genro afirmou que os demais ministros que não deixarem seus cargos poderão atuar na campanha no tempo livre ou no fim de semana. "Isso não é nenhuma obrigação, mas um ato político de solidariedade nesse momento que é decisivo para a história do País." Genro disse ainda que a participação dos ministros é importante pela influencia regional para garantir a vitória de Lula no segundo turno, ampliando as diferenças nas regiões em que o presidente foi bem votado, como a região Nordeste, e diminuindo a distância ou até empatando o jogo em áreas menos votadas. As declarações de Genro marcam uma mudança na estratégia do governo, que agora parte para agir com seus ministros no cargo e em seus tempos livres poderão atuar na campanha de Lula. Campanha desigual Genro rebateu ainda críticas de que a participação de ministros na campanha pela reeleição do presidente Lula seja uma disputa desigual com o candidato tucano Geraldo Alckmin. "Não há nenhuma desigualdade. O (Geraldo) Alckmin, por exemplo, vai ter o apoio dos secretários de José Serra. Isso é normal numa democracia", afirmou Genro, ao deixar o almoço de ministros, na casa de Hélio Costa, das Comunicações. A uma pergunta se não era diferente o peso de um ministro para um secretário municipal, respondeu: "os dois candidatos têm força política na sociedade". Segundo Genro, no caso de Lula essa força é mais das classes "de baixo". O ministro disse que o governo Lula foi bombardeado por uma "oposição quase massiva da grande imprensa e mesmo assim conseguiu quase 50% dos votos". Ele disse, porém, que não se queixa dessa oposição, pois a posição de editores, jornalistas e empresas de comunicação é legítima no processo democrático. "Mas o incrível é que o presidente quase ganha a eleição no primeiro turno", ressaltou. Questionado se para Lula está valendo tudo para se reeleger, incluindo a participação de ministros e do governo na campanha, Genro disse que não, porque, segundo ele, cada vez mais é preciso respeitar as regras. Genro disse que Lula não vai mudar de comportamento no segundo turno e ser mais agressivo. Segundo o ministro, o presidente quer apenas mostrar as diferenças em relação ao projeto de Alckmin e aceitar a discussão proposta pelos adversários sobre ética.