A polícia fluminense bateu novo recorde de mortes em confronto - os chamados autos de resistência. O Instituto de Segurança pública divulgou hoje que 144 pessoas morreram em abril em supostas trocas de tiros com policiais. Em março, a polícia matou 140. Esses números são os maiores nos 10 anos em que os índices de violência são publicados pelo governo do Estado. Nos quatro primeiros meses do ano, 502 pessoas morreram em confronto com a polícia - 53 a mais do que o mesmo período de 2007. Isso representa aumento de 12% das mortes em 2008. Para o cientista político João Trajano Sento-Sé, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, os resultados da polícia fluminense são conseqüência da política adotada de "intensificar o enfrentamento" em algumas favelas. "É uma estratégia equivocada, e que não pode ser predominante na política de segurança. Quando adotada, deve ser precedida de planejamento e preparo, para que o número de vítimas seja zero. E acompanhada ainda de estratégia complementar para que aquela região fique pacificada. Mas nada disso acontece", afirmou. "O governo age respaldado pela opinião do cidadão médio, que durante anos foi bombardeado com a informação de que a reação dura e agressiva era a única solução. Isso é perigoso. Se autoridades da área econômica não consultam a população a respeito de medidas para a administração da economia, autoridades da área de segurança não deveriam se respaldar na opinião de pessoas não preparadas para definir a política de segurança, ainda mais quando essa política não mostra resultados", afirmou Sento-Sé.
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