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Opinião|Inteligência artificial incorpora a mitologia na realidade moderna


Por Paulo Silvestre
Gravura feita por Rembrandt em 1652 representa Fausto - Foto: reprodução de obra do Metropolitan Museum of Art (visto ao fundo)

As diferentes mitologias contam histórias de humanos que ganhavam poderes sobrenaturais como presentes ou reconhecimentos de deuses. Por mais fantasiosas que sejam, algumas simbolizam acontecimentos que as pessoas da época não compreendiam. Mas nem tudo que não se explica se deve a um milagre: pode ser apenas uma tecnologia desconhecida da maioria.

Vivemos na época de um novo "milagre tecnológico": o da inteligência artificial. Por mais que seu uso cresça exponencialmente, são poucos ainda que utilizam seus recursos "mágicos". Mas mesmo entre seus usuários, apenas uma minoria consegue explicar seu funcionamento, mesmo que de maneira rasa.

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Isso aumenta o misticismo em torno da IA, não porque alguém ache que seja sobrenatural, mas por se confiar cegamente em algo que não se compreende. Afinal, ela confere quase superpoderes para aqueles que a usam de maneira produtiva.

Vale lembrar que as mitologias também contam como os deuses cobravam favores para conceder suas graças e castigavam aqueles que abusavam do que lhes era concedido. Em alguns casos, o poder se tornava uma maldição.

Será que corremos esse risco com a inteligência artificial?

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Usemos o mito alemão de Fausto (representado nessa gravura de Rembrandt) para explicar isso. Ele é livremente baseado na vida do médico e alquimista alemão Johannes Georg Faust (~1480-~1540). Na história, um Fausto desiludido com as limitações do conhecimento de seu tempo faz um pacto com Mefistófeles, para ter uma vida longa, prazerosa e com conhecimento infinito. Em troca, entrega sua alma. O demônio cumpre sua parte da barganha, mas, com o tempo, Fausto percebe que o preço seria alto demais. Tenta escapar do acordo, mas já era tarde.

O mito discorre sobre a ambição humana e como a busca incessante por transcender nossos limites pode nos levar à ruína. De forma tangencial, ilustra nossa relação com as plataformas digitais.

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É virtualmente impossível vivermos hoje sem buscadores, redes sociais e smartphones. Eles nos concedem virtuais onisciência e onipresença. Agora a inteligência artificial acrescenta uma capacidade produtiva sobrenatural.

Não sugiro que as big techs sejam demônios, e nem lhes concedemos a alma. Mas lhes entregamos nossas informações, até as mais íntimas. O preço que pagamos é a perda de nossa privacidade e uma crescente manipulação, prejudicando nosso livre arbítrio e senso crítico.

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Existe uma diferença essencial entre Fausto e nós: ele fez seu pacto conscientemente; nós raramente sabemos a extensão do que entregamos. A maior parte das pessoas sequem tem noção do alto preço que pegam por todo esse poder.

Para essas empresas, isso está ótimo! Elas ficam bilionárias com nossos dados, e nos controlam crescentemente. E nós dependemos de seus produtos cada vez mais, pois eles de fato nos concedem muitos ganhos!

Sem percebermos, entramos em uma relação de poder desequilibrada e tóxica! E a nova geração de computadores e de celulares que está chegando ao mercado com muitos recursos de inteligência artificial pode agravar isso!

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É possível continuarmos a nos beneficiar da tecnologia, assim como é para as empresas continuarem lucrando, mesmo de uma maneira mais ética e transparente. Porém isso só acontecerá se a sociedade se organizar para exigir tal postura.

Caso contrário, ficaremos cada vez mais próximos do mito de Fausto. E então poderemos chegar a um ponto em que seja tarde demais para desfazer nossa "barganha".

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Vídeo relacionado:

 

Gravura feita por Rembrandt em 1652 representa Fausto - Foto: reprodução de obra do Metropolitan Museum of Art (visto ao fundo)

As diferentes mitologias contam histórias de humanos que ganhavam poderes sobrenaturais como presentes ou reconhecimentos de deuses. Por mais fantasiosas que sejam, algumas simbolizam acontecimentos que as pessoas da época não compreendiam. Mas nem tudo que não se explica se deve a um milagre: pode ser apenas uma tecnologia desconhecida da maioria.

Vivemos na época de um novo "milagre tecnológico": o da inteligência artificial. Por mais que seu uso cresça exponencialmente, são poucos ainda que utilizam seus recursos "mágicos". Mas mesmo entre seus usuários, apenas uma minoria consegue explicar seu funcionamento, mesmo que de maneira rasa.

Isso aumenta o misticismo em torno da IA, não porque alguém ache que seja sobrenatural, mas por se confiar cegamente em algo que não se compreende. Afinal, ela confere quase superpoderes para aqueles que a usam de maneira produtiva.

Vale lembrar que as mitologias também contam como os deuses cobravam favores para conceder suas graças e castigavam aqueles que abusavam do que lhes era concedido. Em alguns casos, o poder se tornava uma maldição.

Será que corremos esse risco com a inteligência artificial?

Usemos o mito alemão de Fausto (representado nessa gravura de Rembrandt) para explicar isso. Ele é livremente baseado na vida do médico e alquimista alemão Johannes Georg Faust (~1480-~1540). Na história, um Fausto desiludido com as limitações do conhecimento de seu tempo faz um pacto com Mefistófeles, para ter uma vida longa, prazerosa e com conhecimento infinito. Em troca, entrega sua alma. O demônio cumpre sua parte da barganha, mas, com o tempo, Fausto percebe que o preço seria alto demais. Tenta escapar do acordo, mas já era tarde.

O mito discorre sobre a ambição humana e como a busca incessante por transcender nossos limites pode nos levar à ruína. De forma tangencial, ilustra nossa relação com as plataformas digitais.

É virtualmente impossível vivermos hoje sem buscadores, redes sociais e smartphones. Eles nos concedem virtuais onisciência e onipresença. Agora a inteligência artificial acrescenta uma capacidade produtiva sobrenatural.

Não sugiro que as big techs sejam demônios, e nem lhes concedemos a alma. Mas lhes entregamos nossas informações, até as mais íntimas. O preço que pagamos é a perda de nossa privacidade e uma crescente manipulação, prejudicando nosso livre arbítrio e senso crítico.

Existe uma diferença essencial entre Fausto e nós: ele fez seu pacto conscientemente; nós raramente sabemos a extensão do que entregamos. A maior parte das pessoas sequem tem noção do alto preço que pegam por todo esse poder.

Para essas empresas, isso está ótimo! Elas ficam bilionárias com nossos dados, e nos controlam crescentemente. E nós dependemos de seus produtos cada vez mais, pois eles de fato nos concedem muitos ganhos!

Sem percebermos, entramos em uma relação de poder desequilibrada e tóxica! E a nova geração de computadores e de celulares que está chegando ao mercado com muitos recursos de inteligência artificial pode agravar isso!

É possível continuarmos a nos beneficiar da tecnologia, assim como é para as empresas continuarem lucrando, mesmo de uma maneira mais ética e transparente. Porém isso só acontecerá se a sociedade se organizar para exigir tal postura.

Caso contrário, ficaremos cada vez mais próximos do mito de Fausto. E então poderemos chegar a um ponto em que seja tarde demais para desfazer nossa "barganha".

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Gravura feita por Rembrandt em 1652 representa Fausto - Foto: reprodução de obra do Metropolitan Museum of Art (visto ao fundo)

As diferentes mitologias contam histórias de humanos que ganhavam poderes sobrenaturais como presentes ou reconhecimentos de deuses. Por mais fantasiosas que sejam, algumas simbolizam acontecimentos que as pessoas da época não compreendiam. Mas nem tudo que não se explica se deve a um milagre: pode ser apenas uma tecnologia desconhecida da maioria.

Vivemos na época de um novo "milagre tecnológico": o da inteligência artificial. Por mais que seu uso cresça exponencialmente, são poucos ainda que utilizam seus recursos "mágicos". Mas mesmo entre seus usuários, apenas uma minoria consegue explicar seu funcionamento, mesmo que de maneira rasa.

Isso aumenta o misticismo em torno da IA, não porque alguém ache que seja sobrenatural, mas por se confiar cegamente em algo que não se compreende. Afinal, ela confere quase superpoderes para aqueles que a usam de maneira produtiva.

Vale lembrar que as mitologias também contam como os deuses cobravam favores para conceder suas graças e castigavam aqueles que abusavam do que lhes era concedido. Em alguns casos, o poder se tornava uma maldição.

Será que corremos esse risco com a inteligência artificial?

Usemos o mito alemão de Fausto (representado nessa gravura de Rembrandt) para explicar isso. Ele é livremente baseado na vida do médico e alquimista alemão Johannes Georg Faust (~1480-~1540). Na história, um Fausto desiludido com as limitações do conhecimento de seu tempo faz um pacto com Mefistófeles, para ter uma vida longa, prazerosa e com conhecimento infinito. Em troca, entrega sua alma. O demônio cumpre sua parte da barganha, mas, com o tempo, Fausto percebe que o preço seria alto demais. Tenta escapar do acordo, mas já era tarde.

O mito discorre sobre a ambição humana e como a busca incessante por transcender nossos limites pode nos levar à ruína. De forma tangencial, ilustra nossa relação com as plataformas digitais.

É virtualmente impossível vivermos hoje sem buscadores, redes sociais e smartphones. Eles nos concedem virtuais onisciência e onipresença. Agora a inteligência artificial acrescenta uma capacidade produtiva sobrenatural.

Não sugiro que as big techs sejam demônios, e nem lhes concedemos a alma. Mas lhes entregamos nossas informações, até as mais íntimas. O preço que pagamos é a perda de nossa privacidade e uma crescente manipulação, prejudicando nosso livre arbítrio e senso crítico.

Existe uma diferença essencial entre Fausto e nós: ele fez seu pacto conscientemente; nós raramente sabemos a extensão do que entregamos. A maior parte das pessoas sequem tem noção do alto preço que pegam por todo esse poder.

Para essas empresas, isso está ótimo! Elas ficam bilionárias com nossos dados, e nos controlam crescentemente. E nós dependemos de seus produtos cada vez mais, pois eles de fato nos concedem muitos ganhos!

Sem percebermos, entramos em uma relação de poder desequilibrada e tóxica! E a nova geração de computadores e de celulares que está chegando ao mercado com muitos recursos de inteligência artificial pode agravar isso!

É possível continuarmos a nos beneficiar da tecnologia, assim como é para as empresas continuarem lucrando, mesmo de uma maneira mais ética e transparente. Porém isso só acontecerá se a sociedade se organizar para exigir tal postura.

Caso contrário, ficaremos cada vez mais próximos do mito de Fausto. E então poderemos chegar a um ponto em que seja tarde demais para desfazer nossa "barganha".

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Gravura feita por Rembrandt em 1652 representa Fausto - Foto: reprodução de obra do Metropolitan Museum of Art (visto ao fundo)

As diferentes mitologias contam histórias de humanos que ganhavam poderes sobrenaturais como presentes ou reconhecimentos de deuses. Por mais fantasiosas que sejam, algumas simbolizam acontecimentos que as pessoas da época não compreendiam. Mas nem tudo que não se explica se deve a um milagre: pode ser apenas uma tecnologia desconhecida da maioria.

Vivemos na época de um novo "milagre tecnológico": o da inteligência artificial. Por mais que seu uso cresça exponencialmente, são poucos ainda que utilizam seus recursos "mágicos". Mas mesmo entre seus usuários, apenas uma minoria consegue explicar seu funcionamento, mesmo que de maneira rasa.

Isso aumenta o misticismo em torno da IA, não porque alguém ache que seja sobrenatural, mas por se confiar cegamente em algo que não se compreende. Afinal, ela confere quase superpoderes para aqueles que a usam de maneira produtiva.

Vale lembrar que as mitologias também contam como os deuses cobravam favores para conceder suas graças e castigavam aqueles que abusavam do que lhes era concedido. Em alguns casos, o poder se tornava uma maldição.

Será que corremos esse risco com a inteligência artificial?

Usemos o mito alemão de Fausto (representado nessa gravura de Rembrandt) para explicar isso. Ele é livremente baseado na vida do médico e alquimista alemão Johannes Georg Faust (~1480-~1540). Na história, um Fausto desiludido com as limitações do conhecimento de seu tempo faz um pacto com Mefistófeles, para ter uma vida longa, prazerosa e com conhecimento infinito. Em troca, entrega sua alma. O demônio cumpre sua parte da barganha, mas, com o tempo, Fausto percebe que o preço seria alto demais. Tenta escapar do acordo, mas já era tarde.

O mito discorre sobre a ambição humana e como a busca incessante por transcender nossos limites pode nos levar à ruína. De forma tangencial, ilustra nossa relação com as plataformas digitais.

É virtualmente impossível vivermos hoje sem buscadores, redes sociais e smartphones. Eles nos concedem virtuais onisciência e onipresença. Agora a inteligência artificial acrescenta uma capacidade produtiva sobrenatural.

Não sugiro que as big techs sejam demônios, e nem lhes concedemos a alma. Mas lhes entregamos nossas informações, até as mais íntimas. O preço que pagamos é a perda de nossa privacidade e uma crescente manipulação, prejudicando nosso livre arbítrio e senso crítico.

Existe uma diferença essencial entre Fausto e nós: ele fez seu pacto conscientemente; nós raramente sabemos a extensão do que entregamos. A maior parte das pessoas sequem tem noção do alto preço que pegam por todo esse poder.

Para essas empresas, isso está ótimo! Elas ficam bilionárias com nossos dados, e nos controlam crescentemente. E nós dependemos de seus produtos cada vez mais, pois eles de fato nos concedem muitos ganhos!

Sem percebermos, entramos em uma relação de poder desequilibrada e tóxica! E a nova geração de computadores e de celulares que está chegando ao mercado com muitos recursos de inteligência artificial pode agravar isso!

É possível continuarmos a nos beneficiar da tecnologia, assim como é para as empresas continuarem lucrando, mesmo de uma maneira mais ética e transparente. Porém isso só acontecerá se a sociedade se organizar para exigir tal postura.

Caso contrário, ficaremos cada vez mais próximos do mito de Fausto. E então poderemos chegar a um ponto em que seja tarde demais para desfazer nossa "barganha".

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Opinião por Paulo Silvestre

É jornalista, consultor e palestrante de customer experience, mídia, cultura e transformação digital. É professor da Universidade Mackenzie e da PUC–SP, e articulista do Estadão. Foi executivo na AOL, Editora Abril, Estadão, Saraiva e Samsung. Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, é LinkedIn Top Voice desde 2016.

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