Bilhete liga Marcola à morte de Gegê


Polícia acredita que assassinatos de líderes do PCC no Ceará, acusados de ‘roubar’ quadrilha, tenham sido orquestrados pelo chefe da facção

Por Marcelo Godoy

Um bilhete apreendido por agentes penitenciários com o parente de um preso da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), é a principal prova da polícia de que Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, mandou matar Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca. Esse fato, ligado à morte de mais um integrante da facção ontem na capital pode indicar um racha na facção.

Os dois líderes da facção criminosa paulista foram assassinados na última sexta-feira, 16, em Lagoa Encantada, na reserva indígena Jenipapo-Kanindé de Aquiraz, no Ceará. O bilhete apreendido no presídio que reúne a cúpula da facção mostra que os chefes do PCC decidiram contar aos demais escalões da organização o suposto motivo do acerto de contas com Gegê e Paca. Eles são acusados de “roubar” o grupo. Os dois teriam desviado mais de R$ 20 milhões, comprando imóveis no Ceará e fazendas na Bolívia.

Segundo o bilhete, um traficante conhecido como Fuminho teria executado Gegê e Paca Foto: Reprodução
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Segundo o bilhete, a operação para matar os dois foi organizada por Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Antigo gerente dos negócios de Marcola no Paraguai, Fuminho é hoje sócio do líder do PCC. O bilhete dizia: “Ontem, fomos chamados em umas ideias, aonde nosso irmão Cabelo Duro deixou ‘nois’ ciente que o Fuminho mandou matar o GG e o Paka. Inclusive, o irmão Cabelo Duro e mais alguns irmãos são prova que os irmãos estavam roubando (sic)”.

Segundo a inteligência da polícia, a facção ainda vai divulgar um salve, um aviso para os subordinados, no qual dirá que havia determinado a “investigação” sobre os supostos roubos de Gegê e Paca. Cabelo Duro seria o traficante morto nesta quinta-feira, 22. 

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Os líderes mortos no Ceará haviam comprado nos últimos meses quatro imóveis no Estado, incluindo uma casa no condomínio Alphaville, em Aquiraz. Só ali a dupla gastou R$ 2 milhões. Paca passou férias em Fortaleza em 2017. Ele e Gegê fretaram um ônibus para levar os familiares até Fortaleza. Na sexta, se despediram dos familiares – que apanharam o ônibus – e embarcaram em um helicóptero. 

Líderes do PCC compraram casas no Alphaville do Eusébio, também na região metropolitana de Fortaleza Foto: Reprodução Google Maps

A aeronave havia saído de São Paulo, levando pelo menos cinco homens. O piloto seria conhecido como Felipe. Os demais integrariam a facção. A inteligência da polícia acredita que o grupo partiu para o Ceará já com a missão dada pela cúpula para matar os chefes.

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+++ Polícia localiza área de lazer do tráfico no Complexo da Maré

Depois do embarque em Fortaleza, o helicóptero pousou, por volta das 10 horas, em Alquiraz, onde os dois foram executados. Gegê e Paca levaram tiros no rosto e facadas nos olhos. Era um recado: demonstraram ter olho grande demais.

Gegê do Mangue, maior liderança solta do PCC, vivia em mansão Foto: SAP/Divulgação
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Marcola teria ainda outros motivos para matar Gegê. Este teria desafiado o chefe e Daniel Vinícius Canônico, o Cego – outro líder da facção –, quando decidiu mandar matar em 2017 o traficante Edílson Borges Nogueira, o Biroska. A ordem teria sido cumprida pelo braço direito de Gegê, o preso Patrick Wellington Salomão, o Forjado, na penitenciária 2 de Venceslau.

+++ PF prende integrante do PCC em voo vindo de Fortaleza

Biroska era afilhado de Marcola. Na época do crime, ele e Cego estavam isolados no Regime Disciplinar Diferenciado. Gegê também teria obrigado os transportadores de drogas do PCC a arcar com o prejuízo das remessas apreendidas pela polícia e teria torturado na Bolívia um piloto ligado a Fuminho. Tudo sem autorização de Marcola. Forjado e o irmão de Gegê – Ronaldo de Simone, o Elefante Branco – continuam na cúpula da facção.

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Perfil

Com a morte de Paca e Gegê, Fuminho se tornou o chefe do PCC nas ruas. Só com o tráfico de maconha na Grande São Paulo, ele estaria lucrando R$ 22 milhões por mês. Para cada região do País e para cada tipo de droga, o grupo teria um gerente. Fuminho controlaria pessoalmente o esquema no Paraguai e na Bolívia, o que garantiu para a organização o virtual monopólio da maconha para o Brasil. Ele é o responsável ainda pela gestão do envio de cocaína para o País, por controlar a frota de aviões e helicópteros do grupo, além de estabelecer a logística da facção para mandar a droga para a Europa e a Ásia.

+++ Polícia Militar vai ocupar rodovias federais em SP

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Além do porto de Santos, o PCC está usando portos do Nordeste para embarcar a cocaína para Espanha, Montenegro, Holanda e Itália. Fuminho recebe as encomendas de organizações criminosas, como a ’Ndrangheta (Itália), na Bolívia. “Ele está se tornando o Pablo Escobar brasileiro”, disse um delegado que o investiga há quatro anos. Em São Paulo, é suspeito de ser o mandante da morte de Eduardo Ferreira da Silva, de 40 anos, executado em fevereiro por três encapuzados quando dirigia uma Mercedes-Benz, na zona leste.

Com um mandado de prisão por tráfico de drogas, Fuminho é procurado pelas Polícias Civil e Federal desde 2014, quando organizou o plano de fuga de Marcola da Penitenciária 2 Venceslau. Marcola seria resgatado por um helicóptero blindado – a ação foi abortada pela facção. A inteligência da polícia desconfia que o aparelho que retiraria Marcola do presídio foi o mesmo usado na execução de sexta-feira. Depois do Ceará, ele pousou no Rio Grande do Norte. Ali os bandidos se desfizeram das malas e documentos de Paca e de Gegê.

Um bilhete apreendido por agentes penitenciários com o parente de um preso da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), é a principal prova da polícia de que Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, mandou matar Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca. Esse fato, ligado à morte de mais um integrante da facção ontem na capital pode indicar um racha na facção.

Os dois líderes da facção criminosa paulista foram assassinados na última sexta-feira, 16, em Lagoa Encantada, na reserva indígena Jenipapo-Kanindé de Aquiraz, no Ceará. O bilhete apreendido no presídio que reúne a cúpula da facção mostra que os chefes do PCC decidiram contar aos demais escalões da organização o suposto motivo do acerto de contas com Gegê e Paca. Eles são acusados de “roubar” o grupo. Os dois teriam desviado mais de R$ 20 milhões, comprando imóveis no Ceará e fazendas na Bolívia.

Segundo o bilhete, um traficante conhecido como Fuminho teria executado Gegê e Paca Foto: Reprodução

Segundo o bilhete, a operação para matar os dois foi organizada por Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Antigo gerente dos negócios de Marcola no Paraguai, Fuminho é hoje sócio do líder do PCC. O bilhete dizia: “Ontem, fomos chamados em umas ideias, aonde nosso irmão Cabelo Duro deixou ‘nois’ ciente que o Fuminho mandou matar o GG e o Paka. Inclusive, o irmão Cabelo Duro e mais alguns irmãos são prova que os irmãos estavam roubando (sic)”.

Segundo a inteligência da polícia, a facção ainda vai divulgar um salve, um aviso para os subordinados, no qual dirá que havia determinado a “investigação” sobre os supostos roubos de Gegê e Paca. Cabelo Duro seria o traficante morto nesta quinta-feira, 22. 

Os líderes mortos no Ceará haviam comprado nos últimos meses quatro imóveis no Estado, incluindo uma casa no condomínio Alphaville, em Aquiraz. Só ali a dupla gastou R$ 2 milhões. Paca passou férias em Fortaleza em 2017. Ele e Gegê fretaram um ônibus para levar os familiares até Fortaleza. Na sexta, se despediram dos familiares – que apanharam o ônibus – e embarcaram em um helicóptero. 

Líderes do PCC compraram casas no Alphaville do Eusébio, também na região metropolitana de Fortaleza Foto: Reprodução Google Maps

A aeronave havia saído de São Paulo, levando pelo menos cinco homens. O piloto seria conhecido como Felipe. Os demais integrariam a facção. A inteligência da polícia acredita que o grupo partiu para o Ceará já com a missão dada pela cúpula para matar os chefes.

+++ Polícia localiza área de lazer do tráfico no Complexo da Maré

Depois do embarque em Fortaleza, o helicóptero pousou, por volta das 10 horas, em Alquiraz, onde os dois foram executados. Gegê e Paca levaram tiros no rosto e facadas nos olhos. Era um recado: demonstraram ter olho grande demais.

Gegê do Mangue, maior liderança solta do PCC, vivia em mansão Foto: SAP/Divulgação

Marcola teria ainda outros motivos para matar Gegê. Este teria desafiado o chefe e Daniel Vinícius Canônico, o Cego – outro líder da facção –, quando decidiu mandar matar em 2017 o traficante Edílson Borges Nogueira, o Biroska. A ordem teria sido cumprida pelo braço direito de Gegê, o preso Patrick Wellington Salomão, o Forjado, na penitenciária 2 de Venceslau.

+++ PF prende integrante do PCC em voo vindo de Fortaleza

Biroska era afilhado de Marcola. Na época do crime, ele e Cego estavam isolados no Regime Disciplinar Diferenciado. Gegê também teria obrigado os transportadores de drogas do PCC a arcar com o prejuízo das remessas apreendidas pela polícia e teria torturado na Bolívia um piloto ligado a Fuminho. Tudo sem autorização de Marcola. Forjado e o irmão de Gegê – Ronaldo de Simone, o Elefante Branco – continuam na cúpula da facção.

Perfil

Com a morte de Paca e Gegê, Fuminho se tornou o chefe do PCC nas ruas. Só com o tráfico de maconha na Grande São Paulo, ele estaria lucrando R$ 22 milhões por mês. Para cada região do País e para cada tipo de droga, o grupo teria um gerente. Fuminho controlaria pessoalmente o esquema no Paraguai e na Bolívia, o que garantiu para a organização o virtual monopólio da maconha para o Brasil. Ele é o responsável ainda pela gestão do envio de cocaína para o País, por controlar a frota de aviões e helicópteros do grupo, além de estabelecer a logística da facção para mandar a droga para a Europa e a Ásia.

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Além do porto de Santos, o PCC está usando portos do Nordeste para embarcar a cocaína para Espanha, Montenegro, Holanda e Itália. Fuminho recebe as encomendas de organizações criminosas, como a ’Ndrangheta (Itália), na Bolívia. “Ele está se tornando o Pablo Escobar brasileiro”, disse um delegado que o investiga há quatro anos. Em São Paulo, é suspeito de ser o mandante da morte de Eduardo Ferreira da Silva, de 40 anos, executado em fevereiro por três encapuzados quando dirigia uma Mercedes-Benz, na zona leste.

Com um mandado de prisão por tráfico de drogas, Fuminho é procurado pelas Polícias Civil e Federal desde 2014, quando organizou o plano de fuga de Marcola da Penitenciária 2 Venceslau. Marcola seria resgatado por um helicóptero blindado – a ação foi abortada pela facção. A inteligência da polícia desconfia que o aparelho que retiraria Marcola do presídio foi o mesmo usado na execução de sexta-feira. Depois do Ceará, ele pousou no Rio Grande do Norte. Ali os bandidos se desfizeram das malas e documentos de Paca e de Gegê.

Um bilhete apreendido por agentes penitenciários com o parente de um preso da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), é a principal prova da polícia de que Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, mandou matar Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca. Esse fato, ligado à morte de mais um integrante da facção ontem na capital pode indicar um racha na facção.

Os dois líderes da facção criminosa paulista foram assassinados na última sexta-feira, 16, em Lagoa Encantada, na reserva indígena Jenipapo-Kanindé de Aquiraz, no Ceará. O bilhete apreendido no presídio que reúne a cúpula da facção mostra que os chefes do PCC decidiram contar aos demais escalões da organização o suposto motivo do acerto de contas com Gegê e Paca. Eles são acusados de “roubar” o grupo. Os dois teriam desviado mais de R$ 20 milhões, comprando imóveis no Ceará e fazendas na Bolívia.

Segundo o bilhete, um traficante conhecido como Fuminho teria executado Gegê e Paca Foto: Reprodução

Segundo o bilhete, a operação para matar os dois foi organizada por Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Antigo gerente dos negócios de Marcola no Paraguai, Fuminho é hoje sócio do líder do PCC. O bilhete dizia: “Ontem, fomos chamados em umas ideias, aonde nosso irmão Cabelo Duro deixou ‘nois’ ciente que o Fuminho mandou matar o GG e o Paka. Inclusive, o irmão Cabelo Duro e mais alguns irmãos são prova que os irmãos estavam roubando (sic)”.

Segundo a inteligência da polícia, a facção ainda vai divulgar um salve, um aviso para os subordinados, no qual dirá que havia determinado a “investigação” sobre os supostos roubos de Gegê e Paca. Cabelo Duro seria o traficante morto nesta quinta-feira, 22. 

Os líderes mortos no Ceará haviam comprado nos últimos meses quatro imóveis no Estado, incluindo uma casa no condomínio Alphaville, em Aquiraz. Só ali a dupla gastou R$ 2 milhões. Paca passou férias em Fortaleza em 2017. Ele e Gegê fretaram um ônibus para levar os familiares até Fortaleza. Na sexta, se despediram dos familiares – que apanharam o ônibus – e embarcaram em um helicóptero. 

Líderes do PCC compraram casas no Alphaville do Eusébio, também na região metropolitana de Fortaleza Foto: Reprodução Google Maps

A aeronave havia saído de São Paulo, levando pelo menos cinco homens. O piloto seria conhecido como Felipe. Os demais integrariam a facção. A inteligência da polícia acredita que o grupo partiu para o Ceará já com a missão dada pela cúpula para matar os chefes.

+++ Polícia localiza área de lazer do tráfico no Complexo da Maré

Depois do embarque em Fortaleza, o helicóptero pousou, por volta das 10 horas, em Alquiraz, onde os dois foram executados. Gegê e Paca levaram tiros no rosto e facadas nos olhos. Era um recado: demonstraram ter olho grande demais.

Gegê do Mangue, maior liderança solta do PCC, vivia em mansão Foto: SAP/Divulgação

Marcola teria ainda outros motivos para matar Gegê. Este teria desafiado o chefe e Daniel Vinícius Canônico, o Cego – outro líder da facção –, quando decidiu mandar matar em 2017 o traficante Edílson Borges Nogueira, o Biroska. A ordem teria sido cumprida pelo braço direito de Gegê, o preso Patrick Wellington Salomão, o Forjado, na penitenciária 2 de Venceslau.

+++ PF prende integrante do PCC em voo vindo de Fortaleza

Biroska era afilhado de Marcola. Na época do crime, ele e Cego estavam isolados no Regime Disciplinar Diferenciado. Gegê também teria obrigado os transportadores de drogas do PCC a arcar com o prejuízo das remessas apreendidas pela polícia e teria torturado na Bolívia um piloto ligado a Fuminho. Tudo sem autorização de Marcola. Forjado e o irmão de Gegê – Ronaldo de Simone, o Elefante Branco – continuam na cúpula da facção.

Perfil

Com a morte de Paca e Gegê, Fuminho se tornou o chefe do PCC nas ruas. Só com o tráfico de maconha na Grande São Paulo, ele estaria lucrando R$ 22 milhões por mês. Para cada região do País e para cada tipo de droga, o grupo teria um gerente. Fuminho controlaria pessoalmente o esquema no Paraguai e na Bolívia, o que garantiu para a organização o virtual monopólio da maconha para o Brasil. Ele é o responsável ainda pela gestão do envio de cocaína para o País, por controlar a frota de aviões e helicópteros do grupo, além de estabelecer a logística da facção para mandar a droga para a Europa e a Ásia.

+++ Polícia Militar vai ocupar rodovias federais em SP

Além do porto de Santos, o PCC está usando portos do Nordeste para embarcar a cocaína para Espanha, Montenegro, Holanda e Itália. Fuminho recebe as encomendas de organizações criminosas, como a ’Ndrangheta (Itália), na Bolívia. “Ele está se tornando o Pablo Escobar brasileiro”, disse um delegado que o investiga há quatro anos. Em São Paulo, é suspeito de ser o mandante da morte de Eduardo Ferreira da Silva, de 40 anos, executado em fevereiro por três encapuzados quando dirigia uma Mercedes-Benz, na zona leste.

Com um mandado de prisão por tráfico de drogas, Fuminho é procurado pelas Polícias Civil e Federal desde 2014, quando organizou o plano de fuga de Marcola da Penitenciária 2 Venceslau. Marcola seria resgatado por um helicóptero blindado – a ação foi abortada pela facção. A inteligência da polícia desconfia que o aparelho que retiraria Marcola do presídio foi o mesmo usado na execução de sexta-feira. Depois do Ceará, ele pousou no Rio Grande do Norte. Ali os bandidos se desfizeram das malas e documentos de Paca e de Gegê.

Um bilhete apreendido por agentes penitenciários com o parente de um preso da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), é a principal prova da polícia de que Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, mandou matar Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca. Esse fato, ligado à morte de mais um integrante da facção ontem na capital pode indicar um racha na facção.

Os dois líderes da facção criminosa paulista foram assassinados na última sexta-feira, 16, em Lagoa Encantada, na reserva indígena Jenipapo-Kanindé de Aquiraz, no Ceará. O bilhete apreendido no presídio que reúne a cúpula da facção mostra que os chefes do PCC decidiram contar aos demais escalões da organização o suposto motivo do acerto de contas com Gegê e Paca. Eles são acusados de “roubar” o grupo. Os dois teriam desviado mais de R$ 20 milhões, comprando imóveis no Ceará e fazendas na Bolívia.

Segundo o bilhete, um traficante conhecido como Fuminho teria executado Gegê e Paca Foto: Reprodução

Segundo o bilhete, a operação para matar os dois foi organizada por Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Antigo gerente dos negócios de Marcola no Paraguai, Fuminho é hoje sócio do líder do PCC. O bilhete dizia: “Ontem, fomos chamados em umas ideias, aonde nosso irmão Cabelo Duro deixou ‘nois’ ciente que o Fuminho mandou matar o GG e o Paka. Inclusive, o irmão Cabelo Duro e mais alguns irmãos são prova que os irmãos estavam roubando (sic)”.

Segundo a inteligência da polícia, a facção ainda vai divulgar um salve, um aviso para os subordinados, no qual dirá que havia determinado a “investigação” sobre os supostos roubos de Gegê e Paca. Cabelo Duro seria o traficante morto nesta quinta-feira, 22. 

Os líderes mortos no Ceará haviam comprado nos últimos meses quatro imóveis no Estado, incluindo uma casa no condomínio Alphaville, em Aquiraz. Só ali a dupla gastou R$ 2 milhões. Paca passou férias em Fortaleza em 2017. Ele e Gegê fretaram um ônibus para levar os familiares até Fortaleza. Na sexta, se despediram dos familiares – que apanharam o ônibus – e embarcaram em um helicóptero. 

Líderes do PCC compraram casas no Alphaville do Eusébio, também na região metropolitana de Fortaleza Foto: Reprodução Google Maps

A aeronave havia saído de São Paulo, levando pelo menos cinco homens. O piloto seria conhecido como Felipe. Os demais integrariam a facção. A inteligência da polícia acredita que o grupo partiu para o Ceará já com a missão dada pela cúpula para matar os chefes.

+++ Polícia localiza área de lazer do tráfico no Complexo da Maré

Depois do embarque em Fortaleza, o helicóptero pousou, por volta das 10 horas, em Alquiraz, onde os dois foram executados. Gegê e Paca levaram tiros no rosto e facadas nos olhos. Era um recado: demonstraram ter olho grande demais.

Gegê do Mangue, maior liderança solta do PCC, vivia em mansão Foto: SAP/Divulgação

Marcola teria ainda outros motivos para matar Gegê. Este teria desafiado o chefe e Daniel Vinícius Canônico, o Cego – outro líder da facção –, quando decidiu mandar matar em 2017 o traficante Edílson Borges Nogueira, o Biroska. A ordem teria sido cumprida pelo braço direito de Gegê, o preso Patrick Wellington Salomão, o Forjado, na penitenciária 2 de Venceslau.

+++ PF prende integrante do PCC em voo vindo de Fortaleza

Biroska era afilhado de Marcola. Na época do crime, ele e Cego estavam isolados no Regime Disciplinar Diferenciado. Gegê também teria obrigado os transportadores de drogas do PCC a arcar com o prejuízo das remessas apreendidas pela polícia e teria torturado na Bolívia um piloto ligado a Fuminho. Tudo sem autorização de Marcola. Forjado e o irmão de Gegê – Ronaldo de Simone, o Elefante Branco – continuam na cúpula da facção.

Perfil

Com a morte de Paca e Gegê, Fuminho se tornou o chefe do PCC nas ruas. Só com o tráfico de maconha na Grande São Paulo, ele estaria lucrando R$ 22 milhões por mês. Para cada região do País e para cada tipo de droga, o grupo teria um gerente. Fuminho controlaria pessoalmente o esquema no Paraguai e na Bolívia, o que garantiu para a organização o virtual monopólio da maconha para o Brasil. Ele é o responsável ainda pela gestão do envio de cocaína para o País, por controlar a frota de aviões e helicópteros do grupo, além de estabelecer a logística da facção para mandar a droga para a Europa e a Ásia.

+++ Polícia Militar vai ocupar rodovias federais em SP

Além do porto de Santos, o PCC está usando portos do Nordeste para embarcar a cocaína para Espanha, Montenegro, Holanda e Itália. Fuminho recebe as encomendas de organizações criminosas, como a ’Ndrangheta (Itália), na Bolívia. “Ele está se tornando o Pablo Escobar brasileiro”, disse um delegado que o investiga há quatro anos. Em São Paulo, é suspeito de ser o mandante da morte de Eduardo Ferreira da Silva, de 40 anos, executado em fevereiro por três encapuzados quando dirigia uma Mercedes-Benz, na zona leste.

Com um mandado de prisão por tráfico de drogas, Fuminho é procurado pelas Polícias Civil e Federal desde 2014, quando organizou o plano de fuga de Marcola da Penitenciária 2 Venceslau. Marcola seria resgatado por um helicóptero blindado – a ação foi abortada pela facção. A inteligência da polícia desconfia que o aparelho que retiraria Marcola do presídio foi o mesmo usado na execução de sexta-feira. Depois do Ceará, ele pousou no Rio Grande do Norte. Ali os bandidos se desfizeram das malas e documentos de Paca e de Gegê.

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