Opinião|‘Muito sangue negro foi derramado para que as portas da TV se abrissem’


Apresentadora analisa as mudanças na representatividade negra nos últimos 20 anos no País

Por Cris Guterres
Atualização:

Me formei em 2002. Diploma de jornalismo numa das mãos, uma fita VHS com as minhas gravações na outra e um sonho ousado na mente: ser apresentadora de televisão. Em pouco tempo meu sonho foi esmagado por uma frase que ao longo de muitos anos corroeu minha autoestima, assim como as revistas de beleza feminina: “Você é boa, mas não tem perfil para a televisão”. Foi o que ouvi de uma selecionadora durante uma entrevista para a vaga de repórter num canal de TV.

Eu, uma mulher negra de pele escura vestindo roupas tamanho 44 no início dos anos 2000, não era o perfil da televisão brasileira e isso comprova o fato de ela ser um dos principais aparelhos utilizados para perpetuar a ideia de inferioridade do sujeito negro no país.

Mais de 20 anos se passaram quando eu, finalmente, estreei na tela da TV Cultura vestindo um manequim 46, exibindo um farto cabelo crespo e apresentando a potência negra no programa Estação Livre que viria, meses depois, ser considerado pelo Troféu Mulher Imprensa o melhor programa com temática de diversidade da televisão aberta brasileira no ano de 2021.

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A apresentadora Cris Guterres, da TV Cultura, afirma que a ação do movimento negro foi fundamental para o avanço da representatividade negra na televisão Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

Mas o que mudou nos últimos 20 anos? Por que eu e outras tantas pessoas negras passamos a ter espaço na televisão podendo ter uma presença autêntica e multifacetada?

Nos últimos anos, temos testemunhado não só o aumento, mas também uma mudança significativa na maneira como as pessoas negras são representadas na mídia, refletindo tanto os desafios quanto os avanços na busca por uma representação real e inclusiva.

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Isso é, sem dúvida alguma, resultado de uma incansável luta travada pelo movimento negro brasileiro, que sempre soube que a presença de pessoas negras na televisão desempenha um papel crucial no combate ao racismo e na promoção da igualdade.

Falo de um movimento que não esmoreceu e foi de embate contra o sequestro da identidade do negro brasileiro. Ao contrário do que muitos imaginam, não tem ninguém nos abrindo a porta com um longo sorriso, curvando o corpo e nos desejando um efusivo “seja bem-vindo”. A porta foi esmurrada.

Infelizmente, muito sangue negro precisou ser derramado para que ela se abrisse. Os acontecimentos de 2020 nos Estados Unidos na sequência do brutal assassinato de George Floyd e o assassinato de Beto Freitas num supermercado no Rio Grande do Sul são um exemplo.

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Outro fator importante são os resultados. Investir em diversidade é lucrativo. Não à toa, a novela Vai na fé, a primeira novela brasileira com núcleo principal negro, foi o maior faturamento da história da Globo na faixa das 19 horas.

A população negra está ávida por se ver representada na televisão. E a presença de negros por trás das câmeras, como roteiristas, diretores e produtores, vem permitindo um aumento na produção de conteúdos mais diversos, proporcionando às plataformas contar histórias autênticas e explorar questões de identidade, cultura e justiça social.

A luta pela representação na televisão é uma extensão da luta por justiça e igualdade em toda a sociedade. Ao reconhecer e valorizar as vozes e experiências das pessoas negras, podemos construir um futuro mais inclusivo e equitativo para todos.

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* Cris Guterres é apresentadora do programa “Estação Livre”, na TV Cultura, e conselheira consultiva do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU)

Me formei em 2002. Diploma de jornalismo numa das mãos, uma fita VHS com as minhas gravações na outra e um sonho ousado na mente: ser apresentadora de televisão. Em pouco tempo meu sonho foi esmagado por uma frase que ao longo de muitos anos corroeu minha autoestima, assim como as revistas de beleza feminina: “Você é boa, mas não tem perfil para a televisão”. Foi o que ouvi de uma selecionadora durante uma entrevista para a vaga de repórter num canal de TV.

Eu, uma mulher negra de pele escura vestindo roupas tamanho 44 no início dos anos 2000, não era o perfil da televisão brasileira e isso comprova o fato de ela ser um dos principais aparelhos utilizados para perpetuar a ideia de inferioridade do sujeito negro no país.

Mais de 20 anos se passaram quando eu, finalmente, estreei na tela da TV Cultura vestindo um manequim 46, exibindo um farto cabelo crespo e apresentando a potência negra no programa Estação Livre que viria, meses depois, ser considerado pelo Troféu Mulher Imprensa o melhor programa com temática de diversidade da televisão aberta brasileira no ano de 2021.

A apresentadora Cris Guterres, da TV Cultura, afirma que a ação do movimento negro foi fundamental para o avanço da representatividade negra na televisão Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

Mas o que mudou nos últimos 20 anos? Por que eu e outras tantas pessoas negras passamos a ter espaço na televisão podendo ter uma presença autêntica e multifacetada?

Nos últimos anos, temos testemunhado não só o aumento, mas também uma mudança significativa na maneira como as pessoas negras são representadas na mídia, refletindo tanto os desafios quanto os avanços na busca por uma representação real e inclusiva.

Isso é, sem dúvida alguma, resultado de uma incansável luta travada pelo movimento negro brasileiro, que sempre soube que a presença de pessoas negras na televisão desempenha um papel crucial no combate ao racismo e na promoção da igualdade.

Falo de um movimento que não esmoreceu e foi de embate contra o sequestro da identidade do negro brasileiro. Ao contrário do que muitos imaginam, não tem ninguém nos abrindo a porta com um longo sorriso, curvando o corpo e nos desejando um efusivo “seja bem-vindo”. A porta foi esmurrada.

Infelizmente, muito sangue negro precisou ser derramado para que ela se abrisse. Os acontecimentos de 2020 nos Estados Unidos na sequência do brutal assassinato de George Floyd e o assassinato de Beto Freitas num supermercado no Rio Grande do Sul são um exemplo.

Outro fator importante são os resultados. Investir em diversidade é lucrativo. Não à toa, a novela Vai na fé, a primeira novela brasileira com núcleo principal negro, foi o maior faturamento da história da Globo na faixa das 19 horas.

A população negra está ávida por se ver representada na televisão. E a presença de negros por trás das câmeras, como roteiristas, diretores e produtores, vem permitindo um aumento na produção de conteúdos mais diversos, proporcionando às plataformas contar histórias autênticas e explorar questões de identidade, cultura e justiça social.

A luta pela representação na televisão é uma extensão da luta por justiça e igualdade em toda a sociedade. Ao reconhecer e valorizar as vozes e experiências das pessoas negras, podemos construir um futuro mais inclusivo e equitativo para todos.

* Cris Guterres é apresentadora do programa “Estação Livre”, na TV Cultura, e conselheira consultiva do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU)

Me formei em 2002. Diploma de jornalismo numa das mãos, uma fita VHS com as minhas gravações na outra e um sonho ousado na mente: ser apresentadora de televisão. Em pouco tempo meu sonho foi esmagado por uma frase que ao longo de muitos anos corroeu minha autoestima, assim como as revistas de beleza feminina: “Você é boa, mas não tem perfil para a televisão”. Foi o que ouvi de uma selecionadora durante uma entrevista para a vaga de repórter num canal de TV.

Eu, uma mulher negra de pele escura vestindo roupas tamanho 44 no início dos anos 2000, não era o perfil da televisão brasileira e isso comprova o fato de ela ser um dos principais aparelhos utilizados para perpetuar a ideia de inferioridade do sujeito negro no país.

Mais de 20 anos se passaram quando eu, finalmente, estreei na tela da TV Cultura vestindo um manequim 46, exibindo um farto cabelo crespo e apresentando a potência negra no programa Estação Livre que viria, meses depois, ser considerado pelo Troféu Mulher Imprensa o melhor programa com temática de diversidade da televisão aberta brasileira no ano de 2021.

A apresentadora Cris Guterres, da TV Cultura, afirma que a ação do movimento negro foi fundamental para o avanço da representatividade negra na televisão Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

Mas o que mudou nos últimos 20 anos? Por que eu e outras tantas pessoas negras passamos a ter espaço na televisão podendo ter uma presença autêntica e multifacetada?

Nos últimos anos, temos testemunhado não só o aumento, mas também uma mudança significativa na maneira como as pessoas negras são representadas na mídia, refletindo tanto os desafios quanto os avanços na busca por uma representação real e inclusiva.

Isso é, sem dúvida alguma, resultado de uma incansável luta travada pelo movimento negro brasileiro, que sempre soube que a presença de pessoas negras na televisão desempenha um papel crucial no combate ao racismo e na promoção da igualdade.

Falo de um movimento que não esmoreceu e foi de embate contra o sequestro da identidade do negro brasileiro. Ao contrário do que muitos imaginam, não tem ninguém nos abrindo a porta com um longo sorriso, curvando o corpo e nos desejando um efusivo “seja bem-vindo”. A porta foi esmurrada.

Infelizmente, muito sangue negro precisou ser derramado para que ela se abrisse. Os acontecimentos de 2020 nos Estados Unidos na sequência do brutal assassinato de George Floyd e o assassinato de Beto Freitas num supermercado no Rio Grande do Sul são um exemplo.

Outro fator importante são os resultados. Investir em diversidade é lucrativo. Não à toa, a novela Vai na fé, a primeira novela brasileira com núcleo principal negro, foi o maior faturamento da história da Globo na faixa das 19 horas.

A população negra está ávida por se ver representada na televisão. E a presença de negros por trás das câmeras, como roteiristas, diretores e produtores, vem permitindo um aumento na produção de conteúdos mais diversos, proporcionando às plataformas contar histórias autênticas e explorar questões de identidade, cultura e justiça social.

A luta pela representação na televisão é uma extensão da luta por justiça e igualdade em toda a sociedade. Ao reconhecer e valorizar as vozes e experiências das pessoas negras, podemos construir um futuro mais inclusivo e equitativo para todos.

* Cris Guterres é apresentadora do programa “Estação Livre”, na TV Cultura, e conselheira consultiva do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU)

Me formei em 2002. Diploma de jornalismo numa das mãos, uma fita VHS com as minhas gravações na outra e um sonho ousado na mente: ser apresentadora de televisão. Em pouco tempo meu sonho foi esmagado por uma frase que ao longo de muitos anos corroeu minha autoestima, assim como as revistas de beleza feminina: “Você é boa, mas não tem perfil para a televisão”. Foi o que ouvi de uma selecionadora durante uma entrevista para a vaga de repórter num canal de TV.

Eu, uma mulher negra de pele escura vestindo roupas tamanho 44 no início dos anos 2000, não era o perfil da televisão brasileira e isso comprova o fato de ela ser um dos principais aparelhos utilizados para perpetuar a ideia de inferioridade do sujeito negro no país.

Mais de 20 anos se passaram quando eu, finalmente, estreei na tela da TV Cultura vestindo um manequim 46, exibindo um farto cabelo crespo e apresentando a potência negra no programa Estação Livre que viria, meses depois, ser considerado pelo Troféu Mulher Imprensa o melhor programa com temática de diversidade da televisão aberta brasileira no ano de 2021.

A apresentadora Cris Guterres, da TV Cultura, afirma que a ação do movimento negro foi fundamental para o avanço da representatividade negra na televisão Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

Mas o que mudou nos últimos 20 anos? Por que eu e outras tantas pessoas negras passamos a ter espaço na televisão podendo ter uma presença autêntica e multifacetada?

Nos últimos anos, temos testemunhado não só o aumento, mas também uma mudança significativa na maneira como as pessoas negras são representadas na mídia, refletindo tanto os desafios quanto os avanços na busca por uma representação real e inclusiva.

Isso é, sem dúvida alguma, resultado de uma incansável luta travada pelo movimento negro brasileiro, que sempre soube que a presença de pessoas negras na televisão desempenha um papel crucial no combate ao racismo e na promoção da igualdade.

Falo de um movimento que não esmoreceu e foi de embate contra o sequestro da identidade do negro brasileiro. Ao contrário do que muitos imaginam, não tem ninguém nos abrindo a porta com um longo sorriso, curvando o corpo e nos desejando um efusivo “seja bem-vindo”. A porta foi esmurrada.

Infelizmente, muito sangue negro precisou ser derramado para que ela se abrisse. Os acontecimentos de 2020 nos Estados Unidos na sequência do brutal assassinato de George Floyd e o assassinato de Beto Freitas num supermercado no Rio Grande do Sul são um exemplo.

Outro fator importante são os resultados. Investir em diversidade é lucrativo. Não à toa, a novela Vai na fé, a primeira novela brasileira com núcleo principal negro, foi o maior faturamento da história da Globo na faixa das 19 horas.

A população negra está ávida por se ver representada na televisão. E a presença de negros por trás das câmeras, como roteiristas, diretores e produtores, vem permitindo um aumento na produção de conteúdos mais diversos, proporcionando às plataformas contar histórias autênticas e explorar questões de identidade, cultura e justiça social.

A luta pela representação na televisão é uma extensão da luta por justiça e igualdade em toda a sociedade. Ao reconhecer e valorizar as vozes e experiências das pessoas negras, podemos construir um futuro mais inclusivo e equitativo para todos.

* Cris Guterres é apresentadora do programa “Estação Livre”, na TV Cultura, e conselheira consultiva do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU)

Me formei em 2002. Diploma de jornalismo numa das mãos, uma fita VHS com as minhas gravações na outra e um sonho ousado na mente: ser apresentadora de televisão. Em pouco tempo meu sonho foi esmagado por uma frase que ao longo de muitos anos corroeu minha autoestima, assim como as revistas de beleza feminina: “Você é boa, mas não tem perfil para a televisão”. Foi o que ouvi de uma selecionadora durante uma entrevista para a vaga de repórter num canal de TV.

Eu, uma mulher negra de pele escura vestindo roupas tamanho 44 no início dos anos 2000, não era o perfil da televisão brasileira e isso comprova o fato de ela ser um dos principais aparelhos utilizados para perpetuar a ideia de inferioridade do sujeito negro no país.

Mais de 20 anos se passaram quando eu, finalmente, estreei na tela da TV Cultura vestindo um manequim 46, exibindo um farto cabelo crespo e apresentando a potência negra no programa Estação Livre que viria, meses depois, ser considerado pelo Troféu Mulher Imprensa o melhor programa com temática de diversidade da televisão aberta brasileira no ano de 2021.

A apresentadora Cris Guterres, da TV Cultura, afirma que a ação do movimento negro foi fundamental para o avanço da representatividade negra na televisão Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

Mas o que mudou nos últimos 20 anos? Por que eu e outras tantas pessoas negras passamos a ter espaço na televisão podendo ter uma presença autêntica e multifacetada?

Nos últimos anos, temos testemunhado não só o aumento, mas também uma mudança significativa na maneira como as pessoas negras são representadas na mídia, refletindo tanto os desafios quanto os avanços na busca por uma representação real e inclusiva.

Isso é, sem dúvida alguma, resultado de uma incansável luta travada pelo movimento negro brasileiro, que sempre soube que a presença de pessoas negras na televisão desempenha um papel crucial no combate ao racismo e na promoção da igualdade.

Falo de um movimento que não esmoreceu e foi de embate contra o sequestro da identidade do negro brasileiro. Ao contrário do que muitos imaginam, não tem ninguém nos abrindo a porta com um longo sorriso, curvando o corpo e nos desejando um efusivo “seja bem-vindo”. A porta foi esmurrada.

Infelizmente, muito sangue negro precisou ser derramado para que ela se abrisse. Os acontecimentos de 2020 nos Estados Unidos na sequência do brutal assassinato de George Floyd e o assassinato de Beto Freitas num supermercado no Rio Grande do Sul são um exemplo.

Outro fator importante são os resultados. Investir em diversidade é lucrativo. Não à toa, a novela Vai na fé, a primeira novela brasileira com núcleo principal negro, foi o maior faturamento da história da Globo na faixa das 19 horas.

A população negra está ávida por se ver representada na televisão. E a presença de negros por trás das câmeras, como roteiristas, diretores e produtores, vem permitindo um aumento na produção de conteúdos mais diversos, proporcionando às plataformas contar histórias autênticas e explorar questões de identidade, cultura e justiça social.

A luta pela representação na televisão é uma extensão da luta por justiça e igualdade em toda a sociedade. Ao reconhecer e valorizar as vozes e experiências das pessoas negras, podemos construir um futuro mais inclusivo e equitativo para todos.

* Cris Guterres é apresentadora do programa “Estação Livre”, na TV Cultura, e conselheira consultiva do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU)

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