No set com Ceará: vem aí 'Fora da Casinha'


Estado acompanhou um dia de gravação da disciplinada rotina do humorista que se desdobra em tantos tipos, que nem ele sabe contar. Novo programa estreia dia 25, no Multishow

Por Cristina Padiglione
O humorista em sua casa: momento de descanso, após três meses de gravação. Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

Vamos encontrar Wellington Muniz, o Ceará, em uma loja de Sylvia Design, a quem ele entrevistará dali a alguns minutos, no bairro do Carandiru, zona norte de São Paulo. Ostenta lentes de contato azuis, cílios postiços, pancake e brilho nos lábios. Só aguarda a chegada da peruca loira que o transformará em Gabi Herpes, uma das tantas personagens que ele interpreta em sua nova série no Multishow, Ceará Fora da Casinha – estreia dia 25, às 23h, com exibição de segunda a sexta. Segundo programa solo seu, ambos para o canal pago, a atração é toda gravada em externas – o que convém ao nome. E exige do humorista uma disciplina e concentração inimagináveis para quem está do outro lado da tela, pronto para rir. Vem o cabeleireiro, ajeita as madeixas de Gabi Herpes. Foto daqui, foto dali, Ceará faz caras e bocas para posar com a entrevistada, a também cearense Sylvia, que do zero construiu um império de lojas de móveis. Por fim, Ceará ajeita a prótese de herpes que dá nome à caricatura de Marília Gabriela e que logo mais será arrancada por ele em cena, sem cerimônia. Ceará faz rir só de a gente olhar a figura. Irreconhecível, poderia fugir da polícia, sem deixar suspeitas. “Eu fico muito diferente?”, duvida. “Muito!”, responde o coro da equipe a sua volta. 

A Bethânia de Ceará troca uma ideia com Carlos Drummond de Andrade, na orla carioca Foto: VIVIAN FERNANDES/DIVULGAÇÃO
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“Não me acho engraçado”, diz, como todo gênio, sobre seu ofício. “Sou muito crítico. Quando me vejo, vou achar alguma coisa que posso melhorar. Digo: ‘essa piada não ficou no tempo certo’, ‘essa voz pode ser melhor modulada’. Mas também, quando acho alguma coisa legal, vou vibrar, senão fica um sofrimento e acaba contagiando a equipe. A minha mulher me acha engraçado, algumas pessoas me acham engraçado.” Sylvia também ri de Gabi herpes. Esbanja suas curvas num pretinho colado ao corpo, que deixa vazar parte da lateral e das costas. “E esses olhos seus, são de verdade ou são lentes, como os meus?”, pergunta-lhe Gabi. “São iguais aos seus”, ela responde, sem medo da sinceridade. Gabi retoma: “E essa bunda, também é postiça?” “Ah, não, essa é minha mesmo!”, orgulha-se Sylvia. Antenado, Ceará foge do script, aproveita as deixas da entrevistada para emendar outras questões. E tanto se entretém, que a voz de Gabi Herpes às vezes vai engrossando, cedendo espaço ao timbre do próprio Wellington, que logo retoma o tom da apresentadora. Em dado momento, Sylvia dá uma resposta que pode ser mal interpretada pelo público, e o próprio Ceará, em vez de se aproveitar do deslize para zombar da entrevistada, como faria nos idos do Pânico, dá-lhe um toque. “Vamos fazer isso de novo”, pede. “Não é o DNA do programa, como é do Pânico, zoar a pessoa. Ela sabe se vender bem, e eu acho isso interessante. Também sou um cara que vende o seu produto. Uso redes sociais e falo pra todo mundo do ceará Fora da Casinha.” Cioso de sua presença no Instagram e afins, Ceará posta teasers do programa, celebra as publicações sobre o que vem aí e não se acanha em postar também vídeos e fotos da filha, Valentina, de 1 ano e meio. Em poucos dias, promete, lançará um site, oceara.com.br, onde publicará cenas de backstage e outras micagens que não serão vistas na tela da TV.

Padre Fábio de Melo Júnior, por Ceará Foto: EDU VIANA/DIVULGAÇÃO

Só nessa temporada, Gabi Herpes conversa com PC Siqueira, Mari Moon, Roberto Leal e Preta Gil. Da conversa com Sylvia, Gabi faz uma chamada para a entrada de Regina Ralé, tributo a Casé, de uma sequência já gravada nas cercanias da movimentada Rua 25 de março. Regina também visitará Andréa Nóbrega, ex-mulher de Carlos Alberto, em sua casa, em Alphaville, no episódio sobre os milionários – as edições são todas temáticas.  Quantos personagens estarão em cena? “Eu não fico contando”, ele fala. “Tem personagens autorais e tem as imitações. Tem o padre Fábio Jr. de Melo, isso não é imitação, a gente bola licenças, digamos. Na hora a gente diz: ‘Vamos fazer um padre? Então vamos fazer o padre Fábio de Melo com Fábio Jr.’”, explica, passando os dedos nos cabelos, ao modo do cantor. Tem ainda um monge, um mix de Bethânia com Caetano, dupla sertaneja e outros tantos, além, é claro, daquele que o tornou mais famoso, Silvio Santos. “O Silvio é generoso comigo demais. Muita gente acha que o Silvio não gostava de mim, mas não tem isso. O Silvio é tão legal comigo que no ano passado eu fui lá no Jogo das Três Pistas. Quando eu começo a admirar mais a pessoa, fico mais caprichoso na interpretação.” Cauteloso com a imagem que reproduz de figuras reais, Ceará sabe que a caricatura é inevitável, faz parte do show, mas “tem que tomar cuidado para não exagerar na tinta, senão vai borrar”. “Quando você faz um personagem com imitação, tem que dar o que você acredita, senão não fica nada.” Gravado entre abril e julho, Ceará Fora da Casinha pediu uma rotina que tirava o humorista da cama às 7h. Chegava na sede da Formata, produtora do programa, lá pelas 8h, quando se submetia à caracterização do primeiro personagem do dia. “Às vezes a equipe vai em casa e eu me maquio lá mesmo. Saio quase pronto. Hoje, na correria, acabei esquecendo o esmalte ou unha postiça.” Com contrato com o Multishow até abril de 2017, Ceará só pode circular à vontade por canais abertos, sem outras brechas na TV paga. Enquanto a série estiver estreando, quer retomar os shows, mais ou menos como fazia no Ceará, antes de conseguir um lugar ao sol no rádio. Levará algumas perucas e apetrechos para cima do palco, a fim de revezar cantorias, imitações e contações de histórias. Se tem uma coisa que tira o humor de Wellington Muniz é a tal cartilha do politicamente correto. Celebra as conquistas do Porta dos Fundos, Tá no Ar e do próprio Pânico, onde esteve por quase 18 anos, certo de que a internet ajudou, e muito, a desatar alguns nós criados nos últimos anos pela TV. Mas não quer saber de pensar dez vezes antes de contar uma piada. “Se a gente quer ser um país de primeiro mundo, vamos nos espelhar nos Estados Unidos, porque lá ninguém se leva a sério, você pode fazer tudo. O Obama vai a um programa, o cara imita o Obama na cara dele, o cara zoa com ele, ele se pinta... Aqui não dá pra fazer nada. Até porque, a gente aqui que trabalha com humor não consegue competir com os políticos. Alguns políticos são mais engraçados que a gente, mas eu mesmo não estou não acho nada engraçado.”

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Ceará como Calvão Bueno Foto: EDU VIANA/DIVULGAÇÃO
O humorista em sua casa: momento de descanso, após três meses de gravação. Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

Vamos encontrar Wellington Muniz, o Ceará, em uma loja de Sylvia Design, a quem ele entrevistará dali a alguns minutos, no bairro do Carandiru, zona norte de São Paulo. Ostenta lentes de contato azuis, cílios postiços, pancake e brilho nos lábios. Só aguarda a chegada da peruca loira que o transformará em Gabi Herpes, uma das tantas personagens que ele interpreta em sua nova série no Multishow, Ceará Fora da Casinha – estreia dia 25, às 23h, com exibição de segunda a sexta. Segundo programa solo seu, ambos para o canal pago, a atração é toda gravada em externas – o que convém ao nome. E exige do humorista uma disciplina e concentração inimagináveis para quem está do outro lado da tela, pronto para rir. Vem o cabeleireiro, ajeita as madeixas de Gabi Herpes. Foto daqui, foto dali, Ceará faz caras e bocas para posar com a entrevistada, a também cearense Sylvia, que do zero construiu um império de lojas de móveis. Por fim, Ceará ajeita a prótese de herpes que dá nome à caricatura de Marília Gabriela e que logo mais será arrancada por ele em cena, sem cerimônia. Ceará faz rir só de a gente olhar a figura. Irreconhecível, poderia fugir da polícia, sem deixar suspeitas. “Eu fico muito diferente?”, duvida. “Muito!”, responde o coro da equipe a sua volta. 

A Bethânia de Ceará troca uma ideia com Carlos Drummond de Andrade, na orla carioca Foto: VIVIAN FERNANDES/DIVULGAÇÃO

“Não me acho engraçado”, diz, como todo gênio, sobre seu ofício. “Sou muito crítico. Quando me vejo, vou achar alguma coisa que posso melhorar. Digo: ‘essa piada não ficou no tempo certo’, ‘essa voz pode ser melhor modulada’. Mas também, quando acho alguma coisa legal, vou vibrar, senão fica um sofrimento e acaba contagiando a equipe. A minha mulher me acha engraçado, algumas pessoas me acham engraçado.” Sylvia também ri de Gabi herpes. Esbanja suas curvas num pretinho colado ao corpo, que deixa vazar parte da lateral e das costas. “E esses olhos seus, são de verdade ou são lentes, como os meus?”, pergunta-lhe Gabi. “São iguais aos seus”, ela responde, sem medo da sinceridade. Gabi retoma: “E essa bunda, também é postiça?” “Ah, não, essa é minha mesmo!”, orgulha-se Sylvia. Antenado, Ceará foge do script, aproveita as deixas da entrevistada para emendar outras questões. E tanto se entretém, que a voz de Gabi Herpes às vezes vai engrossando, cedendo espaço ao timbre do próprio Wellington, que logo retoma o tom da apresentadora. Em dado momento, Sylvia dá uma resposta que pode ser mal interpretada pelo público, e o próprio Ceará, em vez de se aproveitar do deslize para zombar da entrevistada, como faria nos idos do Pânico, dá-lhe um toque. “Vamos fazer isso de novo”, pede. “Não é o DNA do programa, como é do Pânico, zoar a pessoa. Ela sabe se vender bem, e eu acho isso interessante. Também sou um cara que vende o seu produto. Uso redes sociais e falo pra todo mundo do ceará Fora da Casinha.” Cioso de sua presença no Instagram e afins, Ceará posta teasers do programa, celebra as publicações sobre o que vem aí e não se acanha em postar também vídeos e fotos da filha, Valentina, de 1 ano e meio. Em poucos dias, promete, lançará um site, oceara.com.br, onde publicará cenas de backstage e outras micagens que não serão vistas na tela da TV.

Padre Fábio de Melo Júnior, por Ceará Foto: EDU VIANA/DIVULGAÇÃO

Só nessa temporada, Gabi Herpes conversa com PC Siqueira, Mari Moon, Roberto Leal e Preta Gil. Da conversa com Sylvia, Gabi faz uma chamada para a entrada de Regina Ralé, tributo a Casé, de uma sequência já gravada nas cercanias da movimentada Rua 25 de março. Regina também visitará Andréa Nóbrega, ex-mulher de Carlos Alberto, em sua casa, em Alphaville, no episódio sobre os milionários – as edições são todas temáticas.  Quantos personagens estarão em cena? “Eu não fico contando”, ele fala. “Tem personagens autorais e tem as imitações. Tem o padre Fábio Jr. de Melo, isso não é imitação, a gente bola licenças, digamos. Na hora a gente diz: ‘Vamos fazer um padre? Então vamos fazer o padre Fábio de Melo com Fábio Jr.’”, explica, passando os dedos nos cabelos, ao modo do cantor. Tem ainda um monge, um mix de Bethânia com Caetano, dupla sertaneja e outros tantos, além, é claro, daquele que o tornou mais famoso, Silvio Santos. “O Silvio é generoso comigo demais. Muita gente acha que o Silvio não gostava de mim, mas não tem isso. O Silvio é tão legal comigo que no ano passado eu fui lá no Jogo das Três Pistas. Quando eu começo a admirar mais a pessoa, fico mais caprichoso na interpretação.” Cauteloso com a imagem que reproduz de figuras reais, Ceará sabe que a caricatura é inevitável, faz parte do show, mas “tem que tomar cuidado para não exagerar na tinta, senão vai borrar”. “Quando você faz um personagem com imitação, tem que dar o que você acredita, senão não fica nada.” Gravado entre abril e julho, Ceará Fora da Casinha pediu uma rotina que tirava o humorista da cama às 7h. Chegava na sede da Formata, produtora do programa, lá pelas 8h, quando se submetia à caracterização do primeiro personagem do dia. “Às vezes a equipe vai em casa e eu me maquio lá mesmo. Saio quase pronto. Hoje, na correria, acabei esquecendo o esmalte ou unha postiça.” Com contrato com o Multishow até abril de 2017, Ceará só pode circular à vontade por canais abertos, sem outras brechas na TV paga. Enquanto a série estiver estreando, quer retomar os shows, mais ou menos como fazia no Ceará, antes de conseguir um lugar ao sol no rádio. Levará algumas perucas e apetrechos para cima do palco, a fim de revezar cantorias, imitações e contações de histórias. Se tem uma coisa que tira o humor de Wellington Muniz é a tal cartilha do politicamente correto. Celebra as conquistas do Porta dos Fundos, Tá no Ar e do próprio Pânico, onde esteve por quase 18 anos, certo de que a internet ajudou, e muito, a desatar alguns nós criados nos últimos anos pela TV. Mas não quer saber de pensar dez vezes antes de contar uma piada. “Se a gente quer ser um país de primeiro mundo, vamos nos espelhar nos Estados Unidos, porque lá ninguém se leva a sério, você pode fazer tudo. O Obama vai a um programa, o cara imita o Obama na cara dele, o cara zoa com ele, ele se pinta... Aqui não dá pra fazer nada. Até porque, a gente aqui que trabalha com humor não consegue competir com os políticos. Alguns políticos são mais engraçados que a gente, mas eu mesmo não estou não acho nada engraçado.”

Ceará como Calvão Bueno Foto: EDU VIANA/DIVULGAÇÃO
O humorista em sua casa: momento de descanso, após três meses de gravação. Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

Vamos encontrar Wellington Muniz, o Ceará, em uma loja de Sylvia Design, a quem ele entrevistará dali a alguns minutos, no bairro do Carandiru, zona norte de São Paulo. Ostenta lentes de contato azuis, cílios postiços, pancake e brilho nos lábios. Só aguarda a chegada da peruca loira que o transformará em Gabi Herpes, uma das tantas personagens que ele interpreta em sua nova série no Multishow, Ceará Fora da Casinha – estreia dia 25, às 23h, com exibição de segunda a sexta. Segundo programa solo seu, ambos para o canal pago, a atração é toda gravada em externas – o que convém ao nome. E exige do humorista uma disciplina e concentração inimagináveis para quem está do outro lado da tela, pronto para rir. Vem o cabeleireiro, ajeita as madeixas de Gabi Herpes. Foto daqui, foto dali, Ceará faz caras e bocas para posar com a entrevistada, a também cearense Sylvia, que do zero construiu um império de lojas de móveis. Por fim, Ceará ajeita a prótese de herpes que dá nome à caricatura de Marília Gabriela e que logo mais será arrancada por ele em cena, sem cerimônia. Ceará faz rir só de a gente olhar a figura. Irreconhecível, poderia fugir da polícia, sem deixar suspeitas. “Eu fico muito diferente?”, duvida. “Muito!”, responde o coro da equipe a sua volta. 

A Bethânia de Ceará troca uma ideia com Carlos Drummond de Andrade, na orla carioca Foto: VIVIAN FERNANDES/DIVULGAÇÃO

“Não me acho engraçado”, diz, como todo gênio, sobre seu ofício. “Sou muito crítico. Quando me vejo, vou achar alguma coisa que posso melhorar. Digo: ‘essa piada não ficou no tempo certo’, ‘essa voz pode ser melhor modulada’. Mas também, quando acho alguma coisa legal, vou vibrar, senão fica um sofrimento e acaba contagiando a equipe. A minha mulher me acha engraçado, algumas pessoas me acham engraçado.” Sylvia também ri de Gabi herpes. Esbanja suas curvas num pretinho colado ao corpo, que deixa vazar parte da lateral e das costas. “E esses olhos seus, são de verdade ou são lentes, como os meus?”, pergunta-lhe Gabi. “São iguais aos seus”, ela responde, sem medo da sinceridade. Gabi retoma: “E essa bunda, também é postiça?” “Ah, não, essa é minha mesmo!”, orgulha-se Sylvia. Antenado, Ceará foge do script, aproveita as deixas da entrevistada para emendar outras questões. E tanto se entretém, que a voz de Gabi Herpes às vezes vai engrossando, cedendo espaço ao timbre do próprio Wellington, que logo retoma o tom da apresentadora. Em dado momento, Sylvia dá uma resposta que pode ser mal interpretada pelo público, e o próprio Ceará, em vez de se aproveitar do deslize para zombar da entrevistada, como faria nos idos do Pânico, dá-lhe um toque. “Vamos fazer isso de novo”, pede. “Não é o DNA do programa, como é do Pânico, zoar a pessoa. Ela sabe se vender bem, e eu acho isso interessante. Também sou um cara que vende o seu produto. Uso redes sociais e falo pra todo mundo do ceará Fora da Casinha.” Cioso de sua presença no Instagram e afins, Ceará posta teasers do programa, celebra as publicações sobre o que vem aí e não se acanha em postar também vídeos e fotos da filha, Valentina, de 1 ano e meio. Em poucos dias, promete, lançará um site, oceara.com.br, onde publicará cenas de backstage e outras micagens que não serão vistas na tela da TV.

Padre Fábio de Melo Júnior, por Ceará Foto: EDU VIANA/DIVULGAÇÃO

Só nessa temporada, Gabi Herpes conversa com PC Siqueira, Mari Moon, Roberto Leal e Preta Gil. Da conversa com Sylvia, Gabi faz uma chamada para a entrada de Regina Ralé, tributo a Casé, de uma sequência já gravada nas cercanias da movimentada Rua 25 de março. Regina também visitará Andréa Nóbrega, ex-mulher de Carlos Alberto, em sua casa, em Alphaville, no episódio sobre os milionários – as edições são todas temáticas.  Quantos personagens estarão em cena? “Eu não fico contando”, ele fala. “Tem personagens autorais e tem as imitações. Tem o padre Fábio Jr. de Melo, isso não é imitação, a gente bola licenças, digamos. Na hora a gente diz: ‘Vamos fazer um padre? Então vamos fazer o padre Fábio de Melo com Fábio Jr.’”, explica, passando os dedos nos cabelos, ao modo do cantor. Tem ainda um monge, um mix de Bethânia com Caetano, dupla sertaneja e outros tantos, além, é claro, daquele que o tornou mais famoso, Silvio Santos. “O Silvio é generoso comigo demais. Muita gente acha que o Silvio não gostava de mim, mas não tem isso. O Silvio é tão legal comigo que no ano passado eu fui lá no Jogo das Três Pistas. Quando eu começo a admirar mais a pessoa, fico mais caprichoso na interpretação.” Cauteloso com a imagem que reproduz de figuras reais, Ceará sabe que a caricatura é inevitável, faz parte do show, mas “tem que tomar cuidado para não exagerar na tinta, senão vai borrar”. “Quando você faz um personagem com imitação, tem que dar o que você acredita, senão não fica nada.” Gravado entre abril e julho, Ceará Fora da Casinha pediu uma rotina que tirava o humorista da cama às 7h. Chegava na sede da Formata, produtora do programa, lá pelas 8h, quando se submetia à caracterização do primeiro personagem do dia. “Às vezes a equipe vai em casa e eu me maquio lá mesmo. Saio quase pronto. Hoje, na correria, acabei esquecendo o esmalte ou unha postiça.” Com contrato com o Multishow até abril de 2017, Ceará só pode circular à vontade por canais abertos, sem outras brechas na TV paga. Enquanto a série estiver estreando, quer retomar os shows, mais ou menos como fazia no Ceará, antes de conseguir um lugar ao sol no rádio. Levará algumas perucas e apetrechos para cima do palco, a fim de revezar cantorias, imitações e contações de histórias. Se tem uma coisa que tira o humor de Wellington Muniz é a tal cartilha do politicamente correto. Celebra as conquistas do Porta dos Fundos, Tá no Ar e do próprio Pânico, onde esteve por quase 18 anos, certo de que a internet ajudou, e muito, a desatar alguns nós criados nos últimos anos pela TV. Mas não quer saber de pensar dez vezes antes de contar uma piada. “Se a gente quer ser um país de primeiro mundo, vamos nos espelhar nos Estados Unidos, porque lá ninguém se leva a sério, você pode fazer tudo. O Obama vai a um programa, o cara imita o Obama na cara dele, o cara zoa com ele, ele se pinta... Aqui não dá pra fazer nada. Até porque, a gente aqui que trabalha com humor não consegue competir com os políticos. Alguns políticos são mais engraçados que a gente, mas eu mesmo não estou não acho nada engraçado.”

Ceará como Calvão Bueno Foto: EDU VIANA/DIVULGAÇÃO

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