Após receber críticas de entidades ligadas às montadoras e à produção de etanol, o Ministério do Meio Ambiente decidiu rever a forma de divulgação dos dados de emissões de gases poluentes dos veículos. Na semana passada, o MMA lançou a Nota Verde, que pela primeira vez mostrou para a sociedade quanto os carros, fabricados em 2008 no Brasil, emitem de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio. Também foi feito um ranking, que apontou carros movidos a álcool entre os mais poluentes. Ontem, o ministério anunciou a criação de um grupo de trabalho com integrantes do Ibama, da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) com o objetivo de "aprimorar" as informações divulgadas. A Nota Verde, no entanto, continua disponível na internet (www.ibama.gov.br).CONFLITOApós a divulgação da Nota Verde, a Unica pediu revisão do ranking e a inclusão das emissões de CO2, o principal gás de efeito estufa. Para esse gás, o álcool é considerado limpo, porque as emissões do veículo são compensadas no plantio da cana-de-açúcar. "O índice surpreendentemente ignora as emissões de carbono. Há vários exemplos de "notas verdes" internacionais que combinam três elementos fundamentais: poluição no escapamento, emissões de gases de efeito estufa e consumo. A combinação desses elementos certamente indicará a supremacia dos combustíveis renováveis sobre os fósseis", afirmou Marcos Jank, presidente da Unica.A Anfavea, também descontente com os dados divulgados, decidiu colocar em seu site as emissões de veículos referentes ao seu uso regular. A entidade havia criticado o fato de os dados do MMA se referirem aos níveis de emissão em carros ainda não amaciados.Segundo o MMA, o grupo de trabalho foi criado pela "necessidade de tornar mais clara a informação a ser prestada aos consumidores de veículos". O objetivo do grupo é "estabelecer formas claras e simples de divulgação de valores de emissões", para que os dados sejam assimilados pelo público. De acordo com a nota, o grupo vai "propor uma metodologia que permita o perfeito entendimento do uso de combustíveis renováveis quanto às emissões de gases do efeito estufa". Os resultados do grupo de trabalho deverão ser apresentados em 40 dias.