Uma quadrilha rendeu funcionários de uma empresa e roubou uma carga de cálculo biliar bovino, conhecido como pedra de boi, avaliada em R$ 2 milhões. O roubo inusitado aconteceu em setembro de 2023, em Barretos, no interior de São Paulo. A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) da Polícia Civil de Barretos investiga o crime. Mas o que é o produto?
- Também conhecida como pedra de fel, a pedra do boi é um cálculo na vesícula biliar bovina que se forma a partir do desequilíbrio no funcionamento do fígado, como acontece na vesícula humana. As pedras variam de tamanho e cor, mas algumas chegam ao tamanho de um ovo.
- As pedras amarelo-claras são preferidas pelo mercado. A extração acontece durante o abate. O fel bovino é filtrado para a coleta das pedrinhas, geralmente recolhidas de animais idosos.
- Além de estimular a formação de pérolas dentro das ostras, as pedras são usadas pela indústria farmacêutica para a produção de medicamentos contra doenças hepáticas.
- Na China, o uso da pedra do boi com fins terapêuticos é um hábito milenar. O produto é disputado para tratar febre alta, convulsão, epilepsia e pneumonia, além de outras doenças.
Em 2020, cientistas chineses afirmam ter descoberto nas pedras uma concentração de substâncias com efeitos neurológicos e terapêuticos em humanos. O uso terapêutico da pedra do boi também é difundido no Japão.
No Brasil, existem empresas especializadas nesse tipo de comércio e algumas mantêm sites na internet. Há grupos que se utilizam de redes sociais para oferecer as pedras.
Conforme o registro policial do caso de 2023, três homens em um carro ‘fecharam’ o veículo onde estavam funcionários de uma empresa que exporta esse produto sob um viaduto da Rodovia Brigadeiro Faria Lima.
Além de funcionários, no veículo abordado, uma SUV blindada, estavam dois importadores chineses. Dois homens desceram armados do carro e obrigaram o motorista do outro veículo a seguir pela rodovia Assis Chateaubriand. Os cinco reféns foram amarrados e abandonados em um canavial, na zona rural de Barretos.
Um deles tinha um canivete e conseguiu cortar as amarras. Além de cerca de 6 quilos das pedras do boi, eles levaram os celulares e dinheiro das vítimas.
De acordo com o delegado Daniel do Prado Gonçalves, provavelmente os criminosos tinham informações sobre o transporte do produto, já que é um material de bastante valor agregado, chegando a valer mais de R$ 320 o grama.
Barretos se tornou um polo na exportação da pedra do boi porque vários frigoríficos estão instalados na região.
O alto valor da pedra do boi atrai grupos criminosos à cidade. Em fevereiro de 2019, uma quadrilha invadiu um escritório que comercializava cálculos biliares bovinos, rendeu funcionários e roubou uma carga avaliada em R$ 3 milhões à época. Meses depois, a polícia prendeu um casal suspeito de integrar a quadrilha.
Na época, os policiais cumpriram mandados de busca em casas de empresários suspeitos de receptação das pedras. A investigação apurou que o produto havia sido vendido abaixo do preço de mercado para compradores da Ásia e do Oriente Médio.