Três integrantes da Defesa Civil de Eldorado do Sul foram afastados temporariamente do órgão por suspeita de desvio de doações para atingidos pelas enchentes que assolam o Rio Grande do Sul. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) deflagrou operação de busca e apreensão depois de receber denúncias de que parte das doações encaminhadas para Eldorado do Sul era entregue somente com o objetivo de contemplar futuros eleitores dos investigados. Dois dos três suspeitos são pré-candidatos nas próximas eleições municipais.
Os mandados foram cumpridos nas casas dos suspeitos, na prefeitura e em depósitos da cidade. Foram apreendidos celulares, documentos e dinheiro. Os crimes apurados são de apropriação indébita, peculato e associação criminosa durante estado de calamidade pública.
Com o afastamento dos servidores, ficou decidido, em conjunto com a prefeitura de Eldorado do Sul, que o Exército passará a assumir a entrega de doações às vítimas da enchente no município. Caberá à Força o recebimento, controle e distribuição de donativos à população.
A cidade foi uma das mais atingidas pelo temporal no Estado. Atingida por uma inundação sem precedentes, a área urbana do município de 40 mil habitantes foi completamente tomada pela enchente, e centenas de carros ficaram abandonados. A população de Eldorado do Sul precisou ser abrigada em outros municípios vizinhos. A cidade, que é banhada pelo Lago Guaíba, fica na margem oposta à de Porto Alegre.
O Rio Grande do Sul vive a maior tragédia climática de sua história, atingido por fortes temporais. Segundo a Defesa Civil estadual, 469 dos 497 municípios gaúchos foram impactados, e mais de 600 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. Ao menos 169 pessoas morreram em consequência das chuvas e outras 56 estão desaparecidas.