O que são milícias? Entenda o significado e como funcionam


Grupos se expandiram na última década e estão diretamente ligados ao aumento da violência na zona oeste carioca

Por Marcio Dolzan

A queima de 35 ônibus na zona oeste do Rio foi uma ação orquestrada por milicianos em resposta à morte de Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos de Faustão e Teteus. Sobrinho do chefe de uma das principais milícias do Rio, ele era o segundo na hierarquia do grupo criminoso. Na última década, as milícias se expandiram no Grande Rio e estão presentes em boa parte da zona oeste da capital, afetando a vida de milhões de pessoas. Mas, afinal, o que é uma milícia?

  • As milícias são grupos armados que formam um poder paralelo, à revelia das forças de segurança do Estado. Em geral, elas são formadas por agentes ou ex-agentes do próprio Estado, como policiais, bombeiros e guardas penitenciários, mas há casos também de grupos criminosos criados apenas por civis.
Ataque a ônibus no Rio foi reação de milícia à morte de uma liderança de uma dessas quadrilhas  Foto: Pedro Kirilos/Estadão
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A existência desses grupos é antiga, mas ganhou especial atenção a partir dos anos 2000. No início, eles eram exaltados publicamente até mesmo por prefeitos e governadores, que viam as milícias como grupos auxiliares na segurança pública - um grave erro, segundo especialistas, considerando que se tratavam na verdade organizações criminosas que passariam a extorquir moradores e comerciantes, mediante elevada brutalidade.

Em 2008, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) instaurou a CPI das Milícias, que terminou com o indiciamento de 225 pessoas, incluindo vereadores e deputados estaduais. Aquela comissão de inquérito demonstrou o verdadeiro papel dessas organizações.

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“(Elas) atuam em territórios de moradia de baixa renda, onde controlam ilegalmente ou cobram taxas extorsivas sobre os mercados de serviços essenciais como água, luz, gás, TV a cabo, transporte e segurança, além do mercado imobiliário. Sabe-se que tais controles são exercidos de maneira arbitrária, por meio de ações coercitivas como espancamentos, tortura e homicídios. Sabe-se ainda que as milícias se envolvem em disputas territoriais violentas – entre si e com “comandos” do tráfico de drogas – e que em diversas áreas elas também lucram com a venda de drogas”, explica o relatório “A expansão das milícias no Rio de Janeiro: uso da força estatal, mercado imobiliário e grupos armados”, do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

De fato, desde aquela CPI o perfil das milícias mudou bastante. Se no início se vendia a ilusão de que elas protegeriam moradores do Rio das facções do tráfico, hoje alguns desses grupos se aliaram a eles, incluindo o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho (CV), a maior do Rio.

“A milícia se diversificou, diversificou seus negócios. Este grupo que é ligado ao Ecko estabeleceu alianças com o CV e abriu conversas com o TCP. Então, acontece algo interessante nisso: há uma escalada de assassinatos desses líderes e parece que temos uma ação antimilícia em curso. Só que esta é uma lógica muito parecida com as ações antitráfico que vemos”, diz Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado.

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“Basicamente (o que se faz é) a perseguição de líderes. Só que isso não afeta a estrutura. Então, o essencial parece ser essa aliança entre tráfico e milícia, mas garanto que não é. O essencial aqui é que vemos que há mais de uma década não temos nenhuma ação, nada com foco em atacar o poder miliciano no Estado”, acrescenta Cecília.

Um estudo realizado pelo Instituto Fogo Cruzado em parceria com o Geni/UFF mostra que as áreas dominadas por grupos milicianos aumentaram 387,3% entre 2006 e 2021. Ao todo, segundo o mapeamento, 10% de toda a área territorial que compõe a região metropolitana do Rio tem atuação deles.

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Na zona oeste carioca, onde os ônibus foram queimados na segunda-feira, os índices de violência cresceram muito este ano em relação a 2022. Segundo o Fogo Cruzado, até 23 de outubro o número de tiroteios havia aumentado 55% na região, e o de chacinas saltou de 4 para 14, o que representava um aumento de 250%.

O governo do Estado afirma estar empenhado no combate às milícias. Em nota, afirmou que “as ações para asfixiar o crime organizado já resultaram em prejuízos de mais de R$ 2,5 bilhões para as milícias” e que “mais de 1.500 milicianos foram presos”.

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Morte de Ecko intensificou ataques das milícias; conheça algumas das principais lideranças

A violência na zona oeste por parte das milícias se intensificou ainda mais nos últimos anos a partir da morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko. Líder da Liga da Justiça, então a maior milícia do Rio, ele foi morto em 2021 em uma ação da Polícia Civil. O processo de sucessão no grupo desencadeou uma verdadeira guerra entre seu irmão Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, e Danilo Dias Lima, o Tandera.

“Houve um racha na milícia, com Tandera e Zinho disputando o controle das áreas que eram de domínio de Ecko. Esse conflito entre milicianos é grande e afeta a vida de milhões de pessoas há meses”, explica Cecília Olliveira, do Instituto Fogo Cruzado.

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Luiz Antonio da Silva Braga, o Zinho; Danilo Silva Dias, o Tandera; e Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha. Foto: SSP-RJ

“A Liga da Justiça, milícia formada inicialmente por policiais expulsos e aposentados, se transformou com a liderança de Carlinhos Três Pontes, que foi traficante e nunca foi policial. Ele começou a chamar traficantes para compor a milícia, e expandiu a relação com o tráfico”, explica Cecília.

Zinho, de 44 anos, chegou à milícia por sua habilidade com as contas, apontam investigações. Era o responsável, segundo o governo do Rio, por contabilizar e lavar o dinheiro oriundo das atividades ilícitas, entre elas a venda clandestina de sinais de TV a cabo, licenças para serviços de transporte, venda de gás e cobrança de taxas de segurança dos pequenos comerciantes.

Tandera, com quem Zinho está em batalha sangrenta, rompeu com o grupo e se aliou a outros parceiros no crime. Investigações mostram que ele controla vastas regiões em cidades da Baixada Fluminense, como Seropédica, Queimados e Nova Iguaçu. O miliciano é conhecido pelo uso de armas potentes, bombas e pelo estilo cruel.

Além deles, outro miliciano bastante procurado pela polícia do Rio é Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, de 52 anos. Ele atua diretamente no tráfico de drogas e está entre as lideranças do Comando Vermelho (CV), segundo o governo do Estado.

O criminoso, com trânsito entre traficantes e milicianos, saiu pela porta da frente do Complexo de Bangu, em julho de 2021, mesmo com mandado de prisão expedido. Segundo o Ministério Público do Rio, Abelha participou da decisão do CV de invadir o Morro de São Carlos, em 2020, que estava sob controle de uma facção rival.

A queima de 35 ônibus na zona oeste do Rio foi uma ação orquestrada por milicianos em resposta à morte de Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos de Faustão e Teteus. Sobrinho do chefe de uma das principais milícias do Rio, ele era o segundo na hierarquia do grupo criminoso. Na última década, as milícias se expandiram no Grande Rio e estão presentes em boa parte da zona oeste da capital, afetando a vida de milhões de pessoas. Mas, afinal, o que é uma milícia?

  • As milícias são grupos armados que formam um poder paralelo, à revelia das forças de segurança do Estado. Em geral, elas são formadas por agentes ou ex-agentes do próprio Estado, como policiais, bombeiros e guardas penitenciários, mas há casos também de grupos criminosos criados apenas por civis.
Ataque a ônibus no Rio foi reação de milícia à morte de uma liderança de uma dessas quadrilhas  Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A existência desses grupos é antiga, mas ganhou especial atenção a partir dos anos 2000. No início, eles eram exaltados publicamente até mesmo por prefeitos e governadores, que viam as milícias como grupos auxiliares na segurança pública - um grave erro, segundo especialistas, considerando que se tratavam na verdade organizações criminosas que passariam a extorquir moradores e comerciantes, mediante elevada brutalidade.

Em 2008, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) instaurou a CPI das Milícias, que terminou com o indiciamento de 225 pessoas, incluindo vereadores e deputados estaduais. Aquela comissão de inquérito demonstrou o verdadeiro papel dessas organizações.

“(Elas) atuam em territórios de moradia de baixa renda, onde controlam ilegalmente ou cobram taxas extorsivas sobre os mercados de serviços essenciais como água, luz, gás, TV a cabo, transporte e segurança, além do mercado imobiliário. Sabe-se que tais controles são exercidos de maneira arbitrária, por meio de ações coercitivas como espancamentos, tortura e homicídios. Sabe-se ainda que as milícias se envolvem em disputas territoriais violentas – entre si e com “comandos” do tráfico de drogas – e que em diversas áreas elas também lucram com a venda de drogas”, explica o relatório “A expansão das milícias no Rio de Janeiro: uso da força estatal, mercado imobiliário e grupos armados”, do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

De fato, desde aquela CPI o perfil das milícias mudou bastante. Se no início se vendia a ilusão de que elas protegeriam moradores do Rio das facções do tráfico, hoje alguns desses grupos se aliaram a eles, incluindo o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho (CV), a maior do Rio.

“A milícia se diversificou, diversificou seus negócios. Este grupo que é ligado ao Ecko estabeleceu alianças com o CV e abriu conversas com o TCP. Então, acontece algo interessante nisso: há uma escalada de assassinatos desses líderes e parece que temos uma ação antimilícia em curso. Só que esta é uma lógica muito parecida com as ações antitráfico que vemos”, diz Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado.

“Basicamente (o que se faz é) a perseguição de líderes. Só que isso não afeta a estrutura. Então, o essencial parece ser essa aliança entre tráfico e milícia, mas garanto que não é. O essencial aqui é que vemos que há mais de uma década não temos nenhuma ação, nada com foco em atacar o poder miliciano no Estado”, acrescenta Cecília.

Um estudo realizado pelo Instituto Fogo Cruzado em parceria com o Geni/UFF mostra que as áreas dominadas por grupos milicianos aumentaram 387,3% entre 2006 e 2021. Ao todo, segundo o mapeamento, 10% de toda a área territorial que compõe a região metropolitana do Rio tem atuação deles.

Na zona oeste carioca, onde os ônibus foram queimados na segunda-feira, os índices de violência cresceram muito este ano em relação a 2022. Segundo o Fogo Cruzado, até 23 de outubro o número de tiroteios havia aumentado 55% na região, e o de chacinas saltou de 4 para 14, o que representava um aumento de 250%.

O governo do Estado afirma estar empenhado no combate às milícias. Em nota, afirmou que “as ações para asfixiar o crime organizado já resultaram em prejuízos de mais de R$ 2,5 bilhões para as milícias” e que “mais de 1.500 milicianos foram presos”.

Morte de Ecko intensificou ataques das milícias; conheça algumas das principais lideranças

A violência na zona oeste por parte das milícias se intensificou ainda mais nos últimos anos a partir da morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko. Líder da Liga da Justiça, então a maior milícia do Rio, ele foi morto em 2021 em uma ação da Polícia Civil. O processo de sucessão no grupo desencadeou uma verdadeira guerra entre seu irmão Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, e Danilo Dias Lima, o Tandera.

“Houve um racha na milícia, com Tandera e Zinho disputando o controle das áreas que eram de domínio de Ecko. Esse conflito entre milicianos é grande e afeta a vida de milhões de pessoas há meses”, explica Cecília Olliveira, do Instituto Fogo Cruzado.

Luiz Antonio da Silva Braga, o Zinho; Danilo Silva Dias, o Tandera; e Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha. Foto: SSP-RJ

“A Liga da Justiça, milícia formada inicialmente por policiais expulsos e aposentados, se transformou com a liderança de Carlinhos Três Pontes, que foi traficante e nunca foi policial. Ele começou a chamar traficantes para compor a milícia, e expandiu a relação com o tráfico”, explica Cecília.

Zinho, de 44 anos, chegou à milícia por sua habilidade com as contas, apontam investigações. Era o responsável, segundo o governo do Rio, por contabilizar e lavar o dinheiro oriundo das atividades ilícitas, entre elas a venda clandestina de sinais de TV a cabo, licenças para serviços de transporte, venda de gás e cobrança de taxas de segurança dos pequenos comerciantes.

Tandera, com quem Zinho está em batalha sangrenta, rompeu com o grupo e se aliou a outros parceiros no crime. Investigações mostram que ele controla vastas regiões em cidades da Baixada Fluminense, como Seropédica, Queimados e Nova Iguaçu. O miliciano é conhecido pelo uso de armas potentes, bombas e pelo estilo cruel.

Além deles, outro miliciano bastante procurado pela polícia do Rio é Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, de 52 anos. Ele atua diretamente no tráfico de drogas e está entre as lideranças do Comando Vermelho (CV), segundo o governo do Estado.

O criminoso, com trânsito entre traficantes e milicianos, saiu pela porta da frente do Complexo de Bangu, em julho de 2021, mesmo com mandado de prisão expedido. Segundo o Ministério Público do Rio, Abelha participou da decisão do CV de invadir o Morro de São Carlos, em 2020, que estava sob controle de uma facção rival.

A queima de 35 ônibus na zona oeste do Rio foi uma ação orquestrada por milicianos em resposta à morte de Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos de Faustão e Teteus. Sobrinho do chefe de uma das principais milícias do Rio, ele era o segundo na hierarquia do grupo criminoso. Na última década, as milícias se expandiram no Grande Rio e estão presentes em boa parte da zona oeste da capital, afetando a vida de milhões de pessoas. Mas, afinal, o que é uma milícia?

  • As milícias são grupos armados que formam um poder paralelo, à revelia das forças de segurança do Estado. Em geral, elas são formadas por agentes ou ex-agentes do próprio Estado, como policiais, bombeiros e guardas penitenciários, mas há casos também de grupos criminosos criados apenas por civis.
Ataque a ônibus no Rio foi reação de milícia à morte de uma liderança de uma dessas quadrilhas  Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A existência desses grupos é antiga, mas ganhou especial atenção a partir dos anos 2000. No início, eles eram exaltados publicamente até mesmo por prefeitos e governadores, que viam as milícias como grupos auxiliares na segurança pública - um grave erro, segundo especialistas, considerando que se tratavam na verdade organizações criminosas que passariam a extorquir moradores e comerciantes, mediante elevada brutalidade.

Em 2008, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) instaurou a CPI das Milícias, que terminou com o indiciamento de 225 pessoas, incluindo vereadores e deputados estaduais. Aquela comissão de inquérito demonstrou o verdadeiro papel dessas organizações.

“(Elas) atuam em territórios de moradia de baixa renda, onde controlam ilegalmente ou cobram taxas extorsivas sobre os mercados de serviços essenciais como água, luz, gás, TV a cabo, transporte e segurança, além do mercado imobiliário. Sabe-se que tais controles são exercidos de maneira arbitrária, por meio de ações coercitivas como espancamentos, tortura e homicídios. Sabe-se ainda que as milícias se envolvem em disputas territoriais violentas – entre si e com “comandos” do tráfico de drogas – e que em diversas áreas elas também lucram com a venda de drogas”, explica o relatório “A expansão das milícias no Rio de Janeiro: uso da força estatal, mercado imobiliário e grupos armados”, do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

De fato, desde aquela CPI o perfil das milícias mudou bastante. Se no início se vendia a ilusão de que elas protegeriam moradores do Rio das facções do tráfico, hoje alguns desses grupos se aliaram a eles, incluindo o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho (CV), a maior do Rio.

“A milícia se diversificou, diversificou seus negócios. Este grupo que é ligado ao Ecko estabeleceu alianças com o CV e abriu conversas com o TCP. Então, acontece algo interessante nisso: há uma escalada de assassinatos desses líderes e parece que temos uma ação antimilícia em curso. Só que esta é uma lógica muito parecida com as ações antitráfico que vemos”, diz Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado.

“Basicamente (o que se faz é) a perseguição de líderes. Só que isso não afeta a estrutura. Então, o essencial parece ser essa aliança entre tráfico e milícia, mas garanto que não é. O essencial aqui é que vemos que há mais de uma década não temos nenhuma ação, nada com foco em atacar o poder miliciano no Estado”, acrescenta Cecília.

Um estudo realizado pelo Instituto Fogo Cruzado em parceria com o Geni/UFF mostra que as áreas dominadas por grupos milicianos aumentaram 387,3% entre 2006 e 2021. Ao todo, segundo o mapeamento, 10% de toda a área territorial que compõe a região metropolitana do Rio tem atuação deles.

Na zona oeste carioca, onde os ônibus foram queimados na segunda-feira, os índices de violência cresceram muito este ano em relação a 2022. Segundo o Fogo Cruzado, até 23 de outubro o número de tiroteios havia aumentado 55% na região, e o de chacinas saltou de 4 para 14, o que representava um aumento de 250%.

O governo do Estado afirma estar empenhado no combate às milícias. Em nota, afirmou que “as ações para asfixiar o crime organizado já resultaram em prejuízos de mais de R$ 2,5 bilhões para as milícias” e que “mais de 1.500 milicianos foram presos”.

Morte de Ecko intensificou ataques das milícias; conheça algumas das principais lideranças

A violência na zona oeste por parte das milícias se intensificou ainda mais nos últimos anos a partir da morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko. Líder da Liga da Justiça, então a maior milícia do Rio, ele foi morto em 2021 em uma ação da Polícia Civil. O processo de sucessão no grupo desencadeou uma verdadeira guerra entre seu irmão Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, e Danilo Dias Lima, o Tandera.

“Houve um racha na milícia, com Tandera e Zinho disputando o controle das áreas que eram de domínio de Ecko. Esse conflito entre milicianos é grande e afeta a vida de milhões de pessoas há meses”, explica Cecília Olliveira, do Instituto Fogo Cruzado.

Luiz Antonio da Silva Braga, o Zinho; Danilo Silva Dias, o Tandera; e Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha. Foto: SSP-RJ

“A Liga da Justiça, milícia formada inicialmente por policiais expulsos e aposentados, se transformou com a liderança de Carlinhos Três Pontes, que foi traficante e nunca foi policial. Ele começou a chamar traficantes para compor a milícia, e expandiu a relação com o tráfico”, explica Cecília.

Zinho, de 44 anos, chegou à milícia por sua habilidade com as contas, apontam investigações. Era o responsável, segundo o governo do Rio, por contabilizar e lavar o dinheiro oriundo das atividades ilícitas, entre elas a venda clandestina de sinais de TV a cabo, licenças para serviços de transporte, venda de gás e cobrança de taxas de segurança dos pequenos comerciantes.

Tandera, com quem Zinho está em batalha sangrenta, rompeu com o grupo e se aliou a outros parceiros no crime. Investigações mostram que ele controla vastas regiões em cidades da Baixada Fluminense, como Seropédica, Queimados e Nova Iguaçu. O miliciano é conhecido pelo uso de armas potentes, bombas e pelo estilo cruel.

Além deles, outro miliciano bastante procurado pela polícia do Rio é Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, de 52 anos. Ele atua diretamente no tráfico de drogas e está entre as lideranças do Comando Vermelho (CV), segundo o governo do Estado.

O criminoso, com trânsito entre traficantes e milicianos, saiu pela porta da frente do Complexo de Bangu, em julho de 2021, mesmo com mandado de prisão expedido. Segundo o Ministério Público do Rio, Abelha participou da decisão do CV de invadir o Morro de São Carlos, em 2020, que estava sob controle de uma facção rival.

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