Petiscos contaminados: donos de cães passam a optar por alimentos naturais


Especialistas afirmam que mudanças de hábitos precisam vir acompanhadas de orientações de profissionais para manter a qualidade de vida dos animais de estimação

Por Renata Okumura

Com a série de mortes de cães com suspeita de intoxicação por petiscos para pets, donos de animais de estimação já alteram a rotina. O Ministério da Agricultura determinou o recolhimento de lotes de cinco marcas de produtos com risco de contaminação pelo monoetilenoglicol, substância nociva para os cachorros, e segue com as investigações. Entre as mudanças, os tutores evitam snacks industrializados, recorrem a petiscos caseiros e até frutas.

Os fabricantes afirmam seguir padrões de qualidade e dizem que os clientes devem evitar somente os lotes especificados pelo governo. Já os especialistas alertam que os pets devem ingerir somente comida indicada por profissionais, mesmo quando se tratam de alimentos naturais.

O dono da cachorrinha Milka de 3 anos, o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares de sua companheira de quatro patas Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Além da Petitos, a Bassar Indústria e Comércio Ltda, a FVO Alimentos Ltda, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog comercial Ltda receberam a determinação para o recolhimento de produtos após a detecção do uso de dois lotes de propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol (AD5035C22 e AD4055C21), fornecidos pela empresa Tecnoclean.

Ao menos 54 mortes de cachorros são investigadas em diversos estados do País. Ainda de acordo com o ministério, até o momento, não existe diretriz de suspender o uso de produtos que contenham propilenoglicol na sua formulação, além dos mencionados pela pasta. Veja aqui a lista dos produtos recolhidos.

Utilizado pelo setor industrial na fabricação de alimentos para humanos e animais, o propilenoglicol é geralmente usado para ajudar na conservação de alimentos e dar maciez. É permitido desde que seja adquirido de empresas registradas. Já o monoetilenoglicol, conhecido também como etilenoglicol, é uma substância tóxica geralmente usada para refrigeração e encontrada em baterias, motores de carro e freezers ou geladeiras.

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Cachorrinha Milka de 3 anos teve mudanças nos hábitos alimentares, após casos de intoxicação envolvendo cães. Foto: Julian Yokomizo/Arquivo pessoal

Mudança nos hábitos alimentares dos pets

Apreensivo com o relato de casos de intoxicação envolvendo pets, o dono da cachorrinha Milka de 3 anos, o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares de sua companheira de quatro patas. “Em casa, tenho dado mais alimentos naturais, como frutas e legumes. E frutas que não fazem mal como maçã e banana, favoritas da Milka. A veterinária recomendou as frutas e disse para inicialmente observar algum estranhamento. Ela se adaptou super bem”, disse ele.

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No dia a dia, o tutor também começou a verificar com mais cautela as marcas e fórmulas presentes nos rótulos das embalagens. “Estou mais atento e cauteloso com relação a escolha da marca, elementos e ingredientes usados na fabricação dos petiscos. Um hábito que deveria ser frequente, mas que na correria diária acaba passando batido”, ressaltou ao dizer que já havia comprado petiscos de uma das marcas que tiveram produtos recolhidos.

Yokomizo apenas mantém o uso de petiscos - recomendados pelo adestrador - durante os treinos realizados pela Milka, cachorrinha bastante alegre, expressiva e energética que ele adotou há dois anos. “Os petiscos são um grande aliado do adestramento e compramos de marcas mais conhecidas. Mas claro, que bate aquela insegurança depois do que aconteceu. Acredito que devemos pesquisar melhor antes de consumir, isso vale tanto para cães como para nós, os tutores”, disse ele.

Além de carinho, brinquedo e atenção, o petisco também é um dos instrumentos usados no adestramento positivo. O adestrador comportamentalista Thiago Barbieri, de 41 anos, logo que teve conhecimento dos casos envolvendo intoxicação de cães, orientou os tutores, principalmente sobre a importância de ser adotado o hábito de ler cuidadosamente o rótulo das embalagens.

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Nos treinos, ele afirma que opta por petiscos mais naturais. “Sempre procurei usar petiscos mais naturais de fornecedores que conheço, por entender que petiscos mais naturais oferecem mais benefícios aos cachorros. No entanto, tenho alguns cães que faço adestramento que faziam uso em casa de produtos que tiveram o recolhimento determinado pelo governo, mas, felizmente, os donos suspenderam o uso e não tiveram os cães não apresentaram nenhum sintoma. Sempre oriento que é importante ler todas as informações que constam nas embalagens dos petiscos”, reforçou ele.

Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, mantém alimentação natural. Foto: Rafaela Galvagni/Arquivo pessoal

Dona do Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, a arquiteta Rafaela Galvagni, de 32 anos, afirma que sempre foi cautelosa com a alimentação de seu companheiro de quatro patas. Com o surgimento de casos de intoxicação envolvendo cães - principalmente das raças Sptiz alemão, Shih-tzu e Yorkshire - a precaução é ainda maior.

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“Sempre optamos por uma alimentação o mais natural possível para o Bud. Recentemente, começamos a comprar uma marca de petiscos que é 100% natural e orgânica, mas diante de tudo que está acontecendo não tem como não ficarmos ainda mais cautelosos. Fora de casa, também tentamos não deixar ele comer nada diferente do que está acostumado”, disse ela.

Sobre os petiscos industrializados, a veterinária Verônica Ferreira de Oliveira Souza, da Clínica Veterinária Confiança, recomenda que o tutor busque marcas conhecidas. “Procurar petiscos de marcas conhecidas e que também oferecem vitaminas aos animais de estimação”, acrescenta a veterinária.

Outro cuidado citado pela especialista é quanto a quantia dada. “Independentemente de serem naturais ou não, é importante lembrar que o petisco não é uma alimentação. Deve ser dado em pouca quantidade e situações, não devendo substituir uma refeição”, explica Verônica.

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Para ela, antes de iniciar qualquer dieta é importante que o tutor busque auxílio de um profissional. “A pessoa pode optar por receitas caseiras desde que tenham alimentos que sejam permitidos para os pets. Frutas e legumes também podem ser consumidos, mas é importante dizer que algumas devem ser evitadas, como por exemplo, as uvas e as carambolas, que podem agravar quadro de insuficiência renal”, orienta.

Petiscos caseiros feitos pela comportamentalista e adestradora positiva de cães Kati Yamakague. Foto: Kati Yamakague/Arquivo pessoal

Embora sempre tenha seguido uma linha mais natural de alimentação para o cãozinho Kakau Chie, de 5 anos, a comportamentalista e adestradora positiva de cães Kati Yamakague, de 40 anos, também costumava oferecer alguns petiscos industrializados.

“Com a notícia de contaminação, suspendi o uso de qualquer petisco industrializado. Eu já fazia alguns petiscos naturais e agora faço com mais frequência para oferecer somente os naturais, pois eles, além de agradar o Kakau, incentivam os treinos diários”, disse Kati.

Segundo ela, os tutores dos cães que ela adestra estão receosos com os casos que estão surgindo. “Eu tenho compartilhado com todos os alunos a minha receita de frango, que pode ser alterada a proteína por carne bovina ou fígado. É uma receita prática que também pode ser congelada”, acrescentou Kati.

Para Luiza Cervenka, consultora comportamental de cães e gatos e autora do Blog Comportamento Animal do Estadão, mesmo com relação aos alimentos naturais, os cuidados não podem ser deixados de lado com a conservação dos alimentos. No caso de petiscos naturais que não sejam congelados, por exemplo, é importante que o tutor fique atento ao consumo ser feito em poucos dias.

“Alguns tutores, que estão apreensivos em dar petiscos aos cães, solicitam receitas de petiscos caseiros. Porém, são alimentos mais perecíveis, que devem ser usados em poucos dias para que não haja contaminação por fungos ou bactérias”, explica Luiza.

Edmeia Braga, veterinária há 13 anos, tem duas unidades na região leste de Belo Horizonte, um pet shop (Pet Floresta), e uma clínica com de banho e tosa (Vetmais). Ela conta que desde o final de agosto vem recolhendo praticamente 90% dos petiscos de suas lojas, especialmente das marcas que estão sendo investigadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“Minha recomendação é que tutores de animais evitem totalmente qualquer petisco de qualquer marca e fique atento aos demais produtos em análise pelo Mapa, também suspendendo o consumo por parte dos animais, já que não são medicamentos essenciais”, alerta a veterinária mineira. Em seu pet shop, a venda de petiscos caiu mais de 90% desde 27 de agosto.

Lilian Cunha, gerente administrativa, 55 anos, tutora da Nina, da raça Shitsu, de 14 anos, morreu no dia 14 de setembro. “Foi uma morte súbita, infelizmente. A Nina tinha 14 anos com saúde e um corpinho de 7 anos. Eu me sinto muito culpada, porque mesmo a Edmeia, que sempre foi nossa veterinária sendo contra, eu sempre dei petiscos, mesmo que os mais naturais e desidratados. Nada me tira da cabeça que a pancreatite dela teve relação com algum dos petiscos que eu dava. Ela foi internada de manhã e morreu no fim da tarde. O meu outro cachorrinho, o Luke, também comia petiscos, mas em menor quantidade. Ainda tenho a intenção de fazer a autópsia para tentar confirmar se ela adoeceu devido a alguns desses produtos em investigação”, conta.

Empresas falam em recolhimento preventivo e adotam medidas

Entre as empresas que receberam a notificação do Ministério da Agricultura, a Petitos Indústria e Comércio de Alimentos, logo após o início da fiscalização, afirma que, preventivamente, iniciou a retirada dos produtos dos pontos de vendas. A empresa ressalta, porém, a qualidade de seus produtos e que todos esses procedimentos são feitos em conformidade com as determinações do ministério.

A Bassar Pet Food também continua realizando o recolhimento de todos os produtos fabricados a partir de 7 de fevereiro de 2022. A empresa reforça que está solidária com todos os tutores de pets. Por isso, a empresa vem tomando todas as providências para ajudar na investigação dos fatos.

Já a FVO Alimentos informa que o propilenoglicol é utilizado na composição apenas dos produtos retirados do mercado. Todas as demais marcas produzidas pela companhia continuam sendo comercializadas, não havendo dúvidas quanto à segurança para consumo dos pets.

Procuradas novamente pela reportagem, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog Comercial Ltda não se pronunciaram até o momento.

Especializada em serviços e venda de produtos para animais de estimação, a Petz reforça que foi criado um canal de teleorientação com médicos veterinários especializados para orientar os tutores que adquiriram os produtos sob suspeita sobre os protocolos de saúde a serem seguidos. A rede reforça que adota “rigorosos processos de controle de qualidade” junto aos fornecedores. Todos os produtos investigados foram retirados de suas lojas.

Por sua vez, a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) recomenda que os consumidores consultem o SAC das respectivas empresas, para ter mais informações sobre o respectivo lote do produto adquirido. E fiquem atentos às informações divulgadas tanto pela empresa quanto pelo Ministério da Agricultura. Sobre impactos financeiros ao setor, de acordo com a entidade, ainda não há informações. /COLABOROU MARINA RIGUEIRA, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

Com a série de mortes de cães com suspeita de intoxicação por petiscos para pets, donos de animais de estimação já alteram a rotina. O Ministério da Agricultura determinou o recolhimento de lotes de cinco marcas de produtos com risco de contaminação pelo monoetilenoglicol, substância nociva para os cachorros, e segue com as investigações. Entre as mudanças, os tutores evitam snacks industrializados, recorrem a petiscos caseiros e até frutas.

Os fabricantes afirmam seguir padrões de qualidade e dizem que os clientes devem evitar somente os lotes especificados pelo governo. Já os especialistas alertam que os pets devem ingerir somente comida indicada por profissionais, mesmo quando se tratam de alimentos naturais.

O dono da cachorrinha Milka de 3 anos, o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares de sua companheira de quatro patas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Além da Petitos, a Bassar Indústria e Comércio Ltda, a FVO Alimentos Ltda, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog comercial Ltda receberam a determinação para o recolhimento de produtos após a detecção do uso de dois lotes de propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol (AD5035C22 e AD4055C21), fornecidos pela empresa Tecnoclean.

Ao menos 54 mortes de cachorros são investigadas em diversos estados do País. Ainda de acordo com o ministério, até o momento, não existe diretriz de suspender o uso de produtos que contenham propilenoglicol na sua formulação, além dos mencionados pela pasta. Veja aqui a lista dos produtos recolhidos.

Utilizado pelo setor industrial na fabricação de alimentos para humanos e animais, o propilenoglicol é geralmente usado para ajudar na conservação de alimentos e dar maciez. É permitido desde que seja adquirido de empresas registradas. Já o monoetilenoglicol, conhecido também como etilenoglicol, é uma substância tóxica geralmente usada para refrigeração e encontrada em baterias, motores de carro e freezers ou geladeiras.

Cachorrinha Milka de 3 anos teve mudanças nos hábitos alimentares, após casos de intoxicação envolvendo cães. Foto: Julian Yokomizo/Arquivo pessoal

Mudança nos hábitos alimentares dos pets

Apreensivo com o relato de casos de intoxicação envolvendo pets, o dono da cachorrinha Milka de 3 anos, o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares de sua companheira de quatro patas. “Em casa, tenho dado mais alimentos naturais, como frutas e legumes. E frutas que não fazem mal como maçã e banana, favoritas da Milka. A veterinária recomendou as frutas e disse para inicialmente observar algum estranhamento. Ela se adaptou super bem”, disse ele.

No dia a dia, o tutor também começou a verificar com mais cautela as marcas e fórmulas presentes nos rótulos das embalagens. “Estou mais atento e cauteloso com relação a escolha da marca, elementos e ingredientes usados na fabricação dos petiscos. Um hábito que deveria ser frequente, mas que na correria diária acaba passando batido”, ressaltou ao dizer que já havia comprado petiscos de uma das marcas que tiveram produtos recolhidos.

Yokomizo apenas mantém o uso de petiscos - recomendados pelo adestrador - durante os treinos realizados pela Milka, cachorrinha bastante alegre, expressiva e energética que ele adotou há dois anos. “Os petiscos são um grande aliado do adestramento e compramos de marcas mais conhecidas. Mas claro, que bate aquela insegurança depois do que aconteceu. Acredito que devemos pesquisar melhor antes de consumir, isso vale tanto para cães como para nós, os tutores”, disse ele.

Além de carinho, brinquedo e atenção, o petisco também é um dos instrumentos usados no adestramento positivo. O adestrador comportamentalista Thiago Barbieri, de 41 anos, logo que teve conhecimento dos casos envolvendo intoxicação de cães, orientou os tutores, principalmente sobre a importância de ser adotado o hábito de ler cuidadosamente o rótulo das embalagens.

Nos treinos, ele afirma que opta por petiscos mais naturais. “Sempre procurei usar petiscos mais naturais de fornecedores que conheço, por entender que petiscos mais naturais oferecem mais benefícios aos cachorros. No entanto, tenho alguns cães que faço adestramento que faziam uso em casa de produtos que tiveram o recolhimento determinado pelo governo, mas, felizmente, os donos suspenderam o uso e não tiveram os cães não apresentaram nenhum sintoma. Sempre oriento que é importante ler todas as informações que constam nas embalagens dos petiscos”, reforçou ele.

Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, mantém alimentação natural. Foto: Rafaela Galvagni/Arquivo pessoal

Dona do Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, a arquiteta Rafaela Galvagni, de 32 anos, afirma que sempre foi cautelosa com a alimentação de seu companheiro de quatro patas. Com o surgimento de casos de intoxicação envolvendo cães - principalmente das raças Sptiz alemão, Shih-tzu e Yorkshire - a precaução é ainda maior.

“Sempre optamos por uma alimentação o mais natural possível para o Bud. Recentemente, começamos a comprar uma marca de petiscos que é 100% natural e orgânica, mas diante de tudo que está acontecendo não tem como não ficarmos ainda mais cautelosos. Fora de casa, também tentamos não deixar ele comer nada diferente do que está acostumado”, disse ela.

Sobre os petiscos industrializados, a veterinária Verônica Ferreira de Oliveira Souza, da Clínica Veterinária Confiança, recomenda que o tutor busque marcas conhecidas. “Procurar petiscos de marcas conhecidas e que também oferecem vitaminas aos animais de estimação”, acrescenta a veterinária.

Outro cuidado citado pela especialista é quanto a quantia dada. “Independentemente de serem naturais ou não, é importante lembrar que o petisco não é uma alimentação. Deve ser dado em pouca quantidade e situações, não devendo substituir uma refeição”, explica Verônica.

Para ela, antes de iniciar qualquer dieta é importante que o tutor busque auxílio de um profissional. “A pessoa pode optar por receitas caseiras desde que tenham alimentos que sejam permitidos para os pets. Frutas e legumes também podem ser consumidos, mas é importante dizer que algumas devem ser evitadas, como por exemplo, as uvas e as carambolas, que podem agravar quadro de insuficiência renal”, orienta.

Petiscos caseiros feitos pela comportamentalista e adestradora positiva de cães Kati Yamakague. Foto: Kati Yamakague/Arquivo pessoal

Embora sempre tenha seguido uma linha mais natural de alimentação para o cãozinho Kakau Chie, de 5 anos, a comportamentalista e adestradora positiva de cães Kati Yamakague, de 40 anos, também costumava oferecer alguns petiscos industrializados.

“Com a notícia de contaminação, suspendi o uso de qualquer petisco industrializado. Eu já fazia alguns petiscos naturais e agora faço com mais frequência para oferecer somente os naturais, pois eles, além de agradar o Kakau, incentivam os treinos diários”, disse Kati.

Segundo ela, os tutores dos cães que ela adestra estão receosos com os casos que estão surgindo. “Eu tenho compartilhado com todos os alunos a minha receita de frango, que pode ser alterada a proteína por carne bovina ou fígado. É uma receita prática que também pode ser congelada”, acrescentou Kati.

Para Luiza Cervenka, consultora comportamental de cães e gatos e autora do Blog Comportamento Animal do Estadão, mesmo com relação aos alimentos naturais, os cuidados não podem ser deixados de lado com a conservação dos alimentos. No caso de petiscos naturais que não sejam congelados, por exemplo, é importante que o tutor fique atento ao consumo ser feito em poucos dias.

“Alguns tutores, que estão apreensivos em dar petiscos aos cães, solicitam receitas de petiscos caseiros. Porém, são alimentos mais perecíveis, que devem ser usados em poucos dias para que não haja contaminação por fungos ou bactérias”, explica Luiza.

Edmeia Braga, veterinária há 13 anos, tem duas unidades na região leste de Belo Horizonte, um pet shop (Pet Floresta), e uma clínica com de banho e tosa (Vetmais). Ela conta que desde o final de agosto vem recolhendo praticamente 90% dos petiscos de suas lojas, especialmente das marcas que estão sendo investigadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“Minha recomendação é que tutores de animais evitem totalmente qualquer petisco de qualquer marca e fique atento aos demais produtos em análise pelo Mapa, também suspendendo o consumo por parte dos animais, já que não são medicamentos essenciais”, alerta a veterinária mineira. Em seu pet shop, a venda de petiscos caiu mais de 90% desde 27 de agosto.

Lilian Cunha, gerente administrativa, 55 anos, tutora da Nina, da raça Shitsu, de 14 anos, morreu no dia 14 de setembro. “Foi uma morte súbita, infelizmente. A Nina tinha 14 anos com saúde e um corpinho de 7 anos. Eu me sinto muito culpada, porque mesmo a Edmeia, que sempre foi nossa veterinária sendo contra, eu sempre dei petiscos, mesmo que os mais naturais e desidratados. Nada me tira da cabeça que a pancreatite dela teve relação com algum dos petiscos que eu dava. Ela foi internada de manhã e morreu no fim da tarde. O meu outro cachorrinho, o Luke, também comia petiscos, mas em menor quantidade. Ainda tenho a intenção de fazer a autópsia para tentar confirmar se ela adoeceu devido a alguns desses produtos em investigação”, conta.

Empresas falam em recolhimento preventivo e adotam medidas

Entre as empresas que receberam a notificação do Ministério da Agricultura, a Petitos Indústria e Comércio de Alimentos, logo após o início da fiscalização, afirma que, preventivamente, iniciou a retirada dos produtos dos pontos de vendas. A empresa ressalta, porém, a qualidade de seus produtos e que todos esses procedimentos são feitos em conformidade com as determinações do ministério.

A Bassar Pet Food também continua realizando o recolhimento de todos os produtos fabricados a partir de 7 de fevereiro de 2022. A empresa reforça que está solidária com todos os tutores de pets. Por isso, a empresa vem tomando todas as providências para ajudar na investigação dos fatos.

Já a FVO Alimentos informa que o propilenoglicol é utilizado na composição apenas dos produtos retirados do mercado. Todas as demais marcas produzidas pela companhia continuam sendo comercializadas, não havendo dúvidas quanto à segurança para consumo dos pets.

Procuradas novamente pela reportagem, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog Comercial Ltda não se pronunciaram até o momento.

Especializada em serviços e venda de produtos para animais de estimação, a Petz reforça que foi criado um canal de teleorientação com médicos veterinários especializados para orientar os tutores que adquiriram os produtos sob suspeita sobre os protocolos de saúde a serem seguidos. A rede reforça que adota “rigorosos processos de controle de qualidade” junto aos fornecedores. Todos os produtos investigados foram retirados de suas lojas.

Por sua vez, a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) recomenda que os consumidores consultem o SAC das respectivas empresas, para ter mais informações sobre o respectivo lote do produto adquirido. E fiquem atentos às informações divulgadas tanto pela empresa quanto pelo Ministério da Agricultura. Sobre impactos financeiros ao setor, de acordo com a entidade, ainda não há informações. /COLABOROU MARINA RIGUEIRA, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

Com a série de mortes de cães com suspeita de intoxicação por petiscos para pets, donos de animais de estimação já alteram a rotina. O Ministério da Agricultura determinou o recolhimento de lotes de cinco marcas de produtos com risco de contaminação pelo monoetilenoglicol, substância nociva para os cachorros, e segue com as investigações. Entre as mudanças, os tutores evitam snacks industrializados, recorrem a petiscos caseiros e até frutas.

Os fabricantes afirmam seguir padrões de qualidade e dizem que os clientes devem evitar somente os lotes especificados pelo governo. Já os especialistas alertam que os pets devem ingerir somente comida indicada por profissionais, mesmo quando se tratam de alimentos naturais.

O dono da cachorrinha Milka de 3 anos, o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares de sua companheira de quatro patas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Além da Petitos, a Bassar Indústria e Comércio Ltda, a FVO Alimentos Ltda, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog comercial Ltda receberam a determinação para o recolhimento de produtos após a detecção do uso de dois lotes de propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol (AD5035C22 e AD4055C21), fornecidos pela empresa Tecnoclean.

Ao menos 54 mortes de cachorros são investigadas em diversos estados do País. Ainda de acordo com o ministério, até o momento, não existe diretriz de suspender o uso de produtos que contenham propilenoglicol na sua formulação, além dos mencionados pela pasta. Veja aqui a lista dos produtos recolhidos.

Utilizado pelo setor industrial na fabricação de alimentos para humanos e animais, o propilenoglicol é geralmente usado para ajudar na conservação de alimentos e dar maciez. É permitido desde que seja adquirido de empresas registradas. Já o monoetilenoglicol, conhecido também como etilenoglicol, é uma substância tóxica geralmente usada para refrigeração e encontrada em baterias, motores de carro e freezers ou geladeiras.

Cachorrinha Milka de 3 anos teve mudanças nos hábitos alimentares, após casos de intoxicação envolvendo cães. Foto: Julian Yokomizo/Arquivo pessoal

Mudança nos hábitos alimentares dos pets

Apreensivo com o relato de casos de intoxicação envolvendo pets, o dono da cachorrinha Milka de 3 anos, o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares de sua companheira de quatro patas. “Em casa, tenho dado mais alimentos naturais, como frutas e legumes. E frutas que não fazem mal como maçã e banana, favoritas da Milka. A veterinária recomendou as frutas e disse para inicialmente observar algum estranhamento. Ela se adaptou super bem”, disse ele.

No dia a dia, o tutor também começou a verificar com mais cautela as marcas e fórmulas presentes nos rótulos das embalagens. “Estou mais atento e cauteloso com relação a escolha da marca, elementos e ingredientes usados na fabricação dos petiscos. Um hábito que deveria ser frequente, mas que na correria diária acaba passando batido”, ressaltou ao dizer que já havia comprado petiscos de uma das marcas que tiveram produtos recolhidos.

Yokomizo apenas mantém o uso de petiscos - recomendados pelo adestrador - durante os treinos realizados pela Milka, cachorrinha bastante alegre, expressiva e energética que ele adotou há dois anos. “Os petiscos são um grande aliado do adestramento e compramos de marcas mais conhecidas. Mas claro, que bate aquela insegurança depois do que aconteceu. Acredito que devemos pesquisar melhor antes de consumir, isso vale tanto para cães como para nós, os tutores”, disse ele.

Além de carinho, brinquedo e atenção, o petisco também é um dos instrumentos usados no adestramento positivo. O adestrador comportamentalista Thiago Barbieri, de 41 anos, logo que teve conhecimento dos casos envolvendo intoxicação de cães, orientou os tutores, principalmente sobre a importância de ser adotado o hábito de ler cuidadosamente o rótulo das embalagens.

Nos treinos, ele afirma que opta por petiscos mais naturais. “Sempre procurei usar petiscos mais naturais de fornecedores que conheço, por entender que petiscos mais naturais oferecem mais benefícios aos cachorros. No entanto, tenho alguns cães que faço adestramento que faziam uso em casa de produtos que tiveram o recolhimento determinado pelo governo, mas, felizmente, os donos suspenderam o uso e não tiveram os cães não apresentaram nenhum sintoma. Sempre oriento que é importante ler todas as informações que constam nas embalagens dos petiscos”, reforçou ele.

Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, mantém alimentação natural. Foto: Rafaela Galvagni/Arquivo pessoal

Dona do Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, a arquiteta Rafaela Galvagni, de 32 anos, afirma que sempre foi cautelosa com a alimentação de seu companheiro de quatro patas. Com o surgimento de casos de intoxicação envolvendo cães - principalmente das raças Sptiz alemão, Shih-tzu e Yorkshire - a precaução é ainda maior.

“Sempre optamos por uma alimentação o mais natural possível para o Bud. Recentemente, começamos a comprar uma marca de petiscos que é 100% natural e orgânica, mas diante de tudo que está acontecendo não tem como não ficarmos ainda mais cautelosos. Fora de casa, também tentamos não deixar ele comer nada diferente do que está acostumado”, disse ela.

Sobre os petiscos industrializados, a veterinária Verônica Ferreira de Oliveira Souza, da Clínica Veterinária Confiança, recomenda que o tutor busque marcas conhecidas. “Procurar petiscos de marcas conhecidas e que também oferecem vitaminas aos animais de estimação”, acrescenta a veterinária.

Outro cuidado citado pela especialista é quanto a quantia dada. “Independentemente de serem naturais ou não, é importante lembrar que o petisco não é uma alimentação. Deve ser dado em pouca quantidade e situações, não devendo substituir uma refeição”, explica Verônica.

Para ela, antes de iniciar qualquer dieta é importante que o tutor busque auxílio de um profissional. “A pessoa pode optar por receitas caseiras desde que tenham alimentos que sejam permitidos para os pets. Frutas e legumes também podem ser consumidos, mas é importante dizer que algumas devem ser evitadas, como por exemplo, as uvas e as carambolas, que podem agravar quadro de insuficiência renal”, orienta.

Petiscos caseiros feitos pela comportamentalista e adestradora positiva de cães Kati Yamakague. Foto: Kati Yamakague/Arquivo pessoal

Embora sempre tenha seguido uma linha mais natural de alimentação para o cãozinho Kakau Chie, de 5 anos, a comportamentalista e adestradora positiva de cães Kati Yamakague, de 40 anos, também costumava oferecer alguns petiscos industrializados.

“Com a notícia de contaminação, suspendi o uso de qualquer petisco industrializado. Eu já fazia alguns petiscos naturais e agora faço com mais frequência para oferecer somente os naturais, pois eles, além de agradar o Kakau, incentivam os treinos diários”, disse Kati.

Segundo ela, os tutores dos cães que ela adestra estão receosos com os casos que estão surgindo. “Eu tenho compartilhado com todos os alunos a minha receita de frango, que pode ser alterada a proteína por carne bovina ou fígado. É uma receita prática que também pode ser congelada”, acrescentou Kati.

Para Luiza Cervenka, consultora comportamental de cães e gatos e autora do Blog Comportamento Animal do Estadão, mesmo com relação aos alimentos naturais, os cuidados não podem ser deixados de lado com a conservação dos alimentos. No caso de petiscos naturais que não sejam congelados, por exemplo, é importante que o tutor fique atento ao consumo ser feito em poucos dias.

“Alguns tutores, que estão apreensivos em dar petiscos aos cães, solicitam receitas de petiscos caseiros. Porém, são alimentos mais perecíveis, que devem ser usados em poucos dias para que não haja contaminação por fungos ou bactérias”, explica Luiza.

Edmeia Braga, veterinária há 13 anos, tem duas unidades na região leste de Belo Horizonte, um pet shop (Pet Floresta), e uma clínica com de banho e tosa (Vetmais). Ela conta que desde o final de agosto vem recolhendo praticamente 90% dos petiscos de suas lojas, especialmente das marcas que estão sendo investigadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“Minha recomendação é que tutores de animais evitem totalmente qualquer petisco de qualquer marca e fique atento aos demais produtos em análise pelo Mapa, também suspendendo o consumo por parte dos animais, já que não são medicamentos essenciais”, alerta a veterinária mineira. Em seu pet shop, a venda de petiscos caiu mais de 90% desde 27 de agosto.

Lilian Cunha, gerente administrativa, 55 anos, tutora da Nina, da raça Shitsu, de 14 anos, morreu no dia 14 de setembro. “Foi uma morte súbita, infelizmente. A Nina tinha 14 anos com saúde e um corpinho de 7 anos. Eu me sinto muito culpada, porque mesmo a Edmeia, que sempre foi nossa veterinária sendo contra, eu sempre dei petiscos, mesmo que os mais naturais e desidratados. Nada me tira da cabeça que a pancreatite dela teve relação com algum dos petiscos que eu dava. Ela foi internada de manhã e morreu no fim da tarde. O meu outro cachorrinho, o Luke, também comia petiscos, mas em menor quantidade. Ainda tenho a intenção de fazer a autópsia para tentar confirmar se ela adoeceu devido a alguns desses produtos em investigação”, conta.

Empresas falam em recolhimento preventivo e adotam medidas

Entre as empresas que receberam a notificação do Ministério da Agricultura, a Petitos Indústria e Comércio de Alimentos, logo após o início da fiscalização, afirma que, preventivamente, iniciou a retirada dos produtos dos pontos de vendas. A empresa ressalta, porém, a qualidade de seus produtos e que todos esses procedimentos são feitos em conformidade com as determinações do ministério.

A Bassar Pet Food também continua realizando o recolhimento de todos os produtos fabricados a partir de 7 de fevereiro de 2022. A empresa reforça que está solidária com todos os tutores de pets. Por isso, a empresa vem tomando todas as providências para ajudar na investigação dos fatos.

Já a FVO Alimentos informa que o propilenoglicol é utilizado na composição apenas dos produtos retirados do mercado. Todas as demais marcas produzidas pela companhia continuam sendo comercializadas, não havendo dúvidas quanto à segurança para consumo dos pets.

Procuradas novamente pela reportagem, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog Comercial Ltda não se pronunciaram até o momento.

Especializada em serviços e venda de produtos para animais de estimação, a Petz reforça que foi criado um canal de teleorientação com médicos veterinários especializados para orientar os tutores que adquiriram os produtos sob suspeita sobre os protocolos de saúde a serem seguidos. A rede reforça que adota “rigorosos processos de controle de qualidade” junto aos fornecedores. Todos os produtos investigados foram retirados de suas lojas.

Por sua vez, a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) recomenda que os consumidores consultem o SAC das respectivas empresas, para ter mais informações sobre o respectivo lote do produto adquirido. E fiquem atentos às informações divulgadas tanto pela empresa quanto pelo Ministério da Agricultura. Sobre impactos financeiros ao setor, de acordo com a entidade, ainda não há informações. /COLABOROU MARINA RIGUEIRA, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

Com a série de mortes de cães com suspeita de intoxicação por petiscos para pets, donos de animais de estimação já alteram a rotina. O Ministério da Agricultura determinou o recolhimento de lotes de cinco marcas de produtos com risco de contaminação pelo monoetilenoglicol, substância nociva para os cachorros, e segue com as investigações. Entre as mudanças, os tutores evitam snacks industrializados, recorrem a petiscos caseiros e até frutas.

Os fabricantes afirmam seguir padrões de qualidade e dizem que os clientes devem evitar somente os lotes especificados pelo governo. Já os especialistas alertam que os pets devem ingerir somente comida indicada por profissionais, mesmo quando se tratam de alimentos naturais.

O dono da cachorrinha Milka de 3 anos, o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares de sua companheira de quatro patas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Além da Petitos, a Bassar Indústria e Comércio Ltda, a FVO Alimentos Ltda, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog comercial Ltda receberam a determinação para o recolhimento de produtos após a detecção do uso de dois lotes de propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol (AD5035C22 e AD4055C21), fornecidos pela empresa Tecnoclean.

Ao menos 54 mortes de cachorros são investigadas em diversos estados do País. Ainda de acordo com o ministério, até o momento, não existe diretriz de suspender o uso de produtos que contenham propilenoglicol na sua formulação, além dos mencionados pela pasta. Veja aqui a lista dos produtos recolhidos.

Utilizado pelo setor industrial na fabricação de alimentos para humanos e animais, o propilenoglicol é geralmente usado para ajudar na conservação de alimentos e dar maciez. É permitido desde que seja adquirido de empresas registradas. Já o monoetilenoglicol, conhecido também como etilenoglicol, é uma substância tóxica geralmente usada para refrigeração e encontrada em baterias, motores de carro e freezers ou geladeiras.

Cachorrinha Milka de 3 anos teve mudanças nos hábitos alimentares, após casos de intoxicação envolvendo cães. Foto: Julian Yokomizo/Arquivo pessoal

Mudança nos hábitos alimentares dos pets

Apreensivo com o relato de casos de intoxicação envolvendo pets, o dono da cachorrinha Milka de 3 anos, o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares de sua companheira de quatro patas. “Em casa, tenho dado mais alimentos naturais, como frutas e legumes. E frutas que não fazem mal como maçã e banana, favoritas da Milka. A veterinária recomendou as frutas e disse para inicialmente observar algum estranhamento. Ela se adaptou super bem”, disse ele.

No dia a dia, o tutor também começou a verificar com mais cautela as marcas e fórmulas presentes nos rótulos das embalagens. “Estou mais atento e cauteloso com relação a escolha da marca, elementos e ingredientes usados na fabricação dos petiscos. Um hábito que deveria ser frequente, mas que na correria diária acaba passando batido”, ressaltou ao dizer que já havia comprado petiscos de uma das marcas que tiveram produtos recolhidos.

Yokomizo apenas mantém o uso de petiscos - recomendados pelo adestrador - durante os treinos realizados pela Milka, cachorrinha bastante alegre, expressiva e energética que ele adotou há dois anos. “Os petiscos são um grande aliado do adestramento e compramos de marcas mais conhecidas. Mas claro, que bate aquela insegurança depois do que aconteceu. Acredito que devemos pesquisar melhor antes de consumir, isso vale tanto para cães como para nós, os tutores”, disse ele.

Além de carinho, brinquedo e atenção, o petisco também é um dos instrumentos usados no adestramento positivo. O adestrador comportamentalista Thiago Barbieri, de 41 anos, logo que teve conhecimento dos casos envolvendo intoxicação de cães, orientou os tutores, principalmente sobre a importância de ser adotado o hábito de ler cuidadosamente o rótulo das embalagens.

Nos treinos, ele afirma que opta por petiscos mais naturais. “Sempre procurei usar petiscos mais naturais de fornecedores que conheço, por entender que petiscos mais naturais oferecem mais benefícios aos cachorros. No entanto, tenho alguns cães que faço adestramento que faziam uso em casa de produtos que tiveram o recolhimento determinado pelo governo, mas, felizmente, os donos suspenderam o uso e não tiveram os cães não apresentaram nenhum sintoma. Sempre oriento que é importante ler todas as informações que constam nas embalagens dos petiscos”, reforçou ele.

Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, mantém alimentação natural. Foto: Rafaela Galvagni/Arquivo pessoal

Dona do Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, a arquiteta Rafaela Galvagni, de 32 anos, afirma que sempre foi cautelosa com a alimentação de seu companheiro de quatro patas. Com o surgimento de casos de intoxicação envolvendo cães - principalmente das raças Sptiz alemão, Shih-tzu e Yorkshire - a precaução é ainda maior.

“Sempre optamos por uma alimentação o mais natural possível para o Bud. Recentemente, começamos a comprar uma marca de petiscos que é 100% natural e orgânica, mas diante de tudo que está acontecendo não tem como não ficarmos ainda mais cautelosos. Fora de casa, também tentamos não deixar ele comer nada diferente do que está acostumado”, disse ela.

Sobre os petiscos industrializados, a veterinária Verônica Ferreira de Oliveira Souza, da Clínica Veterinária Confiança, recomenda que o tutor busque marcas conhecidas. “Procurar petiscos de marcas conhecidas e que também oferecem vitaminas aos animais de estimação”, acrescenta a veterinária.

Outro cuidado citado pela especialista é quanto a quantia dada. “Independentemente de serem naturais ou não, é importante lembrar que o petisco não é uma alimentação. Deve ser dado em pouca quantidade e situações, não devendo substituir uma refeição”, explica Verônica.

Para ela, antes de iniciar qualquer dieta é importante que o tutor busque auxílio de um profissional. “A pessoa pode optar por receitas caseiras desde que tenham alimentos que sejam permitidos para os pets. Frutas e legumes também podem ser consumidos, mas é importante dizer que algumas devem ser evitadas, como por exemplo, as uvas e as carambolas, que podem agravar quadro de insuficiência renal”, orienta.

Petiscos caseiros feitos pela comportamentalista e adestradora positiva de cães Kati Yamakague. Foto: Kati Yamakague/Arquivo pessoal

Embora sempre tenha seguido uma linha mais natural de alimentação para o cãozinho Kakau Chie, de 5 anos, a comportamentalista e adestradora positiva de cães Kati Yamakague, de 40 anos, também costumava oferecer alguns petiscos industrializados.

“Com a notícia de contaminação, suspendi o uso de qualquer petisco industrializado. Eu já fazia alguns petiscos naturais e agora faço com mais frequência para oferecer somente os naturais, pois eles, além de agradar o Kakau, incentivam os treinos diários”, disse Kati.

Segundo ela, os tutores dos cães que ela adestra estão receosos com os casos que estão surgindo. “Eu tenho compartilhado com todos os alunos a minha receita de frango, que pode ser alterada a proteína por carne bovina ou fígado. É uma receita prática que também pode ser congelada”, acrescentou Kati.

Para Luiza Cervenka, consultora comportamental de cães e gatos e autora do Blog Comportamento Animal do Estadão, mesmo com relação aos alimentos naturais, os cuidados não podem ser deixados de lado com a conservação dos alimentos. No caso de petiscos naturais que não sejam congelados, por exemplo, é importante que o tutor fique atento ao consumo ser feito em poucos dias.

“Alguns tutores, que estão apreensivos em dar petiscos aos cães, solicitam receitas de petiscos caseiros. Porém, são alimentos mais perecíveis, que devem ser usados em poucos dias para que não haja contaminação por fungos ou bactérias”, explica Luiza.

Edmeia Braga, veterinária há 13 anos, tem duas unidades na região leste de Belo Horizonte, um pet shop (Pet Floresta), e uma clínica com de banho e tosa (Vetmais). Ela conta que desde o final de agosto vem recolhendo praticamente 90% dos petiscos de suas lojas, especialmente das marcas que estão sendo investigadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“Minha recomendação é que tutores de animais evitem totalmente qualquer petisco de qualquer marca e fique atento aos demais produtos em análise pelo Mapa, também suspendendo o consumo por parte dos animais, já que não são medicamentos essenciais”, alerta a veterinária mineira. Em seu pet shop, a venda de petiscos caiu mais de 90% desde 27 de agosto.

Lilian Cunha, gerente administrativa, 55 anos, tutora da Nina, da raça Shitsu, de 14 anos, morreu no dia 14 de setembro. “Foi uma morte súbita, infelizmente. A Nina tinha 14 anos com saúde e um corpinho de 7 anos. Eu me sinto muito culpada, porque mesmo a Edmeia, que sempre foi nossa veterinária sendo contra, eu sempre dei petiscos, mesmo que os mais naturais e desidratados. Nada me tira da cabeça que a pancreatite dela teve relação com algum dos petiscos que eu dava. Ela foi internada de manhã e morreu no fim da tarde. O meu outro cachorrinho, o Luke, também comia petiscos, mas em menor quantidade. Ainda tenho a intenção de fazer a autópsia para tentar confirmar se ela adoeceu devido a alguns desses produtos em investigação”, conta.

Empresas falam em recolhimento preventivo e adotam medidas

Entre as empresas que receberam a notificação do Ministério da Agricultura, a Petitos Indústria e Comércio de Alimentos, logo após o início da fiscalização, afirma que, preventivamente, iniciou a retirada dos produtos dos pontos de vendas. A empresa ressalta, porém, a qualidade de seus produtos e que todos esses procedimentos são feitos em conformidade com as determinações do ministério.

A Bassar Pet Food também continua realizando o recolhimento de todos os produtos fabricados a partir de 7 de fevereiro de 2022. A empresa reforça que está solidária com todos os tutores de pets. Por isso, a empresa vem tomando todas as providências para ajudar na investigação dos fatos.

Já a FVO Alimentos informa que o propilenoglicol é utilizado na composição apenas dos produtos retirados do mercado. Todas as demais marcas produzidas pela companhia continuam sendo comercializadas, não havendo dúvidas quanto à segurança para consumo dos pets.

Procuradas novamente pela reportagem, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog Comercial Ltda não se pronunciaram até o momento.

Especializada em serviços e venda de produtos para animais de estimação, a Petz reforça que foi criado um canal de teleorientação com médicos veterinários especializados para orientar os tutores que adquiriram os produtos sob suspeita sobre os protocolos de saúde a serem seguidos. A rede reforça que adota “rigorosos processos de controle de qualidade” junto aos fornecedores. Todos os produtos investigados foram retirados de suas lojas.

Por sua vez, a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) recomenda que os consumidores consultem o SAC das respectivas empresas, para ter mais informações sobre o respectivo lote do produto adquirido. E fiquem atentos às informações divulgadas tanto pela empresa quanto pelo Ministério da Agricultura. Sobre impactos financeiros ao setor, de acordo com a entidade, ainda não há informações. /COLABOROU MARINA RIGUEIRA, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

Com a série de mortes de cães com suspeita de intoxicação por petiscos para pets, donos de animais de estimação já alteram a rotina. O Ministério da Agricultura determinou o recolhimento de lotes de cinco marcas de produtos com risco de contaminação pelo monoetilenoglicol, substância nociva para os cachorros, e segue com as investigações. Entre as mudanças, os tutores evitam snacks industrializados, recorrem a petiscos caseiros e até frutas.

Os fabricantes afirmam seguir padrões de qualidade e dizem que os clientes devem evitar somente os lotes especificados pelo governo. Já os especialistas alertam que os pets devem ingerir somente comida indicada por profissionais, mesmo quando se tratam de alimentos naturais.

O dono da cachorrinha Milka de 3 anos, o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares de sua companheira de quatro patas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Além da Petitos, a Bassar Indústria e Comércio Ltda, a FVO Alimentos Ltda, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog comercial Ltda receberam a determinação para o recolhimento de produtos após a detecção do uso de dois lotes de propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol (AD5035C22 e AD4055C21), fornecidos pela empresa Tecnoclean.

Ao menos 54 mortes de cachorros são investigadas em diversos estados do País. Ainda de acordo com o ministério, até o momento, não existe diretriz de suspender o uso de produtos que contenham propilenoglicol na sua formulação, além dos mencionados pela pasta. Veja aqui a lista dos produtos recolhidos.

Utilizado pelo setor industrial na fabricação de alimentos para humanos e animais, o propilenoglicol é geralmente usado para ajudar na conservação de alimentos e dar maciez. É permitido desde que seja adquirido de empresas registradas. Já o monoetilenoglicol, conhecido também como etilenoglicol, é uma substância tóxica geralmente usada para refrigeração e encontrada em baterias, motores de carro e freezers ou geladeiras.

Cachorrinha Milka de 3 anos teve mudanças nos hábitos alimentares, após casos de intoxicação envolvendo cães. Foto: Julian Yokomizo/Arquivo pessoal

Mudança nos hábitos alimentares dos pets

Apreensivo com o relato de casos de intoxicação envolvendo pets, o dono da cachorrinha Milka de 3 anos, o diretor de arte Julian Yokomizo, de 30 anos, afirma que mudou alguns hábitos alimentares de sua companheira de quatro patas. “Em casa, tenho dado mais alimentos naturais, como frutas e legumes. E frutas que não fazem mal como maçã e banana, favoritas da Milka. A veterinária recomendou as frutas e disse para inicialmente observar algum estranhamento. Ela se adaptou super bem”, disse ele.

No dia a dia, o tutor também começou a verificar com mais cautela as marcas e fórmulas presentes nos rótulos das embalagens. “Estou mais atento e cauteloso com relação a escolha da marca, elementos e ingredientes usados na fabricação dos petiscos. Um hábito que deveria ser frequente, mas que na correria diária acaba passando batido”, ressaltou ao dizer que já havia comprado petiscos de uma das marcas que tiveram produtos recolhidos.

Yokomizo apenas mantém o uso de petiscos - recomendados pelo adestrador - durante os treinos realizados pela Milka, cachorrinha bastante alegre, expressiva e energética que ele adotou há dois anos. “Os petiscos são um grande aliado do adestramento e compramos de marcas mais conhecidas. Mas claro, que bate aquela insegurança depois do que aconteceu. Acredito que devemos pesquisar melhor antes de consumir, isso vale tanto para cães como para nós, os tutores”, disse ele.

Além de carinho, brinquedo e atenção, o petisco também é um dos instrumentos usados no adestramento positivo. O adestrador comportamentalista Thiago Barbieri, de 41 anos, logo que teve conhecimento dos casos envolvendo intoxicação de cães, orientou os tutores, principalmente sobre a importância de ser adotado o hábito de ler cuidadosamente o rótulo das embalagens.

Nos treinos, ele afirma que opta por petiscos mais naturais. “Sempre procurei usar petiscos mais naturais de fornecedores que conheço, por entender que petiscos mais naturais oferecem mais benefícios aos cachorros. No entanto, tenho alguns cães que faço adestramento que faziam uso em casa de produtos que tiveram o recolhimento determinado pelo governo, mas, felizmente, os donos suspenderam o uso e não tiveram os cães não apresentaram nenhum sintoma. Sempre oriento que é importante ler todas as informações que constam nas embalagens dos petiscos”, reforçou ele.

Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, mantém alimentação natural. Foto: Rafaela Galvagni/Arquivo pessoal

Dona do Bud, um Shih-tzu, de 5 anos, a arquiteta Rafaela Galvagni, de 32 anos, afirma que sempre foi cautelosa com a alimentação de seu companheiro de quatro patas. Com o surgimento de casos de intoxicação envolvendo cães - principalmente das raças Sptiz alemão, Shih-tzu e Yorkshire - a precaução é ainda maior.

“Sempre optamos por uma alimentação o mais natural possível para o Bud. Recentemente, começamos a comprar uma marca de petiscos que é 100% natural e orgânica, mas diante de tudo que está acontecendo não tem como não ficarmos ainda mais cautelosos. Fora de casa, também tentamos não deixar ele comer nada diferente do que está acostumado”, disse ela.

Sobre os petiscos industrializados, a veterinária Verônica Ferreira de Oliveira Souza, da Clínica Veterinária Confiança, recomenda que o tutor busque marcas conhecidas. “Procurar petiscos de marcas conhecidas e que também oferecem vitaminas aos animais de estimação”, acrescenta a veterinária.

Outro cuidado citado pela especialista é quanto a quantia dada. “Independentemente de serem naturais ou não, é importante lembrar que o petisco não é uma alimentação. Deve ser dado em pouca quantidade e situações, não devendo substituir uma refeição”, explica Verônica.

Para ela, antes de iniciar qualquer dieta é importante que o tutor busque auxílio de um profissional. “A pessoa pode optar por receitas caseiras desde que tenham alimentos que sejam permitidos para os pets. Frutas e legumes também podem ser consumidos, mas é importante dizer que algumas devem ser evitadas, como por exemplo, as uvas e as carambolas, que podem agravar quadro de insuficiência renal”, orienta.

Petiscos caseiros feitos pela comportamentalista e adestradora positiva de cães Kati Yamakague. Foto: Kati Yamakague/Arquivo pessoal

Embora sempre tenha seguido uma linha mais natural de alimentação para o cãozinho Kakau Chie, de 5 anos, a comportamentalista e adestradora positiva de cães Kati Yamakague, de 40 anos, também costumava oferecer alguns petiscos industrializados.

“Com a notícia de contaminação, suspendi o uso de qualquer petisco industrializado. Eu já fazia alguns petiscos naturais e agora faço com mais frequência para oferecer somente os naturais, pois eles, além de agradar o Kakau, incentivam os treinos diários”, disse Kati.

Segundo ela, os tutores dos cães que ela adestra estão receosos com os casos que estão surgindo. “Eu tenho compartilhado com todos os alunos a minha receita de frango, que pode ser alterada a proteína por carne bovina ou fígado. É uma receita prática que também pode ser congelada”, acrescentou Kati.

Para Luiza Cervenka, consultora comportamental de cães e gatos e autora do Blog Comportamento Animal do Estadão, mesmo com relação aos alimentos naturais, os cuidados não podem ser deixados de lado com a conservação dos alimentos. No caso de petiscos naturais que não sejam congelados, por exemplo, é importante que o tutor fique atento ao consumo ser feito em poucos dias.

“Alguns tutores, que estão apreensivos em dar petiscos aos cães, solicitam receitas de petiscos caseiros. Porém, são alimentos mais perecíveis, que devem ser usados em poucos dias para que não haja contaminação por fungos ou bactérias”, explica Luiza.

Edmeia Braga, veterinária há 13 anos, tem duas unidades na região leste de Belo Horizonte, um pet shop (Pet Floresta), e uma clínica com de banho e tosa (Vetmais). Ela conta que desde o final de agosto vem recolhendo praticamente 90% dos petiscos de suas lojas, especialmente das marcas que estão sendo investigadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“Minha recomendação é que tutores de animais evitem totalmente qualquer petisco de qualquer marca e fique atento aos demais produtos em análise pelo Mapa, também suspendendo o consumo por parte dos animais, já que não são medicamentos essenciais”, alerta a veterinária mineira. Em seu pet shop, a venda de petiscos caiu mais de 90% desde 27 de agosto.

Lilian Cunha, gerente administrativa, 55 anos, tutora da Nina, da raça Shitsu, de 14 anos, morreu no dia 14 de setembro. “Foi uma morte súbita, infelizmente. A Nina tinha 14 anos com saúde e um corpinho de 7 anos. Eu me sinto muito culpada, porque mesmo a Edmeia, que sempre foi nossa veterinária sendo contra, eu sempre dei petiscos, mesmo que os mais naturais e desidratados. Nada me tira da cabeça que a pancreatite dela teve relação com algum dos petiscos que eu dava. Ela foi internada de manhã e morreu no fim da tarde. O meu outro cachorrinho, o Luke, também comia petiscos, mas em menor quantidade. Ainda tenho a intenção de fazer a autópsia para tentar confirmar se ela adoeceu devido a alguns desses produtos em investigação”, conta.

Empresas falam em recolhimento preventivo e adotam medidas

Entre as empresas que receberam a notificação do Ministério da Agricultura, a Petitos Indústria e Comércio de Alimentos, logo após o início da fiscalização, afirma que, preventivamente, iniciou a retirada dos produtos dos pontos de vendas. A empresa ressalta, porém, a qualidade de seus produtos e que todos esses procedimentos são feitos em conformidade com as determinações do ministério.

A Bassar Pet Food também continua realizando o recolhimento de todos os produtos fabricados a partir de 7 de fevereiro de 2022. A empresa reforça que está solidária com todos os tutores de pets. Por isso, a empresa vem tomando todas as providências para ajudar na investigação dos fatos.

Já a FVO Alimentos informa que o propilenoglicol é utilizado na composição apenas dos produtos retirados do mercado. Todas as demais marcas produzidas pela companhia continuam sendo comercializadas, não havendo dúvidas quanto à segurança para consumo dos pets.

Procuradas novamente pela reportagem, a Peppy Pet Indústria e Comércio de Alimentos para Animais e a Upper Dog Comercial Ltda não se pronunciaram até o momento.

Especializada em serviços e venda de produtos para animais de estimação, a Petz reforça que foi criado um canal de teleorientação com médicos veterinários especializados para orientar os tutores que adquiriram os produtos sob suspeita sobre os protocolos de saúde a serem seguidos. A rede reforça que adota “rigorosos processos de controle de qualidade” junto aos fornecedores. Todos os produtos investigados foram retirados de suas lojas.

Por sua vez, a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) recomenda que os consumidores consultem o SAC das respectivas empresas, para ter mais informações sobre o respectivo lote do produto adquirido. E fiquem atentos às informações divulgadas tanto pela empresa quanto pelo Ministério da Agricultura. Sobre impactos financeiros ao setor, de acordo com a entidade, ainda não há informações. /COLABOROU MARINA RIGUEIRA, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

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