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Opinião|A tecnologia nos dá asas, mas nem todos podem voar


Por Paulo Silvestre
Katar Hol, o super-herói Gavião Negro: tecnologia o fez voar e cumprir seu destino - Foto: reprodução

Nessa semana, conversava com amigos sobre como a tecnologia "dá asas aos nossos sonhos". Isso sempre foi verdade, desde que dominamos o fogo e inventamos a roda e o arado. Ela nos permite alcançar coisas novas ou fazer atividades antigas de forma melhor, mais rápida, com mais eficiência. Mas também é verdade que, desde o começo dos tempos, o acesso à tecnologia é desigual na sociedade, criando o grupo dos que "voam mais alto" e o dos que "ficam presos ao chão".

Essa analogia me fez lembrar da história de Katar Hol, uma das versões do super-herói da DC Comics Gavião Negro, natural do planeta Thanagar. E apesar das asas falsas que ostenta, o que o faz voar é seu cinto antigravitacional, a mesma tecnologia que permite que suas cidades flutuem no céu.

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Thanagar é um mundo que escraviza os povos de outros planetas. Muitos deles são obrigados a viver na sua superfície. Katar era um policial, mas foi traído, preso e relegado ao "lado de baixo", tornando-se um "sem-asas". Conseguiu concluir seu destino apenas quando teve novamente acesso à tecnologia para voar.

Não voamos de fato, mas a referência continua válida. Quanto mais poderosa for a tecnologia, maior será a diferença que ela criará entre os que a detiverem e os demais. Para quem estiver "em cima", isso pode parecer um grande privilégio, mas a sociedade desequilibrada resultante da divisão acaba prejudicando até eles mesmos.

Por exemplo, houve uma época em que a escrita era para poucos, conferindo a esses um conhecimento inimaginável para as massas, impedidas de ascender socialmente e de produzir mais e melhor.

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Hoje a escrita é dominada pela grande maioria da população, mas outras tecnologias surgem e mantêm essa discrepância. As bolas da vez são a Internet e, mais recentemente, a inteligência artificial.

Profissionais nos escritórios envidraçados das melhores empresas das grandes cidades comemoram como a IA tem lhes conferido o poder de aprimorar o nível suas entregas, cada vez mais rápidas e eficientes: suas ideias alçam voo com a tecnologia. Não muito longe dali, no mesmo país, 29,4 milhões de brasileiros nunca sequer acessaram a Internet.

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O mais dramático disso é que, quanto mais alto "voam" os do primeiro grupo, mais se distanciam daqueles que continuam "presos à superfície da falta de tecnologia". Isso dificulta que estudem mais, trabalhem melhor, contribuam com a sociedade de maneira plena. No final, todos perdem.

Eles não estão condenados a isso, mas precisam de ajuda. Katar só se tornou um herói depois que lhe deram novamente asas: a analogia continua de pé!

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Toda a sociedade precisa se unir para combater a exclusão digital. E não basta dar computadores e smartphones para os menos favorecidos: é preciso ensiná-los a usar esses recursos de maneira criativa e ética.

A inteligência artificial generativa apenas engatinha, mas já promove mudanças pessoais e profissionais expressivas. Assim como o acesso à Internet, ela está se tornando um direito fundamental. Governos, empresas, escolas, imprensa e outros atores sociais precisam coordenar ações para facilitar isso.

Quando todos voarem, a sociedade como um todo chegará mais longe. Enquanto isso, continuaremos com um pé preso ao chão.

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Katar Hol, o super-herói Gavião Negro: tecnologia o fez voar e cumprir seu destino - Foto: reprodução

Nessa semana, conversava com amigos sobre como a tecnologia "dá asas aos nossos sonhos". Isso sempre foi verdade, desde que dominamos o fogo e inventamos a roda e o arado. Ela nos permite alcançar coisas novas ou fazer atividades antigas de forma melhor, mais rápida, com mais eficiência. Mas também é verdade que, desde o começo dos tempos, o acesso à tecnologia é desigual na sociedade, criando o grupo dos que "voam mais alto" e o dos que "ficam presos ao chão".

Essa analogia me fez lembrar da história de Katar Hol, uma das versões do super-herói da DC Comics Gavião Negro, natural do planeta Thanagar. E apesar das asas falsas que ostenta, o que o faz voar é seu cinto antigravitacional, a mesma tecnologia que permite que suas cidades flutuem no céu.

Thanagar é um mundo que escraviza os povos de outros planetas. Muitos deles são obrigados a viver na sua superfície. Katar era um policial, mas foi traído, preso e relegado ao "lado de baixo", tornando-se um "sem-asas". Conseguiu concluir seu destino apenas quando teve novamente acesso à tecnologia para voar.

Não voamos de fato, mas a referência continua válida. Quanto mais poderosa for a tecnologia, maior será a diferença que ela criará entre os que a detiverem e os demais. Para quem estiver "em cima", isso pode parecer um grande privilégio, mas a sociedade desequilibrada resultante da divisão acaba prejudicando até eles mesmos.

Por exemplo, houve uma época em que a escrita era para poucos, conferindo a esses um conhecimento inimaginável para as massas, impedidas de ascender socialmente e de produzir mais e melhor.

Hoje a escrita é dominada pela grande maioria da população, mas outras tecnologias surgem e mantêm essa discrepância. As bolas da vez são a Internet e, mais recentemente, a inteligência artificial.

Profissionais nos escritórios envidraçados das melhores empresas das grandes cidades comemoram como a IA tem lhes conferido o poder de aprimorar o nível suas entregas, cada vez mais rápidas e eficientes: suas ideias alçam voo com a tecnologia. Não muito longe dali, no mesmo país, 29,4 milhões de brasileiros nunca sequer acessaram a Internet.

O mais dramático disso é que, quanto mais alto "voam" os do primeiro grupo, mais se distanciam daqueles que continuam "presos à superfície da falta de tecnologia". Isso dificulta que estudem mais, trabalhem melhor, contribuam com a sociedade de maneira plena. No final, todos perdem.

Eles não estão condenados a isso, mas precisam de ajuda. Katar só se tornou um herói depois que lhe deram novamente asas: a analogia continua de pé!

Toda a sociedade precisa se unir para combater a exclusão digital. E não basta dar computadores e smartphones para os menos favorecidos: é preciso ensiná-los a usar esses recursos de maneira criativa e ética.

A inteligência artificial generativa apenas engatinha, mas já promove mudanças pessoais e profissionais expressivas. Assim como o acesso à Internet, ela está se tornando um direito fundamental. Governos, empresas, escolas, imprensa e outros atores sociais precisam coordenar ações para facilitar isso.

Quando todos voarem, a sociedade como um todo chegará mais longe. Enquanto isso, continuaremos com um pé preso ao chão.

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Katar Hol, o super-herói Gavião Negro: tecnologia o fez voar e cumprir seu destino - Foto: reprodução

Nessa semana, conversava com amigos sobre como a tecnologia "dá asas aos nossos sonhos". Isso sempre foi verdade, desde que dominamos o fogo e inventamos a roda e o arado. Ela nos permite alcançar coisas novas ou fazer atividades antigas de forma melhor, mais rápida, com mais eficiência. Mas também é verdade que, desde o começo dos tempos, o acesso à tecnologia é desigual na sociedade, criando o grupo dos que "voam mais alto" e o dos que "ficam presos ao chão".

Essa analogia me fez lembrar da história de Katar Hol, uma das versões do super-herói da DC Comics Gavião Negro, natural do planeta Thanagar. E apesar das asas falsas que ostenta, o que o faz voar é seu cinto antigravitacional, a mesma tecnologia que permite que suas cidades flutuem no céu.

Thanagar é um mundo que escraviza os povos de outros planetas. Muitos deles são obrigados a viver na sua superfície. Katar era um policial, mas foi traído, preso e relegado ao "lado de baixo", tornando-se um "sem-asas". Conseguiu concluir seu destino apenas quando teve novamente acesso à tecnologia para voar.

Não voamos de fato, mas a referência continua válida. Quanto mais poderosa for a tecnologia, maior será a diferença que ela criará entre os que a detiverem e os demais. Para quem estiver "em cima", isso pode parecer um grande privilégio, mas a sociedade desequilibrada resultante da divisão acaba prejudicando até eles mesmos.

Por exemplo, houve uma época em que a escrita era para poucos, conferindo a esses um conhecimento inimaginável para as massas, impedidas de ascender socialmente e de produzir mais e melhor.

Hoje a escrita é dominada pela grande maioria da população, mas outras tecnologias surgem e mantêm essa discrepância. As bolas da vez são a Internet e, mais recentemente, a inteligência artificial.

Profissionais nos escritórios envidraçados das melhores empresas das grandes cidades comemoram como a IA tem lhes conferido o poder de aprimorar o nível suas entregas, cada vez mais rápidas e eficientes: suas ideias alçam voo com a tecnologia. Não muito longe dali, no mesmo país, 29,4 milhões de brasileiros nunca sequer acessaram a Internet.

O mais dramático disso é que, quanto mais alto "voam" os do primeiro grupo, mais se distanciam daqueles que continuam "presos à superfície da falta de tecnologia". Isso dificulta que estudem mais, trabalhem melhor, contribuam com a sociedade de maneira plena. No final, todos perdem.

Eles não estão condenados a isso, mas precisam de ajuda. Katar só se tornou um herói depois que lhe deram novamente asas: a analogia continua de pé!

Toda a sociedade precisa se unir para combater a exclusão digital. E não basta dar computadores e smartphones para os menos favorecidos: é preciso ensiná-los a usar esses recursos de maneira criativa e ética.

A inteligência artificial generativa apenas engatinha, mas já promove mudanças pessoais e profissionais expressivas. Assim como o acesso à Internet, ela está se tornando um direito fundamental. Governos, empresas, escolas, imprensa e outros atores sociais precisam coordenar ações para facilitar isso.

Quando todos voarem, a sociedade como um todo chegará mais longe. Enquanto isso, continuaremos com um pé preso ao chão.

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Opinião por Paulo Silvestre

É jornalista, consultor e palestrante de customer experience, mídia, cultura e transformação digital. É professor da Universidade Mackenzie e da PUC–SP, e articulista do Estadão. Foi executivo na AOL, Editora Abril, Estadão, Saraiva e Samsung. Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, é LinkedIn Top Voice desde 2016.

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