Panorama visto de uma nova ponte


Obra sobre o Rio Pinheiros terá mastro com 138 metros de altura

Por Daniel Piza

No começo parecia que seria mais uma ponte em São Paulo, com o habitual aspecto de um minhocão de concreto suspenso sobre nossas cabeças. Mas agora já se vê que não é bem assim. Depois de desembocar na Marginal do Pinheiros ao contornar a curva sob a Ponte Ary Torres e acompanhar o "skyline" do outro lado, o que o cidadão encontra é uma obra atraente e enorme, que rapidamente avança para sua fase final: a Ponte Estaiada Jornalista Roberto Marinho. Veja galeria de fotos O mastro dela é como um prendedor ou pinça gigante em pé, da qual desce como cordas de uma harpa uma série de cabos amarelos - os "estais" - que suspendem duas pontes em curva, as quais se cruzam como num laço sobre o Rio Pinheiros. A altura dessa obra inédita no Brasil, que deve ser inaugurada em março de 2008, chegará a 138 metros, equivalente à de um arranha-céu - e fará dela um marco urbano que perde em dimensão apenas para alguns edifícios de São Paulo, como o Mirante do Vale, o Itália e o Banespa (veja arte). No momento, a obra já está a 120 metros de altura. Daqui do alto, São Paulo parece moderna, bonita e até organizada. Dá para esquecer por uns momentos o implacável fedor do Rio Pinheiros, coberto por uma lâmina viscosa e escura que parece petróleo, na qual bóiam PETs e outras espécies de lixos. Dá até para não pensar na utilidade ainda parcial dessa ponte, cuja função maior será atenuar o tráfego da Avenida Bandeirantes, levando caminhões e carros para o litoral por meio da Avenida Roberto Marinho, ex-Água Espraiada - o que só acontecerá quando esta for estendida até a Imigrantes (leia nesta página). Do alto desta ponte, 30 anos de ocupação nos contemplam. Foi 1978 que foi erguido pela construtora Bratke-Collet o primeiro prédio da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, paralela à Marginal (ou Avenida Nações Unidas), dando início a uma explosão imobiliária bem ao estilo da cidade, com rapidez e sem planejamento. Logo subiram dezenas de outros, todos grandes e arrojados, com arquitetura pós-moderna, da Bolsa de Imóveis (o "Robocop") aos hotéis Hyatt e Meliá, da TV Globo a Nestlé e WTC, assinados por famosos como Ruy Ohtake e Júlio Neves; o mais alto é o do logo da Terra, de 110 metros. Do topo do mastro é possível contar pelo menos seis prédios em construção deste lado do rio até a altura da Usina de Traição, 2,5 quilômetros adiante. Do outro, destaca-se mais uma obra ambiciosa, a do Cidade Jardim, um conjunto que reúne um shopping center, três torres residenciais e três comerciais. Tudo se espraiou por esta região da zona sul sem contar com infra-estrutura adequada de vias locais - muito estreitas e sinuosas -, serviços e urbanização. Aos poucos, porém, a necessidade foi gerando alguma ordem. Hoje é como se São Paulo tivesse ganhado um novo centro, uma versão "pontocom" do que a Avenida Paulista representou entre os anos 50 e 80 do século 20. A construção da ponte, iniciada em 2003, tem esse sentido. Quando estiver pronta, vai somar muito a este novo cartão-postal da cidade - principalmente à noite, quando estiver iluminada por um fileira de holofotes que lançarão uma luz amarelada para cima, segundo o projetista da ponte, João Valente. Não por acaso, a TV Globo já construiu ali, no topo de um prédio recentemente erguido com dez andares e uma antena, um "glass studio", um estúdio de vidro que usará a ponte estaiada e o "skyline" da Nações Unidas como cenário. Um dos 407 funcionários que a OAS emprega na obra, João Liberato de Araújo, de 34 anos, não vê a hora de ver a obra na TV. Enquanto monta a armação da ferragem, ele conta que já fez viaduto de 50 metros de altura e trabalhou na barragem de Paulo Afonso, na Bahia, mas nada comparável com esta ponte. "Quando fui chamado, não sabia que ia subir tão alto." Agora faz o turno das 8 às 17 horas a 120 metros de altura e diz não sentir cansaço nem medo. Estamos numa das extremidades do mastro, constituído de duas estruturas que se erguem lado a lado, unidas por duas vigas na região inferior e por apenas mais uma laje na superior (veja ilustração). Aqui na ponta em "V", aonde se chega por um elevador que sobe em diagonal e mais três lances de escada, trabalham nada menos que 36 homens. Tarcísio Monte, de 45 anos, e Gildo Carneiro, de 28 anos, são os responsáveis pela segurança do trabalho. Mostram todas as precauções tomadas, como a corda à cintura de Araújo, capaz de sustentar 7 toneladas caso a "mesa" - a plataforma de madeira presa a uma forma de ferro trepante - se desprenda. "Não tivemos nenhum acidente", diz Tarcísio. Quando terminarem o topo do mastro, esses trabalhadores vão descer para ajudar na continuação das pistas. O sistema de construção é chamado de "balanços sucessivos": a ponte é feita em etapas, como se fossem gomos de concreto - as "aduelas" - acoplados por uma treliça metálica deslizante. Esta é avançada por macacos de pressão que a fazem correr por cima e por baixo. Na base dela os funcionários ficam em pé para puxar as ferragens e concretar o espaço todo. Em seguida, mais um par dos 144 cabos estais - um cilindro com um feixe de 15 a 25 cordoalhas e revestido com a bainha de polietileno amarela - é fixado nas bordas, para que haja sustentação para a aduela seguinte. Cada pista tem 19 aduelas de cada lado a partir do mastro, num total de 76; até agora já foram concretadas 24. O engenheiro responsável pela obra, Edward Zeppo Boretto, e o gerente, Norberto Duran, ambos da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), afirmam que o cronograma está sendo cumprido. A única possibilidade de atraso está na licitação de uns cabos de tensão importados, mas até meados de 2008 a ponte estará concluída. A obra tem envolvido turnos de trabalho até as 3 horas da madrugada. Outra curiosidade é que o design dela, que já é motivo de palestras e artigos, inclusive em ambiente acadêmico, nasceu do número grande de problemas a resolver. Era preciso escoar trânsito de um lado para outro da avenida e nos dois sentidos, mas sem avançar demais no ambiente urbano. João Valente teve então a idéia de fazer a ponte estaiada com duas pistas inclinadas em curva, um tipo de ponte ainda não executado na América Latina. É um desafio de engenharia porque a pista em curva exige cálculos diferentes para cada um dos cabos estais; e o fato de serem duas pistas exigiu o mastro alto e dividido longitudinalmente. Assim a obra fugiu do padrão tradicional das pontes paulistanas, fixadas com pilastras no leito do rio e completadas por alças para ambas as direções em cada extremidade. Valente diz ter se inspirado numa passarela do grande arquiteto catalão Santiago Calatrava, entre outros, para deixar o desenho do mastro mais elegante e contemporâneo, como o entorno pedia. E a decisão de usar o amarelo decorreu também do entrelaçamento visual dos estais, em virtude do cruzamento entre as pistas: se fosse uma cor escura, a impressão que se teria ficaria meio "suja"; com o amarelo, cria-se uma espécie de névoa alegre. Edmílson Feitosa de Oliveira, de 40 anos, encarregado da carpintaria no topo da obra - onde se estuda construir um mirante para acesso dos pedestres -, gostou do amarelo. Faltando 18 metros para concluir o mastro, ou menos de dois meses, ele já comemora o novo item do currículo. Para os quatro filhos, conta todo dia como vai a obra, que considera um trabalho de "coragem". De macacão azul, luvas e capacete, explica o orgulho com uma frase que poderia ser de um atleta olímpico: "Minha meta era chegar ao topo."

No começo parecia que seria mais uma ponte em São Paulo, com o habitual aspecto de um minhocão de concreto suspenso sobre nossas cabeças. Mas agora já se vê que não é bem assim. Depois de desembocar na Marginal do Pinheiros ao contornar a curva sob a Ponte Ary Torres e acompanhar o "skyline" do outro lado, o que o cidadão encontra é uma obra atraente e enorme, que rapidamente avança para sua fase final: a Ponte Estaiada Jornalista Roberto Marinho. Veja galeria de fotos O mastro dela é como um prendedor ou pinça gigante em pé, da qual desce como cordas de uma harpa uma série de cabos amarelos - os "estais" - que suspendem duas pontes em curva, as quais se cruzam como num laço sobre o Rio Pinheiros. A altura dessa obra inédita no Brasil, que deve ser inaugurada em março de 2008, chegará a 138 metros, equivalente à de um arranha-céu - e fará dela um marco urbano que perde em dimensão apenas para alguns edifícios de São Paulo, como o Mirante do Vale, o Itália e o Banespa (veja arte). No momento, a obra já está a 120 metros de altura. Daqui do alto, São Paulo parece moderna, bonita e até organizada. Dá para esquecer por uns momentos o implacável fedor do Rio Pinheiros, coberto por uma lâmina viscosa e escura que parece petróleo, na qual bóiam PETs e outras espécies de lixos. Dá até para não pensar na utilidade ainda parcial dessa ponte, cuja função maior será atenuar o tráfego da Avenida Bandeirantes, levando caminhões e carros para o litoral por meio da Avenida Roberto Marinho, ex-Água Espraiada - o que só acontecerá quando esta for estendida até a Imigrantes (leia nesta página). Do alto desta ponte, 30 anos de ocupação nos contemplam. Foi 1978 que foi erguido pela construtora Bratke-Collet o primeiro prédio da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, paralela à Marginal (ou Avenida Nações Unidas), dando início a uma explosão imobiliária bem ao estilo da cidade, com rapidez e sem planejamento. Logo subiram dezenas de outros, todos grandes e arrojados, com arquitetura pós-moderna, da Bolsa de Imóveis (o "Robocop") aos hotéis Hyatt e Meliá, da TV Globo a Nestlé e WTC, assinados por famosos como Ruy Ohtake e Júlio Neves; o mais alto é o do logo da Terra, de 110 metros. Do topo do mastro é possível contar pelo menos seis prédios em construção deste lado do rio até a altura da Usina de Traição, 2,5 quilômetros adiante. Do outro, destaca-se mais uma obra ambiciosa, a do Cidade Jardim, um conjunto que reúne um shopping center, três torres residenciais e três comerciais. Tudo se espraiou por esta região da zona sul sem contar com infra-estrutura adequada de vias locais - muito estreitas e sinuosas -, serviços e urbanização. Aos poucos, porém, a necessidade foi gerando alguma ordem. Hoje é como se São Paulo tivesse ganhado um novo centro, uma versão "pontocom" do que a Avenida Paulista representou entre os anos 50 e 80 do século 20. A construção da ponte, iniciada em 2003, tem esse sentido. Quando estiver pronta, vai somar muito a este novo cartão-postal da cidade - principalmente à noite, quando estiver iluminada por um fileira de holofotes que lançarão uma luz amarelada para cima, segundo o projetista da ponte, João Valente. Não por acaso, a TV Globo já construiu ali, no topo de um prédio recentemente erguido com dez andares e uma antena, um "glass studio", um estúdio de vidro que usará a ponte estaiada e o "skyline" da Nações Unidas como cenário. Um dos 407 funcionários que a OAS emprega na obra, João Liberato de Araújo, de 34 anos, não vê a hora de ver a obra na TV. Enquanto monta a armação da ferragem, ele conta que já fez viaduto de 50 metros de altura e trabalhou na barragem de Paulo Afonso, na Bahia, mas nada comparável com esta ponte. "Quando fui chamado, não sabia que ia subir tão alto." Agora faz o turno das 8 às 17 horas a 120 metros de altura e diz não sentir cansaço nem medo. Estamos numa das extremidades do mastro, constituído de duas estruturas que se erguem lado a lado, unidas por duas vigas na região inferior e por apenas mais uma laje na superior (veja ilustração). Aqui na ponta em "V", aonde se chega por um elevador que sobe em diagonal e mais três lances de escada, trabalham nada menos que 36 homens. Tarcísio Monte, de 45 anos, e Gildo Carneiro, de 28 anos, são os responsáveis pela segurança do trabalho. Mostram todas as precauções tomadas, como a corda à cintura de Araújo, capaz de sustentar 7 toneladas caso a "mesa" - a plataforma de madeira presa a uma forma de ferro trepante - se desprenda. "Não tivemos nenhum acidente", diz Tarcísio. Quando terminarem o topo do mastro, esses trabalhadores vão descer para ajudar na continuação das pistas. O sistema de construção é chamado de "balanços sucessivos": a ponte é feita em etapas, como se fossem gomos de concreto - as "aduelas" - acoplados por uma treliça metálica deslizante. Esta é avançada por macacos de pressão que a fazem correr por cima e por baixo. Na base dela os funcionários ficam em pé para puxar as ferragens e concretar o espaço todo. Em seguida, mais um par dos 144 cabos estais - um cilindro com um feixe de 15 a 25 cordoalhas e revestido com a bainha de polietileno amarela - é fixado nas bordas, para que haja sustentação para a aduela seguinte. Cada pista tem 19 aduelas de cada lado a partir do mastro, num total de 76; até agora já foram concretadas 24. O engenheiro responsável pela obra, Edward Zeppo Boretto, e o gerente, Norberto Duran, ambos da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), afirmam que o cronograma está sendo cumprido. A única possibilidade de atraso está na licitação de uns cabos de tensão importados, mas até meados de 2008 a ponte estará concluída. A obra tem envolvido turnos de trabalho até as 3 horas da madrugada. Outra curiosidade é que o design dela, que já é motivo de palestras e artigos, inclusive em ambiente acadêmico, nasceu do número grande de problemas a resolver. Era preciso escoar trânsito de um lado para outro da avenida e nos dois sentidos, mas sem avançar demais no ambiente urbano. João Valente teve então a idéia de fazer a ponte estaiada com duas pistas inclinadas em curva, um tipo de ponte ainda não executado na América Latina. É um desafio de engenharia porque a pista em curva exige cálculos diferentes para cada um dos cabos estais; e o fato de serem duas pistas exigiu o mastro alto e dividido longitudinalmente. Assim a obra fugiu do padrão tradicional das pontes paulistanas, fixadas com pilastras no leito do rio e completadas por alças para ambas as direções em cada extremidade. Valente diz ter se inspirado numa passarela do grande arquiteto catalão Santiago Calatrava, entre outros, para deixar o desenho do mastro mais elegante e contemporâneo, como o entorno pedia. E a decisão de usar o amarelo decorreu também do entrelaçamento visual dos estais, em virtude do cruzamento entre as pistas: se fosse uma cor escura, a impressão que se teria ficaria meio "suja"; com o amarelo, cria-se uma espécie de névoa alegre. Edmílson Feitosa de Oliveira, de 40 anos, encarregado da carpintaria no topo da obra - onde se estuda construir um mirante para acesso dos pedestres -, gostou do amarelo. Faltando 18 metros para concluir o mastro, ou menos de dois meses, ele já comemora o novo item do currículo. Para os quatro filhos, conta todo dia como vai a obra, que considera um trabalho de "coragem". De macacão azul, luvas e capacete, explica o orgulho com uma frase que poderia ser de um atleta olímpico: "Minha meta era chegar ao topo."

No começo parecia que seria mais uma ponte em São Paulo, com o habitual aspecto de um minhocão de concreto suspenso sobre nossas cabeças. Mas agora já se vê que não é bem assim. Depois de desembocar na Marginal do Pinheiros ao contornar a curva sob a Ponte Ary Torres e acompanhar o "skyline" do outro lado, o que o cidadão encontra é uma obra atraente e enorme, que rapidamente avança para sua fase final: a Ponte Estaiada Jornalista Roberto Marinho. Veja galeria de fotos O mastro dela é como um prendedor ou pinça gigante em pé, da qual desce como cordas de uma harpa uma série de cabos amarelos - os "estais" - que suspendem duas pontes em curva, as quais se cruzam como num laço sobre o Rio Pinheiros. A altura dessa obra inédita no Brasil, que deve ser inaugurada em março de 2008, chegará a 138 metros, equivalente à de um arranha-céu - e fará dela um marco urbano que perde em dimensão apenas para alguns edifícios de São Paulo, como o Mirante do Vale, o Itália e o Banespa (veja arte). No momento, a obra já está a 120 metros de altura. Daqui do alto, São Paulo parece moderna, bonita e até organizada. Dá para esquecer por uns momentos o implacável fedor do Rio Pinheiros, coberto por uma lâmina viscosa e escura que parece petróleo, na qual bóiam PETs e outras espécies de lixos. Dá até para não pensar na utilidade ainda parcial dessa ponte, cuja função maior será atenuar o tráfego da Avenida Bandeirantes, levando caminhões e carros para o litoral por meio da Avenida Roberto Marinho, ex-Água Espraiada - o que só acontecerá quando esta for estendida até a Imigrantes (leia nesta página). Do alto desta ponte, 30 anos de ocupação nos contemplam. Foi 1978 que foi erguido pela construtora Bratke-Collet o primeiro prédio da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, paralela à Marginal (ou Avenida Nações Unidas), dando início a uma explosão imobiliária bem ao estilo da cidade, com rapidez e sem planejamento. Logo subiram dezenas de outros, todos grandes e arrojados, com arquitetura pós-moderna, da Bolsa de Imóveis (o "Robocop") aos hotéis Hyatt e Meliá, da TV Globo a Nestlé e WTC, assinados por famosos como Ruy Ohtake e Júlio Neves; o mais alto é o do logo da Terra, de 110 metros. Do topo do mastro é possível contar pelo menos seis prédios em construção deste lado do rio até a altura da Usina de Traição, 2,5 quilômetros adiante. Do outro, destaca-se mais uma obra ambiciosa, a do Cidade Jardim, um conjunto que reúne um shopping center, três torres residenciais e três comerciais. Tudo se espraiou por esta região da zona sul sem contar com infra-estrutura adequada de vias locais - muito estreitas e sinuosas -, serviços e urbanização. Aos poucos, porém, a necessidade foi gerando alguma ordem. Hoje é como se São Paulo tivesse ganhado um novo centro, uma versão "pontocom" do que a Avenida Paulista representou entre os anos 50 e 80 do século 20. A construção da ponte, iniciada em 2003, tem esse sentido. Quando estiver pronta, vai somar muito a este novo cartão-postal da cidade - principalmente à noite, quando estiver iluminada por um fileira de holofotes que lançarão uma luz amarelada para cima, segundo o projetista da ponte, João Valente. Não por acaso, a TV Globo já construiu ali, no topo de um prédio recentemente erguido com dez andares e uma antena, um "glass studio", um estúdio de vidro que usará a ponte estaiada e o "skyline" da Nações Unidas como cenário. Um dos 407 funcionários que a OAS emprega na obra, João Liberato de Araújo, de 34 anos, não vê a hora de ver a obra na TV. Enquanto monta a armação da ferragem, ele conta que já fez viaduto de 50 metros de altura e trabalhou na barragem de Paulo Afonso, na Bahia, mas nada comparável com esta ponte. "Quando fui chamado, não sabia que ia subir tão alto." Agora faz o turno das 8 às 17 horas a 120 metros de altura e diz não sentir cansaço nem medo. Estamos numa das extremidades do mastro, constituído de duas estruturas que se erguem lado a lado, unidas por duas vigas na região inferior e por apenas mais uma laje na superior (veja ilustração). Aqui na ponta em "V", aonde se chega por um elevador que sobe em diagonal e mais três lances de escada, trabalham nada menos que 36 homens. Tarcísio Monte, de 45 anos, e Gildo Carneiro, de 28 anos, são os responsáveis pela segurança do trabalho. Mostram todas as precauções tomadas, como a corda à cintura de Araújo, capaz de sustentar 7 toneladas caso a "mesa" - a plataforma de madeira presa a uma forma de ferro trepante - se desprenda. "Não tivemos nenhum acidente", diz Tarcísio. Quando terminarem o topo do mastro, esses trabalhadores vão descer para ajudar na continuação das pistas. O sistema de construção é chamado de "balanços sucessivos": a ponte é feita em etapas, como se fossem gomos de concreto - as "aduelas" - acoplados por uma treliça metálica deslizante. Esta é avançada por macacos de pressão que a fazem correr por cima e por baixo. Na base dela os funcionários ficam em pé para puxar as ferragens e concretar o espaço todo. Em seguida, mais um par dos 144 cabos estais - um cilindro com um feixe de 15 a 25 cordoalhas e revestido com a bainha de polietileno amarela - é fixado nas bordas, para que haja sustentação para a aduela seguinte. Cada pista tem 19 aduelas de cada lado a partir do mastro, num total de 76; até agora já foram concretadas 24. O engenheiro responsável pela obra, Edward Zeppo Boretto, e o gerente, Norberto Duran, ambos da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), afirmam que o cronograma está sendo cumprido. A única possibilidade de atraso está na licitação de uns cabos de tensão importados, mas até meados de 2008 a ponte estará concluída. A obra tem envolvido turnos de trabalho até as 3 horas da madrugada. Outra curiosidade é que o design dela, que já é motivo de palestras e artigos, inclusive em ambiente acadêmico, nasceu do número grande de problemas a resolver. Era preciso escoar trânsito de um lado para outro da avenida e nos dois sentidos, mas sem avançar demais no ambiente urbano. João Valente teve então a idéia de fazer a ponte estaiada com duas pistas inclinadas em curva, um tipo de ponte ainda não executado na América Latina. É um desafio de engenharia porque a pista em curva exige cálculos diferentes para cada um dos cabos estais; e o fato de serem duas pistas exigiu o mastro alto e dividido longitudinalmente. Assim a obra fugiu do padrão tradicional das pontes paulistanas, fixadas com pilastras no leito do rio e completadas por alças para ambas as direções em cada extremidade. Valente diz ter se inspirado numa passarela do grande arquiteto catalão Santiago Calatrava, entre outros, para deixar o desenho do mastro mais elegante e contemporâneo, como o entorno pedia. E a decisão de usar o amarelo decorreu também do entrelaçamento visual dos estais, em virtude do cruzamento entre as pistas: se fosse uma cor escura, a impressão que se teria ficaria meio "suja"; com o amarelo, cria-se uma espécie de névoa alegre. Edmílson Feitosa de Oliveira, de 40 anos, encarregado da carpintaria no topo da obra - onde se estuda construir um mirante para acesso dos pedestres -, gostou do amarelo. Faltando 18 metros para concluir o mastro, ou menos de dois meses, ele já comemora o novo item do currículo. Para os quatro filhos, conta todo dia como vai a obra, que considera um trabalho de "coragem". De macacão azul, luvas e capacete, explica o orgulho com uma frase que poderia ser de um atleta olímpico: "Minha meta era chegar ao topo."

No começo parecia que seria mais uma ponte em São Paulo, com o habitual aspecto de um minhocão de concreto suspenso sobre nossas cabeças. Mas agora já se vê que não é bem assim. Depois de desembocar na Marginal do Pinheiros ao contornar a curva sob a Ponte Ary Torres e acompanhar o "skyline" do outro lado, o que o cidadão encontra é uma obra atraente e enorme, que rapidamente avança para sua fase final: a Ponte Estaiada Jornalista Roberto Marinho. Veja galeria de fotos O mastro dela é como um prendedor ou pinça gigante em pé, da qual desce como cordas de uma harpa uma série de cabos amarelos - os "estais" - que suspendem duas pontes em curva, as quais se cruzam como num laço sobre o Rio Pinheiros. A altura dessa obra inédita no Brasil, que deve ser inaugurada em março de 2008, chegará a 138 metros, equivalente à de um arranha-céu - e fará dela um marco urbano que perde em dimensão apenas para alguns edifícios de São Paulo, como o Mirante do Vale, o Itália e o Banespa (veja arte). No momento, a obra já está a 120 metros de altura. Daqui do alto, São Paulo parece moderna, bonita e até organizada. Dá para esquecer por uns momentos o implacável fedor do Rio Pinheiros, coberto por uma lâmina viscosa e escura que parece petróleo, na qual bóiam PETs e outras espécies de lixos. Dá até para não pensar na utilidade ainda parcial dessa ponte, cuja função maior será atenuar o tráfego da Avenida Bandeirantes, levando caminhões e carros para o litoral por meio da Avenida Roberto Marinho, ex-Água Espraiada - o que só acontecerá quando esta for estendida até a Imigrantes (leia nesta página). Do alto desta ponte, 30 anos de ocupação nos contemplam. Foi 1978 que foi erguido pela construtora Bratke-Collet o primeiro prédio da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, paralela à Marginal (ou Avenida Nações Unidas), dando início a uma explosão imobiliária bem ao estilo da cidade, com rapidez e sem planejamento. Logo subiram dezenas de outros, todos grandes e arrojados, com arquitetura pós-moderna, da Bolsa de Imóveis (o "Robocop") aos hotéis Hyatt e Meliá, da TV Globo a Nestlé e WTC, assinados por famosos como Ruy Ohtake e Júlio Neves; o mais alto é o do logo da Terra, de 110 metros. Do topo do mastro é possível contar pelo menos seis prédios em construção deste lado do rio até a altura da Usina de Traição, 2,5 quilômetros adiante. Do outro, destaca-se mais uma obra ambiciosa, a do Cidade Jardim, um conjunto que reúne um shopping center, três torres residenciais e três comerciais. Tudo se espraiou por esta região da zona sul sem contar com infra-estrutura adequada de vias locais - muito estreitas e sinuosas -, serviços e urbanização. Aos poucos, porém, a necessidade foi gerando alguma ordem. Hoje é como se São Paulo tivesse ganhado um novo centro, uma versão "pontocom" do que a Avenida Paulista representou entre os anos 50 e 80 do século 20. A construção da ponte, iniciada em 2003, tem esse sentido. Quando estiver pronta, vai somar muito a este novo cartão-postal da cidade - principalmente à noite, quando estiver iluminada por um fileira de holofotes que lançarão uma luz amarelada para cima, segundo o projetista da ponte, João Valente. Não por acaso, a TV Globo já construiu ali, no topo de um prédio recentemente erguido com dez andares e uma antena, um "glass studio", um estúdio de vidro que usará a ponte estaiada e o "skyline" da Nações Unidas como cenário. Um dos 407 funcionários que a OAS emprega na obra, João Liberato de Araújo, de 34 anos, não vê a hora de ver a obra na TV. Enquanto monta a armação da ferragem, ele conta que já fez viaduto de 50 metros de altura e trabalhou na barragem de Paulo Afonso, na Bahia, mas nada comparável com esta ponte. "Quando fui chamado, não sabia que ia subir tão alto." Agora faz o turno das 8 às 17 horas a 120 metros de altura e diz não sentir cansaço nem medo. Estamos numa das extremidades do mastro, constituído de duas estruturas que se erguem lado a lado, unidas por duas vigas na região inferior e por apenas mais uma laje na superior (veja ilustração). Aqui na ponta em "V", aonde se chega por um elevador que sobe em diagonal e mais três lances de escada, trabalham nada menos que 36 homens. Tarcísio Monte, de 45 anos, e Gildo Carneiro, de 28 anos, são os responsáveis pela segurança do trabalho. Mostram todas as precauções tomadas, como a corda à cintura de Araújo, capaz de sustentar 7 toneladas caso a "mesa" - a plataforma de madeira presa a uma forma de ferro trepante - se desprenda. "Não tivemos nenhum acidente", diz Tarcísio. Quando terminarem o topo do mastro, esses trabalhadores vão descer para ajudar na continuação das pistas. O sistema de construção é chamado de "balanços sucessivos": a ponte é feita em etapas, como se fossem gomos de concreto - as "aduelas" - acoplados por uma treliça metálica deslizante. Esta é avançada por macacos de pressão que a fazem correr por cima e por baixo. Na base dela os funcionários ficam em pé para puxar as ferragens e concretar o espaço todo. Em seguida, mais um par dos 144 cabos estais - um cilindro com um feixe de 15 a 25 cordoalhas e revestido com a bainha de polietileno amarela - é fixado nas bordas, para que haja sustentação para a aduela seguinte. Cada pista tem 19 aduelas de cada lado a partir do mastro, num total de 76; até agora já foram concretadas 24. O engenheiro responsável pela obra, Edward Zeppo Boretto, e o gerente, Norberto Duran, ambos da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), afirmam que o cronograma está sendo cumprido. A única possibilidade de atraso está na licitação de uns cabos de tensão importados, mas até meados de 2008 a ponte estará concluída. A obra tem envolvido turnos de trabalho até as 3 horas da madrugada. Outra curiosidade é que o design dela, que já é motivo de palestras e artigos, inclusive em ambiente acadêmico, nasceu do número grande de problemas a resolver. Era preciso escoar trânsito de um lado para outro da avenida e nos dois sentidos, mas sem avançar demais no ambiente urbano. João Valente teve então a idéia de fazer a ponte estaiada com duas pistas inclinadas em curva, um tipo de ponte ainda não executado na América Latina. É um desafio de engenharia porque a pista em curva exige cálculos diferentes para cada um dos cabos estais; e o fato de serem duas pistas exigiu o mastro alto e dividido longitudinalmente. Assim a obra fugiu do padrão tradicional das pontes paulistanas, fixadas com pilastras no leito do rio e completadas por alças para ambas as direções em cada extremidade. Valente diz ter se inspirado numa passarela do grande arquiteto catalão Santiago Calatrava, entre outros, para deixar o desenho do mastro mais elegante e contemporâneo, como o entorno pedia. E a decisão de usar o amarelo decorreu também do entrelaçamento visual dos estais, em virtude do cruzamento entre as pistas: se fosse uma cor escura, a impressão que se teria ficaria meio "suja"; com o amarelo, cria-se uma espécie de névoa alegre. Edmílson Feitosa de Oliveira, de 40 anos, encarregado da carpintaria no topo da obra - onde se estuda construir um mirante para acesso dos pedestres -, gostou do amarelo. Faltando 18 metros para concluir o mastro, ou menos de dois meses, ele já comemora o novo item do currículo. Para os quatro filhos, conta todo dia como vai a obra, que considera um trabalho de "coragem". De macacão azul, luvas e capacete, explica o orgulho com uma frase que poderia ser de um atleta olímpico: "Minha meta era chegar ao topo."

No começo parecia que seria mais uma ponte em São Paulo, com o habitual aspecto de um minhocão de concreto suspenso sobre nossas cabeças. Mas agora já se vê que não é bem assim. Depois de desembocar na Marginal do Pinheiros ao contornar a curva sob a Ponte Ary Torres e acompanhar o "skyline" do outro lado, o que o cidadão encontra é uma obra atraente e enorme, que rapidamente avança para sua fase final: a Ponte Estaiada Jornalista Roberto Marinho. Veja galeria de fotos O mastro dela é como um prendedor ou pinça gigante em pé, da qual desce como cordas de uma harpa uma série de cabos amarelos - os "estais" - que suspendem duas pontes em curva, as quais se cruzam como num laço sobre o Rio Pinheiros. A altura dessa obra inédita no Brasil, que deve ser inaugurada em março de 2008, chegará a 138 metros, equivalente à de um arranha-céu - e fará dela um marco urbano que perde em dimensão apenas para alguns edifícios de São Paulo, como o Mirante do Vale, o Itália e o Banespa (veja arte). No momento, a obra já está a 120 metros de altura. Daqui do alto, São Paulo parece moderna, bonita e até organizada. Dá para esquecer por uns momentos o implacável fedor do Rio Pinheiros, coberto por uma lâmina viscosa e escura que parece petróleo, na qual bóiam PETs e outras espécies de lixos. Dá até para não pensar na utilidade ainda parcial dessa ponte, cuja função maior será atenuar o tráfego da Avenida Bandeirantes, levando caminhões e carros para o litoral por meio da Avenida Roberto Marinho, ex-Água Espraiada - o que só acontecerá quando esta for estendida até a Imigrantes (leia nesta página). Do alto desta ponte, 30 anos de ocupação nos contemplam. Foi 1978 que foi erguido pela construtora Bratke-Collet o primeiro prédio da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, paralela à Marginal (ou Avenida Nações Unidas), dando início a uma explosão imobiliária bem ao estilo da cidade, com rapidez e sem planejamento. Logo subiram dezenas de outros, todos grandes e arrojados, com arquitetura pós-moderna, da Bolsa de Imóveis (o "Robocop") aos hotéis Hyatt e Meliá, da TV Globo a Nestlé e WTC, assinados por famosos como Ruy Ohtake e Júlio Neves; o mais alto é o do logo da Terra, de 110 metros. Do topo do mastro é possível contar pelo menos seis prédios em construção deste lado do rio até a altura da Usina de Traição, 2,5 quilômetros adiante. Do outro, destaca-se mais uma obra ambiciosa, a do Cidade Jardim, um conjunto que reúne um shopping center, três torres residenciais e três comerciais. Tudo se espraiou por esta região da zona sul sem contar com infra-estrutura adequada de vias locais - muito estreitas e sinuosas -, serviços e urbanização. Aos poucos, porém, a necessidade foi gerando alguma ordem. Hoje é como se São Paulo tivesse ganhado um novo centro, uma versão "pontocom" do que a Avenida Paulista representou entre os anos 50 e 80 do século 20. A construção da ponte, iniciada em 2003, tem esse sentido. Quando estiver pronta, vai somar muito a este novo cartão-postal da cidade - principalmente à noite, quando estiver iluminada por um fileira de holofotes que lançarão uma luz amarelada para cima, segundo o projetista da ponte, João Valente. Não por acaso, a TV Globo já construiu ali, no topo de um prédio recentemente erguido com dez andares e uma antena, um "glass studio", um estúdio de vidro que usará a ponte estaiada e o "skyline" da Nações Unidas como cenário. Um dos 407 funcionários que a OAS emprega na obra, João Liberato de Araújo, de 34 anos, não vê a hora de ver a obra na TV. Enquanto monta a armação da ferragem, ele conta que já fez viaduto de 50 metros de altura e trabalhou na barragem de Paulo Afonso, na Bahia, mas nada comparável com esta ponte. "Quando fui chamado, não sabia que ia subir tão alto." Agora faz o turno das 8 às 17 horas a 120 metros de altura e diz não sentir cansaço nem medo. Estamos numa das extremidades do mastro, constituído de duas estruturas que se erguem lado a lado, unidas por duas vigas na região inferior e por apenas mais uma laje na superior (veja ilustração). Aqui na ponta em "V", aonde se chega por um elevador que sobe em diagonal e mais três lances de escada, trabalham nada menos que 36 homens. Tarcísio Monte, de 45 anos, e Gildo Carneiro, de 28 anos, são os responsáveis pela segurança do trabalho. Mostram todas as precauções tomadas, como a corda à cintura de Araújo, capaz de sustentar 7 toneladas caso a "mesa" - a plataforma de madeira presa a uma forma de ferro trepante - se desprenda. "Não tivemos nenhum acidente", diz Tarcísio. Quando terminarem o topo do mastro, esses trabalhadores vão descer para ajudar na continuação das pistas. O sistema de construção é chamado de "balanços sucessivos": a ponte é feita em etapas, como se fossem gomos de concreto - as "aduelas" - acoplados por uma treliça metálica deslizante. Esta é avançada por macacos de pressão que a fazem correr por cima e por baixo. Na base dela os funcionários ficam em pé para puxar as ferragens e concretar o espaço todo. Em seguida, mais um par dos 144 cabos estais - um cilindro com um feixe de 15 a 25 cordoalhas e revestido com a bainha de polietileno amarela - é fixado nas bordas, para que haja sustentação para a aduela seguinte. Cada pista tem 19 aduelas de cada lado a partir do mastro, num total de 76; até agora já foram concretadas 24. O engenheiro responsável pela obra, Edward Zeppo Boretto, e o gerente, Norberto Duran, ambos da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), afirmam que o cronograma está sendo cumprido. A única possibilidade de atraso está na licitação de uns cabos de tensão importados, mas até meados de 2008 a ponte estará concluída. A obra tem envolvido turnos de trabalho até as 3 horas da madrugada. Outra curiosidade é que o design dela, que já é motivo de palestras e artigos, inclusive em ambiente acadêmico, nasceu do número grande de problemas a resolver. Era preciso escoar trânsito de um lado para outro da avenida e nos dois sentidos, mas sem avançar demais no ambiente urbano. João Valente teve então a idéia de fazer a ponte estaiada com duas pistas inclinadas em curva, um tipo de ponte ainda não executado na América Latina. É um desafio de engenharia porque a pista em curva exige cálculos diferentes para cada um dos cabos estais; e o fato de serem duas pistas exigiu o mastro alto e dividido longitudinalmente. Assim a obra fugiu do padrão tradicional das pontes paulistanas, fixadas com pilastras no leito do rio e completadas por alças para ambas as direções em cada extremidade. Valente diz ter se inspirado numa passarela do grande arquiteto catalão Santiago Calatrava, entre outros, para deixar o desenho do mastro mais elegante e contemporâneo, como o entorno pedia. E a decisão de usar o amarelo decorreu também do entrelaçamento visual dos estais, em virtude do cruzamento entre as pistas: se fosse uma cor escura, a impressão que se teria ficaria meio "suja"; com o amarelo, cria-se uma espécie de névoa alegre. Edmílson Feitosa de Oliveira, de 40 anos, encarregado da carpintaria no topo da obra - onde se estuda construir um mirante para acesso dos pedestres -, gostou do amarelo. Faltando 18 metros para concluir o mastro, ou menos de dois meses, ele já comemora o novo item do currículo. Para os quatro filhos, conta todo dia como vai a obra, que considera um trabalho de "coragem". De macacão azul, luvas e capacete, explica o orgulho com uma frase que poderia ser de um atleta olímpico: "Minha meta era chegar ao topo."

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