'Não tenho mais ninguém para falar', diz idosa em tribo indígena


Aos 110 anos, dona Juvelina Krenak tenta manter sua língua viva

Por Edgar Maciel

Na certidão de nascimento de Juvelina Krenak está escrito: 20 de outubro de 1935. Oficialmente, seriam 80 anos. Dona Juvelina, no entanto, tem 110 anos de idade. Só foi registrada quando ela, o marido e os 12 filhos foram retirados da área indígena no norte de Minas e removidos para São Paulo, na tribo Vanuíre. Hoje, vive sozinha em uma das casas da aldeia e é a única falante da língua crenaque no Estado.

A índia é considerada a consultora oficial dos professores e pesquisadores que trabalham para recuperar o idioma. Mas, na presença de estranhos, disfarça e é uma mulher de poucas palavras. “Não sei quase nada de crenaque. Não tem mais ninguém para conversar comigo e deixei de lado. É melhor esquecer”, diz.

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O clima é tranquilo, mas pela quantidade de pessoas, a PM não descarta a possibilidade de tumultos Foto: Rafael Arbex/Estadão

Mentir é uma forma de proteção. Repressão e agressão são duas palavras que Juvelina lembra com frequência sobre quando tentava se comunicar em crenaque com os outros índios. “No começo, ela resistia. Falava em crenaque com o meu pai, meus tios. Mas, com tanto sofrimento, desistiu. Guardou as palavras para si”, conta a filha Lia Krenak, de 58 anos.

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A árvore genealógica da centenária índia tornou-se grandiosa com o passar dos anos. Entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos são mais de 140 pessoas. Nenhum deles aprendeu a língua. Todos foram “protegidos”. “Eu não quero que eles sofram. São minha família, a quem eu quero bem”, diz.

A última vez em que Juvelina falou a língua fluentemente foi quando uma prima distante, que mora em Minas, visitou a tribo Vanuíre, em 2004. “Consegui lembrar da minha infância, dos meus pais que morreram quando eu era pequena, de como a minha vida era antigamente”, diz ela.

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Tribo Vanuíre

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Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
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Fim do silêncio. Para quebrar o ciclo do silêncio e repassar o conhecimento do idioma foi necessário um longo processo de convencimento. A neta Lidiane Krenak, de 27 anos, visitou a avó durante dois anos, até ela concordar em voltar a falar a língua indígena. “Tentava conversar em crenaque com a vó e ela insistia no português. Até que um dia ela de repente começou a contar histórias do passado na nossa língua.”

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Hoje, Juvelina passa os dias vigiando a pequena plantação de milho, brinca com os sete gatos e cozinha os pratos típicos da tribo. À tarde, senta na varanda e espera a visita de algum parceiro de prosa. “Se alguém senta nessa cadeira não sai em menos de duas horas. Vai ter uma aula com um dicionário ambulante”, brinca Lidiane. 

Na certidão de nascimento de Juvelina Krenak está escrito: 20 de outubro de 1935. Oficialmente, seriam 80 anos. Dona Juvelina, no entanto, tem 110 anos de idade. Só foi registrada quando ela, o marido e os 12 filhos foram retirados da área indígena no norte de Minas e removidos para São Paulo, na tribo Vanuíre. Hoje, vive sozinha em uma das casas da aldeia e é a única falante da língua crenaque no Estado.

A índia é considerada a consultora oficial dos professores e pesquisadores que trabalham para recuperar o idioma. Mas, na presença de estranhos, disfarça e é uma mulher de poucas palavras. “Não sei quase nada de crenaque. Não tem mais ninguém para conversar comigo e deixei de lado. É melhor esquecer”, diz.

O clima é tranquilo, mas pela quantidade de pessoas, a PM não descarta a possibilidade de tumultos Foto: Rafael Arbex/Estadão

Mentir é uma forma de proteção. Repressão e agressão são duas palavras que Juvelina lembra com frequência sobre quando tentava se comunicar em crenaque com os outros índios. “No começo, ela resistia. Falava em crenaque com o meu pai, meus tios. Mas, com tanto sofrimento, desistiu. Guardou as palavras para si”, conta a filha Lia Krenak, de 58 anos.

A árvore genealógica da centenária índia tornou-se grandiosa com o passar dos anos. Entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos são mais de 140 pessoas. Nenhum deles aprendeu a língua. Todos foram “protegidos”. “Eu não quero que eles sofram. São minha família, a quem eu quero bem”, diz.

A última vez em que Juvelina falou a língua fluentemente foi quando uma prima distante, que mora em Minas, visitou a tribo Vanuíre, em 2004. “Consegui lembrar da minha infância, dos meus pais que morreram quando eu era pequena, de como a minha vida era antigamente”, diz ela.

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Fim do silêncio. Para quebrar o ciclo do silêncio e repassar o conhecimento do idioma foi necessário um longo processo de convencimento. A neta Lidiane Krenak, de 27 anos, visitou a avó durante dois anos, até ela concordar em voltar a falar a língua indígena. “Tentava conversar em crenaque com a vó e ela insistia no português. Até que um dia ela de repente começou a contar histórias do passado na nossa língua.”

Hoje, Juvelina passa os dias vigiando a pequena plantação de milho, brinca com os sete gatos e cozinha os pratos típicos da tribo. À tarde, senta na varanda e espera a visita de algum parceiro de prosa. “Se alguém senta nessa cadeira não sai em menos de duas horas. Vai ter uma aula com um dicionário ambulante”, brinca Lidiane. 

Na certidão de nascimento de Juvelina Krenak está escrito: 20 de outubro de 1935. Oficialmente, seriam 80 anos. Dona Juvelina, no entanto, tem 110 anos de idade. Só foi registrada quando ela, o marido e os 12 filhos foram retirados da área indígena no norte de Minas e removidos para São Paulo, na tribo Vanuíre. Hoje, vive sozinha em uma das casas da aldeia e é a única falante da língua crenaque no Estado.

A índia é considerada a consultora oficial dos professores e pesquisadores que trabalham para recuperar o idioma. Mas, na presença de estranhos, disfarça e é uma mulher de poucas palavras. “Não sei quase nada de crenaque. Não tem mais ninguém para conversar comigo e deixei de lado. É melhor esquecer”, diz.

O clima é tranquilo, mas pela quantidade de pessoas, a PM não descarta a possibilidade de tumultos Foto: Rafael Arbex/Estadão

Mentir é uma forma de proteção. Repressão e agressão são duas palavras que Juvelina lembra com frequência sobre quando tentava se comunicar em crenaque com os outros índios. “No começo, ela resistia. Falava em crenaque com o meu pai, meus tios. Mas, com tanto sofrimento, desistiu. Guardou as palavras para si”, conta a filha Lia Krenak, de 58 anos.

A árvore genealógica da centenária índia tornou-se grandiosa com o passar dos anos. Entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos são mais de 140 pessoas. Nenhum deles aprendeu a língua. Todos foram “protegidos”. “Eu não quero que eles sofram. São minha família, a quem eu quero bem”, diz.

A última vez em que Juvelina falou a língua fluentemente foi quando uma prima distante, que mora em Minas, visitou a tribo Vanuíre, em 2004. “Consegui lembrar da minha infância, dos meus pais que morreram quando eu era pequena, de como a minha vida era antigamente”, diz ela.

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Hoje, Juvelina passa os dias vigiando a pequena plantação de milho, brinca com os sete gatos e cozinha os pratos típicos da tribo. À tarde, senta na varanda e espera a visita de algum parceiro de prosa. “Se alguém senta nessa cadeira não sai em menos de duas horas. Vai ter uma aula com um dicionário ambulante”, brinca Lidiane. 

Na certidão de nascimento de Juvelina Krenak está escrito: 20 de outubro de 1935. Oficialmente, seriam 80 anos. Dona Juvelina, no entanto, tem 110 anos de idade. Só foi registrada quando ela, o marido e os 12 filhos foram retirados da área indígena no norte de Minas e removidos para São Paulo, na tribo Vanuíre. Hoje, vive sozinha em uma das casas da aldeia e é a única falante da língua crenaque no Estado.

A índia é considerada a consultora oficial dos professores e pesquisadores que trabalham para recuperar o idioma. Mas, na presença de estranhos, disfarça e é uma mulher de poucas palavras. “Não sei quase nada de crenaque. Não tem mais ninguém para conversar comigo e deixei de lado. É melhor esquecer”, diz.

O clima é tranquilo, mas pela quantidade de pessoas, a PM não descarta a possibilidade de tumultos Foto: Rafael Arbex/Estadão

Mentir é uma forma de proteção. Repressão e agressão são duas palavras que Juvelina lembra com frequência sobre quando tentava se comunicar em crenaque com os outros índios. “No começo, ela resistia. Falava em crenaque com o meu pai, meus tios. Mas, com tanto sofrimento, desistiu. Guardou as palavras para si”, conta a filha Lia Krenak, de 58 anos.

A árvore genealógica da centenária índia tornou-se grandiosa com o passar dos anos. Entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos são mais de 140 pessoas. Nenhum deles aprendeu a língua. Todos foram “protegidos”. “Eu não quero que eles sofram. São minha família, a quem eu quero bem”, diz.

A última vez em que Juvelina falou a língua fluentemente foi quando uma prima distante, que mora em Minas, visitou a tribo Vanuíre, em 2004. “Consegui lembrar da minha infância, dos meus pais que morreram quando eu era pequena, de como a minha vida era antigamente”, diz ela.

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Hoje, Juvelina passa os dias vigiando a pequena plantação de milho, brinca com os sete gatos e cozinha os pratos típicos da tribo. À tarde, senta na varanda e espera a visita de algum parceiro de prosa. “Se alguém senta nessa cadeira não sai em menos de duas horas. Vai ter uma aula com um dicionário ambulante”, brinca Lidiane. 

Na certidão de nascimento de Juvelina Krenak está escrito: 20 de outubro de 1935. Oficialmente, seriam 80 anos. Dona Juvelina, no entanto, tem 110 anos de idade. Só foi registrada quando ela, o marido e os 12 filhos foram retirados da área indígena no norte de Minas e removidos para São Paulo, na tribo Vanuíre. Hoje, vive sozinha em uma das casas da aldeia e é a única falante da língua crenaque no Estado.

A índia é considerada a consultora oficial dos professores e pesquisadores que trabalham para recuperar o idioma. Mas, na presença de estranhos, disfarça e é uma mulher de poucas palavras. “Não sei quase nada de crenaque. Não tem mais ninguém para conversar comigo e deixei de lado. É melhor esquecer”, diz.

O clima é tranquilo, mas pela quantidade de pessoas, a PM não descarta a possibilidade de tumultos Foto: Rafael Arbex/Estadão

Mentir é uma forma de proteção. Repressão e agressão são duas palavras que Juvelina lembra com frequência sobre quando tentava se comunicar em crenaque com os outros índios. “No começo, ela resistia. Falava em crenaque com o meu pai, meus tios. Mas, com tanto sofrimento, desistiu. Guardou as palavras para si”, conta a filha Lia Krenak, de 58 anos.

A árvore genealógica da centenária índia tornou-se grandiosa com o passar dos anos. Entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos são mais de 140 pessoas. Nenhum deles aprendeu a língua. Todos foram “protegidos”. “Eu não quero que eles sofram. São minha família, a quem eu quero bem”, diz.

A última vez em que Juvelina falou a língua fluentemente foi quando uma prima distante, que mora em Minas, visitou a tribo Vanuíre, em 2004. “Consegui lembrar da minha infância, dos meus pais que morreram quando eu era pequena, de como a minha vida era antigamente”, diz ela.

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Hoje, Juvelina passa os dias vigiando a pequena plantação de milho, brinca com os sete gatos e cozinha os pratos típicos da tribo. À tarde, senta na varanda e espera a visita de algum parceiro de prosa. “Se alguém senta nessa cadeira não sai em menos de duas horas. Vai ter uma aula com um dicionário ambulante”, brinca Lidiane. 

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