BRASÍLIA – O sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, preso com 39 kg de cocaína na Espanha, na terça-feira, conversou anteontem com a família, por telefone. Ele está recebendo assistência consular do Ministério das Relações Exteriores, prestado a cidadãos brasileiros no exterior, e um pedido de extradição é descartado no momento, uma vez que não há condenação no Brasil.
Rodrigues, que é comissário de bordo, fazia parte da comitiva de 21 militares que acompanha a viagem de Bolsonaro ao Japão, onde participa da reunião do G-20. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em que estava o militar é usado como reserva da aeronave presidencial e, portanto, esta comitiva não fazia parte do mesmo voo que transportou o presidente. A droga foi encontrada em sua bagagem ao desembarcar em Sevilha, na Espanha, primeira etapa da viagem.
A Aeronáutica montou um grupo de trabalho para revisar procedimentos de segurança em aeronaves militares que sirvam à Presidência da República ou à própria Força Aérea. Desde terça-feira, quando a prisão ocorreu, as bases aéreas mais estruturadas, como a de Brasília, já estão sendo mais rígidas nos controles de bagagens e nos acessos às aeronaves que dali decolam.
O Ministério da Defesa admite, nos bastidores, falha de vistoria no voo que levou Rodrigues à Europa. A justificativa para que o controle não fosse tão rígido é de que o trabalho nas instalações militares costuma se basearia na relação de confiança, lealdade e probidade, considerados princípios fundamentais para a carreira nas Forças.
Outro ponto é que, nem sempre, as bases aéreas dispõem de equipamentos de vistorias como scanners e raio X.
Além da vistoria de bagagens, a ideia do governo é também reforçar a fiscalização aduaneira feita pela Receita Federal em voos oficiais. Toda vez que o presidente da República chega do exterior, por exemplo, autoridades do Fisco estão presentes na Base Aérea de Brasília. A fiscalização sobre o que os passageiros trazem em suas bagagens – compras, por exemplo – raramente deixam de ser feitas, mas a ideia é que até mesmo esse trabalho seja mais rigoroso, depois do episódio envolvendo o sargento da Aeronáutica, até mesmo para verificar cumprimento de cotas de compras no exterior.