Um grupo de políticos iemenitas abandonou neste sábado um conselho oposicionista recém-formado, expondo as divisões no movimento antigovernamental no país, há meses convulsionado por violentos protestos. O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, há 33 anos no cargo, vem se agarrando ao poder, apesar de uma onda de manifestações pedindo sua saída. Além disso, militantes da al Qaeda mantêm bases neste instável país árabe. A oposição luta com dificuldades para se manter unida em um movimento forte e Saleh vem enfrentando a pressão internacional para renunciar ao cargo. O Conselho Nacional tem 143 membros e foi formado na quarta-feira por dois grupos de oposição, em uma estratégia para consolidar seu movimento embrionário. Mas, neste sábado, mais de 20 integrantes anunciaram seu desligamento, após divergências sobre representatividade. "Nós fomos marginalizados. Nossa posição e ponto de vista não foram levados em consideração", disseram em um comunicado 23 oposicionistas que representam o sul do país, região exportadora de petróleo. Apesar dessa decisão, o Conselho Nacional elegeu como seu presidente Mohammed Basindwa, um destacado líder oposicionista e ex-ministro de Relações Exteriores da cidade portuária de Áden, no sul. Os dissidentes afirmaram que estavam deixando o Conselho por não haver representação igualitária entre representantes do norte e do sul do país. O Iêmen do Norte e Iêmen do Sul foram unificados em 1990, durante o regime de Saleh, mas os sulistas costumam se queixar de discriminação. "Qualquer conselho nacional assume a responsabilidade de liderar a revolução pacífica para derrubar os restos do sistema, e deveria ser igualmente dividido entre o Sul e o Norte, fortalecer a confiança mútua e mobilizar todas as energias e capacidades para acelerar a revolução", diz o comunicado. Os protestos da população contra Saleh irromperam neste ano durante os levantes que derrubaram os presidentes da Tunísia e do Egito. No poder desde 1978, Saleh declarou na terça-feira que iria retornar em breve ao Iêmen, após um período na Arábia Saudita. Ele viajou ao país vizinho para tratamento depois de uma tentativa de assassinato, em junho, na qual ficou ferido. Grupos oposicionistas já tentaram anteriormente se unir e formar governos de transição, mas até o momento suas iniciativas têm sido malsucedidas, refletindo um movimento cada vez mais fragmentado. O país, que é pobre e tem 23 milhões de habitantes, vive um período turbulento desde janeiro, quando manifestantes saíram às ruas para exigir a saída de Saleh.