Onze presos ligados à cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) e o assaltante Valdecir Alves, o Montanha, que não faz parte do grupo, foram transferidos hoje de avião para outras unidades prisionais. Eles saíram do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), em São Paulo, para o presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes e para a cadeia de Presidente Venceslau. Ficarão isolados dos outros detentos. Com as comissárias de bordo demonstrando medo, o turbo-hélice da empresa Trip, com capacidade para 40 lugares e alugado pela Secretaria de Segurança, decolou às 9h48 do Aeroporto de Congonhas, na zona sul, com destino a Presidente Prudente. Nas poltronas do lado direito, ficaram sentados os bandidos, com as mãos e os pés algemados. No vôo, estavam 15 policiais e 4 delegados, entre eles o diretor do Deic, Godofredo Bittencourt Filho, e Oswaldo Nico Gonçalves, supervisor do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra). A viagem até Presidente Prudente durou uma hora e vinte minutos. O comboio era aguardado por vários carros da polícia. Enquanto os integrantes do PCC, entre eles Júlio Cesar Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, Nilson Paulo Alcantara dos Reis, o Faísca, e Anderson de Paula Lima, o Andinho, foram levados para Presidente Bernardes, o outro líder do PCC, André Batista da Silva, o Andrezão, foi para a Cadeia 2 de Presidente Venceslau. Faísca seria responsável em preparar o carro-bomba que o PCC queria explodir na Bolsa de Valores de São Paulo. A operação de transferência começou às 6 horas, com um médico do Instituto Médico-Legal fazendo exame de corpo de delito nos presos no Deic. Depois, em um ônibus-prisão da Polícia Civil, escoltado por cerca de 50 policiais, que ocupavam 20 carros do Garra e da Delegacia Anti-Seqüestro, os presos deixaram o Deic, na Avenida Zaki Narchi, em Santana, às 8h30. O comboio seguiu pela Praça Campo de Bagatelle e pelas Avenidas Tiradentes, 23 de Maio e Rubem Berta, chegando sem problemas, às 9h20, ao Aeroporto de Congonhas. Os membros do PCC haviam sido trazidos para São Paulo de diversas penitenciárias. No Deic, foram interrogados e indiciados por formação de quadrilha após denúncias de José Márcio Felício, o Geleião, um dos fundadores da facção, que se vingou do grupo após ser jurado de morte. Após essas denúncias, a polícia acredita ter conseguido identificar a nova hierarquia do movimento e isolar os líderes. Na avaliação de Bittencourt, "está encerrada a primeira dinastia do PCC". "Se a facção ressurgir, não voltará com a mesma força."