O passeio mais chato do mundo


Será que levar criança no museu é tão sem graça assim?

Por Monica Nobrega
Luzia,o esqueleto mais antigo das Américas, com cerca de 11 mil anos, nunca mais poderá ser observado Foto: Fabio Motta/Estadão

Na segunda-feira, 3 de setembro, enquanto tomávamos o café da manhã, abri o jornal e mostrei ao meu filho as fotos do Museu Nacional em chamas. Perguntei se ele lembrava o que é um museu. “É um lugar onde a gente pode ver as artes das pessoas e os fósseis de dinossauros.” Pronto. Com a certeza de que falávamos a mesma língua, contei-lhe da perda de Luzia.

Meu filho já tinha escutado sobre a existência de Luzia. Claro que de um jeito acessível aos seus 7 anos – “a primeira pessoa do Brasil, viveu 11 mil anos atrás”. Além disso, anda fascinado pela ideia de fóssil. Assim, sua reação foi um alarmado “então quer dizer que nunca vou conhecê-la?”. 

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Não conto o episódio para mostrar que tenho em casa um minigênio – não se trata disso. E sim para tentar convencer você a incluir nas suas próximas viagens em família (e na vida) o passeio que costuma levar a injusta fama de ser o mais chato do mundo para crianças: o museu. 

Meu filho apenas cresce numa família apreciadora do conhecimento, frequentadora de museus, na nossa cidade e pelo mundo. É um indiscutível privilégio social nesse Brasil em que tantas crianças mal conseguem se manter na escola. Viajar está nesse pacote de privilégios e você, que também consegue embarcar com os pequenos vez ou outra, não deveria perder a chance de mostrar a eles o universo de riquezas abrigado em museus dos mais diversos tipos.

E deixa eu contar uma coisa: além de tudo, vai ser divertido. 

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Como começar, aonde ir.

Gostar de museu demanda entender o museu. Isso se aprende. Fica mais fácil quanto mais cedo se começa, mas qualquer fase da vida é uma boa hora. Quanto mais se pratica, mais se pega jeito e gosto. Não há pressa. O Louvre é mesmo grande demais, não cabe em um dia. Sugiro, então, trocar a ansiedade por um objetivo. Egito antigo, por exemplo, é um tema da vida escolar das crianças – e a ala de Antiguidades Egípcias tem múmia, estátua de Ramsés II, hieróglifos. Antes de ir embora, uma passadinha na Monalisa: uma visita proveitosa sem ser exaustiva. 

Acho de verdade que qualquer museu pode ser legal para crianças. Mas tenho, sim, indicações certeiras. O Inhotim, perto de Belo Horizonte, tem espaço para correr, galerias com arquitetura diferentona e obras de efeito hipnotizante. O Pavilhão Sônico tem microfones que captam sons do interior da Terra. A Piscina é uma obra de arte na qual se pode nadar. No Museu Goeldi, em Belém, está em cartaz até dezembro a mostra sobre a etnia caiapó, nativa de terras brasileiras, e com o mesmo ingresso visita-se o parque zoobotânico, cheio de espécies da Amazônia. É um local muito frequentado por moradores, inclusive pelo preço acessível: R$ 3. 

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A área livre central do Quarteirão dos Museus, em Viena, é deliciosa para brincar e está cercada pelo Museu da Criança – com alas sobre oceano, cinema, ciência – e pelo Leopold, de arte austríaca a partir do século 19, onde estão as cores de Gustav Klimt e os ensaios sobre o corpo humano de Egon Schiele. 

Em Barcelona, são imperdíveis os painéis gigantes da Fundação Miró. E como esquecer a Dino Snores, noite de acampamento no Museu de História Natural de Londres, para crianças de 7 a 11 anos, bem debaixo do esqueleto de um tiranossauro rex?  Entre um quadro e uma escultura, um fóssil e uma réplica do homo erectus, façam selfies em família, posts engraçados ou informativos. Aprender é divertido, inspirador. E evita que, no futuro, suas crianças cometam gafes como o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que, diante do Museu Nacional carbonizado, prometeu “recompor” o acervo, como se meteoritos e manuscritos do século 19 estivessem à venda no shopping. 

Dinos

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O paleontólogo Luiz Eduardo Anelli e o paleoartista Rodolfo Nogueira publicaram, em 2017, O Brasil dos Dinossauros (R$ 149), um caprichado inventário científico e artístico da pré-história no Brasil. Está cheio de dicas turísticas como sítios arqueológicos e museus para visitar – na página 41, a sugestão de lugar para ver a reconstituição do Unaysaurus é o Museu Nacional. Agora, uma triste e necessária lembrança.

Luzia,o esqueleto mais antigo das Américas, com cerca de 11 mil anos, nunca mais poderá ser observado Foto: Fabio Motta/Estadão

Na segunda-feira, 3 de setembro, enquanto tomávamos o café da manhã, abri o jornal e mostrei ao meu filho as fotos do Museu Nacional em chamas. Perguntei se ele lembrava o que é um museu. “É um lugar onde a gente pode ver as artes das pessoas e os fósseis de dinossauros.” Pronto. Com a certeza de que falávamos a mesma língua, contei-lhe da perda de Luzia.

Meu filho já tinha escutado sobre a existência de Luzia. Claro que de um jeito acessível aos seus 7 anos – “a primeira pessoa do Brasil, viveu 11 mil anos atrás”. Além disso, anda fascinado pela ideia de fóssil. Assim, sua reação foi um alarmado “então quer dizer que nunca vou conhecê-la?”. 

Não conto o episódio para mostrar que tenho em casa um minigênio – não se trata disso. E sim para tentar convencer você a incluir nas suas próximas viagens em família (e na vida) o passeio que costuma levar a injusta fama de ser o mais chato do mundo para crianças: o museu. 

Meu filho apenas cresce numa família apreciadora do conhecimento, frequentadora de museus, na nossa cidade e pelo mundo. É um indiscutível privilégio social nesse Brasil em que tantas crianças mal conseguem se manter na escola. Viajar está nesse pacote de privilégios e você, que também consegue embarcar com os pequenos vez ou outra, não deveria perder a chance de mostrar a eles o universo de riquezas abrigado em museus dos mais diversos tipos.

E deixa eu contar uma coisa: além de tudo, vai ser divertido. 

Como começar, aonde ir.

Gostar de museu demanda entender o museu. Isso se aprende. Fica mais fácil quanto mais cedo se começa, mas qualquer fase da vida é uma boa hora. Quanto mais se pratica, mais se pega jeito e gosto. Não há pressa. O Louvre é mesmo grande demais, não cabe em um dia. Sugiro, então, trocar a ansiedade por um objetivo. Egito antigo, por exemplo, é um tema da vida escolar das crianças – e a ala de Antiguidades Egípcias tem múmia, estátua de Ramsés II, hieróglifos. Antes de ir embora, uma passadinha na Monalisa: uma visita proveitosa sem ser exaustiva. 

Acho de verdade que qualquer museu pode ser legal para crianças. Mas tenho, sim, indicações certeiras. O Inhotim, perto de Belo Horizonte, tem espaço para correr, galerias com arquitetura diferentona e obras de efeito hipnotizante. O Pavilhão Sônico tem microfones que captam sons do interior da Terra. A Piscina é uma obra de arte na qual se pode nadar. No Museu Goeldi, em Belém, está em cartaz até dezembro a mostra sobre a etnia caiapó, nativa de terras brasileiras, e com o mesmo ingresso visita-se o parque zoobotânico, cheio de espécies da Amazônia. É um local muito frequentado por moradores, inclusive pelo preço acessível: R$ 3. 

A área livre central do Quarteirão dos Museus, em Viena, é deliciosa para brincar e está cercada pelo Museu da Criança – com alas sobre oceano, cinema, ciência – e pelo Leopold, de arte austríaca a partir do século 19, onde estão as cores de Gustav Klimt e os ensaios sobre o corpo humano de Egon Schiele. 

Em Barcelona, são imperdíveis os painéis gigantes da Fundação Miró. E como esquecer a Dino Snores, noite de acampamento no Museu de História Natural de Londres, para crianças de 7 a 11 anos, bem debaixo do esqueleto de um tiranossauro rex?  Entre um quadro e uma escultura, um fóssil e uma réplica do homo erectus, façam selfies em família, posts engraçados ou informativos. Aprender é divertido, inspirador. E evita que, no futuro, suas crianças cometam gafes como o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que, diante do Museu Nacional carbonizado, prometeu “recompor” o acervo, como se meteoritos e manuscritos do século 19 estivessem à venda no shopping. 

Dinos

O paleontólogo Luiz Eduardo Anelli e o paleoartista Rodolfo Nogueira publicaram, em 2017, O Brasil dos Dinossauros (R$ 149), um caprichado inventário científico e artístico da pré-história no Brasil. Está cheio de dicas turísticas como sítios arqueológicos e museus para visitar – na página 41, a sugestão de lugar para ver a reconstituição do Unaysaurus é o Museu Nacional. Agora, uma triste e necessária lembrança.

Luzia,o esqueleto mais antigo das Américas, com cerca de 11 mil anos, nunca mais poderá ser observado Foto: Fabio Motta/Estadão

Na segunda-feira, 3 de setembro, enquanto tomávamos o café da manhã, abri o jornal e mostrei ao meu filho as fotos do Museu Nacional em chamas. Perguntei se ele lembrava o que é um museu. “É um lugar onde a gente pode ver as artes das pessoas e os fósseis de dinossauros.” Pronto. Com a certeza de que falávamos a mesma língua, contei-lhe da perda de Luzia.

Meu filho já tinha escutado sobre a existência de Luzia. Claro que de um jeito acessível aos seus 7 anos – “a primeira pessoa do Brasil, viveu 11 mil anos atrás”. Além disso, anda fascinado pela ideia de fóssil. Assim, sua reação foi um alarmado “então quer dizer que nunca vou conhecê-la?”. 

Não conto o episódio para mostrar que tenho em casa um minigênio – não se trata disso. E sim para tentar convencer você a incluir nas suas próximas viagens em família (e na vida) o passeio que costuma levar a injusta fama de ser o mais chato do mundo para crianças: o museu. 

Meu filho apenas cresce numa família apreciadora do conhecimento, frequentadora de museus, na nossa cidade e pelo mundo. É um indiscutível privilégio social nesse Brasil em que tantas crianças mal conseguem se manter na escola. Viajar está nesse pacote de privilégios e você, que também consegue embarcar com os pequenos vez ou outra, não deveria perder a chance de mostrar a eles o universo de riquezas abrigado em museus dos mais diversos tipos.

E deixa eu contar uma coisa: além de tudo, vai ser divertido. 

Como começar, aonde ir.

Gostar de museu demanda entender o museu. Isso se aprende. Fica mais fácil quanto mais cedo se começa, mas qualquer fase da vida é uma boa hora. Quanto mais se pratica, mais se pega jeito e gosto. Não há pressa. O Louvre é mesmo grande demais, não cabe em um dia. Sugiro, então, trocar a ansiedade por um objetivo. Egito antigo, por exemplo, é um tema da vida escolar das crianças – e a ala de Antiguidades Egípcias tem múmia, estátua de Ramsés II, hieróglifos. Antes de ir embora, uma passadinha na Monalisa: uma visita proveitosa sem ser exaustiva. 

Acho de verdade que qualquer museu pode ser legal para crianças. Mas tenho, sim, indicações certeiras. O Inhotim, perto de Belo Horizonte, tem espaço para correr, galerias com arquitetura diferentona e obras de efeito hipnotizante. O Pavilhão Sônico tem microfones que captam sons do interior da Terra. A Piscina é uma obra de arte na qual se pode nadar. No Museu Goeldi, em Belém, está em cartaz até dezembro a mostra sobre a etnia caiapó, nativa de terras brasileiras, e com o mesmo ingresso visita-se o parque zoobotânico, cheio de espécies da Amazônia. É um local muito frequentado por moradores, inclusive pelo preço acessível: R$ 3. 

A área livre central do Quarteirão dos Museus, em Viena, é deliciosa para brincar e está cercada pelo Museu da Criança – com alas sobre oceano, cinema, ciência – e pelo Leopold, de arte austríaca a partir do século 19, onde estão as cores de Gustav Klimt e os ensaios sobre o corpo humano de Egon Schiele. 

Em Barcelona, são imperdíveis os painéis gigantes da Fundação Miró. E como esquecer a Dino Snores, noite de acampamento no Museu de História Natural de Londres, para crianças de 7 a 11 anos, bem debaixo do esqueleto de um tiranossauro rex?  Entre um quadro e uma escultura, um fóssil e uma réplica do homo erectus, façam selfies em família, posts engraçados ou informativos. Aprender é divertido, inspirador. E evita que, no futuro, suas crianças cometam gafes como o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que, diante do Museu Nacional carbonizado, prometeu “recompor” o acervo, como se meteoritos e manuscritos do século 19 estivessem à venda no shopping. 

Dinos

O paleontólogo Luiz Eduardo Anelli e o paleoartista Rodolfo Nogueira publicaram, em 2017, O Brasil dos Dinossauros (R$ 149), um caprichado inventário científico e artístico da pré-história no Brasil. Está cheio de dicas turísticas como sítios arqueológicos e museus para visitar – na página 41, a sugestão de lugar para ver a reconstituição do Unaysaurus é o Museu Nacional. Agora, uma triste e necessária lembrança.

Luzia,o esqueleto mais antigo das Américas, com cerca de 11 mil anos, nunca mais poderá ser observado Foto: Fabio Motta/Estadão

Na segunda-feira, 3 de setembro, enquanto tomávamos o café da manhã, abri o jornal e mostrei ao meu filho as fotos do Museu Nacional em chamas. Perguntei se ele lembrava o que é um museu. “É um lugar onde a gente pode ver as artes das pessoas e os fósseis de dinossauros.” Pronto. Com a certeza de que falávamos a mesma língua, contei-lhe da perda de Luzia.

Meu filho já tinha escutado sobre a existência de Luzia. Claro que de um jeito acessível aos seus 7 anos – “a primeira pessoa do Brasil, viveu 11 mil anos atrás”. Além disso, anda fascinado pela ideia de fóssil. Assim, sua reação foi um alarmado “então quer dizer que nunca vou conhecê-la?”. 

Não conto o episódio para mostrar que tenho em casa um minigênio – não se trata disso. E sim para tentar convencer você a incluir nas suas próximas viagens em família (e na vida) o passeio que costuma levar a injusta fama de ser o mais chato do mundo para crianças: o museu. 

Meu filho apenas cresce numa família apreciadora do conhecimento, frequentadora de museus, na nossa cidade e pelo mundo. É um indiscutível privilégio social nesse Brasil em que tantas crianças mal conseguem se manter na escola. Viajar está nesse pacote de privilégios e você, que também consegue embarcar com os pequenos vez ou outra, não deveria perder a chance de mostrar a eles o universo de riquezas abrigado em museus dos mais diversos tipos.

E deixa eu contar uma coisa: além de tudo, vai ser divertido. 

Como começar, aonde ir.

Gostar de museu demanda entender o museu. Isso se aprende. Fica mais fácil quanto mais cedo se começa, mas qualquer fase da vida é uma boa hora. Quanto mais se pratica, mais se pega jeito e gosto. Não há pressa. O Louvre é mesmo grande demais, não cabe em um dia. Sugiro, então, trocar a ansiedade por um objetivo. Egito antigo, por exemplo, é um tema da vida escolar das crianças – e a ala de Antiguidades Egípcias tem múmia, estátua de Ramsés II, hieróglifos. Antes de ir embora, uma passadinha na Monalisa: uma visita proveitosa sem ser exaustiva. 

Acho de verdade que qualquer museu pode ser legal para crianças. Mas tenho, sim, indicações certeiras. O Inhotim, perto de Belo Horizonte, tem espaço para correr, galerias com arquitetura diferentona e obras de efeito hipnotizante. O Pavilhão Sônico tem microfones que captam sons do interior da Terra. A Piscina é uma obra de arte na qual se pode nadar. No Museu Goeldi, em Belém, está em cartaz até dezembro a mostra sobre a etnia caiapó, nativa de terras brasileiras, e com o mesmo ingresso visita-se o parque zoobotânico, cheio de espécies da Amazônia. É um local muito frequentado por moradores, inclusive pelo preço acessível: R$ 3. 

A área livre central do Quarteirão dos Museus, em Viena, é deliciosa para brincar e está cercada pelo Museu da Criança – com alas sobre oceano, cinema, ciência – e pelo Leopold, de arte austríaca a partir do século 19, onde estão as cores de Gustav Klimt e os ensaios sobre o corpo humano de Egon Schiele. 

Em Barcelona, são imperdíveis os painéis gigantes da Fundação Miró. E como esquecer a Dino Snores, noite de acampamento no Museu de História Natural de Londres, para crianças de 7 a 11 anos, bem debaixo do esqueleto de um tiranossauro rex?  Entre um quadro e uma escultura, um fóssil e uma réplica do homo erectus, façam selfies em família, posts engraçados ou informativos. Aprender é divertido, inspirador. E evita que, no futuro, suas crianças cometam gafes como o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que, diante do Museu Nacional carbonizado, prometeu “recompor” o acervo, como se meteoritos e manuscritos do século 19 estivessem à venda no shopping. 

Dinos

O paleontólogo Luiz Eduardo Anelli e o paleoartista Rodolfo Nogueira publicaram, em 2017, O Brasil dos Dinossauros (R$ 149), um caprichado inventário científico e artístico da pré-história no Brasil. Está cheio de dicas turísticas como sítios arqueológicos e museus para visitar – na página 41, a sugestão de lugar para ver a reconstituição do Unaysaurus é o Museu Nacional. Agora, uma triste e necessária lembrança.

Luzia,o esqueleto mais antigo das Américas, com cerca de 11 mil anos, nunca mais poderá ser observado Foto: Fabio Motta/Estadão

Na segunda-feira, 3 de setembro, enquanto tomávamos o café da manhã, abri o jornal e mostrei ao meu filho as fotos do Museu Nacional em chamas. Perguntei se ele lembrava o que é um museu. “É um lugar onde a gente pode ver as artes das pessoas e os fósseis de dinossauros.” Pronto. Com a certeza de que falávamos a mesma língua, contei-lhe da perda de Luzia.

Meu filho já tinha escutado sobre a existência de Luzia. Claro que de um jeito acessível aos seus 7 anos – “a primeira pessoa do Brasil, viveu 11 mil anos atrás”. Além disso, anda fascinado pela ideia de fóssil. Assim, sua reação foi um alarmado “então quer dizer que nunca vou conhecê-la?”. 

Não conto o episódio para mostrar que tenho em casa um minigênio – não se trata disso. E sim para tentar convencer você a incluir nas suas próximas viagens em família (e na vida) o passeio que costuma levar a injusta fama de ser o mais chato do mundo para crianças: o museu. 

Meu filho apenas cresce numa família apreciadora do conhecimento, frequentadora de museus, na nossa cidade e pelo mundo. É um indiscutível privilégio social nesse Brasil em que tantas crianças mal conseguem se manter na escola. Viajar está nesse pacote de privilégios e você, que também consegue embarcar com os pequenos vez ou outra, não deveria perder a chance de mostrar a eles o universo de riquezas abrigado em museus dos mais diversos tipos.

E deixa eu contar uma coisa: além de tudo, vai ser divertido. 

Como começar, aonde ir.

Gostar de museu demanda entender o museu. Isso se aprende. Fica mais fácil quanto mais cedo se começa, mas qualquer fase da vida é uma boa hora. Quanto mais se pratica, mais se pega jeito e gosto. Não há pressa. O Louvre é mesmo grande demais, não cabe em um dia. Sugiro, então, trocar a ansiedade por um objetivo. Egito antigo, por exemplo, é um tema da vida escolar das crianças – e a ala de Antiguidades Egípcias tem múmia, estátua de Ramsés II, hieróglifos. Antes de ir embora, uma passadinha na Monalisa: uma visita proveitosa sem ser exaustiva. 

Acho de verdade que qualquer museu pode ser legal para crianças. Mas tenho, sim, indicações certeiras. O Inhotim, perto de Belo Horizonte, tem espaço para correr, galerias com arquitetura diferentona e obras de efeito hipnotizante. O Pavilhão Sônico tem microfones que captam sons do interior da Terra. A Piscina é uma obra de arte na qual se pode nadar. No Museu Goeldi, em Belém, está em cartaz até dezembro a mostra sobre a etnia caiapó, nativa de terras brasileiras, e com o mesmo ingresso visita-se o parque zoobotânico, cheio de espécies da Amazônia. É um local muito frequentado por moradores, inclusive pelo preço acessível: R$ 3. 

A área livre central do Quarteirão dos Museus, em Viena, é deliciosa para brincar e está cercada pelo Museu da Criança – com alas sobre oceano, cinema, ciência – e pelo Leopold, de arte austríaca a partir do século 19, onde estão as cores de Gustav Klimt e os ensaios sobre o corpo humano de Egon Schiele. 

Em Barcelona, são imperdíveis os painéis gigantes da Fundação Miró. E como esquecer a Dino Snores, noite de acampamento no Museu de História Natural de Londres, para crianças de 7 a 11 anos, bem debaixo do esqueleto de um tiranossauro rex?  Entre um quadro e uma escultura, um fóssil e uma réplica do homo erectus, façam selfies em família, posts engraçados ou informativos. Aprender é divertido, inspirador. E evita que, no futuro, suas crianças cometam gafes como o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que, diante do Museu Nacional carbonizado, prometeu “recompor” o acervo, como se meteoritos e manuscritos do século 19 estivessem à venda no shopping. 

Dinos

O paleontólogo Luiz Eduardo Anelli e o paleoartista Rodolfo Nogueira publicaram, em 2017, O Brasil dos Dinossauros (R$ 149), um caprichado inventário científico e artístico da pré-história no Brasil. Está cheio de dicas turísticas como sítios arqueológicos e museus para visitar – na página 41, a sugestão de lugar para ver a reconstituição do Unaysaurus é o Museu Nacional. Agora, uma triste e necessária lembrança.

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