VITÓRIA - Mais dez homicídios foram registrados no Espírito Santo entre a noite de sábado, 11, e a manhã deste domingo, 12. Com isso, chega a 147 o número de assassinatos no Estado em nove dias de motim da Polícia Militar (PM), que ficou fora das ruas desde que esposas e familiares coordenam um movimento de bloqueio do acesso em diversos batalhões.
Os dados são do Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol/ES) e incluem casos registrados até as 10 horas deste domingo. O total de homicídios em nove dias de motim já superou o registrado durante todo o mês de fevereiro do ano passado (122), segundo o sindicato.
No nono dia de motim, 875 policiais militares voltaram ao trabalho entre o fim da tarde de sábado e o início da manhã deste domingo. A ordem pública no Estado, principalmente na Grande Vitória, é mantida por cerca de 3 mil soldados das Forças Armadas e agentes da Força Nacional de Segurança.
Mais cedo, mulheres de policiais militares que lideram o movimento no Espírito Santo afirmaram que querem um encontro com o governador Paulo Hartung, e com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, “para encerrar o movimento ainda hoje”.
ENTENDA A CRISE NO ESPÍRITO SANTO
Familiares e amigos de policiais militares no Espírito Santo começaram, na noite de sexta-feira, 3, a fazer manifestações impedindo a saída das viaturas para as ruas e afetando a segurança dos municípios. Sem reajuste há quatro anos, os PMs reivindicam aumento salarial e melhores condições de trabalho.
O motim dos policiais levou a uma onda de homicídios e ataques a lojas. Com medo, a população passou a evitar sair de casa e donos de estabelecimentos fecharam as portas. Os capixabas já estocam comida.
Na segunda-feira, 6, a prefeitura de Vitória suspendeu o funcionamento das escolas municipais e deunidades de saúde.
Também na segunda, o governo federal autorizou o envio da Força Nacional e das Forças Armadas para reforçar o policiamento nas ruas de cidades do Espírito Santo. Apesar do reforço, o clima de tensão se manteve no Estado.
A morte de um policial civil na noite de terça-feira, 7, motivou uma paralisação da categoria na quarta, agravando ainda mais a crise de segurança no Espírito Santo.
Após o fracasso nas negociações com policiais militares do Espírito Santo, o governo capixaba decidiu endurecer com os PMs e com as mulheres líderes do motim. No total, 703 policiais militares já foram indiciados por crime de revolta.