Médicos não deveriam se intimidar na hora de perguntar aos pacientes sobre suas vidas sexuais, diz um novo artigo científico. Pesquisadores afirmam que os problemas de alcova podem se traduzir em graves condições médicas, e que ignorar disfunções sexuais pode significar perder os primeiros sinais de problemas cardíacos, depressão e outras doenças, de acordo com trabalho publicado na edição desta sexta-feira, 2, da revista The Lancet. "Sexo é uma parte legítima da medicina, mas vem sendo mantido à parte", disse a principal autora do trabalho, a médica Rosemary Basson. Ela e o co-autor Willibrord Weijmar Schultz examinaram diversos bancos de dados, em busca da relação entre disfunções sexuais e outras doenças. Muitos problemas sexuais foram identificados como possíveis fatores de diagnóstico para outras doenças. "Se um homem vem com disfunção erétil, pode ser a ponta do iceberg", afirma o médico Andrew McCullough, um especialista em saúde sexual. McCullough não tomou parte no estudo. Médicos vêm sendo incentivados a tomar a iniciativa e perguntar aos pacientes sobre suas vidas sexuais, incluindo questões como com quem fazem sexo, com que freqüência e se adotam comportamentos de risco. "Pessoas não dão esse tipo de informação, a menos que recebam uma pergunta direta", disse o médico Jonathan Zenilman, especializado em doenças infecciosas. O que os pacientes geralmente não percebem, dizem os médicos, é que uma disfunção sexual pode ser sintoma de algo ainda mais grave. Por exemplo, homens com disfunção erétil freqüentemente correm risco de problemas cardíacos. Em um estudo de 132 homens que passaram por cirurgias do coração, quase metade tinha um histórico de disfunção erétil. Nas mulheres, achar pistas sobre a saúde no sexo é mais difícil. Mas uma falta de desejo sexual em mulheres revela depressão em 26% dos casos. Somadas a outros sintomas, anomalias sexuais em mulheres podem indicar problemas hormonais, renais, diabete e outros males.