A decisão de fechamento ou liberação da BR-376 por risco de acidente cabe à Arteris Litoral Sul, concessionária que administra a rodovia, afirmou nesta quarta-feira, 30, a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Por volta das 19 horas de segunda-feira, 28, um deslizamento ocorrido no trecho em que estrada passa por Guaratuba, no Paraná, atingiu mais de 15 veículos.
O acidente, causado pelas intensas chuvas que atingem a região, ocorreu quando havia uma fila de veículos parados na pista, em razão da queda de uma barreira ocorrida horas antes. Seis pessoas foram resgatadas com vida e duas mortes foram contabilizadas até o momento. Outros 30 envolvidos estão desaparecidos, estimam equipes de resgate que trabalham no local.
“Quem tem todo um inventário da rodovia, com relação a todas as obras, tudo que é feito, seja na própria pista, como galerias e tudo mais, justamente para você garantir uma condição de segurança, é o órgão rodoviário responsável”, afirmou em coletiva de imprensa o superintendente da PRF Paraná, Antonio Paim de Abreu Junior.
“Nesse caso, há uma concessão pública”, continua. Atualmente, a Arteris Litoral Sul detém a concessão da BR-376. “Essa condição, principalmente numa serra, é uma situação muito dinâmica. Então, essa é uma questão própria da concessionária avaliar e agir de acordo com os levantamentos e até o histórico de ações que se tem nos locais.”
‘Vulnerabilidade técnica’
O governo do Paraná instaurou um gabinete de crise nesta terça-feira, 29, com previsão de lançar boletins diários sobre o deslizamento. Na ocasião, o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Raimundo Schunig, afirmou que a região em que ocorreu o acidente apresenta “bastante vulnerabilidade técnica” e que a situação foi agravada pelas chuvas.
“Esse incidente é reflexo do excesso de chuvas que têm ocorrido na região como um todo”, afirmou. “É uma área de bastante vulnerabilidade técnica e que necessita (de) obras de contenção disso aí. Tanto que a concessionária estava fazendo obras, trabalhando nesse local, já prevendo e sabendo desse risco.”
Schunig apontou que, como se trata de uma região de alto risco e há volume de massa muito grande sobre a pista, as equipes de resgate não podem “simplesmente chegar e começar a retirar vítimas do local”. “Estamos trabalhando com nossa equipe de obras, e engenheiros, no sentido da avaliação do local, para que se possa realizar os resgates”, explicou ele, que reforçou que o local está “muito instável e inseguro”.
Em nota, a Arteris Litoral Sul se solidarizou com amigos e familiares das vítimas e afirmou que o atendimento à ocorrência é a prioridade máxima neste momento. Destacou ainda que possui um programa permanente de monitoramento de encostas e que o trecho em que aconteceu o deslizamento é acompanhado periodicamente. “Neste momento, qualquer afirmação sobre as causas do deslizamento seria prematura, pois não contaria com o embasamento técnico necessário.”
A concessionária afirmou que “investiu fortemente” na BR-376. “Entre os investimentos aplicados especificamente no trecho da Serra do Mar, destacam-se a construção de duas áreas de escape, a conclusão da instalação do sistema de iluminação em 30 kms das pistas Norte e Sul; e a implementação do sistema semafórico para alerta em caso de trânsito interrompido à frente, denominado de Pirilampo”, exemplificou.
A Polícia Rodoviária Federal do Paraná afirmou, em nota publicada nesta quinta-feira, 1º, que a declaração dada pelo superintendente durante coletiva de imprensa diz respeito aos “protocolos referentes a questões técnicas de engenharia” que estão fora da esfera de atuação do órgão. Citou, como exemplos, ocorrências envolvendo estruturas de rodovias – como pontes, obras e encostas –, além de monitoramento, fechamento, desobstrução e liberação de vias.
Acidente envolveu seis caminhões
O Corpo de Bombeiros informou em coletiva de imprensa nesta quarta que conseguiu fazer a retirada de uma carreta e três veículos que estavam na parte superior da pista. Seguem soterrados dez veículos de passeio e seis caminhões. A informação de que um ônibus estivesse entre os veículos soterrados foi descartada.
João Maria Pires, 60 anos, foi a primeira vítima identificada. Ele era caminhoneiro e morador de São Francisco do Sul (SC). Outro corpo, que teve o óbito confirmado ainda na terça, foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba e aguarda identificação. Segundo o último boletim oficial, seis pessoas foram resgatadas com vida e 30 pessoas seguem desaparecidas.
O governo paranaense lançou um apelo aos familiares e amigos de pessoas que eventualmente possam ter desaparecido no local para que entrem em contato com a Central de Atendimento da Polícia Científica pelo telefone (41) 3361 7242, que funciona 24 horas. As informações podem ajudar na localização de possíveis vítimas.