Preso injustamente por participação na chacina da Candelária, que vitimou oito menores de rua, em julho de 1993, o policial militar Luiz Cláudio Andrade dos Santos ganhou na Justiça indenização de R$ 180 mil, por danos morais. Ele foi equivocadamente reconhecido por um sobrevivente da chacina e ficou preso por quase três anos. Pastor evangélico, Santos estava num culto no Méier, zona norte da cidade, quando as oito crianças que dormiam na Praça Pio X, perto da Igreja da Candelária, foram executadas. Segundo o advogado do PM, Ekel de Souza, a pressa do então governo fluminense para encontrar os culpados levou ao erro. "Um dos sobreviventes disse que um policial do 5º Batalhão da PM (onde Santos é lotado) conhecido como Pelé tinha participado. Como ele é negro, foi acusado", contou Souza, que explicou que seu cliente não pode falar à imprensa porque a PM o proíbe. Indiciado em 1993, Santos foi julgado inocente em maio de 1996. Durante todo o tempo, ele ficou preso no batalhão onde trabalha - hoje, ele só faz serviços internos, com medo de ser reconhecido pela população como um dos assassinos da Candelária e ser hostilizado. "Ainda o apontam na rua. Na época da chacina os filhos dele tiveram de deixar a escola, porque o pai era visto como um matador de crianças", disse Ekel de Souza. Depois de inocentado, Santos foi reintegrado à PM (ele fora expulso da corporação quando indiciado) e recebeu todos os salários atrasados. O advogado informou que o agora sargento Santos (ele era soldado, mas foi promovido quando inocentado) só pedirá aumento do valor da indenização por danos morais se o Estado recorrer da decisão judicial. "Nenhum dinheiro paga a humilhação que ele sofreu", ressalvou Souza. Além de Santos, outros dois dos quatro policiais acusados inicialmente não haviam participado da chacina. Três dos sete verdadeiros assassinos, os ex-PMs Nélson Oliveira dos Santos Cunha, Marcus Vinícius Borges Emmanuel e Marcos Aurélio Dias de Alcântara já foram condenados.