O Banco Central adverte


Por Celso Ming

Por toda a economia vão piscando luzes amarelas à medida que aumenta a percepção de que aí pela frente será inevitável novo aumento da inflação. E que o Banco Central será chamado a combatê-la, ainda em 2010, com alta dos juros, e persistir nessa política ao longo de 2011 - se o novo presidente da República mantiver o atual sistema de metas de inflação.Boa parte dessa inflação está sendo produzida pelas chocadeiras do governo que, por sua vez, têm a ver com o forte aumento das despesas públicas conjugado com a quebra de arrecadação. É o que está empurrando o consumo com mais força do que o aumento da produção. O risco de que o consumo dispare à frente da oferta não é uma hipótese alucinada. É real.O Banco Central é normalmente um tanto tímido quando trata da questão fiscal, ou seja, quando trata de examinar de que maneira o governo produz inflação e quanto. Mas nunca foi mais corajoso como desta vez, ao editar seu Relatório de Inflação do terceiro trimestre, o documento em que mostra para a sociedade o que espera sobre o comportamento geral dos preços e como deve se comportar a política de juros. O Relatório não chegou a ponto de denunciar a desorganização da administração da Receita Federal pela quebra de 4,6% (já descontada a inflação) na arrecadação da União nos sete primeiros meses do ano. Mas reconheceu que há "estímulos fiscais" por trás da forte esticada do aumento do consumo e do aumento do risco de inflação futura. As despesas do Tesouro se elevaram 18,0% (1,3% do PIB). Somente o aumento do dispêndio com pessoal e precatórios foi de 5,1% do PIB em relação ao mesmo período do ano passado. E as despesas com custeio e capital subiram 0,7% do PIB.Os modelos com que trabalha o Banco Central levam em conta esses fatos consumados. Preveem, também, que as isenções ou reduções de impostos concedidas para rebater a crise já não estarão mais vigorando em 2010. E apostam em que o governo federal preservará, com os ajustes previstos, o superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de 2,5% em 2009 e de 3,3% em 2010.Há o pedaço das despesas contratado antes da crise e distribuído ao longo dela que não terá reversão. Corresponde aos aumentos dos salários dos funcionários públicos e das aposentadorias.O Banco Central também está colocando nos cálculos o fato de que a economia (portanto também a arrecadação) estará crescendo 0,8% ainda em 2009 e bem mais, embora isso não tenha ficado explícito, em 2010.Os de sempre se encarregarão de dizer que essas previsões de aumento do risco de inflação, tanto pelos analistas quanto pelo Banco Central, ou são resultado do jogo de interesses da "turma da bufunfa" ou o resultado de mentes paranoicas que não conseguem ser felizes com o aumento da atividade econômica e do emprego.O fato é que nisso o presidente Lula tem razão. Se o Banco Central deixar escapar o controle da inflação, a coisa desanda. E a briga conhecida entre formadores de preços e assalariados empurra uma conta pesada para a sociedade. E, note-se, isso não tem apenas consequências econômicas. As mais graves são as políticas.

Por toda a economia vão piscando luzes amarelas à medida que aumenta a percepção de que aí pela frente será inevitável novo aumento da inflação. E que o Banco Central será chamado a combatê-la, ainda em 2010, com alta dos juros, e persistir nessa política ao longo de 2011 - se o novo presidente da República mantiver o atual sistema de metas de inflação.Boa parte dessa inflação está sendo produzida pelas chocadeiras do governo que, por sua vez, têm a ver com o forte aumento das despesas públicas conjugado com a quebra de arrecadação. É o que está empurrando o consumo com mais força do que o aumento da produção. O risco de que o consumo dispare à frente da oferta não é uma hipótese alucinada. É real.O Banco Central é normalmente um tanto tímido quando trata da questão fiscal, ou seja, quando trata de examinar de que maneira o governo produz inflação e quanto. Mas nunca foi mais corajoso como desta vez, ao editar seu Relatório de Inflação do terceiro trimestre, o documento em que mostra para a sociedade o que espera sobre o comportamento geral dos preços e como deve se comportar a política de juros. O Relatório não chegou a ponto de denunciar a desorganização da administração da Receita Federal pela quebra de 4,6% (já descontada a inflação) na arrecadação da União nos sete primeiros meses do ano. Mas reconheceu que há "estímulos fiscais" por trás da forte esticada do aumento do consumo e do aumento do risco de inflação futura. As despesas do Tesouro se elevaram 18,0% (1,3% do PIB). Somente o aumento do dispêndio com pessoal e precatórios foi de 5,1% do PIB em relação ao mesmo período do ano passado. E as despesas com custeio e capital subiram 0,7% do PIB.Os modelos com que trabalha o Banco Central levam em conta esses fatos consumados. Preveem, também, que as isenções ou reduções de impostos concedidas para rebater a crise já não estarão mais vigorando em 2010. E apostam em que o governo federal preservará, com os ajustes previstos, o superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de 2,5% em 2009 e de 3,3% em 2010.Há o pedaço das despesas contratado antes da crise e distribuído ao longo dela que não terá reversão. Corresponde aos aumentos dos salários dos funcionários públicos e das aposentadorias.O Banco Central também está colocando nos cálculos o fato de que a economia (portanto também a arrecadação) estará crescendo 0,8% ainda em 2009 e bem mais, embora isso não tenha ficado explícito, em 2010.Os de sempre se encarregarão de dizer que essas previsões de aumento do risco de inflação, tanto pelos analistas quanto pelo Banco Central, ou são resultado do jogo de interesses da "turma da bufunfa" ou o resultado de mentes paranoicas que não conseguem ser felizes com o aumento da atividade econômica e do emprego.O fato é que nisso o presidente Lula tem razão. Se o Banco Central deixar escapar o controle da inflação, a coisa desanda. E a briga conhecida entre formadores de preços e assalariados empurra uma conta pesada para a sociedade. E, note-se, isso não tem apenas consequências econômicas. As mais graves são as políticas.

Por toda a economia vão piscando luzes amarelas à medida que aumenta a percepção de que aí pela frente será inevitável novo aumento da inflação. E que o Banco Central será chamado a combatê-la, ainda em 2010, com alta dos juros, e persistir nessa política ao longo de 2011 - se o novo presidente da República mantiver o atual sistema de metas de inflação.Boa parte dessa inflação está sendo produzida pelas chocadeiras do governo que, por sua vez, têm a ver com o forte aumento das despesas públicas conjugado com a quebra de arrecadação. É o que está empurrando o consumo com mais força do que o aumento da produção. O risco de que o consumo dispare à frente da oferta não é uma hipótese alucinada. É real.O Banco Central é normalmente um tanto tímido quando trata da questão fiscal, ou seja, quando trata de examinar de que maneira o governo produz inflação e quanto. Mas nunca foi mais corajoso como desta vez, ao editar seu Relatório de Inflação do terceiro trimestre, o documento em que mostra para a sociedade o que espera sobre o comportamento geral dos preços e como deve se comportar a política de juros. O Relatório não chegou a ponto de denunciar a desorganização da administração da Receita Federal pela quebra de 4,6% (já descontada a inflação) na arrecadação da União nos sete primeiros meses do ano. Mas reconheceu que há "estímulos fiscais" por trás da forte esticada do aumento do consumo e do aumento do risco de inflação futura. As despesas do Tesouro se elevaram 18,0% (1,3% do PIB). Somente o aumento do dispêndio com pessoal e precatórios foi de 5,1% do PIB em relação ao mesmo período do ano passado. E as despesas com custeio e capital subiram 0,7% do PIB.Os modelos com que trabalha o Banco Central levam em conta esses fatos consumados. Preveem, também, que as isenções ou reduções de impostos concedidas para rebater a crise já não estarão mais vigorando em 2010. E apostam em que o governo federal preservará, com os ajustes previstos, o superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de 2,5% em 2009 e de 3,3% em 2010.Há o pedaço das despesas contratado antes da crise e distribuído ao longo dela que não terá reversão. Corresponde aos aumentos dos salários dos funcionários públicos e das aposentadorias.O Banco Central também está colocando nos cálculos o fato de que a economia (portanto também a arrecadação) estará crescendo 0,8% ainda em 2009 e bem mais, embora isso não tenha ficado explícito, em 2010.Os de sempre se encarregarão de dizer que essas previsões de aumento do risco de inflação, tanto pelos analistas quanto pelo Banco Central, ou são resultado do jogo de interesses da "turma da bufunfa" ou o resultado de mentes paranoicas que não conseguem ser felizes com o aumento da atividade econômica e do emprego.O fato é que nisso o presidente Lula tem razão. Se o Banco Central deixar escapar o controle da inflação, a coisa desanda. E a briga conhecida entre formadores de preços e assalariados empurra uma conta pesada para a sociedade. E, note-se, isso não tem apenas consequências econômicas. As mais graves são as políticas.

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