A convocação do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, ao Congresso será tema da oposição na última semana do recesso parlamentar. O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), autor de um requerimento de convocação de Passos, insistirá para que a comissão representativa do Congresso vote o pedido.A convocação do ministro precisa contar com o apoio da terça parte dos 8 senadores e 17 deputados que integram a comissão. Registrado na terça-feira da semana passada, o requerimento foi recebido com indiferença pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP)."O afastamento do ex-ministro e outros 17 integrantes do ministério não pode encerrar o caso. O ministro Paulo Sérgio Passos ficou de fazer a faxina nos Transportes e é preciso saber se ele vai usar a vassoura para varrer a si mesmo", disse ontem Duarte Nogueira, que cobrará hoje de Sarney a convocação de Passos. "Há indícios grandes de que as irregularidades não foram sanadas e o ministro não convenceu de que não esteve envolvido", completou.Suspeitas de irregularidades em contratos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e da Valec, estatal responsável pelas ferrovias, provocaram as demissões e a suspensão de novos contratos. Até agora, o ministério não anunciou o que fará para prevenir novas irregularidades, como a profusão de aditivos contratuais que elevam os valores gastos.O líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP), ironizou a manobra da oposição de convocar o ministro no recesso parlamentar. "Não vou mobilizar ninguém da base", ironizou.Vaccarezza também minimizou a ameaça de congressistas da oposição de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os Transportes. Segundo ele, a oposição promete investigações desde fevereiro, sem nunca conseguir o número de votos suficientes para iniciar o procedimento.A decisão da presidente Dilma Rousseff de demitir dirigentes do Dnit e da Valec não deve criar problemas na coalizão governista, segundo Vaccarezza. "A presidente tomou medidas duras no tempo certo", afirmou. Até semana passada, o número de afastados chegou a 18, incluindo o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR). Segundo Vaccarezza, o objetivo da "faxina" é esclarecer suspeitas e não atacar o PR, que comanda o setor desde o governo Lula. "O PR é um grande aliado. Uma coisa é o indivíduo que é responsável por um ato. O partido não pode ser culpado."