O promotor Arnaldo Hossepian Júnior, um dos encarregados pela investigação criminal do acidente na futura Estação Pinheiros do Metrô, pretende responsabilizar tanto técnicos quanto engenheiros envolvidos na execução e na fiscalização da obra, estejam eles ligados ao Consórcio Via Amarela e ao Metrô ou a funcionários de empresas terceirizadas. "Ainda não é hora de apontar nomes, mas posso garantir que o Ministério Público vai denunciar pessoas e não empresas", afirmou. Após uma análise preliminar dos 29 volumes entregues na sexta-feira pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Hossepian Júnior se disse "muito satisfeito" com o trabalho. Antes de oferecer denúncia (acusação formal) à Justiça, o promotor terá de aguardar o laudo oficial do Instituto de Criminalística (IC). "Não sei dizer se o IC vai endossar o laudo do IPT ou se produzirá um relatório independente. O fato é que esse trabalho exigiu um expertise ímpar, que contou inclusive com a colaboração de especialistas de fora do País", comentou. O chefe do Núcleo de Engenharia do IC, Jayme Telles, disse ontem ao Estado que tem 90 dias, a contar da data de recebimento do laudo do IPT, para apresentar seu relatório sobre a tragédia. "Não vamos simplesmente referendar o laudo do IPT", argumentou Telles. "Além desse, analisaremos também o relatório independente do engenheiro Nick Barton (contratado pelo consórcio) e o do próprio Via Amarela." Responsável direto pela perícia do caso, Telles explicou que grande parte do trabalho de campo dos técnicos do IPT foi acompanhada por peritos do IC. "Fizemos o trabalho em conjunto. Muito do que foi colhido no local nós já temos. Entretanto, não tivemos acesso aos resultados antecipadamente porque o contrato firmado entre o IPT e o Metrô previa uma cláusula de confidencialidade", esclareceu. O perito-chefe preferiu não estipular uma data para a entrega do relatório oficial e também optou por não antecipar quais serão suas conclusões. O documento é considerado fundamental pelo promotor do caso, pois servirá como base para a denúncia contra os envolvidos no acidente. Hossepian Júnior também se disse surpreso com o fato de o consórcio ter questionado, ainda que de maneira velada, a lisura do IPT no processo de investigação. "Não havia nenhum outro órgão no País mais capaz e mais indicado para fazer essa apuração do que o IPT", afirmou.