A mãe de um adolescente que enfrentará um julgamento nos Estados Unidos por atos de pirataria na Somália quer que o presidente norte-americano, Barack Obama, perdoe seu filho, pois ele teria sido seduzido para se juntar a uma gangue. Abduwali Abdukhadir Muse foi capturado por forças norte-americanas quando elas resgataram um capitão dos EUA que era refém dos piratas. Três dos companheiros de Muse foram mortos na operação. "Meu filho foi influenciado por outras gangues. Ele só entrou para o bando de piratas 15 dias antes de ser capturado. Ele é muito jovem e não sabia que o que estava fazendo era um crime", disse Abdirahman Hassan. "Estou implorando para que os Estados Unidos e o presidente Barack Obama libertem meu filho" afirmou a mãe, dizendo que Muse tem apenas 16 anos. O pai do garoto disse que o pirata tem 15 anos, de acordo com o advogado de Muse em Nova York, mas um magistrado norte-americano concordou com promotores de que o garoto já tem 18 anos e decidiu que ele será julgado como adulto. Mohamed Saed, um ex-colega de classe de Muse, afirmou que o jovem sempre quis se juntar aos piratas. "Ele costumava falar a todo momento sobre resgates pagos, e foi animado pelas grandes fatias de recompensa que os piratas recebem", afirmou Saed. Promotores dos EUA dizem que Muse "se conduziu como líder dos piratas" e o acusaram de pirataria, conspiração para apoderar-se de um navio à força, conspiração para fazer reféns e outras acusações. O jovem pode ser condenado à prisão perpétua se condenado. Somalis dizem que a sociedade do país é muito hierárquica e que um jovem como Muse não poderia liderar homens mais velhos. Um dos piratas mortos no ataque norte-americano era Ali Aden Elmi, de 34 anos. Sua viúva disse à Reuters que parou de aceitar o dinheiro do marido quando percebeu qual era a fonte dos recursos. "Ele tinha muito medo de dizer às pessoas que recebia parcelas dos regates", afirmou Fadumo Osman. "Parei de aceitar o dinheiro dele e decidi sobreviver separadamente. É um dinheiro sujo e eu não poderia alimentar as minhas crianças com comida que ele comprou com dinheiro ilícito." A gangue de Elmi seqüestrou brevemente o navio Maersk Alabama, de 17 mil toneladas, no começo de abril. Seu capitão, Richard Phillips, aparentemente se voluntariou a entrar em um bote salva vidas com os piratas para servir como refém e garantir a segurança de seus 20 tripulantes norte-americanos, que retomaram o controle do navio. Phillips tentou escapar pulando no mar e nadando em direção a um navio de guerra norte-americano, mas os seqüestradores o capturaram de volta. A Marinha dos EUA libertou o capitão, de 53 anos, matando três dos seus seqüestradores, incluindo Elmi, e prendendo Muse. A mãe de outro pirata quer o corpo de seu filho de 29 anos de volta e uma indenização pela sua morte. "Matar nossos filhos não foi a decisão correta. Os EUA têm que pagar o preço pelo que fizeram a nós. Havia um meio mais pacífico de resolver a crise, e isso teria salvo o prisioneiro e nossas crianças", afirmou Mulaho Mohamud. (Reportagem adicional de Abdiaziz Hassan)