Seis policiais militares se uniram com quatro assaltantes de banco com um objetivo: furtar pelo menos R$ 1 milhão de caixas eletrônicos em cidades do Vale do Ribeira. O plano fracassou. Os ladrões foram presos em flagrante e delataram os parceiros fardados. Um dos soldados é sobrinho do comandante em Cajati, a 232 quilômetros de São Paulo. Os PMs presos são Rogério de Almeida, Fernando da Silva Prado, Eder Bento Alves, Halbert Willian Franco, do 14º Batalhão do interior, Alan Gustavo dos Santos Silva e Ranieri Brito Silva, do 22º Batalhão da capital (zona sul). Segundo a Polícia Civil, eles se associaram aos assaltantes Anderson Sirogo do Rosário, Gerson Martins da Silva, Eduardo França e Marcos Vinícius Garcia Estevan. O delegado seccional de Jacupiranga, Manoel Gatto Neto, apurou que o contato inicial dos ladrões foi o soldado Alan, que apresentou os outros colegas de farda à quadrilha. Os ladrões eram de Joinville (SC). Eles vinham pela Rodovia Regis Bittencourt roubando os caixas eletrônicos, na região do Vale do Ribeira. Os assaltantes e os PMs fizeram um acordo. Os quatro ladrões furtariam os caixas eletrônicos (eles sabiam que se tratava de época de pagamento de funcionários de três grandes empresas da região e, por isso, os caixas teria no mínimo R$ 1 milhão) e os PMs só apareceriam para atender a ocorrência 20 minutos depois, facilitando a fuga dos bandidos. Em troca, receberiam 50% do furto. TENTATIVA FRUSTRADA No dia 29, os quatro ladrões invadiram a agência do Banco Santander, em Cajati. Eles bloquearam sensores, taparam câmeras e tentaram arrombar os caixas, mas não conseguiram desarmar o alarme. Depois disso, quebraram um vidro para entrar na agência e usaram maçarico e outras ferramentas para arrombar dois cofres. Uma câmera interna gravou a ação. Os assaltantes receberam uma ligação telefônica e fugiram num Palio preto. Minutos depois, foi dado o alarme do furto. Os ladrões não chegaram muito longe: foram abordados por policiais no km 410 da BR-116. Eles teriam oferecido R$ 10 mil para não serem conduzidos à Delegacia de Cajati. ABRIGO No dia 30 de janeiro, testemunhas contaram na delegacia que viram os assaltantes e os PMs juntos, inclusive no destacamento militar de Cajati. O delegado seccional apurou que os seis PMs arrumaram uma casa para abrigar os ladrões. No dia do crime, os militares mentiram ao afirmar que foram atender outra ocorrência. E também insistiram para não participar da lavratura do flagrante. O serviço de inteligência da Delegacia Seccional de Jacupiranga analisou os extratos telefônicos dos policiais militares. Os investigadores constataram que os PMs do 14º Batalhão do Interior conversaram com os dois colegas do 22º Batalhão da Capital e também com os assaltantes. Os diálogos ocorreram no dia da tentativa do furto à agência do Banco Santander. Os ladrões foram autuados por furto, corrupção ativa e formação de quadrilha e os PMs por peculato e formação de quadrilha. A Polícia Civil pediu a prisão preventiva deles. Um policial civil afirmou que, até o final da tarde de ontem, um juiz da 1ª Vara Criminal de Jacupiranga ainda analisava o pedido.