Pesquisadores do Incor associam apneia do sono à síndrome metabólica


Saúde. Estudo com 152 pacientes diagnosticados com a síndrome ao longo de 14 meses constata que 60% deles também sofriam de apneia enquanto dormiam, embora desconhecessem o problema; presença do distúrbio do sono pode aumentar riscos de AVC e enfarte

Por Alexandre Gonçalves

Pesquisadores do Instituto do Coração (Incor-USP) propõem que a apneia do sono seja considerada mais um componente da síndrome metabólica - condição associada a um risco elevado de doenças cardiovasculares. Os cientistas descobriram que a maior parte das pessoas com a síndrome tem apneia, apesar de não suspeitar. A presença da apneia poderia aumentar ainda mais o risco de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) e enfartes nesses pacientes.A síndrome metabólica reúne pelo menos três das seguintes condições: obesidade, pressão alta, diminuição do colesterol bom, aumento dos triglicérides e resistência à insulina. A apneia ajudaria a compor o quadro da síndrome, segundo os estudiosos.O trabalho examinou 152 pacientes com síndrome metabólica por de 14 meses. Todos foram submetidos ao exame do sono por meio da polissonografia, mesmo quando não havia sintomas que recomendassem o exame. A conclusão: 92 deles (cerca de 60,5%) também sofriam de apneia enquanto dormiam. A maioria desconhecia o problema. Segundo Geraldo Lorenzi Filho, coordenador da pesquisa, 30% da população brasileira sofre de diferentes graus de apneia, ou seja, metade dos pontos porcentuais observados nos pacientes estudados.Com 142 quilos e 1,82 metro de altura, o engenheiro de manutenção Ricardo Teiji experimenta todos os dias o incômodo decorrente da interação entre problemas do sono e obesidade. Para ele, a altura do ronco sempre foi proporcional à marca da balança. "Minhas melhores noites foram enquanto mantive meu peso em 115 quilos", conta. "Ronco a noite inteira e durmo sentado em alguns momentos do dia."Mas os especialistas alertam que muitos participantes no estudo não sentiam sonolência diurna e, por isso, não sabiam que sofriam de apneia do sono. "Ainda é muito subdiagnosticada", avalia o cardiologista Luciano Drager, autor principal do artigo. Para Lorenzi Filho, o trabalho mostra a conveniência de realizar exames de polissonografia para identificar apneia em pessoas com a síndrome.O estudo também sugere que a apneia do sono não é só um coadjuvante. Ela agrava o quadro geral. Os pesquisadores analisaram, no sangue de cada paciente, a presença de substâncias associadas à síndrome metabólica - triglicérides e açúcar - e a marcadores inflamatórios que aumentam o risco cardiovascular (a proteína C reativa e o ácido úrico). Nas pessoas com apneia, os níveis dessas substâncias eram maiores que nos pacientes com síndrome metabólica e sem apneia. O resultado ratifica a tese de que pacientes com apneia podem correr um risco maior de complicações cardiovasculares, como AVC e enfarte.Prevalência. Já se suspeitava da correlação entre síndrome metabólica e apneia. Estudos anteriores tentaram avaliar a prevalência de condições como a obesidade, o diabete e a hipertensão - que acompanham a síndrome - em pacientes com diagnóstico prévio de apneia. Os pesquisadores do Incor realizaram a análise inversa: investigaram a prevalência da apneia do sono em pessoas que já tinham diagnóstico de síndrome metabólica. "Trata-se de uma questão mais relevante, pois pode apontar um fator de risco ignorado até agora nos pacientes com a síndrome", diz Drager.A pesquisa, que contou com a participação de especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, foi publicada na revista científica virtual PLoS One (plosone.org). "Estabelecer os motivos que conectam distúrbio de sono à síndrome simbólica é extremamente importante", afirma Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). "O estudo reforça a ideia de que uma forma de combater a apneia é por meio de exercícios físicos que contribuam com a perda de peso."Os médicos do Incor já iniciaram uma segunda fase da pesquisa. Com a participação do grupo de reabilitação cardiovascular do Incor, eles analisarão os efeitos dos exercícios físicos em pacientes diagnosticados com os dois problemas. Eles creem que a perda de peso poderá diminuir a apneia. "Um problema a princípio neurológico poderá ser tratado com a ajuda da endocrinologia e assim evitar uma série de consequências que diminuem a qualidade de vida do paciente", diz Márcio Bezerra, neurologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Associação Brasileira do Sono (ABS).Outra abordagem que será testada é o uso de um aparelho que impede o fechamento da garganta durante o sono - o CPAP (sigla em inglês para pressão positiva contínua de vias aéreas superiores). Segundo Drager, o objetivo é verificar se o tratamento da apneia reduz os riscos de doenças cardiovasculares em pessoas com síndrome metabólica.GLOSSÁRIOApneiaInterrupção de respiração durante o sono associada a roncos mais altos.Síndrome metabólicaCondição marcada pela presença de três dos seguintes sintomas: obesidade, níveis altos de triglicérides no sangue, níveis baixos do colesterol bom (HDL), hipertensão e diabete. Está associada a elevados riscos cardiovasculares.

Pesquisadores do Instituto do Coração (Incor-USP) propõem que a apneia do sono seja considerada mais um componente da síndrome metabólica - condição associada a um risco elevado de doenças cardiovasculares. Os cientistas descobriram que a maior parte das pessoas com a síndrome tem apneia, apesar de não suspeitar. A presença da apneia poderia aumentar ainda mais o risco de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) e enfartes nesses pacientes.A síndrome metabólica reúne pelo menos três das seguintes condições: obesidade, pressão alta, diminuição do colesterol bom, aumento dos triglicérides e resistência à insulina. A apneia ajudaria a compor o quadro da síndrome, segundo os estudiosos.O trabalho examinou 152 pacientes com síndrome metabólica por de 14 meses. Todos foram submetidos ao exame do sono por meio da polissonografia, mesmo quando não havia sintomas que recomendassem o exame. A conclusão: 92 deles (cerca de 60,5%) também sofriam de apneia enquanto dormiam. A maioria desconhecia o problema. Segundo Geraldo Lorenzi Filho, coordenador da pesquisa, 30% da população brasileira sofre de diferentes graus de apneia, ou seja, metade dos pontos porcentuais observados nos pacientes estudados.Com 142 quilos e 1,82 metro de altura, o engenheiro de manutenção Ricardo Teiji experimenta todos os dias o incômodo decorrente da interação entre problemas do sono e obesidade. Para ele, a altura do ronco sempre foi proporcional à marca da balança. "Minhas melhores noites foram enquanto mantive meu peso em 115 quilos", conta. "Ronco a noite inteira e durmo sentado em alguns momentos do dia."Mas os especialistas alertam que muitos participantes no estudo não sentiam sonolência diurna e, por isso, não sabiam que sofriam de apneia do sono. "Ainda é muito subdiagnosticada", avalia o cardiologista Luciano Drager, autor principal do artigo. Para Lorenzi Filho, o trabalho mostra a conveniência de realizar exames de polissonografia para identificar apneia em pessoas com a síndrome.O estudo também sugere que a apneia do sono não é só um coadjuvante. Ela agrava o quadro geral. Os pesquisadores analisaram, no sangue de cada paciente, a presença de substâncias associadas à síndrome metabólica - triglicérides e açúcar - e a marcadores inflamatórios que aumentam o risco cardiovascular (a proteína C reativa e o ácido úrico). Nas pessoas com apneia, os níveis dessas substâncias eram maiores que nos pacientes com síndrome metabólica e sem apneia. O resultado ratifica a tese de que pacientes com apneia podem correr um risco maior de complicações cardiovasculares, como AVC e enfarte.Prevalência. Já se suspeitava da correlação entre síndrome metabólica e apneia. Estudos anteriores tentaram avaliar a prevalência de condições como a obesidade, o diabete e a hipertensão - que acompanham a síndrome - em pacientes com diagnóstico prévio de apneia. Os pesquisadores do Incor realizaram a análise inversa: investigaram a prevalência da apneia do sono em pessoas que já tinham diagnóstico de síndrome metabólica. "Trata-se de uma questão mais relevante, pois pode apontar um fator de risco ignorado até agora nos pacientes com a síndrome", diz Drager.A pesquisa, que contou com a participação de especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, foi publicada na revista científica virtual PLoS One (plosone.org). "Estabelecer os motivos que conectam distúrbio de sono à síndrome simbólica é extremamente importante", afirma Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). "O estudo reforça a ideia de que uma forma de combater a apneia é por meio de exercícios físicos que contribuam com a perda de peso."Os médicos do Incor já iniciaram uma segunda fase da pesquisa. Com a participação do grupo de reabilitação cardiovascular do Incor, eles analisarão os efeitos dos exercícios físicos em pacientes diagnosticados com os dois problemas. Eles creem que a perda de peso poderá diminuir a apneia. "Um problema a princípio neurológico poderá ser tratado com a ajuda da endocrinologia e assim evitar uma série de consequências que diminuem a qualidade de vida do paciente", diz Márcio Bezerra, neurologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Associação Brasileira do Sono (ABS).Outra abordagem que será testada é o uso de um aparelho que impede o fechamento da garganta durante o sono - o CPAP (sigla em inglês para pressão positiva contínua de vias aéreas superiores). Segundo Drager, o objetivo é verificar se o tratamento da apneia reduz os riscos de doenças cardiovasculares em pessoas com síndrome metabólica.GLOSSÁRIOApneiaInterrupção de respiração durante o sono associada a roncos mais altos.Síndrome metabólicaCondição marcada pela presença de três dos seguintes sintomas: obesidade, níveis altos de triglicérides no sangue, níveis baixos do colesterol bom (HDL), hipertensão e diabete. Está associada a elevados riscos cardiovasculares.

Pesquisadores do Instituto do Coração (Incor-USP) propõem que a apneia do sono seja considerada mais um componente da síndrome metabólica - condição associada a um risco elevado de doenças cardiovasculares. Os cientistas descobriram que a maior parte das pessoas com a síndrome tem apneia, apesar de não suspeitar. A presença da apneia poderia aumentar ainda mais o risco de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) e enfartes nesses pacientes.A síndrome metabólica reúne pelo menos três das seguintes condições: obesidade, pressão alta, diminuição do colesterol bom, aumento dos triglicérides e resistência à insulina. A apneia ajudaria a compor o quadro da síndrome, segundo os estudiosos.O trabalho examinou 152 pacientes com síndrome metabólica por de 14 meses. Todos foram submetidos ao exame do sono por meio da polissonografia, mesmo quando não havia sintomas que recomendassem o exame. A conclusão: 92 deles (cerca de 60,5%) também sofriam de apneia enquanto dormiam. A maioria desconhecia o problema. Segundo Geraldo Lorenzi Filho, coordenador da pesquisa, 30% da população brasileira sofre de diferentes graus de apneia, ou seja, metade dos pontos porcentuais observados nos pacientes estudados.Com 142 quilos e 1,82 metro de altura, o engenheiro de manutenção Ricardo Teiji experimenta todos os dias o incômodo decorrente da interação entre problemas do sono e obesidade. Para ele, a altura do ronco sempre foi proporcional à marca da balança. "Minhas melhores noites foram enquanto mantive meu peso em 115 quilos", conta. "Ronco a noite inteira e durmo sentado em alguns momentos do dia."Mas os especialistas alertam que muitos participantes no estudo não sentiam sonolência diurna e, por isso, não sabiam que sofriam de apneia do sono. "Ainda é muito subdiagnosticada", avalia o cardiologista Luciano Drager, autor principal do artigo. Para Lorenzi Filho, o trabalho mostra a conveniência de realizar exames de polissonografia para identificar apneia em pessoas com a síndrome.O estudo também sugere que a apneia do sono não é só um coadjuvante. Ela agrava o quadro geral. Os pesquisadores analisaram, no sangue de cada paciente, a presença de substâncias associadas à síndrome metabólica - triglicérides e açúcar - e a marcadores inflamatórios que aumentam o risco cardiovascular (a proteína C reativa e o ácido úrico). Nas pessoas com apneia, os níveis dessas substâncias eram maiores que nos pacientes com síndrome metabólica e sem apneia. O resultado ratifica a tese de que pacientes com apneia podem correr um risco maior de complicações cardiovasculares, como AVC e enfarte.Prevalência. Já se suspeitava da correlação entre síndrome metabólica e apneia. Estudos anteriores tentaram avaliar a prevalência de condições como a obesidade, o diabete e a hipertensão - que acompanham a síndrome - em pacientes com diagnóstico prévio de apneia. Os pesquisadores do Incor realizaram a análise inversa: investigaram a prevalência da apneia do sono em pessoas que já tinham diagnóstico de síndrome metabólica. "Trata-se de uma questão mais relevante, pois pode apontar um fator de risco ignorado até agora nos pacientes com a síndrome", diz Drager.A pesquisa, que contou com a participação de especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, foi publicada na revista científica virtual PLoS One (plosone.org). "Estabelecer os motivos que conectam distúrbio de sono à síndrome simbólica é extremamente importante", afirma Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). "O estudo reforça a ideia de que uma forma de combater a apneia é por meio de exercícios físicos que contribuam com a perda de peso."Os médicos do Incor já iniciaram uma segunda fase da pesquisa. Com a participação do grupo de reabilitação cardiovascular do Incor, eles analisarão os efeitos dos exercícios físicos em pacientes diagnosticados com os dois problemas. Eles creem que a perda de peso poderá diminuir a apneia. "Um problema a princípio neurológico poderá ser tratado com a ajuda da endocrinologia e assim evitar uma série de consequências que diminuem a qualidade de vida do paciente", diz Márcio Bezerra, neurologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Associação Brasileira do Sono (ABS).Outra abordagem que será testada é o uso de um aparelho que impede o fechamento da garganta durante o sono - o CPAP (sigla em inglês para pressão positiva contínua de vias aéreas superiores). Segundo Drager, o objetivo é verificar se o tratamento da apneia reduz os riscos de doenças cardiovasculares em pessoas com síndrome metabólica.GLOSSÁRIOApneiaInterrupção de respiração durante o sono associada a roncos mais altos.Síndrome metabólicaCondição marcada pela presença de três dos seguintes sintomas: obesidade, níveis altos de triglicérides no sangue, níveis baixos do colesterol bom (HDL), hipertensão e diabete. Está associada a elevados riscos cardiovasculares.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.