O menino de 1 ano atirado pelo pai, o produtor musical Alexandre Alvarenga, de 31 anos, contra um carro em movimento está internado em estado grave no hospital Mário Gatti, em Campinas, com traumatismo na base do crânio e respirando com ajuda de aparelhos. Alexandre e Sara Maria Alvarenga, de 32, católicos praticantes, donos de um estúdio de gravação e que costumavam se apresentar interpretando músicas sertanejas, levaram, nesta domingo, os dois filhos para almoçar na casa de parentes, em Campinas. Na volta para casa, um Alvarenga descontrolado tentou matar as duas crianças. O produtor musical jogou o filho de 1 ano e 1 mês contra um carro em movimento e bateu com a cabeça de da filha de seis anos contra uma árvore. No meio da tarde destas segunda-feira, os médicos divulgaram um boletim afirmando que o estado do bebê era estável. A menina de seis anos sofreu ferimentos leves na cabeça, foi medicada e liberada na noite de domingo, encaminhada para a casa de parentes. O casal permanecia internado no setor psiquiátrico do Hospital Celso Pierro, da Puc-Campinas. A família ficou chocada com o comportamento do casal e afirmou que não havia motivos para o descontrole. Segundo parentes, Sara e Alvarenga se davam bem, tratavam dos filhos com carinho, freqüentavam missas e grupos de oração. Os parentes afirmaram que os dois jovens não faziam uso de entorpecentes. O casal e os dois filhos estavam dentro de um Palio e transitavam pela Rua Pereira Tangerino, no bairro Guanabara, em Campinas. Perto de uma curva, esquina com a Rua Camargo Pimentel, Alvarenga jogou seu carro contra outro Palio, que vinha na direção contrária, dirigido pelo engenheiro Alexandre Camargo Vicentini. Vicentini estava com uma filha de 8 anos e chegou a acreditar que Alvarenga tivesse perdido a direção do veículo ao tentar fazer a curva. Mas ficou estarrecido com o comportamento do produtor musical. Depois do acidente, Alvarenga desceu do carro e começou a bater com a cabeça contra a lateral de seu Palio. Pessoas que passavam pelo local tentaram conter o produtor musical. Ele se esquivou das tentativas de ajuda e saiu andando rapidamente pela rua. A mulher seguiu junto, com o bebê no colo e de mãos dadas com a menina. Um pouco adiante, a uma quadra do local do acidente, Alvarenga tirou a criança dos braços da mãe e jogou-a contra uma Blazer em movimento. O bebê atravessou o vidro e caiu no colo do aposentado Fernando Pompeo de Camargo, de 73 anos. Ele contou, muito assustado, que estava a no máximo 30 quilômetros por hora. Um médico pediatra passava pelo local, atendeu o menino, aplicou-lhe primeiros-socorros e o levou ao hospital Albert Sabin, com a ajuda de uma dona-de-casa, que também passava pelo local. O bebê foi transferido para o Mário Gatti no início da noite de domingo. Como se nada tivesse ocorrido, Alvarenga, a mulher e a filha seguiram caminhando e pularam a cerca do Bosque dos Alemães. Dentro do bosque, o produtor agarrou a filha e começou a bater a cabeça dela contra uma árvore, enquanto a mulher também batia a cabeça contra a mesma árvore. Testemunhas que seguiam o casal tentaram impedir a agressão e foram recebidos com gritos de ?Rá, satanás? por Alvarenga, que não parava de se debater. O pai teria dito, quando abordado pelas testemunhas, que ?agora o menino está com o pai?. A polícia não confirmou a declaração. A Polícia Militar, acionada por populares, algemou o casal, mas o produtor e sua mulher somente se acalmaram após a chegada de uma equipe do Serviço Municipal de Atendimento de Urgência (Samu), que aplicou sedativo em ambos. A menina foi levada ao Mário Gatti, onde estava o irmão, e o casal seguiu para o Celso Pierro, da Puc-Campinas. A assessoria de imprensa do hospital se limitou a informar que os dois continuavam sedados. A delegada responsável pelo caso, Lara Ely Marques, não foi encontrada. Policias do 3o Distrito Policial informaram que ela havia ido até o hospital para colher o depoimento do casal. A assessoria do hospital não soube informar sobre os depoimentos, mas alegou que Alvarenga e a mulher estavam sedados. Choque A família ficou chocada com o episódio. A tia Maria Alvarenga Silva contou que almoçou com o casal e as crianças e todos estavam bem, comportando-se normalmente. Ela disse que todos conversaram bastante e chegaram a falar de Deus durante a refeição. A prima Maria José Rosolen também estranhou o ocorrido. Ela lembrou que ambos vinham de famílias de classe média. ?Formavam uma linda família. A Sara é muito bonita?, afirmou. O cunhado de Sara Maria, João Suzuki, garantiu que ela e o marido nunca tiveram brigas sérias e também nunca se envolveram com drogas. ?Eram dóceis, amigáveis e agradáveis?, disse. Suzuki afirmou que os dois não freqüentavam nenhuma seita, eram católicos e iam à igreja. ?Estamos passados?, contou. O casal trabalhava junto no estúdio musical e tinha gravado um CD de músicas sertanejas. Alvarenga e Sara foram autuados em flagrante por dupla tentativa de homicídio. Após receber alta, para o que não há previsão, conforme o hospital, deverão ser encaminhados para a prisão. O advogado do casal, Luiz Henrique Cirilo, disse no início da noite que o Hospital Celso Pierro fez um laudo toxicológico em ambos e o resultado foi negativo. Ainda, segundo o advogado, Sarah e Alvarenga tinham sofrido um ?distúrbio mental?, apesar de o Hospital não ter divulgado nenhuma informação a respeito.
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