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Opinião|Não deixe as redes sociais apagarem sua identidade e sua alegria


Por Paulo Silvestre
O youtuber PC Siqueira, que cometeu suicídio em dezembro, vítima de depressão agravada pela queda na audiência - Foto: reprodução

Para que servem as redes sociais? Cada indivíduo tem sua própria resposta, mas elas ocupam um lugar central na vida de praticamente todos. Talvez central demais...

Quando as primeiras dessas plataformas surgiram, há duas décadas, eram espaços para reencontrar velhos amigos e conhecer gente nova a partir de interesses em comum. As conversas eram descontraídas e descompromissadas, e as redes ofereciam poucos recursos.

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De lá para cá, tudo mudou! Elas se tornaram ferramentas essenciais de comunicação, trabalho, debate e diversão. E infelizmente também se converteram no vetor da desinformação que rachou a sociedade ao meio. Com isso, a leveza das plataformas originais se desfez.

Nós também fomos impactados pessoalmente por essas mudanças.

A partir do momento em que a ideia de que "todos nós somos marcas" se concretizou no meio digital, fomos deixando pelo caminho nossa espontaneidade, nossa alegria e até nossa identidade. Passamos a viver personagens cada vez mais distantes de quem somos para agradar desconhecidos (e não mais nossos amigos e familiares) e -o que é pior ainda- os infames algoritmos dessas plataformas.

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Na ânsia de nos posicionarmos bem nelas, começamos a fazer publicações que nos afastavam do nosso estilo, respeitando regras que supostamente aumentariam suas visualizações e seu engajamento, termos essenciais nas redes sociais. O próprio "posicionamento" ganha uma nova dimensão nelas.

Ao vivermos sob as regras dos algoritmos, começamos a nos comportar como robôs. Escrevemos o que eles querem, como, na hora e na quantidade que determinam, mas não temos a menor ideia se estamos agradando esses ditadores digitais invisíveis. Apenas tentamos adivinhar seus mecanismos observando nossos sucessos e fracassos.

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A partir do momento em que vinculamos ganhos e alegrias de nossas vidas aos caprichos desconhecidos das redes, abraçamos uma bomba-relógio para nossa saúde mental.

Às vezes, obtemos pequenos sucessos relativos, sem saber por quê. Nem me refiro a um post com milhões de visualizações ou milhares de pessoas passando a nos seguir, e sim a uma publicação com resultado apenas superior à nossa própria média, por menos que seja.

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Muita gente não suporta essa ansiedade algorítmica, e entra em depressão. Se isso pode afetar usuários casuais, imagine o impacto em quem tem nas redes parcela significativa de seus ganhos, como os influenciadores digitais.

Alguns não aguentam as diferentes pressões e chegam ao extremo do suicídio. A vítima brasileira mais recente foi o youtuber PC Siqueira, que se matou em dezembro. Pioneiro no país (criou seu canal em 2010), viu sua audiência diminuir ao longo dos anos. Já deprimido em 2020, foi acusado de pedofilia. Apesar de a polícia o ter inocentado, ele nunca se recuperou.

Não estou dizendo que as redes sociais não têm nada de bom. Pelo contrário, elas redefiniram a maneira de nos comunicarmos com pessoas, empresas, instituições e muito mais. Em muitos aspectos, tornaram nossas vidas mais divertidas e até eficientes. Mas temos que ficar atentos para que elas trabalhem mais para nós que o contrário.

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Pela minha experiência como produtor de conteúdo nas redes, afirmo que o melhor a fazer é ignorar as exigências dos algoritmos e vivermos nossas verdades. Temos que falar o que quisermos e nos nossos termos. E isso deve ser feito pensando nas pessoas com quem queremos conversar, e não entrando em uma insana corrida de audiência de desconhecidos aleatoriamente trazidos pelos sistemas.

Essa resistência pode ser difícil, pois os algoritmos sempre nos seduzem com seus métodos sórdidos. Mas é o caminho que temos que trilhar. Devemos aproveitar as coisas boas que essas plataformas oferecem, sem perdermos nossa identidade e nossa alegria.

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Vídeo relacionado:

 

O youtuber PC Siqueira, que cometeu suicídio em dezembro, vítima de depressão agravada pela queda na audiência - Foto: reprodução

Para que servem as redes sociais? Cada indivíduo tem sua própria resposta, mas elas ocupam um lugar central na vida de praticamente todos. Talvez central demais...

Quando as primeiras dessas plataformas surgiram, há duas décadas, eram espaços para reencontrar velhos amigos e conhecer gente nova a partir de interesses em comum. As conversas eram descontraídas e descompromissadas, e as redes ofereciam poucos recursos.

De lá para cá, tudo mudou! Elas se tornaram ferramentas essenciais de comunicação, trabalho, debate e diversão. E infelizmente também se converteram no vetor da desinformação que rachou a sociedade ao meio. Com isso, a leveza das plataformas originais se desfez.

Nós também fomos impactados pessoalmente por essas mudanças.

A partir do momento em que a ideia de que "todos nós somos marcas" se concretizou no meio digital, fomos deixando pelo caminho nossa espontaneidade, nossa alegria e até nossa identidade. Passamos a viver personagens cada vez mais distantes de quem somos para agradar desconhecidos (e não mais nossos amigos e familiares) e -o que é pior ainda- os infames algoritmos dessas plataformas.

Na ânsia de nos posicionarmos bem nelas, começamos a fazer publicações que nos afastavam do nosso estilo, respeitando regras que supostamente aumentariam suas visualizações e seu engajamento, termos essenciais nas redes sociais. O próprio "posicionamento" ganha uma nova dimensão nelas.

Ao vivermos sob as regras dos algoritmos, começamos a nos comportar como robôs. Escrevemos o que eles querem, como, na hora e na quantidade que determinam, mas não temos a menor ideia se estamos agradando esses ditadores digitais invisíveis. Apenas tentamos adivinhar seus mecanismos observando nossos sucessos e fracassos.

A partir do momento em que vinculamos ganhos e alegrias de nossas vidas aos caprichos desconhecidos das redes, abraçamos uma bomba-relógio para nossa saúde mental.

Às vezes, obtemos pequenos sucessos relativos, sem saber por quê. Nem me refiro a um post com milhões de visualizações ou milhares de pessoas passando a nos seguir, e sim a uma publicação com resultado apenas superior à nossa própria média, por menos que seja.

Muita gente não suporta essa ansiedade algorítmica, e entra em depressão. Se isso pode afetar usuários casuais, imagine o impacto em quem tem nas redes parcela significativa de seus ganhos, como os influenciadores digitais.

Alguns não aguentam as diferentes pressões e chegam ao extremo do suicídio. A vítima brasileira mais recente foi o youtuber PC Siqueira, que se matou em dezembro. Pioneiro no país (criou seu canal em 2010), viu sua audiência diminuir ao longo dos anos. Já deprimido em 2020, foi acusado de pedofilia. Apesar de a polícia o ter inocentado, ele nunca se recuperou.

Não estou dizendo que as redes sociais não têm nada de bom. Pelo contrário, elas redefiniram a maneira de nos comunicarmos com pessoas, empresas, instituições e muito mais. Em muitos aspectos, tornaram nossas vidas mais divertidas e até eficientes. Mas temos que ficar atentos para que elas trabalhem mais para nós que o contrário.

Pela minha experiência como produtor de conteúdo nas redes, afirmo que o melhor a fazer é ignorar as exigências dos algoritmos e vivermos nossas verdades. Temos que falar o que quisermos e nos nossos termos. E isso deve ser feito pensando nas pessoas com quem queremos conversar, e não entrando em uma insana corrida de audiência de desconhecidos aleatoriamente trazidos pelos sistemas.

Essa resistência pode ser difícil, pois os algoritmos sempre nos seduzem com seus métodos sórdidos. Mas é o caminho que temos que trilhar. Devemos aproveitar as coisas boas que essas plataformas oferecem, sem perdermos nossa identidade e nossa alegria.

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O youtuber PC Siqueira, que cometeu suicídio em dezembro, vítima de depressão agravada pela queda na audiência - Foto: reprodução

Para que servem as redes sociais? Cada indivíduo tem sua própria resposta, mas elas ocupam um lugar central na vida de praticamente todos. Talvez central demais...

Quando as primeiras dessas plataformas surgiram, há duas décadas, eram espaços para reencontrar velhos amigos e conhecer gente nova a partir de interesses em comum. As conversas eram descontraídas e descompromissadas, e as redes ofereciam poucos recursos.

De lá para cá, tudo mudou! Elas se tornaram ferramentas essenciais de comunicação, trabalho, debate e diversão. E infelizmente também se converteram no vetor da desinformação que rachou a sociedade ao meio. Com isso, a leveza das plataformas originais se desfez.

Nós também fomos impactados pessoalmente por essas mudanças.

A partir do momento em que a ideia de que "todos nós somos marcas" se concretizou no meio digital, fomos deixando pelo caminho nossa espontaneidade, nossa alegria e até nossa identidade. Passamos a viver personagens cada vez mais distantes de quem somos para agradar desconhecidos (e não mais nossos amigos e familiares) e -o que é pior ainda- os infames algoritmos dessas plataformas.

Na ânsia de nos posicionarmos bem nelas, começamos a fazer publicações que nos afastavam do nosso estilo, respeitando regras que supostamente aumentariam suas visualizações e seu engajamento, termos essenciais nas redes sociais. O próprio "posicionamento" ganha uma nova dimensão nelas.

Ao vivermos sob as regras dos algoritmos, começamos a nos comportar como robôs. Escrevemos o que eles querem, como, na hora e na quantidade que determinam, mas não temos a menor ideia se estamos agradando esses ditadores digitais invisíveis. Apenas tentamos adivinhar seus mecanismos observando nossos sucessos e fracassos.

A partir do momento em que vinculamos ganhos e alegrias de nossas vidas aos caprichos desconhecidos das redes, abraçamos uma bomba-relógio para nossa saúde mental.

Às vezes, obtemos pequenos sucessos relativos, sem saber por quê. Nem me refiro a um post com milhões de visualizações ou milhares de pessoas passando a nos seguir, e sim a uma publicação com resultado apenas superior à nossa própria média, por menos que seja.

Muita gente não suporta essa ansiedade algorítmica, e entra em depressão. Se isso pode afetar usuários casuais, imagine o impacto em quem tem nas redes parcela significativa de seus ganhos, como os influenciadores digitais.

Alguns não aguentam as diferentes pressões e chegam ao extremo do suicídio. A vítima brasileira mais recente foi o youtuber PC Siqueira, que se matou em dezembro. Pioneiro no país (criou seu canal em 2010), viu sua audiência diminuir ao longo dos anos. Já deprimido em 2020, foi acusado de pedofilia. Apesar de a polícia o ter inocentado, ele nunca se recuperou.

Não estou dizendo que as redes sociais não têm nada de bom. Pelo contrário, elas redefiniram a maneira de nos comunicarmos com pessoas, empresas, instituições e muito mais. Em muitos aspectos, tornaram nossas vidas mais divertidas e até eficientes. Mas temos que ficar atentos para que elas trabalhem mais para nós que o contrário.

Pela minha experiência como produtor de conteúdo nas redes, afirmo que o melhor a fazer é ignorar as exigências dos algoritmos e vivermos nossas verdades. Temos que falar o que quisermos e nos nossos termos. E isso deve ser feito pensando nas pessoas com quem queremos conversar, e não entrando em uma insana corrida de audiência de desconhecidos aleatoriamente trazidos pelos sistemas.

Essa resistência pode ser difícil, pois os algoritmos sempre nos seduzem com seus métodos sórdidos. Mas é o caminho que temos que trilhar. Devemos aproveitar as coisas boas que essas plataformas oferecem, sem perdermos nossa identidade e nossa alegria.

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O youtuber PC Siqueira, que cometeu suicídio em dezembro, vítima de depressão agravada pela queda na audiência - Foto: reprodução

Para que servem as redes sociais? Cada indivíduo tem sua própria resposta, mas elas ocupam um lugar central na vida de praticamente todos. Talvez central demais...

Quando as primeiras dessas plataformas surgiram, há duas décadas, eram espaços para reencontrar velhos amigos e conhecer gente nova a partir de interesses em comum. As conversas eram descontraídas e descompromissadas, e as redes ofereciam poucos recursos.

De lá para cá, tudo mudou! Elas se tornaram ferramentas essenciais de comunicação, trabalho, debate e diversão. E infelizmente também se converteram no vetor da desinformação que rachou a sociedade ao meio. Com isso, a leveza das plataformas originais se desfez.

Nós também fomos impactados pessoalmente por essas mudanças.

A partir do momento em que a ideia de que "todos nós somos marcas" se concretizou no meio digital, fomos deixando pelo caminho nossa espontaneidade, nossa alegria e até nossa identidade. Passamos a viver personagens cada vez mais distantes de quem somos para agradar desconhecidos (e não mais nossos amigos e familiares) e -o que é pior ainda- os infames algoritmos dessas plataformas.

Na ânsia de nos posicionarmos bem nelas, começamos a fazer publicações que nos afastavam do nosso estilo, respeitando regras que supostamente aumentariam suas visualizações e seu engajamento, termos essenciais nas redes sociais. O próprio "posicionamento" ganha uma nova dimensão nelas.

Ao vivermos sob as regras dos algoritmos, começamos a nos comportar como robôs. Escrevemos o que eles querem, como, na hora e na quantidade que determinam, mas não temos a menor ideia se estamos agradando esses ditadores digitais invisíveis. Apenas tentamos adivinhar seus mecanismos observando nossos sucessos e fracassos.

A partir do momento em que vinculamos ganhos e alegrias de nossas vidas aos caprichos desconhecidos das redes, abraçamos uma bomba-relógio para nossa saúde mental.

Às vezes, obtemos pequenos sucessos relativos, sem saber por quê. Nem me refiro a um post com milhões de visualizações ou milhares de pessoas passando a nos seguir, e sim a uma publicação com resultado apenas superior à nossa própria média, por menos que seja.

Muita gente não suporta essa ansiedade algorítmica, e entra em depressão. Se isso pode afetar usuários casuais, imagine o impacto em quem tem nas redes parcela significativa de seus ganhos, como os influenciadores digitais.

Alguns não aguentam as diferentes pressões e chegam ao extremo do suicídio. A vítima brasileira mais recente foi o youtuber PC Siqueira, que se matou em dezembro. Pioneiro no país (criou seu canal em 2010), viu sua audiência diminuir ao longo dos anos. Já deprimido em 2020, foi acusado de pedofilia. Apesar de a polícia o ter inocentado, ele nunca se recuperou.

Não estou dizendo que as redes sociais não têm nada de bom. Pelo contrário, elas redefiniram a maneira de nos comunicarmos com pessoas, empresas, instituições e muito mais. Em muitos aspectos, tornaram nossas vidas mais divertidas e até eficientes. Mas temos que ficar atentos para que elas trabalhem mais para nós que o contrário.

Pela minha experiência como produtor de conteúdo nas redes, afirmo que o melhor a fazer é ignorar as exigências dos algoritmos e vivermos nossas verdades. Temos que falar o que quisermos e nos nossos termos. E isso deve ser feito pensando nas pessoas com quem queremos conversar, e não entrando em uma insana corrida de audiência de desconhecidos aleatoriamente trazidos pelos sistemas.

Essa resistência pode ser difícil, pois os algoritmos sempre nos seduzem com seus métodos sórdidos. Mas é o caminho que temos que trilhar. Devemos aproveitar as coisas boas que essas plataformas oferecem, sem perdermos nossa identidade e nossa alegria.

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Opinião por Paulo Silvestre

É jornalista, consultor e palestrante de customer experience, mídia, cultura e transformação digital. É professor da Universidade Mackenzie e da PUC–SP, e articulista do Estadão. Foi executivo na AOL, Editora Abril, Estadão, Saraiva e Samsung. Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, é LinkedIn Top Voice desde 2016.

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