Em meio ao escândalo envolvendo o ex-secretário municipal Transportes da gestão da prefeita Marta Suplicy (PT) Jilmar Tatto, acusado de ligações com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que estaria infiltrada em cooperativas de perueiros, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL) decretou que, a partir de hoje, será exigido o atestado de antecedentes criminais dos prestadores de serviço do sistema de transporte coletivo da cidade, de acordo com a edição desta quinta-feira, 15, do Diário Oficial do município. Com o decreto, o artigo 1º do Decreto nº 46.367, de 21 de setembro de 2005, foi alterado. Agora, o texto diz que "serão exigidos condutas e padrões de qualificação técnica e profissional, bem como atestado atualizado de antecedentes criminais, dos prestadores de serviços do Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros na Cidade de São Paulo, autônomos ou cooperados, ligados a consórcios ou cooperativas, funcionários de consórcios ou de empresas, nos termos estabelecidos em ato normativo a ser expedido pela Secretaria Municipal de Transportes - SMT". Prisão preventiva Na quarta-feira, 14, foi pedida a prisão preventiva de Tatto, pela Delegacia de Entorpecentes de Santo André. A decisão da juíza da 2ª Vara Criminal de Santo André, Aparecida Angélica Correa, sobre o pedido foi adiada para a próxima segunda-feira, 19. A juíza mandou nesta quarta-feira, 14, o processo ao exame do Ministério Público que dará o parecer, assim que o receber. A prisão preventiva tem prazo de duração indefinido e pode se prolongar até o julgamento final do processo. Se for expedido mandado de prisão, Jilmar Tatto poderá impetrar habeas-corpus no Tribunal de Justiça para tentar derrubá-lo. Acusação Preso em 6 de junho sob acusação de manter ligações com o Primeiro Comando da Capital, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, 36 anos, presidente da cooperativa de perueiros Cooper Pam, admitiu no dia 7 que a facção está infiltrada no setor. Ele disse em interrogatório que foi por determinação de Tatto que a Cooper Pam teve de abrigar integrantes da cooperativa Transmetro, dominada por pessoas ligadas ao PCC. Os fatos descritos ocorreram durante o processo de licitação das linhas feito na administração passada. Pacheco, o Pandora, não esclareceu se Tatto tinha conhecimento de que dirigentes da Transmetro eram criminosos. Ele contou que, com a prisão de um dos líderes da cooperativa, Antonio José Müller Júnior, o Granada, soube das relações da Transmetro com o PCC. "O fato gerou extremo medo, o que levou a Cooper Pam a ceder veículos à Transmetro." Na época, Tatto anunciou, segundo Pandora, a extinção da Transmetro e informou que seus membros seriam absorvidos pelas demais cooperativas. "O Granada tinha um ótimo relacionamento com o Tatto", disse Pandora, que "ouvia boatos" de que o PCC comandava a garagem 2 da Cooper Pam (a G-2). Na época das denúncias, Tatto negou ter interferido em favor da cooperativa Transmetro. Ele disse que a licitação para concessão de ônibus e peruas foi transparente. "Todas as denúncias de banditismo, mortes, ligações desses setores com o crime organizado, foram encaminhadas à polícia." Apuração O prefeito Gilberto Kassab (PFL) determinou à Secretaria Municipal dos Transportes que apure a veracidade das denúncias sobre o envolvimento da cooperativa de perueiros Cooper Pam com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Também será investigada a eventual interferência de Tatto para que membros da empresa Transmetro fossem aceitos na Cooper Pam durante a licitação feita na administração petista. (Colaboraram: Marcelo Godoy, Marisa Folgato e Bruno Paes Manso)