A Polícia Federal (PF) prendeu ontem o procurador-Geral de Roraima, Luciano Alves de Queiroz, um major da Polícia Militar, um funcionário do Tribunal Regional Federal (TRF), dois empresários e outras três pessoas, suspeitas de integrar uma rede de pedofilia e tráfico de drogas. Na casa de Queiroz, os agentes da Operação Arcanjo encontraram uma arma sem registro e um book com fotografias infantis. Em uma fita de vídeo gravada pela PF, ele aparece com crianças de até 6 anos. Pelo menos 20 meninas entre 6 e 14 anos foram vítimas de prostituição infantil. Elas consumiam drogas, incentivadas pelos aliciadores, antes e durante os programas sexuais. O procurador-geral foi quem deu entrada, em abril, na ação cautelar, com pedido de liminar, para suspender a Operação Upatakon 3, destinada a retirar os não-índios da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Ele alega perseguição da PF. O cumprimento dos mandados de prisão envolveu 70 homens da PF e 25 da Força Nacional de Segurança. O caso será investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, mas ainda não há informações de que haja ramificações na internet. Foram presos os empresários Valdivino Queiroz e José da Silva Queiroz, além do funcionário do TRF Hebron Silva Vilhena e do major Raimundo Ferreira Gomes. Também detidos, Givanildo dos Santos Castro, Lidiane do Nascimento Foo e Jackson Ferreira do Nascimento atuariam ao lado do PM na facilitação da pedofilia. Essa rede atenderia ao procurador-geral, além de empresários e políticos. A polícia investiga se uma garota de 10 anos encontrada dormindo em um quarto da casa de Valdivino era vítima do esquema. Ela disse que o empresário é seu padrinho. Todos os investigados responderão pelos crimes de estupro, atentado violento ao pudor, corrupção de menores, submissão de crianças à corrupção, formação de quadrilha e tráfico de drogas. As investigações da Arcanjo começaram há seis meses. Segundo o superintendente da PF em Roraima, José Maria Fonseca, a quadrilha foi descoberta a partir de uma investigação de tráfico de drogas feita com base num relatório repassado pelo Conselho Tutelar de Boa Vista. Na época, Robson dos Santos Silva e Ana Fabíola Caldas de Souza foram presos, acusados de serem os principais fornecedores do esquema. AFASTAMENTO O governador José de Anchieta Júnior (PSDB) afastou o procurador do cargo. Em nota, ele observou que não tem poderes para controlar a vida pessoal de assessores. O major Gomes deverá ser expulso da PM. Ao chegar algemado à sede da Superintendência da Polícia Federal, Luciano Queiroz disse que sua prisão era "retaliação" por ter suspendido a operação de retirada dos não-índios da terra indígena da Raposa Serra do Sol. A PF nega. O advogado Alexander Ladislau Menezes disse que o procurador Luciano Queiroz já foi ouvido, mas só vai falar em juízo. Ele afirmou desconhecer as fitas de vídeo gravadas pela polícia onde seu cliente aparece. Indagado se o procurador negava as acusações, limitou-se a dizer que ainda não teve acesso ao inquérito.