O adolescente que havia confessado o assassinato da socialite Ana Cristina Johannpeter mudou sua versão nesta sexta-feira. Segundo policiais da 14ª Delegacia de Polícia, que investiga o caso, o menor, de 17 anos, disse que quem atirou foi o seu comparsa, também adolescente. A polícia desconfiava que ele tivesse mentido para acobertar alguém ou um irmão, de 23 anos, que está sendo procurado. Essa nova versão coincide com o depoimento do vigia de um colégio municipal, onde os dois menores estudam. A testemunha disse que o adolescente que confessou tentou entrar na escola por volta das 21 horas, mas o portão já estava fechado. Ele encontrou o colega e foram numa mesma bicicleta em direção à Cruzada São Sebastião, favela próxima ao local do assalto, no Leblon, na zona sul do Rio. A socialite Ana Cristina Johannpeter foi assassinada no bairro, que tem o IPTU mais alto da cidade, na quarta-feira à noite. Ela estava no carro com a filha mais nova quando foi abordada pelos menores numa bicicleta, que anunciaram o assalto. Ela não teria reagido, mas mesmo assim um deles atirou e a atingiu na cabeça. Para o chefe de Polícia, Ricardo Hallack, há muitas dúvidas sobre a veracidade do depoimento do menor que foi preso e confessou o assassinato de Ana Cristina. "A confissão só não basta. É necessário ter provas", disse ele. A filha caçula de Ana Cristina, Manoela, teria reconhecido Y através de fotos. Anteontem ela não havia identificado X, levando a polícia a desconfiar que ele mentia. Ela iria ontem à Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (CORE) para ajudar a fazer o retrato falado do assaltante, mas sentiu-se mal e não compareceu. "Ela não dormiu bem durante a noite. Vamos esperar ela esfriar a cabeça para que possa ajudar nas investigações", disse João Bitencourt, advogado da família. A polícia irá até a casa de Manoela para colher as informações. O projétil que atingiu a cabeça da socialite ainda não foi encontrado. A Mercedes-Benz que ela dirigia, em vez de ser enviada para perícia no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), da Polícia Civil, como manda o protocolo, foi para a concessionária para ser desmontada. Hallack justificou a exceção dizendo que o carro seria cortado se enviado para o instituto. Segundo peritos, porém, se os mecânicos recolherem o projétil sem a presença de um policial, o inquérito não terá validade na Justiça. Até sexta, a arma apreendida na casa do menor que confessou o crime também ainda não tinha sido enviada para o ICCE. O jovem continua apreendido, mas foi transferido da delegacia para o Centro de Triagem do Degase, na Ilha do Governador, zona norte. O delegado titular da 14.ª Delegacia Policial (Leblon), José Alberto Laje, não quis dar entrevista ontem. Na quinta-feira, ele havia dado o caso como encerrado. Outras mortes No dia seguinte ao assassinato de Ana Cristina Gianini Johannpeter, dois outros crimes parecidos foram registrados no Rio. Um aposentado e um dentista foram mortos a tiros, quando estavam na direção de seus carros, ao tentarem fugir de tentativas de assalto. Ana Cristina foi morta com um tiro na cabeça, na noite de quarta-feira, no Leblon, zona sul. Na quinta-feira, um menor foi preso pelo crime. Nos outros dois casos, ninguém foi detido. O aposentado Francisco Paulino Valeriano, de 68 anos, dirigia um Audi A3 no Largo do Encantado, zona norte, na saída da Linha Amarela, uma das principais vias expressas da cidade, quando seu carro foi abordado por bandidos armados. Valeriano tentou fugir e os assaltantes atiraram contra ele. Baleado no peito, ele perdeu a direção do veículo e bateu em um poste. A vítima seguia para Piedade, um bairro próximo ao local do crime. O dentista Jorge Fernando Gomes de Andrade, de 53 anos, foi dominado por dois homens armados ao parar em um sinal de trânsito da Rua Joaquim Palhares, na Cidade Nova, no centro. O dentista tentou arrancar com o carro, um Siena da cor cinza, e foi atingido por um tiro na cabeça. Desgovernado, o veículo bateu em um muro.
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