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Opinião|A inteligência artificial consegue ser mesmo criativa?


Por Paulo Silvestre
Imagens criadas por inteligência artificial que "viralizaram" nesse ano - Fotos: Boris Eldagsen e Pablo Xavier / reprodução  

Desde que o ChatGPT começou a produzir textos convincentes e ferramentas como o Midjourney inundaram as redes com imagens impressionantes, muita gente se questiona se as máquinas passaram a ser genuinamente criativas.

A resposta é não!

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Por mais incríveis que sejam, elas não sabem exatamente o que estão produzindo. O ChatGPT, por exemplo, encadeia palavras que combinam de forma probabilística para responder o que lhe foi pedido e na construção das frases. É por isso que, de vez em quando, erra feio: matematicamente aquilo faz sentindo, mas não tem nenhum vínculo com a realidade. É o que já se convencionou chamar de "alucinações da inteligência artificial".

O segredo do sucesso desses sistemas é serem "treinados" com uma quantidade inimaginável de informações de fontes muito diversas. Isso faz com que estatisticamente seus resultados sejam convincentes. Mas, do ponto de vista criativo, a IA apenas agrupa padrões e estilos.

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Pode-se argumentar que artistas humanos, de certa forma, fazem o mesmo, ao aprenderem e se inspirarem em grandes mestres. Mas, nesse caso, existe criatividade. A pergunta que naturalmente surge é: qual a diferença então entre o artista humano e a inteligência artificial?

"A gente tem algo que modifica os padrões de acordo com o que estamos fazendo, cada um enxerga aquilo com a sua subjetividade", explica Diogo Cortiz, professor da PUC-SP e especialista em IA. "A máquina mapeia padrões de forma probabilística, e reproduz aquilo", acrescenta

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Ou seja, nossa história de vida faz com que os padrões que aprendemos sejam inspiração para nossa criatividade, e não limitação. A máquina, por outro lado, fica restrita a eles.

"Quando criamos uma música, transmitimos um sentimento a muitas pessoas através de uma história que nos conecta a um nível superior", afirma Victoria Martínez, gerente de negócios e data science da empresa de software Red Hat para a América Latina. Para a executiva, "isso nos faz únicos, essa parte emocional que não se pode substituir."

Essa é a nova fase de um jogo que jogamos há pelo menos dez anos, em que diferentes tecnologias digitais nos oferecem recursos incríveis para melhorarmos nossas vidas, mas também apresentam potenciais riscos para toda a sociedade. A inteligência artificial generativa está ganhando as ruas agora, enquanto estamos em um turbilhão causado pelo mau uso das redes sociais, que se desenvolveram de maneira selvagem e sem controle por duas décadas. É momento de aprender com os erros cometidos com essas últimas, para evitar que se repitam com a IA.

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Agora temos que conviver com imagens falsas, como as que ilustram esse artigo, do papa Francisco usando um casacão ou das duas mulheres que renderam um prêmio no prestigioso concurso Sony World Photography Awards, em março. Ambas irreais e geradas pela inteligência artificial! É um grande desafio não apenas para os artistas de fato, mas para todos nós, que precisamos distinguir o que verdadeiro do falso para guiarmos nossas vidas.

 

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Imagens criadas por inteligência artificial que "viralizaram" nesse ano - Fotos: Boris Eldagsen e Pablo Xavier / reprodução  

Desde que o ChatGPT começou a produzir textos convincentes e ferramentas como o Midjourney inundaram as redes com imagens impressionantes, muita gente se questiona se as máquinas passaram a ser genuinamente criativas.

A resposta é não!

Por mais incríveis que sejam, elas não sabem exatamente o que estão produzindo. O ChatGPT, por exemplo, encadeia palavras que combinam de forma probabilística para responder o que lhe foi pedido e na construção das frases. É por isso que, de vez em quando, erra feio: matematicamente aquilo faz sentindo, mas não tem nenhum vínculo com a realidade. É o que já se convencionou chamar de "alucinações da inteligência artificial".

O segredo do sucesso desses sistemas é serem "treinados" com uma quantidade inimaginável de informações de fontes muito diversas. Isso faz com que estatisticamente seus resultados sejam convincentes. Mas, do ponto de vista criativo, a IA apenas agrupa padrões e estilos.

Pode-se argumentar que artistas humanos, de certa forma, fazem o mesmo, ao aprenderem e se inspirarem em grandes mestres. Mas, nesse caso, existe criatividade. A pergunta que naturalmente surge é: qual a diferença então entre o artista humano e a inteligência artificial?

"A gente tem algo que modifica os padrões de acordo com o que estamos fazendo, cada um enxerga aquilo com a sua subjetividade", explica Diogo Cortiz, professor da PUC-SP e especialista em IA. "A máquina mapeia padrões de forma probabilística, e reproduz aquilo", acrescenta

Ou seja, nossa história de vida faz com que os padrões que aprendemos sejam inspiração para nossa criatividade, e não limitação. A máquina, por outro lado, fica restrita a eles.

"Quando criamos uma música, transmitimos um sentimento a muitas pessoas através de uma história que nos conecta a um nível superior", afirma Victoria Martínez, gerente de negócios e data science da empresa de software Red Hat para a América Latina. Para a executiva, "isso nos faz únicos, essa parte emocional que não se pode substituir."

Essa é a nova fase de um jogo que jogamos há pelo menos dez anos, em que diferentes tecnologias digitais nos oferecem recursos incríveis para melhorarmos nossas vidas, mas também apresentam potenciais riscos para toda a sociedade. A inteligência artificial generativa está ganhando as ruas agora, enquanto estamos em um turbilhão causado pelo mau uso das redes sociais, que se desenvolveram de maneira selvagem e sem controle por duas décadas. É momento de aprender com os erros cometidos com essas últimas, para evitar que se repitam com a IA.

Agora temos que conviver com imagens falsas, como as que ilustram esse artigo, do papa Francisco usando um casacão ou das duas mulheres que renderam um prêmio no prestigioso concurso Sony World Photography Awards, em março. Ambas irreais e geradas pela inteligência artificial! É um grande desafio não apenas para os artistas de fato, mas para todos nós, que precisamos distinguir o que verdadeiro do falso para guiarmos nossas vidas.

 

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Imagens criadas por inteligência artificial que "viralizaram" nesse ano - Fotos: Boris Eldagsen e Pablo Xavier / reprodução  

Desde que o ChatGPT começou a produzir textos convincentes e ferramentas como o Midjourney inundaram as redes com imagens impressionantes, muita gente se questiona se as máquinas passaram a ser genuinamente criativas.

A resposta é não!

Por mais incríveis que sejam, elas não sabem exatamente o que estão produzindo. O ChatGPT, por exemplo, encadeia palavras que combinam de forma probabilística para responder o que lhe foi pedido e na construção das frases. É por isso que, de vez em quando, erra feio: matematicamente aquilo faz sentindo, mas não tem nenhum vínculo com a realidade. É o que já se convencionou chamar de "alucinações da inteligência artificial".

O segredo do sucesso desses sistemas é serem "treinados" com uma quantidade inimaginável de informações de fontes muito diversas. Isso faz com que estatisticamente seus resultados sejam convincentes. Mas, do ponto de vista criativo, a IA apenas agrupa padrões e estilos.

Pode-se argumentar que artistas humanos, de certa forma, fazem o mesmo, ao aprenderem e se inspirarem em grandes mestres. Mas, nesse caso, existe criatividade. A pergunta que naturalmente surge é: qual a diferença então entre o artista humano e a inteligência artificial?

"A gente tem algo que modifica os padrões de acordo com o que estamos fazendo, cada um enxerga aquilo com a sua subjetividade", explica Diogo Cortiz, professor da PUC-SP e especialista em IA. "A máquina mapeia padrões de forma probabilística, e reproduz aquilo", acrescenta

Ou seja, nossa história de vida faz com que os padrões que aprendemos sejam inspiração para nossa criatividade, e não limitação. A máquina, por outro lado, fica restrita a eles.

"Quando criamos uma música, transmitimos um sentimento a muitas pessoas através de uma história que nos conecta a um nível superior", afirma Victoria Martínez, gerente de negócios e data science da empresa de software Red Hat para a América Latina. Para a executiva, "isso nos faz únicos, essa parte emocional que não se pode substituir."

Essa é a nova fase de um jogo que jogamos há pelo menos dez anos, em que diferentes tecnologias digitais nos oferecem recursos incríveis para melhorarmos nossas vidas, mas também apresentam potenciais riscos para toda a sociedade. A inteligência artificial generativa está ganhando as ruas agora, enquanto estamos em um turbilhão causado pelo mau uso das redes sociais, que se desenvolveram de maneira selvagem e sem controle por duas décadas. É momento de aprender com os erros cometidos com essas últimas, para evitar que se repitam com a IA.

Agora temos que conviver com imagens falsas, como as que ilustram esse artigo, do papa Francisco usando um casacão ou das duas mulheres que renderam um prêmio no prestigioso concurso Sony World Photography Awards, em março. Ambas irreais e geradas pela inteligência artificial! É um grande desafio não apenas para os artistas de fato, mas para todos nós, que precisamos distinguir o que verdadeiro do falso para guiarmos nossas vidas.

 

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Opinião por Paulo Silvestre

É jornalista, consultor e palestrante de customer experience, mídia, cultura e transformação digital. É professor da Universidade Mackenzie e da PUC–SP, e articulista do Estadão. Foi executivo na AOL, Editora Abril, Estadão, Saraiva e Samsung. Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, é LinkedIn Top Voice desde 2016.

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