Onda de calor, queimadas e falta de água: os efeitos das mudanças climáticas no coração da Amazônia


Estado do Acre decretou situação de emergência nas áreas ambiental e da saúde em meio à seca e proliferação de doenças

Por João Renato Jácome

Se o Rio Grande do Sul ainda sofre com o evento climático mais letal já registrado no Estado devido à passagem de um ciclone, no Acre, região Norte do País, os efeitos do aquecimento global são sentidos de maneira oposta no coração da Amazônia: onda de calor recorde, queimadas que se multiplicam, falta de água potável e proliferação de doenças.

A situação fez o governador Gladson Cameli (PP) decretar emergência no Estado em decorrência da superlotação das unidades de saúde, provocada pela má qualidade do ar. O decreto publicado nesta terça-feira, 19, tem prazo de 90 dias.

“Produções técnicas apresentadas pela Divisão de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde descrevem detalhadamente a situação de extrema criticidade que o Estado do Acre vem passando com relação à qualidade do ar, seca e estiagem, assim como enfatizam a necessidade de tomada de decisões emergentes com o objetivo de evitar aumento na morbimortalidade da população, principalmente da parte que compõe o grupo de risco”, destaca o decreto do governador.

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Antes, Cameli já havia decretado emergência ambiental no Estado. Com o agravamento da crise, em agosto o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou o envio da Força Nacional ao Acre para atuar no enfrentamento às queimadas.

Baixo nível dificulta a captação da água do Rio Acre na capital Rio Branco, o maior afluente da região Foto: João Renato Jácome

A capital Rio Branco, por exemplo, não teve nenhum registro de chuva durante todo o mês de julho de acordo com dados da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A temperatura máxima do mês na cidade foi de 38°C, a maior dos últimos 63 anos.

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Em Rio Branco, que é a maior cidade do Estado com cerca de 400 mil habitantes, a falta de água na torneira das casas virou rotina devido à estiagem.

A diarista Rosana Trindade, de 56 anos, que mora no bairro Placas, na zona norte da cidade, e é mãe de três crianças, com idades entre oito e 11 anos, precisa comprar água dos caminhões-pipa para conseguir tomar banho e cozinhar. Rosana também foi acometida pela Influenza, e teve o caso agravado por causa da fumaça que paira na cidade.

“Pago em torno de R$ 50 por 1 mil litros de água, mas o dinheiro é curto, a gente tem de economizar. Eu fiquei doente, peguei uma gripe muito forte, precisei faltar nas minhas faxinas e ficou difícil”, conta.

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Segundo a prefeitura de Rio Branco, um total de 3.600 famílias são beneficiadas com o programa da Defesa Civil que entrega água em comunidades isoladas e que estão sofrendo com a estiagem. “Houve uma redução de 14% das queimadas urbanas no município de Rio Branco, em relação ao mesmo período do ano passado”, diz a administração.

Prefeitura de Rio Branco lançou a Operação Estiagem com caminhões-pipa para socorrer comunidades rurais onde o serviço de abastecimento de água não chega Foto: Evandro Derze/Prefeitura de Rio Branco

De acordo com a gestão municipal, a operação com caminhões-pipa em locais onde não há rede de abastecimento teve início em 17 de julho e vai se estender até 15 de dezembro para manter essas comunidades abastecidas de água potável. A previsão é de que neste período sejam distribuídos 25 milhões de litros de água.

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O pesquisador ambiental Normando Sales avalia que as mudanças climáticas são cada vez mais sentidas no Estado. Como exemplo, ele cita a situação do Rio Acre, o maior da região da capital, que marcou a menor média da série história iniciada na década de 1970, e registrada diariamente pela Defesa Civil Municipal.

“É uma situação que não dá para segurar. É preciso, rapidamente, fazer um estudo e limitar onde se pode ou não derrubar e produzir”, diz.

O cenário atual contrasta com as enchentes de março e abril. Há pouco mais de quatro meses, o Rio Acre transbordou e atingiu a marca de 17,42 metros, ultrapassado o nível máximo de 14 metros. Mais de 4.300 pessoas ficaram desabrigadas à época.

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Já no início de setembro, segundo boletim da Defesa Civil de Rio Branco, o nível do rio marcava apenas 1,63 metro, o que fez com que as autoridades lançassem um apelo para que a população reduzisse o consumo de água. “Pedimos a todos os nossos usuários que façam bom uso da água, não desperdice. Se vir o vizinho com a caixa derramando, avise a gente ou avise ao vizinho”, disse Enoque Pereira, diretor-presidente do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb). “Haverá penalidades para quem for denunciado desperdiçando água.”

Seca também no interior

A professora Raquel Pessoa, de 35 anos, vive em Cruzeiro do Sul, no interior. A cidade ficou quase 50 dias sem chuva e o Rio Juruá, maior manancial da região, também enfrenta baixa de nível em razão da seca. Assim, o abastecimento de água potável ficou comprometido no bairro onde ela vive com a família, o Cohab.

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“A gente fica sem água e, quando vem, muitas vezes está barrenta, com areia. Só dá para tomar banho e lavar a louça mesmo. A gente acaba tendo de comprar água para fazer comida, e não é barata no carro-pipa”, reclama.

Rio Juruá enfrenta baixa de nível em razão da seca no Acre Foto: João Renato Jácome

Raquel foi outra vítima da Influenza e da dengue. “Fiquei seis dias internada, porque deu muito forte. O hospital aqui está ficando lotado, porque é muita fumaça”, contou.

Em junho, o governo do Acre já havia decretado situação de emergência na Saúde em razão da superlotação dos hospitais causada pelos surtos de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave. A dengue também apresentou aumento de 51% nos casos registrados nos oito primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

Sala de Situação

A Secretaria de Meio Ambiente e das Políticas Indígenas do Acre (Semapi) informou, por meio de nota, que montou uma Sala de Situação onde são realizadas reuniões semanais com órgãos do Comando e Controle para “analisar, monitorar e fiscalizar os ilícitos ambientais, por meio de dados repassados pelo Centro Integrado de Geoprocessamento Ambiental (Cigma), órgão ligado à Semapi”.

Além disso, o governo acreano pontua que as equipes de Educação Ambiental da Semapi e do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) levam às cidades ações de conscientização.

As ações têm surtido efeito, segundo o governo. No último dia 3, a gestão estadual anunciou que reduziu em 47,4% o número de focos de queimadas em agosto 2023, se comparado com o mesmo período em 2022: de 2.638 para 1.388.

Sobre a crise no setor hospitalar, as mortes por influenza já ultrapassam os 260 casos, segundo boletim emitido pela Secretaria de Saúde do Acre.

Se o Rio Grande do Sul ainda sofre com o evento climático mais letal já registrado no Estado devido à passagem de um ciclone, no Acre, região Norte do País, os efeitos do aquecimento global são sentidos de maneira oposta no coração da Amazônia: onda de calor recorde, queimadas que se multiplicam, falta de água potável e proliferação de doenças.

A situação fez o governador Gladson Cameli (PP) decretar emergência no Estado em decorrência da superlotação das unidades de saúde, provocada pela má qualidade do ar. O decreto publicado nesta terça-feira, 19, tem prazo de 90 dias.

“Produções técnicas apresentadas pela Divisão de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde descrevem detalhadamente a situação de extrema criticidade que o Estado do Acre vem passando com relação à qualidade do ar, seca e estiagem, assim como enfatizam a necessidade de tomada de decisões emergentes com o objetivo de evitar aumento na morbimortalidade da população, principalmente da parte que compõe o grupo de risco”, destaca o decreto do governador.

Antes, Cameli já havia decretado emergência ambiental no Estado. Com o agravamento da crise, em agosto o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou o envio da Força Nacional ao Acre para atuar no enfrentamento às queimadas.

Baixo nível dificulta a captação da água do Rio Acre na capital Rio Branco, o maior afluente da região Foto: João Renato Jácome

A capital Rio Branco, por exemplo, não teve nenhum registro de chuva durante todo o mês de julho de acordo com dados da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A temperatura máxima do mês na cidade foi de 38°C, a maior dos últimos 63 anos.

Em Rio Branco, que é a maior cidade do Estado com cerca de 400 mil habitantes, a falta de água na torneira das casas virou rotina devido à estiagem.

A diarista Rosana Trindade, de 56 anos, que mora no bairro Placas, na zona norte da cidade, e é mãe de três crianças, com idades entre oito e 11 anos, precisa comprar água dos caminhões-pipa para conseguir tomar banho e cozinhar. Rosana também foi acometida pela Influenza, e teve o caso agravado por causa da fumaça que paira na cidade.

“Pago em torno de R$ 50 por 1 mil litros de água, mas o dinheiro é curto, a gente tem de economizar. Eu fiquei doente, peguei uma gripe muito forte, precisei faltar nas minhas faxinas e ficou difícil”, conta.

Segundo a prefeitura de Rio Branco, um total de 3.600 famílias são beneficiadas com o programa da Defesa Civil que entrega água em comunidades isoladas e que estão sofrendo com a estiagem. “Houve uma redução de 14% das queimadas urbanas no município de Rio Branco, em relação ao mesmo período do ano passado”, diz a administração.

Prefeitura de Rio Branco lançou a Operação Estiagem com caminhões-pipa para socorrer comunidades rurais onde o serviço de abastecimento de água não chega Foto: Evandro Derze/Prefeitura de Rio Branco

De acordo com a gestão municipal, a operação com caminhões-pipa em locais onde não há rede de abastecimento teve início em 17 de julho e vai se estender até 15 de dezembro para manter essas comunidades abastecidas de água potável. A previsão é de que neste período sejam distribuídos 25 milhões de litros de água.

O pesquisador ambiental Normando Sales avalia que as mudanças climáticas são cada vez mais sentidas no Estado. Como exemplo, ele cita a situação do Rio Acre, o maior da região da capital, que marcou a menor média da série história iniciada na década de 1970, e registrada diariamente pela Defesa Civil Municipal.

“É uma situação que não dá para segurar. É preciso, rapidamente, fazer um estudo e limitar onde se pode ou não derrubar e produzir”, diz.

O cenário atual contrasta com as enchentes de março e abril. Há pouco mais de quatro meses, o Rio Acre transbordou e atingiu a marca de 17,42 metros, ultrapassado o nível máximo de 14 metros. Mais de 4.300 pessoas ficaram desabrigadas à época.

Já no início de setembro, segundo boletim da Defesa Civil de Rio Branco, o nível do rio marcava apenas 1,63 metro, o que fez com que as autoridades lançassem um apelo para que a população reduzisse o consumo de água. “Pedimos a todos os nossos usuários que façam bom uso da água, não desperdice. Se vir o vizinho com a caixa derramando, avise a gente ou avise ao vizinho”, disse Enoque Pereira, diretor-presidente do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb). “Haverá penalidades para quem for denunciado desperdiçando água.”

Seca também no interior

A professora Raquel Pessoa, de 35 anos, vive em Cruzeiro do Sul, no interior. A cidade ficou quase 50 dias sem chuva e o Rio Juruá, maior manancial da região, também enfrenta baixa de nível em razão da seca. Assim, o abastecimento de água potável ficou comprometido no bairro onde ela vive com a família, o Cohab.

“A gente fica sem água e, quando vem, muitas vezes está barrenta, com areia. Só dá para tomar banho e lavar a louça mesmo. A gente acaba tendo de comprar água para fazer comida, e não é barata no carro-pipa”, reclama.

Rio Juruá enfrenta baixa de nível em razão da seca no Acre Foto: João Renato Jácome

Raquel foi outra vítima da Influenza e da dengue. “Fiquei seis dias internada, porque deu muito forte. O hospital aqui está ficando lotado, porque é muita fumaça”, contou.

Em junho, o governo do Acre já havia decretado situação de emergência na Saúde em razão da superlotação dos hospitais causada pelos surtos de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave. A dengue também apresentou aumento de 51% nos casos registrados nos oito primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

Sala de Situação

A Secretaria de Meio Ambiente e das Políticas Indígenas do Acre (Semapi) informou, por meio de nota, que montou uma Sala de Situação onde são realizadas reuniões semanais com órgãos do Comando e Controle para “analisar, monitorar e fiscalizar os ilícitos ambientais, por meio de dados repassados pelo Centro Integrado de Geoprocessamento Ambiental (Cigma), órgão ligado à Semapi”.

Além disso, o governo acreano pontua que as equipes de Educação Ambiental da Semapi e do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) levam às cidades ações de conscientização.

As ações têm surtido efeito, segundo o governo. No último dia 3, a gestão estadual anunciou que reduziu em 47,4% o número de focos de queimadas em agosto 2023, se comparado com o mesmo período em 2022: de 2.638 para 1.388.

Sobre a crise no setor hospitalar, as mortes por influenza já ultrapassam os 260 casos, segundo boletim emitido pela Secretaria de Saúde do Acre.

Se o Rio Grande do Sul ainda sofre com o evento climático mais letal já registrado no Estado devido à passagem de um ciclone, no Acre, região Norte do País, os efeitos do aquecimento global são sentidos de maneira oposta no coração da Amazônia: onda de calor recorde, queimadas que se multiplicam, falta de água potável e proliferação de doenças.

A situação fez o governador Gladson Cameli (PP) decretar emergência no Estado em decorrência da superlotação das unidades de saúde, provocada pela má qualidade do ar. O decreto publicado nesta terça-feira, 19, tem prazo de 90 dias.

“Produções técnicas apresentadas pela Divisão de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde descrevem detalhadamente a situação de extrema criticidade que o Estado do Acre vem passando com relação à qualidade do ar, seca e estiagem, assim como enfatizam a necessidade de tomada de decisões emergentes com o objetivo de evitar aumento na morbimortalidade da população, principalmente da parte que compõe o grupo de risco”, destaca o decreto do governador.

Antes, Cameli já havia decretado emergência ambiental no Estado. Com o agravamento da crise, em agosto o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou o envio da Força Nacional ao Acre para atuar no enfrentamento às queimadas.

Baixo nível dificulta a captação da água do Rio Acre na capital Rio Branco, o maior afluente da região Foto: João Renato Jácome

A capital Rio Branco, por exemplo, não teve nenhum registro de chuva durante todo o mês de julho de acordo com dados da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A temperatura máxima do mês na cidade foi de 38°C, a maior dos últimos 63 anos.

Em Rio Branco, que é a maior cidade do Estado com cerca de 400 mil habitantes, a falta de água na torneira das casas virou rotina devido à estiagem.

A diarista Rosana Trindade, de 56 anos, que mora no bairro Placas, na zona norte da cidade, e é mãe de três crianças, com idades entre oito e 11 anos, precisa comprar água dos caminhões-pipa para conseguir tomar banho e cozinhar. Rosana também foi acometida pela Influenza, e teve o caso agravado por causa da fumaça que paira na cidade.

“Pago em torno de R$ 50 por 1 mil litros de água, mas o dinheiro é curto, a gente tem de economizar. Eu fiquei doente, peguei uma gripe muito forte, precisei faltar nas minhas faxinas e ficou difícil”, conta.

Segundo a prefeitura de Rio Branco, um total de 3.600 famílias são beneficiadas com o programa da Defesa Civil que entrega água em comunidades isoladas e que estão sofrendo com a estiagem. “Houve uma redução de 14% das queimadas urbanas no município de Rio Branco, em relação ao mesmo período do ano passado”, diz a administração.

Prefeitura de Rio Branco lançou a Operação Estiagem com caminhões-pipa para socorrer comunidades rurais onde o serviço de abastecimento de água não chega Foto: Evandro Derze/Prefeitura de Rio Branco

De acordo com a gestão municipal, a operação com caminhões-pipa em locais onde não há rede de abastecimento teve início em 17 de julho e vai se estender até 15 de dezembro para manter essas comunidades abastecidas de água potável. A previsão é de que neste período sejam distribuídos 25 milhões de litros de água.

O pesquisador ambiental Normando Sales avalia que as mudanças climáticas são cada vez mais sentidas no Estado. Como exemplo, ele cita a situação do Rio Acre, o maior da região da capital, que marcou a menor média da série história iniciada na década de 1970, e registrada diariamente pela Defesa Civil Municipal.

“É uma situação que não dá para segurar. É preciso, rapidamente, fazer um estudo e limitar onde se pode ou não derrubar e produzir”, diz.

O cenário atual contrasta com as enchentes de março e abril. Há pouco mais de quatro meses, o Rio Acre transbordou e atingiu a marca de 17,42 metros, ultrapassado o nível máximo de 14 metros. Mais de 4.300 pessoas ficaram desabrigadas à época.

Já no início de setembro, segundo boletim da Defesa Civil de Rio Branco, o nível do rio marcava apenas 1,63 metro, o que fez com que as autoridades lançassem um apelo para que a população reduzisse o consumo de água. “Pedimos a todos os nossos usuários que façam bom uso da água, não desperdice. Se vir o vizinho com a caixa derramando, avise a gente ou avise ao vizinho”, disse Enoque Pereira, diretor-presidente do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb). “Haverá penalidades para quem for denunciado desperdiçando água.”

Seca também no interior

A professora Raquel Pessoa, de 35 anos, vive em Cruzeiro do Sul, no interior. A cidade ficou quase 50 dias sem chuva e o Rio Juruá, maior manancial da região, também enfrenta baixa de nível em razão da seca. Assim, o abastecimento de água potável ficou comprometido no bairro onde ela vive com a família, o Cohab.

“A gente fica sem água e, quando vem, muitas vezes está barrenta, com areia. Só dá para tomar banho e lavar a louça mesmo. A gente acaba tendo de comprar água para fazer comida, e não é barata no carro-pipa”, reclama.

Rio Juruá enfrenta baixa de nível em razão da seca no Acre Foto: João Renato Jácome

Raquel foi outra vítima da Influenza e da dengue. “Fiquei seis dias internada, porque deu muito forte. O hospital aqui está ficando lotado, porque é muita fumaça”, contou.

Em junho, o governo do Acre já havia decretado situação de emergência na Saúde em razão da superlotação dos hospitais causada pelos surtos de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave. A dengue também apresentou aumento de 51% nos casos registrados nos oito primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

Sala de Situação

A Secretaria de Meio Ambiente e das Políticas Indígenas do Acre (Semapi) informou, por meio de nota, que montou uma Sala de Situação onde são realizadas reuniões semanais com órgãos do Comando e Controle para “analisar, monitorar e fiscalizar os ilícitos ambientais, por meio de dados repassados pelo Centro Integrado de Geoprocessamento Ambiental (Cigma), órgão ligado à Semapi”.

Além disso, o governo acreano pontua que as equipes de Educação Ambiental da Semapi e do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) levam às cidades ações de conscientização.

As ações têm surtido efeito, segundo o governo. No último dia 3, a gestão estadual anunciou que reduziu em 47,4% o número de focos de queimadas em agosto 2023, se comparado com o mesmo período em 2022: de 2.638 para 1.388.

Sobre a crise no setor hospitalar, as mortes por influenza já ultrapassam os 260 casos, segundo boletim emitido pela Secretaria de Saúde do Acre.

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