Os policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) afirmaram no boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Jundiaí que Maciel Santana da Silva, de 21 anos, reagiu e foi morto por eles na operação que terminou com outros oito mortos, na terça-feira (11), em uma chácara em Várzea Paulista. Silva era julgado por abusar de uma menina de 12 anos, mas foi absolvido no suposto "tribunal do crime".Segundo o boletim de ocorrência, Silva estava no primeiro carro abordado pelos policiais, um Pointer, ofereceu resistência e foi morto. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que, na ação da Rota, "quem não reagiu está vivo". "Você tem num carro quatro: dois morreram, dois estão vivos, se entregaram.""Está claro nesse episódio que nós tínhamos um grande número de criminosos, com armamento extremamente pesado, participantes de uma facção criminosa, e a polícia surpreendeu todos eles", disse ontem o governador, durante o início das obras do polo viário de Itaquera.O pai de Silva, um serralheiro de 56 anos, disse, porém, que o filho não tinha envolvimento com nenhuma facção criminosa. Segundo a polícia, também não tinha antecedentes criminais. Na frente do Instituto Médico-Legal (IML) de Jundiaí, o pai disse que Silva tinha problemas psiquiátricos e era usuário de drogas. "Ele não tinha juízo. Ficava seis meses sem tomar banho, saía correndo pela rua. Foi internado três vezes, procurei psiquiatra, fiz tudo o que podia para ajudá-lo. Infelizmente, já esperava que um dia fosse acontecer alguma coisa assim."EsclarecimentoA mãe da menina de 12 anos esclareceu na quarta-feira (12) à tarde, em frente à sua casa, no Jardim São José 1, em Campo Limpo Paulista, três pontos que, segundo ela, foram divulgados de forma equivocada pelo comando da PM. A mulher, de 33 anos, disse que a filha não foi estuprada, mas que Silva teria tentado agarrá-la na rua, na semana passada, na frente de outras pessoas, que acabaram intervindo. A mãe da garota afirmou também que não foi o filho adolescente quem procurou os criminosos, mas que os suspeitos procuraram Silva por conta própria e acabaram levando-o para a chácara, para onde ela foi chamada para reconhecê-lo.O acusado pelo "tribunal do crime" estava, segundo a mulher, sentado em uma cadeira e não foi agredido pelos demais suspeitos. Quando foi questionada pelos criminosos sobre que destino deveriam dar ao suspeito, ela foi enfática. "Falei que era para que ele continuasse vivo." Ela nega envolvimento com os integrantes da facção.Segundo a mulher, Silva deixou a chácara vivo, no primeiro carro que partiu com os criminosos, e foi abordado pela Rota. Ela afirmou que não viu o confronto que terminou com Silva morto.Além de Silva, foram mortos durante a operação da Rota Anderson Ataíde Mariano, de 28 anos; Michael Ferreira Dias, de 21; Denilson Roberto Tiago, de 26; Marcos Alessandro Garcia Fernandes, de 56; Vitor Hugo de Souza, de 23; Cícero Rodrigo Raimundo, de 29; Iago Felipe de Andrade Lopes, de 20; e Valdir Félix de Abreu, de 35. Foram presos Alex Sandro de Almeida, Richard de Melo, Claudemir Aparecido Costa, Jeferson Willian Couto e Marcelo Amaral.Na quarta-feira (12), no IML de Jundiaí, parentes dos mortos reconheceram que alguns deles de fato faziam parte do PCC e participariam de um julgamento. O ouvidor da Polícia, Luiz Gonzaga Dantas, disse que tomou as providências cabíveis e que acionou as Corregedorias das Polícias Civil e Militar. "Vi pelo noticiário e, para a Ouvidoria, é preocupante quando pessoas são mortas pela polícia." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.