O cantor sertanejo Gusttavo Lima teve a prisão preventiva decretada pela Justiça de Pernambuco nesta segunda-feira, 23, no âmbito da Operação Integration, que investiga a operação de jogos ilegais e lavagem de dinheiro por meio de casas de apostas (as famosas bets, que são regulares).
Além da prisão, o cantor teve decretada a suspensão do passaporte e do certificado de registro e do porte de arma de fogo. A defesa de Gusttavo Lima afirma que ele é inocente. Diz também que a decisão é injusta e os fatos serão esclarecidos e combatidos juridicamente (leia mais abaixo). O Estadão não localizou as defesas de Pix365, HSF Entretenimento Promoção de Eventos e Zelu Brasil, também citadas no processo.
Na mesma operação, foram presos a influenciadora digital Deolane Bezerra e Darwin Filho, o dono da bet Esportes da Sorte. Segue foragido o empresário José André da Rocha Neto, dono de outras empresas investigadas na mesma operação - dentre elas, a bet Pix365 e a holding patrimonial JMJ Participações.
Rocha Neto é proprietário também da Vai de Bet, que, no inquérito policial, consta como dona da Pix365. No entanto, a empresa afirma que são companhias distintas, e que o alvo da investigação é a Pix365, não a VaideBet, que tinha Gusttavo Lima como garoto-propaganda e um dos sócios (ele comprou uma participação de 25% da empresa em julho, segundo a polícia).
Além disso, o artista vendeu, por meio da sua empresa - a Balada Eventos, também investigada - um avião particular para a JMJ Participações. A aeronave foi apreendida na operação.
Quando a operação foi deflagrada, Rocha Neto estava na Grécia. Desde então, o empresário não se apresentou à polícia e é tido como foragido.
A investigação policial reforça a proximidade de Gusttavo Lima com o Rocha Neto e sua esposa, que foram para a Europa com o artista em um de seus aviões, mas não voltaram com ele, “o que indica de maneira contundente que optaram por permanecer na Europa para evitar a Justiça”, diz o inquérito policial.
Na época, o artista sertanejo não estava entre os investigados, tendo inicialmente apenas suas contas sido bloqueadas. Nesta segunda-feira, porém, a Justiça de Pernambuco aceitou o pedido da Polícia Civil pernambucana para pedir a prisão do artista sob a alegação de que ele faz parte do esquema de lavagem de dinheiro investigado na operação.
De acordo com a polícia, a empresa do cantor Balada e Eventos ocultou cerca de R$ 10 milhões provenientes de jogos ilegais da HSF Entretenimento Promoção de Eventos (do mesmo dono da Esportes da Sorte) e R$ 22 milhões da negociação de seu avião, vendido à JMJ (do dono da VaideBet), além de outros valores em real, euros e libras guardados no cofre de sua empresa, que seriam provenientes de jogos ilegais comandados pelas bets.
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Ainda segundo o inquérito policial, outra empresa de Gusttavo Lima - a GSA Empreendimentos e Participações - recebeu cerca de R$ 6 milhões de outras duas empresas investigadas - a Zelu Brasil (que seria a intermediadora de pagamento da Vai de Bet e da Esportes da Sorte) e a Pix365 -, dos quais R$ 1,3 milhão foi repassado à conta de pessoa física do artista. “Caso idêntico fora constatado entre a investigada Deolane Bezerra Santos e a Esportes da Sorte”, diz o documento.
“Há, portanto, indícios suficientes da participação dele no crime de lavagem de dinheiro”, conclui a autoridade policial.
O que diz a defesa do cantor?
A defesa do cantor Gusttavo Lima afirma que “as medidas cabíveis” sobre o pedido de prisão preventiva já estão sendo adotadas. “Ressaltamos que é uma decisão totalmente contrária aos fatos já esclarecidos pela defesa do cantor e que não serão medidos esforços para combater juridicamente uma decisão injusta e sem fundamentos legais”, diz.
“A inocência do artista será devidamente demonstrada, pois acreditamos na justiça brasileira. O cantor Gusttavo Lima jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso País e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela Polícia Pernambucana”, declara.