A escolha do Chile, anunciada em setembro deste ano, como sede para o primeiro centro de dados do Google na América Latina acirrou a disputa entre os países da região pelo título de Vale do Silício "regional". O original, na Califórnia, é há muito tempo conhecido por abrigar as principais empresas de tecnologia do mundo, que encontram ali o ambiente necessário para não só atrair talentos como gerar negócios em potencial. Em busca do novo polo de inovação da América Latina, a BBC Mundo, site em espanhol da BBC, fez uma lista dos possíveis candidatos ao posto. Confira. Chile "O Chile explora a fraqueza do Vale do Silício original: o terrível sistema de imigração dos Estados Unidos", informou recentemente a revista britânica The Economist. As restrições de imigração dos EUA tornam difícil para muitos estrangeiros fundar uma empresa ou trabalhar no país. O Chile, no entanto, abriu suas portas para aqueles que procuram inovar em tecnologia. O governo do Chile tem um programa, intitulado "Start-up", que dá as boas-vindas a empresários estrangeiros e os ajuda a estabelecer uma empresa com facilidade. O programa espera conseguir ajudar a fundar 1 mil novas empresas até o fim de 2013. O orçamento da iniciativa é de US$ 40 milhões (R$ 80 milhões). O Kwelia, um software para ajudar os investidores do ramo imobiliário a tomar melhores decisões, o Chef Surf, serviço de ofertas de emprego para chefs, e o Kedzoh, um aplicativo para treinamento em empresas são alguns dos exemplos de start-ups mencionados pela Economist. Lorenzo Villegas, consultor de comunicação da Colômbia, destaca a decisão do Google de ter escolhido o país para abrigar um de seus centros de processamento de dados. A companhia americana afirmou que escolheu o Chile por causa de sua infraestrutura confiável e da mão de obra qualificada. O principal calcanhar de aquiles do Chile neste campo, de acordo com a The Economist, é que as start-ups não nascem nas universidades nem há investidores locais suficientes para apoiá-los. Além disso, assim como em outros países da América Latina, os oligopólios empresariais e a burocracia extremamente conservadora retardam a inovação, acrescentou a revista. Colômbia Recentemente, o blog especializado em tecnologia TechCrunch fez a seguinte pergunta: "Há algum candidato para o posto de "Vale do Silício da América latina"? O próprio site veio com a resposta: "Os fundadores do novo espaço de trabalho compartilhado, chamado "Espacio", tentam fazer de Medellín, na Colômbia, o candidato ideal". Segundo o consultor Lorenzo Villegas, a Colômbia "teve a iniciativa de se converter em um centro de inovação no continente e aproveitou seu posicionamento estratégico, que lhe permitiu estar conectada sem depender dos Estados Unidos". O país também tem destinado investimentos vultosos para laboratórios de inovação que desenvolvam aplicativos e possui planos de prover banda larga a todas as cidades com sistemas de fibra ótica. Brasil O Brasil está preparando um programa de apoio à inovação na Internet semelhante ao já existente no Chile. Na prática, o país já conta com vários pequenos "Vales do Silício". No bairro da Vila Madalena, em São Paulo, há incontáveis centros de aprendizagem e inovação na Internet, alguns deles apoiados por escolas de prestígio do setor. Recife, em Pernambuco, também tem chamado atenção pelo 'Porto Digital', uma pequena ilha onde Motorola, Microsoft e Ericsson, entre outras empresas, têm centros de treinamento instalados, em parte, devido aos impostos mais baixos. A Universidade Federal de Pernambuco também conta com um grande programa na área da ciência. De Florianópolis, em Santa Catarina, saíram experimentos pioneiros, como o Bafômetro e também o Taikodom, um jogo premiado pela interação proporcionada pela Internet. A capital catarinense também abriga o Parque Sapiens, um empreendimento de US$ 1,3 milhão (R$ 2,6 milhões) do governo brasileiro para promover a ciência e tecnologia no país. Argentina Mais de 250 empresas de tecnologia estão sediadas em Córdoba, a segunda maior cidade da Argentina, incluindo a Electronic Data Systems e a IBM, duas das maiores do mundo. "Em seis anos, Córdoba se tornou o centro de tecnologias de informação mais dinâmico da América Latina, com a transferência da Motorola para cá, em 2001", disse Jorge Mansilla, secretário de Comércio da província, à agência de notícias Reuters. Córdoba é tradicionalmente uma cidade universitária. Além disso, um programa governamental que recolhe menos impostos de start-ups de tecnologia durante seus primeiros 20 anos de vida acabou por transformar a cidade em um polo de atração para empresas do setor. Já companhias como a BlackBerry, HP e Motorola tem plantas de produção na ilha da Terra do Fogo. "A produção da ilha tem uma vantagem de cerca de 30% em relação ao que é produzido no continente, incluindo isenções ou descontos do IVA e os impostos especiais de consumo", informou a revista América Economía. Costa Rica Companhias como Intel, IBM, Oracle e Amazon têm centros de pesquisa no Vale Central da Costa Rica. Nos últimos anos, o país da América Central tornou-se um exportador de produtos de tecnologia. Em entrevista ao canal de televisão americano CNN, o diretor de pesquisa e desenvolvimento da Hewlett Packard (HP) disse que escolheu o país como sua sede na América Latina graças à mão de obra qualificada e à proximidade com a Califórnia. As zonas francas, como a Ultrapark ParqueTec, foram desenvolvidos em pouco mais de uma década para abrigar todas essas empresas. México O Centro de Software em Guadalajara abriga 35 empresas de desenvolvimento de software que geram cerca de 700 empregos diretos e indiretos. O maior centro de design da Intel na América Latina também fica na cidade. Durante uma conferência em fevereiro deste ano, o presidente do México, Felipe Calderón, disse esperar que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) na área de tecnologia atinja US$ 10 bilhões (R$ 20 bilhões). A proximidade do país com os EUA tem elevado o montante de investimentos internacionais em tecnologia na economia mexicana. Outras razões pelas quais as companhias investem em Guadalajara, de acordo com Raymundo Campos-Vázquez, professor da Universidade de Berkeley, na Califórnia, são o enorme tamanho do mercado mexicano e a existência do tratado de livre comércio com os Estados Unidos (Nafta) que reduz custos. 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