Cartazes com pedidos de perdão e para reatar um suposto relacionamento foram espalhados pelas ruas de Salvador nesta segunda-feira, 25. Todos eles eram destinados a uma mulher chamada Maria. O que parecia uma declaração, entretanto, era um alerta para o comportamento de agressores. As faixas fazem parte de uma campanha feita pela ONU Mulheres e o Instituto Gloria, em parceria com a prefeitura da cidade.
Nesta terça, 26, logo abaixo dos cartazes, foi incluído um segundo: “O arrependimento é uma das fases do ciclo da violência. Fique atenta”. A ação também lançou a hashtag #nãovoltamaria.
A campanha contou com apoio de artistas. Em seu perfil nas redes sociais, a atriz Paolla Oliveira postou imagens dos cartazes e comentou sobre o tema. “O silêncio diante da violência contra a mulher perpetua o problema. Precisamos agir e não normalizar os sinais”.
As faixas espalhadas em Salvador fazem alusão à Maria da Penha, símbolo da luta contra a violência doméstica, e chamam atenção para um período considerado crucial, porém, frequentemente ignorado, e expõe a fragilidade emocional das mulheres junto à dificuldade de se romper com o ciclo de violência. Ou seja, o momento em que o agressor pede desculpas, se arrepende e promete mudanças, ao buscar se reaproximar de sua parceira, com falsas promessas e manipulações.
Na segunda, 25, dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a ONU Mulheres divulgou um relatório com dados sobre o feminicídio no mundo.
Segundo o levantamento, globalmente, 85 mil mulheres e meninas foram mortas intencionalmente em 2023. Desses homicídios, 60% — 51 mil — foram cometidos por um parceiro íntimo ou outro membro da família.
Isso equivale a 140 mulheres e meninas mortas todos os dias por seus parceiros ou parentes próximos, ou seja, uma mulher ou menina assassinada a cada 10 minutos.
Em nível nacional, pesquisa do Instituto Patrícia Galvão aponta que 2 em cada dez brasileiras já foram ameaçadas de morte por parceiro ou ex. Assim, estima-se que quase 17 milhões de brasileiras viveram ou vivem situação de risco de feminicídio. Seis em cada 10 conhecem ao menos uma mulher que já foi ameaçada pelo atual ou ex-parceiro ou namorado.