O que se sabe sobre ataque em creche de Blumenau que deixou 4 crianças mortas e outras 5 feridas


Agressor, de 25 anos, levava um machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil; investigações continuam

Por Redação
Atualização:

Ainda sob efeito do caso de um adolescente de 13 anos que matou uma professora e feriu outras cinco pessoas dentro de uma escola de São Paulo no dia 27 de março, o Brasil assistiu a um novo ataque* em ambiente escolar. Quatro crianças foram mortas na manhã da última quarta-feira, 5, na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, por um homem de 25 anos. As vítimas são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos.

O enterro das quatro crianças assassinadas ocorreu na última quinta-feira, 6. Três vítimas (Bernardo, de 4 anos, Bernardo, de 5, e Larissa, de 7) foram veladas e enterradas no cemitério no centro da cidade, enquanto uma quarta vítima (Enzo, de 4) foi enterrada na região de Salto Norte. O clima era de desolação.

Na noite anterior ao enterro, dezenas de moradores de Blumenau também se reuniram em frente à creche onde o atentado ocorreu para prestar homenagem às vítimas. Velas foram acesas ao lado da porta de entrada.

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A mãe de Larissa, Regina Toldo, é amparada enquanto segura o retrato da filha.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

O que se sabe sobre o ataque?

Segundo relatos, as crianças foram atingidas enquanto brincavam na área externa, por volta das 9 horas da manhã, no dia da tragédia. “Ela relatou que viu o moço de capacete rosa pular o muro com um martelo e uma faca na mão e chamou a professora”, disse o vidraceiro Henrique Araújo, de 31 anos, pai de uma menina de 4 anos, que estuda na creche e estava no pátio com os amiguinhos no momento em que o homem pulou o muro e invadiu a escolinha. O “martelo” a que a criança se referia foi a machadinha usada pelo agressor para golpear os alunos.

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A menina, afirmou o pai, contou ter visto o homem bater com a arma na cabeça de um coleguinha, Enzo, que acabou morrendo. “Ela só chora em casa. Para essas crianças voltarem para a escola vai ser complicado.”

Ainda de acordo com os bombeiros, havia 40 crianças na creche e o agressor, que pulou o muro, atingiu as vítimas de forma aleatória. “O autor pulou o muro armado com uma arma branca, do tipo machadinha, e desferiu golpes nas crianças, especialmente na região da cabeça, o que levou ao óbito dessas crianças”, descreveu o tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, comandante do Batalhão de Bombeiros Militar em Blumenau.

Uma professora que preferiu não se identificar contou que as crianças brincavam em um parque, que fica próximo ao muro da creche, no momento do ataque. Os pais de uma das vítimas chegaram à escola chorando muito, receberam abraços e foram levados ao local onde se concentravam os bombeiros. No fim da manhã, eles saíram. Um dos pais carregava o material escolar. “Só sobrou a mochila do meu filho”, afirmou ele, que não foi identificado.

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Quem são as vítimas?

As vítimas são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos.

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Foram identificadas como:

  • Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
  • Bernardo Pabst da Cunha, de 4 anos
  • Larissa Maia Toldo, de 7 anos
  • Enzo Marchesin, de 4 anos

Outras crianças ficaram feridas?

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Quatro crianças - duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos - foram levadas para o Hospital Santo Antônio, em Blumenau, onde passaram por cirurgia.

Todas receberam alta no fim da manhã da última quinta-feira. Em nota, o hospital informou que elas passaram por exames e avaliação médica antes da liberação, e que já estão em casa com os familiares.

De acordo com o hospital, durante os exames, a equipe médica constatou que um dos pacientes apresentou uma lesão na mandíbula, que será tratada ambulatorialmente.

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Uma quinta criança com ferimentos leves foi levada pela mãe para o Hospital Santa Isabel, de acordo com a prefeitura.

Moradores de Blumenau fazem vigília em frente a escola Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina, onde quatro crianças morreram após ataque violento. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Quantas crianças estavam na creche no momento do ataque?

A creche Cantinho Bom Pastor atende crianças desde o berçário até os 12 anos, incluindo o contraturno escolar. Ainda não há previsão de reabertura. No momento do ataque, 40 crianças estavam no local, de acordo com o Corpo de Bombeiros.

Em nota de pesar, a direção da creche afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho”, disse o texto.

Fachada do Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, com as homenagens dos moradores da cidade para as quatro crianças assassinadas na quarta-feira, 5.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

O que se sabe sobre o autor do crime?

O agressor, de 25 anos, levava um machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil. O autor do crime se manteve calado.

Ele já tinha quatro passagens pela polícia. Em 2021, esfaqueou o padastro e, em dezembro passado, quebrou a porta da casa da vítima e esfaqueou um cão do local. Em 2016, foi detido pelo envolvimento em uma briga dentro de uma casa noturna e, em 2022, estava em posse de cocaína.

“Ele teria praticado as ações em crianças em princípio ali aleatoriamente (sem um alvo específico). Quando percebeu que as professoras começaram a defender as crianças, chamar as crianças para dentro, teria pulado o muro novamente e embarcado na moto e se apresentou na guarda do quartel”, disse o comandante da Polícia Militar, Márcio Alberto Filippi.

O que é preciso esclarecer?

O homem responderá por quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas de homicídio triplamente qualificados. O delegado destacou que o ato foi “isolado” e que não há indícios de que o ato foi coordenado por outros indivíduos por meio de redes sociais, jogos ou outras plataformas virtuais.

Durante a manhã do dia da tragédia, boatos e fake news se espalharam por Blumenau e outros municípios da região, porém outros ataques não foram registrados nesta quarta.

De acordo com o delegado, a investigação fará a quebra do sigilo eletrônico e telemático do celular e equipamentos do autor do ataque, que será interrogado por diferentes especialistas.

Além disso, uma psicóloga policial especializada irá traçar o perfil psicológico do autor do ataque. “Vamos fazer uma análise do perfil psicológico desse indivíduo, para traçar padrões de comportamento”, explicou o delegado.

Segundo o policial, também será realizado um levantamento sobre vulnerabilidades de escolas de Santa Catarina. “Desde a semana passada, estávamos orquestrando um plano de contingência para evitar que aconteça (casos do tipo).”

Ainda não há informações sobre o que levou o homem a invadir a creche Cantinho Bom Pastor e atacar as crianças. A polícia também investiga se o ataque foi premeditado e se o criminoso contou com ajuda de outras pessoas.

O que disseram as autoridades?

O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) disse que o município está buscando prestar suporte às famílias. “Vamos cuidar dessa creche, e de todos os nossos professores das redes estadual, municipal e privada, que, neste momento, estão consternados, como tenho certeza que estão todas as famílias da cidade”, afirmou.

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), esteve na creche no fim da manhã. Mais cedo, em redes sociais, lamentou o atentado e determinou a abertura de investigação. “É com enorme tristeza que recebo a lamentável notícia de que a creche particular Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, foi invadida por um assassino que atacou crianças e funcionários”, disse. “Determinei imediatamente a ação das nossas forças de segurança, que já estão no local. O assassino já está preso. Deixo aqui a minha total solidariedade. Que Deus conforte o coração de todas as famílias neste momento de profunda dor.”

“Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas. Meus sentimentos e preces para as famílias das vítimas e comunidade de Blumenau diante da monstruosidade ocorrida na creche Bom Pastor”, escreveu ainda pela manhã o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A prefeitura de Blumenau decretou luto de 30 dias e governo do Estado, de 3 dias pelas mortes na creche.

As aulas foram suspensas?

Sim. As aulas serão retomadas em Blumenau na segunda-feira, 10. Segundo a prefeitura, as circunstâncias do retorno serão discutidas em reunião com todos os diretores de escolas públicas e privadas da cidade na quinta-feira. No caso da creche atacada, ainda não há previsão de reabertura. Será disponibilizado atendimento psicológico para as famílias e servidores.

Blumenau e outros ataques a escolas: por que casos se repetem?

Embora cada ataque trágico ocorrido em uma escola tenha por trás uma história e perfil específicos do agressor, especialistas são unânimes em dizer que fatores sociais e culturais existentes atualmente na sociedade brasileira podem estar relacionados ao aumento de ocorrências do tipo no País.

O Estadão ouviu cinco estudiosos para entender que tipos de fenômenos e tendências podem funcionar como gatilhos ou potencializadores de atos violentos como os registrados em Blumenau e de que forma a sociedade deve se organizar para reduzir esses fatores de risco e diminuir o risco de novas tragédias. Confirma aqui as razões listadas pelos especialistas.

Em 2021, outra creche de Santa Catarina foi alvo de um ataque. Um homem de 18 anos invadiu o local em Saudades, no oeste do Estado, com um facão de 68 centímetros. Ele matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.

O governo do Estado e prefeitura destacaram que têm feito ações de prevenção e treinamento sobre o tema, especialmente desde o ataque em 2021.

A Polícia Militar defendeu maior atuação da corporação nas escolas. Uma das sugestões é de que os policiais realizem atividades do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à VIolência (Proerd) no início dos turnos e permaneçam nas escolas após as atividades. Também é discutida a viabilidade de reforço na segurança com profissionais aposentados.

Blumenau quer colocar policiais armados para aumentar segurança nas escolas da rede municipal

A Prefeitura de Blumenau, em Santa Catarina, anunciou em coletiva de imprensa na última quinta-feira que vai solicitar ao governo estadual a contratação de policiais aposentados da reserva para realizarem a segurança armada nas escolas do município. A medida faz parte de uma série de ações apresentadas pela Prefeitura de Blumenau, previstas para começar na segunda-feira.

Outras medidas anunciadas são a revisão de muros, cercamento, controle e acesso de pessoas às escolas e centros educacionais do município; elaboração de um plano de contingência pela Secretaria de Defesa Civil e Secretaria de Educação; e a ampliação de equipes multidisciplinares, com psicólogos e assistentes sociais.

Ataque violento em creche de Blumenau deixa quatro crianças mortas e outras feridas.  Foto: Sávio James/EFE

Patrulha escolar será reforçada em colégios da rede municipal e estadual de ensino no Brasil?

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na última quarta-feira que o governo federal vai destinar, por meio de edital, R$ 150 milhões para reforçar o patrulhamento escolar em colégios da rede municipal e estadual de ensino no Brasil. A pasta vai ainda alocar 50 policiais para monitorar a internet e averiguar a existência de outras ameaças de ataques. O anúncio das medidas foi feito no dia em que o homem de 25 anos invadiu a creche de Blumenau e matou quatro crianças, deixando outras cinco feridas.

Um dia após o assassinato das quatro crianças na creche Cantinho Bom Pastor, na última quinta-feira, o Ministério da Justiça e Segurança Pública também anunciou o início da Operação Escola Segura, com o objetivo de realizar ações preventivas e repressivas contra ataques nas escolas de todo o País. Delegacias contra crimes cibernéticos das principais regiões brasileiras atuarão junto à pasta. Para a semana que vem está prevista uma reunião com representantes das redes sociais para alinhar um protocolo de ação.

Homenagem tem balões em formato de estrela com nomes das vítimas

Nem a chuva contínua que caiu em Blumenau, Santa Catarina, na última sexta-feira, 7, cessou as homenagens às quatro crianças assassinadas no ataque. Cerca de 250 motoboys, além de alguns motoristas com carros, se concentraram no centro da cidade e seguiram para a escola.

Na frente da creche, fizeram uma roda de oração, aplaudiram as vítimas e, por fim, soltaram balões brancos em formato de estrela, cada um com o nome de uma das crianças.

Motoboys fizeram ato para homenagear as quatro crianças assassinadas na escola Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.

Ainda sob efeito do caso de um adolescente de 13 anos que matou uma professora e feriu outras cinco pessoas dentro de uma escola de São Paulo no dia 27 de março, o Brasil assistiu a um novo ataque* em ambiente escolar. Quatro crianças foram mortas na manhã da última quarta-feira, 5, na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, por um homem de 25 anos. As vítimas são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos.

O enterro das quatro crianças assassinadas ocorreu na última quinta-feira, 6. Três vítimas (Bernardo, de 4 anos, Bernardo, de 5, e Larissa, de 7) foram veladas e enterradas no cemitério no centro da cidade, enquanto uma quarta vítima (Enzo, de 4) foi enterrada na região de Salto Norte. O clima era de desolação.

Na noite anterior ao enterro, dezenas de moradores de Blumenau também se reuniram em frente à creche onde o atentado ocorreu para prestar homenagem às vítimas. Velas foram acesas ao lado da porta de entrada.

A mãe de Larissa, Regina Toldo, é amparada enquanto segura o retrato da filha.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

O que se sabe sobre o ataque?

Segundo relatos, as crianças foram atingidas enquanto brincavam na área externa, por volta das 9 horas da manhã, no dia da tragédia. “Ela relatou que viu o moço de capacete rosa pular o muro com um martelo e uma faca na mão e chamou a professora”, disse o vidraceiro Henrique Araújo, de 31 anos, pai de uma menina de 4 anos, que estuda na creche e estava no pátio com os amiguinhos no momento em que o homem pulou o muro e invadiu a escolinha. O “martelo” a que a criança se referia foi a machadinha usada pelo agressor para golpear os alunos.

A menina, afirmou o pai, contou ter visto o homem bater com a arma na cabeça de um coleguinha, Enzo, que acabou morrendo. “Ela só chora em casa. Para essas crianças voltarem para a escola vai ser complicado.”

Ainda de acordo com os bombeiros, havia 40 crianças na creche e o agressor, que pulou o muro, atingiu as vítimas de forma aleatória. “O autor pulou o muro armado com uma arma branca, do tipo machadinha, e desferiu golpes nas crianças, especialmente na região da cabeça, o que levou ao óbito dessas crianças”, descreveu o tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, comandante do Batalhão de Bombeiros Militar em Blumenau.

Uma professora que preferiu não se identificar contou que as crianças brincavam em um parque, que fica próximo ao muro da creche, no momento do ataque. Os pais de uma das vítimas chegaram à escola chorando muito, receberam abraços e foram levados ao local onde se concentravam os bombeiros. No fim da manhã, eles saíram. Um dos pais carregava o material escolar. “Só sobrou a mochila do meu filho”, afirmou ele, que não foi identificado.

Quem são as vítimas?

As vítimas são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos.

Foram identificadas como:

  • Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
  • Bernardo Pabst da Cunha, de 4 anos
  • Larissa Maia Toldo, de 7 anos
  • Enzo Marchesin, de 4 anos

Outras crianças ficaram feridas?

Quatro crianças - duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos - foram levadas para o Hospital Santo Antônio, em Blumenau, onde passaram por cirurgia.

Todas receberam alta no fim da manhã da última quinta-feira. Em nota, o hospital informou que elas passaram por exames e avaliação médica antes da liberação, e que já estão em casa com os familiares.

De acordo com o hospital, durante os exames, a equipe médica constatou que um dos pacientes apresentou uma lesão na mandíbula, que será tratada ambulatorialmente.

Uma quinta criança com ferimentos leves foi levada pela mãe para o Hospital Santa Isabel, de acordo com a prefeitura.

Moradores de Blumenau fazem vigília em frente a escola Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina, onde quatro crianças morreram após ataque violento. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Quantas crianças estavam na creche no momento do ataque?

A creche Cantinho Bom Pastor atende crianças desde o berçário até os 12 anos, incluindo o contraturno escolar. Ainda não há previsão de reabertura. No momento do ataque, 40 crianças estavam no local, de acordo com o Corpo de Bombeiros.

Em nota de pesar, a direção da creche afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho”, disse o texto.

Fachada do Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, com as homenagens dos moradores da cidade para as quatro crianças assassinadas na quarta-feira, 5.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

O que se sabe sobre o autor do crime?

O agressor, de 25 anos, levava um machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil. O autor do crime se manteve calado.

Ele já tinha quatro passagens pela polícia. Em 2021, esfaqueou o padastro e, em dezembro passado, quebrou a porta da casa da vítima e esfaqueou um cão do local. Em 2016, foi detido pelo envolvimento em uma briga dentro de uma casa noturna e, em 2022, estava em posse de cocaína.

“Ele teria praticado as ações em crianças em princípio ali aleatoriamente (sem um alvo específico). Quando percebeu que as professoras começaram a defender as crianças, chamar as crianças para dentro, teria pulado o muro novamente e embarcado na moto e se apresentou na guarda do quartel”, disse o comandante da Polícia Militar, Márcio Alberto Filippi.

O que é preciso esclarecer?

O homem responderá por quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas de homicídio triplamente qualificados. O delegado destacou que o ato foi “isolado” e que não há indícios de que o ato foi coordenado por outros indivíduos por meio de redes sociais, jogos ou outras plataformas virtuais.

Durante a manhã do dia da tragédia, boatos e fake news se espalharam por Blumenau e outros municípios da região, porém outros ataques não foram registrados nesta quarta.

De acordo com o delegado, a investigação fará a quebra do sigilo eletrônico e telemático do celular e equipamentos do autor do ataque, que será interrogado por diferentes especialistas.

Além disso, uma psicóloga policial especializada irá traçar o perfil psicológico do autor do ataque. “Vamos fazer uma análise do perfil psicológico desse indivíduo, para traçar padrões de comportamento”, explicou o delegado.

Segundo o policial, também será realizado um levantamento sobre vulnerabilidades de escolas de Santa Catarina. “Desde a semana passada, estávamos orquestrando um plano de contingência para evitar que aconteça (casos do tipo).”

Ainda não há informações sobre o que levou o homem a invadir a creche Cantinho Bom Pastor e atacar as crianças. A polícia também investiga se o ataque foi premeditado e se o criminoso contou com ajuda de outras pessoas.

O que disseram as autoridades?

O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) disse que o município está buscando prestar suporte às famílias. “Vamos cuidar dessa creche, e de todos os nossos professores das redes estadual, municipal e privada, que, neste momento, estão consternados, como tenho certeza que estão todas as famílias da cidade”, afirmou.

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), esteve na creche no fim da manhã. Mais cedo, em redes sociais, lamentou o atentado e determinou a abertura de investigação. “É com enorme tristeza que recebo a lamentável notícia de que a creche particular Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, foi invadida por um assassino que atacou crianças e funcionários”, disse. “Determinei imediatamente a ação das nossas forças de segurança, que já estão no local. O assassino já está preso. Deixo aqui a minha total solidariedade. Que Deus conforte o coração de todas as famílias neste momento de profunda dor.”

“Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas. Meus sentimentos e preces para as famílias das vítimas e comunidade de Blumenau diante da monstruosidade ocorrida na creche Bom Pastor”, escreveu ainda pela manhã o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A prefeitura de Blumenau decretou luto de 30 dias e governo do Estado, de 3 dias pelas mortes na creche.

As aulas foram suspensas?

Sim. As aulas serão retomadas em Blumenau na segunda-feira, 10. Segundo a prefeitura, as circunstâncias do retorno serão discutidas em reunião com todos os diretores de escolas públicas e privadas da cidade na quinta-feira. No caso da creche atacada, ainda não há previsão de reabertura. Será disponibilizado atendimento psicológico para as famílias e servidores.

Blumenau e outros ataques a escolas: por que casos se repetem?

Embora cada ataque trágico ocorrido em uma escola tenha por trás uma história e perfil específicos do agressor, especialistas são unânimes em dizer que fatores sociais e culturais existentes atualmente na sociedade brasileira podem estar relacionados ao aumento de ocorrências do tipo no País.

O Estadão ouviu cinco estudiosos para entender que tipos de fenômenos e tendências podem funcionar como gatilhos ou potencializadores de atos violentos como os registrados em Blumenau e de que forma a sociedade deve se organizar para reduzir esses fatores de risco e diminuir o risco de novas tragédias. Confirma aqui as razões listadas pelos especialistas.

Em 2021, outra creche de Santa Catarina foi alvo de um ataque. Um homem de 18 anos invadiu o local em Saudades, no oeste do Estado, com um facão de 68 centímetros. Ele matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.

O governo do Estado e prefeitura destacaram que têm feito ações de prevenção e treinamento sobre o tema, especialmente desde o ataque em 2021.

A Polícia Militar defendeu maior atuação da corporação nas escolas. Uma das sugestões é de que os policiais realizem atividades do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à VIolência (Proerd) no início dos turnos e permaneçam nas escolas após as atividades. Também é discutida a viabilidade de reforço na segurança com profissionais aposentados.

Blumenau quer colocar policiais armados para aumentar segurança nas escolas da rede municipal

A Prefeitura de Blumenau, em Santa Catarina, anunciou em coletiva de imprensa na última quinta-feira que vai solicitar ao governo estadual a contratação de policiais aposentados da reserva para realizarem a segurança armada nas escolas do município. A medida faz parte de uma série de ações apresentadas pela Prefeitura de Blumenau, previstas para começar na segunda-feira.

Outras medidas anunciadas são a revisão de muros, cercamento, controle e acesso de pessoas às escolas e centros educacionais do município; elaboração de um plano de contingência pela Secretaria de Defesa Civil e Secretaria de Educação; e a ampliação de equipes multidisciplinares, com psicólogos e assistentes sociais.

Ataque violento em creche de Blumenau deixa quatro crianças mortas e outras feridas.  Foto: Sávio James/EFE

Patrulha escolar será reforçada em colégios da rede municipal e estadual de ensino no Brasil?

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na última quarta-feira que o governo federal vai destinar, por meio de edital, R$ 150 milhões para reforçar o patrulhamento escolar em colégios da rede municipal e estadual de ensino no Brasil. A pasta vai ainda alocar 50 policiais para monitorar a internet e averiguar a existência de outras ameaças de ataques. O anúncio das medidas foi feito no dia em que o homem de 25 anos invadiu a creche de Blumenau e matou quatro crianças, deixando outras cinco feridas.

Um dia após o assassinato das quatro crianças na creche Cantinho Bom Pastor, na última quinta-feira, o Ministério da Justiça e Segurança Pública também anunciou o início da Operação Escola Segura, com o objetivo de realizar ações preventivas e repressivas contra ataques nas escolas de todo o País. Delegacias contra crimes cibernéticos das principais regiões brasileiras atuarão junto à pasta. Para a semana que vem está prevista uma reunião com representantes das redes sociais para alinhar um protocolo de ação.

Homenagem tem balões em formato de estrela com nomes das vítimas

Nem a chuva contínua que caiu em Blumenau, Santa Catarina, na última sexta-feira, 7, cessou as homenagens às quatro crianças assassinadas no ataque. Cerca de 250 motoboys, além de alguns motoristas com carros, se concentraram no centro da cidade e seguiram para a escola.

Na frente da creche, fizeram uma roda de oração, aplaudiram as vítimas e, por fim, soltaram balões brancos em formato de estrela, cada um com o nome de uma das crianças.

Motoboys fizeram ato para homenagear as quatro crianças assassinadas na escola Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.

Ainda sob efeito do caso de um adolescente de 13 anos que matou uma professora e feriu outras cinco pessoas dentro de uma escola de São Paulo no dia 27 de março, o Brasil assistiu a um novo ataque* em ambiente escolar. Quatro crianças foram mortas na manhã da última quarta-feira, 5, na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, por um homem de 25 anos. As vítimas são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos.

O enterro das quatro crianças assassinadas ocorreu na última quinta-feira, 6. Três vítimas (Bernardo, de 4 anos, Bernardo, de 5, e Larissa, de 7) foram veladas e enterradas no cemitério no centro da cidade, enquanto uma quarta vítima (Enzo, de 4) foi enterrada na região de Salto Norte. O clima era de desolação.

Na noite anterior ao enterro, dezenas de moradores de Blumenau também se reuniram em frente à creche onde o atentado ocorreu para prestar homenagem às vítimas. Velas foram acesas ao lado da porta de entrada.

A mãe de Larissa, Regina Toldo, é amparada enquanto segura o retrato da filha.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

O que se sabe sobre o ataque?

Segundo relatos, as crianças foram atingidas enquanto brincavam na área externa, por volta das 9 horas da manhã, no dia da tragédia. “Ela relatou que viu o moço de capacete rosa pular o muro com um martelo e uma faca na mão e chamou a professora”, disse o vidraceiro Henrique Araújo, de 31 anos, pai de uma menina de 4 anos, que estuda na creche e estava no pátio com os amiguinhos no momento em que o homem pulou o muro e invadiu a escolinha. O “martelo” a que a criança se referia foi a machadinha usada pelo agressor para golpear os alunos.

A menina, afirmou o pai, contou ter visto o homem bater com a arma na cabeça de um coleguinha, Enzo, que acabou morrendo. “Ela só chora em casa. Para essas crianças voltarem para a escola vai ser complicado.”

Ainda de acordo com os bombeiros, havia 40 crianças na creche e o agressor, que pulou o muro, atingiu as vítimas de forma aleatória. “O autor pulou o muro armado com uma arma branca, do tipo machadinha, e desferiu golpes nas crianças, especialmente na região da cabeça, o que levou ao óbito dessas crianças”, descreveu o tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, comandante do Batalhão de Bombeiros Militar em Blumenau.

Uma professora que preferiu não se identificar contou que as crianças brincavam em um parque, que fica próximo ao muro da creche, no momento do ataque. Os pais de uma das vítimas chegaram à escola chorando muito, receberam abraços e foram levados ao local onde se concentravam os bombeiros. No fim da manhã, eles saíram. Um dos pais carregava o material escolar. “Só sobrou a mochila do meu filho”, afirmou ele, que não foi identificado.

Quem são as vítimas?

As vítimas são três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos.

Foram identificadas como:

  • Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
  • Bernardo Pabst da Cunha, de 4 anos
  • Larissa Maia Toldo, de 7 anos
  • Enzo Marchesin, de 4 anos

Outras crianças ficaram feridas?

Quatro crianças - duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos - foram levadas para o Hospital Santo Antônio, em Blumenau, onde passaram por cirurgia.

Todas receberam alta no fim da manhã da última quinta-feira. Em nota, o hospital informou que elas passaram por exames e avaliação médica antes da liberação, e que já estão em casa com os familiares.

De acordo com o hospital, durante os exames, a equipe médica constatou que um dos pacientes apresentou uma lesão na mandíbula, que será tratada ambulatorialmente.

Uma quinta criança com ferimentos leves foi levada pela mãe para o Hospital Santa Isabel, de acordo com a prefeitura.

Moradores de Blumenau fazem vigília em frente a escola Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina, onde quatro crianças morreram após ataque violento. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Quantas crianças estavam na creche no momento do ataque?

A creche Cantinho Bom Pastor atende crianças desde o berçário até os 12 anos, incluindo o contraturno escolar. Ainda não há previsão de reabertura. No momento do ataque, 40 crianças estavam no local, de acordo com o Corpo de Bombeiros.

Em nota de pesar, a direção da creche afirmou estar desolada. “Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afetam cada criança, familiar, amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho”, disse o texto.

Fachada do Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, com as homenagens dos moradores da cidade para as quatro crianças assassinadas na quarta-feira, 5.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

O que se sabe sobre o autor do crime?

O agressor, de 25 anos, levava um machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil. O autor do crime se manteve calado.

Ele já tinha quatro passagens pela polícia. Em 2021, esfaqueou o padastro e, em dezembro passado, quebrou a porta da casa da vítima e esfaqueou um cão do local. Em 2016, foi detido pelo envolvimento em uma briga dentro de uma casa noturna e, em 2022, estava em posse de cocaína.

“Ele teria praticado as ações em crianças em princípio ali aleatoriamente (sem um alvo específico). Quando percebeu que as professoras começaram a defender as crianças, chamar as crianças para dentro, teria pulado o muro novamente e embarcado na moto e se apresentou na guarda do quartel”, disse o comandante da Polícia Militar, Márcio Alberto Filippi.

O que é preciso esclarecer?

O homem responderá por quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas de homicídio triplamente qualificados. O delegado destacou que o ato foi “isolado” e que não há indícios de que o ato foi coordenado por outros indivíduos por meio de redes sociais, jogos ou outras plataformas virtuais.

Durante a manhã do dia da tragédia, boatos e fake news se espalharam por Blumenau e outros municípios da região, porém outros ataques não foram registrados nesta quarta.

De acordo com o delegado, a investigação fará a quebra do sigilo eletrônico e telemático do celular e equipamentos do autor do ataque, que será interrogado por diferentes especialistas.

Além disso, uma psicóloga policial especializada irá traçar o perfil psicológico do autor do ataque. “Vamos fazer uma análise do perfil psicológico desse indivíduo, para traçar padrões de comportamento”, explicou o delegado.

Segundo o policial, também será realizado um levantamento sobre vulnerabilidades de escolas de Santa Catarina. “Desde a semana passada, estávamos orquestrando um plano de contingência para evitar que aconteça (casos do tipo).”

Ainda não há informações sobre o que levou o homem a invadir a creche Cantinho Bom Pastor e atacar as crianças. A polícia também investiga se o ataque foi premeditado e se o criminoso contou com ajuda de outras pessoas.

O que disseram as autoridades?

O prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) disse que o município está buscando prestar suporte às famílias. “Vamos cuidar dessa creche, e de todos os nossos professores das redes estadual, municipal e privada, que, neste momento, estão consternados, como tenho certeza que estão todas as famílias da cidade”, afirmou.

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), esteve na creche no fim da manhã. Mais cedo, em redes sociais, lamentou o atentado e determinou a abertura de investigação. “É com enorme tristeza que recebo a lamentável notícia de que a creche particular Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, foi invadida por um assassino que atacou crianças e funcionários”, disse. “Determinei imediatamente a ação das nossas forças de segurança, que já estão no local. O assassino já está preso. Deixo aqui a minha total solidariedade. Que Deus conforte o coração de todas as famílias neste momento de profunda dor.”

“Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas. Meus sentimentos e preces para as famílias das vítimas e comunidade de Blumenau diante da monstruosidade ocorrida na creche Bom Pastor”, escreveu ainda pela manhã o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A prefeitura de Blumenau decretou luto de 30 dias e governo do Estado, de 3 dias pelas mortes na creche.

As aulas foram suspensas?

Sim. As aulas serão retomadas em Blumenau na segunda-feira, 10. Segundo a prefeitura, as circunstâncias do retorno serão discutidas em reunião com todos os diretores de escolas públicas e privadas da cidade na quinta-feira. No caso da creche atacada, ainda não há previsão de reabertura. Será disponibilizado atendimento psicológico para as famílias e servidores.

Blumenau e outros ataques a escolas: por que casos se repetem?

Embora cada ataque trágico ocorrido em uma escola tenha por trás uma história e perfil específicos do agressor, especialistas são unânimes em dizer que fatores sociais e culturais existentes atualmente na sociedade brasileira podem estar relacionados ao aumento de ocorrências do tipo no País.

O Estadão ouviu cinco estudiosos para entender que tipos de fenômenos e tendências podem funcionar como gatilhos ou potencializadores de atos violentos como os registrados em Blumenau e de que forma a sociedade deve se organizar para reduzir esses fatores de risco e diminuir o risco de novas tragédias. Confirma aqui as razões listadas pelos especialistas.

Em 2021, outra creche de Santa Catarina foi alvo de um ataque. Um homem de 18 anos invadiu o local em Saudades, no oeste do Estado, com um facão de 68 centímetros. Ele matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.

O governo do Estado e prefeitura destacaram que têm feito ações de prevenção e treinamento sobre o tema, especialmente desde o ataque em 2021.

A Polícia Militar defendeu maior atuação da corporação nas escolas. Uma das sugestões é de que os policiais realizem atividades do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à VIolência (Proerd) no início dos turnos e permaneçam nas escolas após as atividades. Também é discutida a viabilidade de reforço na segurança com profissionais aposentados.

Blumenau quer colocar policiais armados para aumentar segurança nas escolas da rede municipal

A Prefeitura de Blumenau, em Santa Catarina, anunciou em coletiva de imprensa na última quinta-feira que vai solicitar ao governo estadual a contratação de policiais aposentados da reserva para realizarem a segurança armada nas escolas do município. A medida faz parte de uma série de ações apresentadas pela Prefeitura de Blumenau, previstas para começar na segunda-feira.

Outras medidas anunciadas são a revisão de muros, cercamento, controle e acesso de pessoas às escolas e centros educacionais do município; elaboração de um plano de contingência pela Secretaria de Defesa Civil e Secretaria de Educação; e a ampliação de equipes multidisciplinares, com psicólogos e assistentes sociais.

Ataque violento em creche de Blumenau deixa quatro crianças mortas e outras feridas.  Foto: Sávio James/EFE

Patrulha escolar será reforçada em colégios da rede municipal e estadual de ensino no Brasil?

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na última quarta-feira que o governo federal vai destinar, por meio de edital, R$ 150 milhões para reforçar o patrulhamento escolar em colégios da rede municipal e estadual de ensino no Brasil. A pasta vai ainda alocar 50 policiais para monitorar a internet e averiguar a existência de outras ameaças de ataques. O anúncio das medidas foi feito no dia em que o homem de 25 anos invadiu a creche de Blumenau e matou quatro crianças, deixando outras cinco feridas.

Um dia após o assassinato das quatro crianças na creche Cantinho Bom Pastor, na última quinta-feira, o Ministério da Justiça e Segurança Pública também anunciou o início da Operação Escola Segura, com o objetivo de realizar ações preventivas e repressivas contra ataques nas escolas de todo o País. Delegacias contra crimes cibernéticos das principais regiões brasileiras atuarão junto à pasta. Para a semana que vem está prevista uma reunião com representantes das redes sociais para alinhar um protocolo de ação.

Homenagem tem balões em formato de estrela com nomes das vítimas

Nem a chuva contínua que caiu em Blumenau, Santa Catarina, na última sexta-feira, 7, cessou as homenagens às quatro crianças assassinadas no ataque. Cerca de 250 motoboys, além de alguns motoristas com carros, se concentraram no centro da cidade e seguiram para a escola.

Na frente da creche, fizeram uma roda de oração, aplaudiram as vítimas e, por fim, soltaram balões brancos em formato de estrela, cada um com o nome de uma das crianças.

Motoboys fizeram ato para homenagear as quatro crianças assassinadas na escola Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.

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