Dois policiais militares que estiverem no Residencial London na noite do assassinato de Isabela Nardoni disseram nesta quinta-feira, 3, à Justiça que viram sangue no apartamento de onde a menina foi jogada, do 6º andar. Valter Santos da Silva e Luiz Carlos Mariano foram intimados a depor pelos advogados de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta de Isabella, acusados pelo crime. A audiência, conduzida pelo juiz da 2ª Vara do Júri, Maurício Fossen, acontece no Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo. Veja também: Família de amigos depõe a favor do casal Nardoni em São PauloAvô de Isabella faz dossiê sobre supostas falhas na investigação Os policiais foram as primeiras pessoas a chegar ao prédio, quando Isabella ainda estava caída no jardim. Eles ouviram Alexandre dizer que havia alguém em seu apartamento e subiram até lá. Encontraram a porta encostada, sem sinais de arrombamento, e as luzes acesas. Os dois relataram em seus depoimentos terem visto uma gota de sangue no corredor do apartamento. Segundo Santos da Silva, todas as unidades do prédio, ocupadas ou não, foram vistoriadas. Ele disse que a varredura das que estavam vazias demorou um pouco a acontecer porque eles precisaram encontrar as chaves. Um porteiro do prédio em que moram os pais de Anna Carolina também depôs pela defesa. Damião da Silva Santos disse conhecer Anna Carolina desde pequena e Alexandre, há quatro anos. Ele contou que nunca soube de brigas entre a família. Gesseiro O gesseiro José Vandevaldo Gomes, mais conhecido como Vando, testemunha de defesa do caso Isabella, disse hoje à Justiça que depôs a pedido de uma amiga do advogado Antônio Nardoni, avô da menina assassinada e pai do acusado pelo crime, o consultor jurídico Alexandre Nardoni, que está preso. Vando trabalhou em obras no Residencial London até o dia do crime e, no início do ano, trocou a fechadura dos apartamentos de Alexandre Nardoni e da irmã dele, Cristiane Nardoni. Segundo o gesseiro, a decoradora Márcia Regina Ferreira, que fez a decoração do apartamento do acusado pelo crime - e depôs ontem pela defesa -, telefonou-lhe dias após a morte, pedindo que ele "ajudasse o sr. Nardoni". O pedido foi reforçado pouco tempo depois por um funcionário de Regina. Vando foi citado com características de suspeito, ontem, por testemunhas de defesa, por ter deixado uma obra inacabada na casa de um dos depoentes, Vasco Oliveira, e ter saído de lá no dia da queda de Isabella Nardoni dizendo que passaria no "prédio dos Nardoni" (o London). Oliveira é amigo da família Nardoni. Intimado a depor, o gesseiro afirmou que deixou a obra na residência do depoente depois do crime porque a própria família do patrão solicitou. Disseram que o chamariam para retomar o trabalho, mas isso não foi feito. Vando disse ter ficado um mês sem trabalhar depois do crime, pois muitos dos serviços dele eram no London. Outros dois trabalhadores que prestaram serviços à família Nardoni no London depuseram nesta quinta-feira, 3. Antônio Gomes Pereira e Paulo Rogério de Camargo trabalham na mesma empresa que o gesseiro. Pereira, Camargo e uma pessoa chamada William trabalharam no apartamento de Alexandre Nardoni. William foi pela primeira vez ao London no dia da morte da menina. Pereira e Camargo relataram que conseguiam os serviços por indicação de Antônio Nardoni. Os dois trabalharam nos imóveis ainda desocupados. Eles relataram que entravam no edifício por uma porta lateral, chaveada, que era aberta por funcionários do prédio, pegavam as chaves do apartamento na portaria e, depois do serviço, as devolviam. Pereira e Camargo disseram que fizeram um registro na portaria e, depois disso, não precisaram mais se identificar para entrar. Professora A professora de Isabella, Fernanda Aleixo Nascimento, disse à Justiça que a estudante era uma das alunas "mais espertas" da classe e que parecia feliz e tranqüila. Fernanda relatou que Isabella retratava em desenhos a mãe, Ana Carolina Oliveira, o pai, Alexandre Nardoni, e os avós, mas nunca a madrasta, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá. Isabella afirmava, de acordo com a professora dela, que a mãe a ajudava a fazer a lição de casa. Fernanda disse nunca ter sido procurada pelo pai de Isabella. Foi ouvido ainda um vizinho de Alexandre Nardoni, do London, que não estava no condomínio no dia do crime e diz ter falado com o pai de Isabella apenas uma vez, rapidamente. Uma das testemunhas convocadas não compareceu à audiência. Estavam previstos também para hoje mais quatro depoimentos, entre eles os de Antônio e Cristiane Nardoni.