Quais são os efeitos da desigualdade racial na velhice? Nova pesquisa lista diferenças


Estudo do Cebrap aponta diferenças no envelhecimento entre brancos e negros; idade média da população brasileira tem crescido rapidamente

Por Gonçalo Junior
Atualização:

Metade das pessoas negras com mais de 50 anos considera difícil ou muito difícil pagar as contas; entre as brancas, esse percentual é de 44%. Na saúde, negros acessam 16% menos os serviços privados. Há diferenças também na inclusão digital: negros acessam 14% menos a internet que os brancos.

Dados da pesquisa recente “Envelhecimento e desigualdades raciais”, realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e o Itaú Viver Mais, apontam desigualdades no envelhecimento de pessoas negras e brancas em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, capitais com altos índices de envelhecimento populacional. Foram 1.462 indivíduos com 50 anos ou mais

Os números revelam o desafio de um País que envelhece cada vez mais rápido, como revela o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso, dizem especialistas, vai aumentar a demanda por políticas para esse público em áreas como saúde, assistência social, habitação, entre outros.

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O estudo investiga 11 indicadores que compõem o chamado índice de envelhecimento ativo. São eles: autoestima, bem-estar, saúde: acesso e prevenção, atividades físicas, mobilidade, inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, capital social, práticas culturais e exposição à violência (acesse a publicação aqui).

Em algumas dimensões, a pesquisa encontra diferenças significativas. Em comparação com os grupos brancos, o envelhecimento de pessoas negras apresenta as piores condições de inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, exposição à violência e acesso à saúde. Há recortes em que os negros têm melhores índices, como atividade física e bem-estar. Em outras dimensões, não há diferenças.

Reajuste vai contra o Estatuto do Idoso, que impede aumentos em função da idade do consumidor Foto: Marcos de Paula/Estadão
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“Chama a atenção a dificuldade da população negra em equilibrar as finanças mensais, as barreiras para tratamentos básicos de saúde, como diabetes e hipertensão, e a disparidade educacional em relação aos brancos. Além disso, a população negra acima de 50 anos está mais exposta à violência pessoal, enquanto os brancos enfrentam mais violências patrimoniais. Em suma, os dados revelam uma realidade preocupante de desigualdades persistentes”, analisa o professor Huri Paz, coordenador do AfroCEBRAP.

Do ponto de vista das aposentadorias, questão importante no momento do envelhecimento, a proporção de pessoas com 50 anos ou mais que recebem aposentadoria é 9% maior na população branca do que na população negra nas três metrópoles. O recebimento dessa fonte de renda é de 53% entre pessoas brancas e 44% entre pessoas negras nas três capitais.

Paz também aponta aspectos nos quais brancos e negros estão mais próximos. “Em dimensões mais subjetivas, observamos uma maior proximidade entre brancos e negros. Em São Paulo, por exemplo, homens brancos e negros têm um indicador de Bem-estar superior ao das mulheres brancas e negras”, diz.

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Brasil está envelhecendo cada vez mais rapidamente

O tema do envelhecimento é marcado por estereótipos, que vão desde preconceitos sobre incapacidade até a exclusão de espaços públicos, do convívio e das atividades profissionais. A discussão se torna ainda mais atual porque a pirâmide etária do Brasil está mudando.

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Até meados do século XX, o Brasil apresentava baixa esperança de vida ao nascer e alta taxa de natalidade, mas, nas últimas duas décadas, esse cenário vem se alterando. O percentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população – alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010.

“Vemos que há diferenças na experiência de envelhecer entre pessoas negras e brancas, principalmente, no acesso à renda e saúde, além da inclusão digital e da exposição à violência”, afirma Priscila Vieira, pesquisadora e coordenadora de projetos do Núcleo de Desenvolvimento do Cebrap.

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“Pessoas negras enfrentam maior dificuldade para alcançar condições materiais e de saúde adequadas a um envelhecimento ativo e digno”, explica Vieira.

A exposição à violência também é diferente. Ao longo da vida, homens negros foram ameaçados com arma de fogo 8% mais que brancos. Entre negros, 21% disseram ter sido ameaçados por arma de fogo ao longo da vida, enquanto esse percentual foi de 13% entre os brancos.

Conheça a palavra ‘afrovelhice’

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Os resultados identificados na pesquisa do Cebrap merecem uma nova denominação específica na opinião do professor Valmir Moratelli, especialista em longevidade: “Afrovelhice”.

O termo criado por ele consolida as consequências do racismo na etapa mais avançada da vida dos negros. “A afrovelhice é caracterizada pelo aprofundamento de desigualdades enraizadas na sociedade brasileira”, explica.

O racismo estrutural e institucional traz processos de exclusão social e de falta de direitos sociais básicos ao longo da vida. Esse quadro é ilustrado pelos indicadores de baixa escolaridade, insegurança alimentar, trabalho precário, mobilidade limitada, comprometimento da saúde mental e acesso reduzido aos serviços culturais.

A escassez de serviços sociais básicos para essa parcela da população produzem vulnerabilidades que se acentuam na velhice de pobres e negros. É uma soma de desigualdades.

“O envelhecimento no Brasil precisa ser entendido a partir de suas desigualdades, já que estamos falando de um País que não conseguiu resolver mais de três séculos de consequências de uma escravidão de povos originários da África”, afirma o autor do livro A Invenção da Velhice Masculina (Matrix Editora).

Como mudar o cenário

Como proposta para mudar o cenário, principalmente na dimensão da saúde, uma das mais preocupantes, pesquisadores do Cebrap recomendam campanhas de sensibilização voltadas ao público masculino, iniciativas de segurança alimentar e a disseminação de práticas inspiradas na medicina afro-brasileira. Além disso, é preciso adotar políticas públicas desde a infância, de acordo com os especialistas.

“Para transformar essa realidade, é essencial implementar políticas públicas desde a infância, visando à nova geração, para evitar a perpetuação dessas desigualdades. Para a população com 50 anos ou mais, é crucial repensar a inclusão produtiva e as formas de acesso à aposentadoria”, diz Paz.

O especialista cita ainda a necessidade de ajustes nas políticas previdenciárias, considerando a expectativa de vida, especialmente para homens negros que muitas vezes têm uma vida mais curta, e a inclusão digital, com centros de treinamento para tecnologias da informação.

“Atuar na produção de conhecimento ajuda a melhorar a qualidade do envelhecer no Brasil e a transformar, para melhor, a vida da população idosa, que logo será maioria no país”, explica Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.

Para Moratelli, combater o racismo é outra frente essencial para superar as disparidades. “Esse é um grande dilema ainda hoje, entra governo, sai governo”, critica.

“A velhice tem de ser discutida por jovens. A luta tem que ser de todos, inclusive, dos meios de comunicação, das novelas, que é o nosso grande entretenimento gratuito no País, que dialoga e que pauta discussões, para que haja mais representação das formas de vida das pessoas idosas”, afirma.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que desenvolve estudos a partir de dois núcleos. O Núcleo de Desenvolvimento (Nudes) orienta ações de desenvolvimento para diversos grupos (moradores de áreas urbanas e rurais, populações tradicionais). O Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial (Afro) busca fortalecer as pesquisas acadêmicas sobre desigualdades, relações raciais e interseccionalidade.

Metade das pessoas negras com mais de 50 anos considera difícil ou muito difícil pagar as contas; entre as brancas, esse percentual é de 44%. Na saúde, negros acessam 16% menos os serviços privados. Há diferenças também na inclusão digital: negros acessam 14% menos a internet que os brancos.

Dados da pesquisa recente “Envelhecimento e desigualdades raciais”, realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e o Itaú Viver Mais, apontam desigualdades no envelhecimento de pessoas negras e brancas em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, capitais com altos índices de envelhecimento populacional. Foram 1.462 indivíduos com 50 anos ou mais

Os números revelam o desafio de um País que envelhece cada vez mais rápido, como revela o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso, dizem especialistas, vai aumentar a demanda por políticas para esse público em áreas como saúde, assistência social, habitação, entre outros.

O estudo investiga 11 indicadores que compõem o chamado índice de envelhecimento ativo. São eles: autoestima, bem-estar, saúde: acesso e prevenção, atividades físicas, mobilidade, inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, capital social, práticas culturais e exposição à violência (acesse a publicação aqui).

Em algumas dimensões, a pesquisa encontra diferenças significativas. Em comparação com os grupos brancos, o envelhecimento de pessoas negras apresenta as piores condições de inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, exposição à violência e acesso à saúde. Há recortes em que os negros têm melhores índices, como atividade física e bem-estar. Em outras dimensões, não há diferenças.

Reajuste vai contra o Estatuto do Idoso, que impede aumentos em função da idade do consumidor Foto: Marcos de Paula/Estadão

“Chama a atenção a dificuldade da população negra em equilibrar as finanças mensais, as barreiras para tratamentos básicos de saúde, como diabetes e hipertensão, e a disparidade educacional em relação aos brancos. Além disso, a população negra acima de 50 anos está mais exposta à violência pessoal, enquanto os brancos enfrentam mais violências patrimoniais. Em suma, os dados revelam uma realidade preocupante de desigualdades persistentes”, analisa o professor Huri Paz, coordenador do AfroCEBRAP.

Do ponto de vista das aposentadorias, questão importante no momento do envelhecimento, a proporção de pessoas com 50 anos ou mais que recebem aposentadoria é 9% maior na população branca do que na população negra nas três metrópoles. O recebimento dessa fonte de renda é de 53% entre pessoas brancas e 44% entre pessoas negras nas três capitais.

Paz também aponta aspectos nos quais brancos e negros estão mais próximos. “Em dimensões mais subjetivas, observamos uma maior proximidade entre brancos e negros. Em São Paulo, por exemplo, homens brancos e negros têm um indicador de Bem-estar superior ao das mulheres brancas e negras”, diz.

Brasil está envelhecendo cada vez mais rapidamente

O tema do envelhecimento é marcado por estereótipos, que vão desde preconceitos sobre incapacidade até a exclusão de espaços públicos, do convívio e das atividades profissionais. A discussão se torna ainda mais atual porque a pirâmide etária do Brasil está mudando.

Até meados do século XX, o Brasil apresentava baixa esperança de vida ao nascer e alta taxa de natalidade, mas, nas últimas duas décadas, esse cenário vem se alterando. O percentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população – alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010.

“Vemos que há diferenças na experiência de envelhecer entre pessoas negras e brancas, principalmente, no acesso à renda e saúde, além da inclusão digital e da exposição à violência”, afirma Priscila Vieira, pesquisadora e coordenadora de projetos do Núcleo de Desenvolvimento do Cebrap.

“Pessoas negras enfrentam maior dificuldade para alcançar condições materiais e de saúde adequadas a um envelhecimento ativo e digno”, explica Vieira.

A exposição à violência também é diferente. Ao longo da vida, homens negros foram ameaçados com arma de fogo 8% mais que brancos. Entre negros, 21% disseram ter sido ameaçados por arma de fogo ao longo da vida, enquanto esse percentual foi de 13% entre os brancos.

Conheça a palavra ‘afrovelhice’

Os resultados identificados na pesquisa do Cebrap merecem uma nova denominação específica na opinião do professor Valmir Moratelli, especialista em longevidade: “Afrovelhice”.

O termo criado por ele consolida as consequências do racismo na etapa mais avançada da vida dos negros. “A afrovelhice é caracterizada pelo aprofundamento de desigualdades enraizadas na sociedade brasileira”, explica.

O racismo estrutural e institucional traz processos de exclusão social e de falta de direitos sociais básicos ao longo da vida. Esse quadro é ilustrado pelos indicadores de baixa escolaridade, insegurança alimentar, trabalho precário, mobilidade limitada, comprometimento da saúde mental e acesso reduzido aos serviços culturais.

A escassez de serviços sociais básicos para essa parcela da população produzem vulnerabilidades que se acentuam na velhice de pobres e negros. É uma soma de desigualdades.

“O envelhecimento no Brasil precisa ser entendido a partir de suas desigualdades, já que estamos falando de um País que não conseguiu resolver mais de três séculos de consequências de uma escravidão de povos originários da África”, afirma o autor do livro A Invenção da Velhice Masculina (Matrix Editora).

Como mudar o cenário

Como proposta para mudar o cenário, principalmente na dimensão da saúde, uma das mais preocupantes, pesquisadores do Cebrap recomendam campanhas de sensibilização voltadas ao público masculino, iniciativas de segurança alimentar e a disseminação de práticas inspiradas na medicina afro-brasileira. Além disso, é preciso adotar políticas públicas desde a infância, de acordo com os especialistas.

“Para transformar essa realidade, é essencial implementar políticas públicas desde a infância, visando à nova geração, para evitar a perpetuação dessas desigualdades. Para a população com 50 anos ou mais, é crucial repensar a inclusão produtiva e as formas de acesso à aposentadoria”, diz Paz.

O especialista cita ainda a necessidade de ajustes nas políticas previdenciárias, considerando a expectativa de vida, especialmente para homens negros que muitas vezes têm uma vida mais curta, e a inclusão digital, com centros de treinamento para tecnologias da informação.

“Atuar na produção de conhecimento ajuda a melhorar a qualidade do envelhecer no Brasil e a transformar, para melhor, a vida da população idosa, que logo será maioria no país”, explica Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.

Para Moratelli, combater o racismo é outra frente essencial para superar as disparidades. “Esse é um grande dilema ainda hoje, entra governo, sai governo”, critica.

“A velhice tem de ser discutida por jovens. A luta tem que ser de todos, inclusive, dos meios de comunicação, das novelas, que é o nosso grande entretenimento gratuito no País, que dialoga e que pauta discussões, para que haja mais representação das formas de vida das pessoas idosas”, afirma.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que desenvolve estudos a partir de dois núcleos. O Núcleo de Desenvolvimento (Nudes) orienta ações de desenvolvimento para diversos grupos (moradores de áreas urbanas e rurais, populações tradicionais). O Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial (Afro) busca fortalecer as pesquisas acadêmicas sobre desigualdades, relações raciais e interseccionalidade.

Metade das pessoas negras com mais de 50 anos considera difícil ou muito difícil pagar as contas; entre as brancas, esse percentual é de 44%. Na saúde, negros acessam 16% menos os serviços privados. Há diferenças também na inclusão digital: negros acessam 14% menos a internet que os brancos.

Dados da pesquisa recente “Envelhecimento e desigualdades raciais”, realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e o Itaú Viver Mais, apontam desigualdades no envelhecimento de pessoas negras e brancas em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, capitais com altos índices de envelhecimento populacional. Foram 1.462 indivíduos com 50 anos ou mais

Os números revelam o desafio de um País que envelhece cada vez mais rápido, como revela o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso, dizem especialistas, vai aumentar a demanda por políticas para esse público em áreas como saúde, assistência social, habitação, entre outros.

O estudo investiga 11 indicadores que compõem o chamado índice de envelhecimento ativo. São eles: autoestima, bem-estar, saúde: acesso e prevenção, atividades físicas, mobilidade, inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, capital social, práticas culturais e exposição à violência (acesse a publicação aqui).

Em algumas dimensões, a pesquisa encontra diferenças significativas. Em comparação com os grupos brancos, o envelhecimento de pessoas negras apresenta as piores condições de inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, exposição à violência e acesso à saúde. Há recortes em que os negros têm melhores índices, como atividade física e bem-estar. Em outras dimensões, não há diferenças.

Reajuste vai contra o Estatuto do Idoso, que impede aumentos em função da idade do consumidor Foto: Marcos de Paula/Estadão

“Chama a atenção a dificuldade da população negra em equilibrar as finanças mensais, as barreiras para tratamentos básicos de saúde, como diabetes e hipertensão, e a disparidade educacional em relação aos brancos. Além disso, a população negra acima de 50 anos está mais exposta à violência pessoal, enquanto os brancos enfrentam mais violências patrimoniais. Em suma, os dados revelam uma realidade preocupante de desigualdades persistentes”, analisa o professor Huri Paz, coordenador do AfroCEBRAP.

Do ponto de vista das aposentadorias, questão importante no momento do envelhecimento, a proporção de pessoas com 50 anos ou mais que recebem aposentadoria é 9% maior na população branca do que na população negra nas três metrópoles. O recebimento dessa fonte de renda é de 53% entre pessoas brancas e 44% entre pessoas negras nas três capitais.

Paz também aponta aspectos nos quais brancos e negros estão mais próximos. “Em dimensões mais subjetivas, observamos uma maior proximidade entre brancos e negros. Em São Paulo, por exemplo, homens brancos e negros têm um indicador de Bem-estar superior ao das mulheres brancas e negras”, diz.

Brasil está envelhecendo cada vez mais rapidamente

O tema do envelhecimento é marcado por estereótipos, que vão desde preconceitos sobre incapacidade até a exclusão de espaços públicos, do convívio e das atividades profissionais. A discussão se torna ainda mais atual porque a pirâmide etária do Brasil está mudando.

Até meados do século XX, o Brasil apresentava baixa esperança de vida ao nascer e alta taxa de natalidade, mas, nas últimas duas décadas, esse cenário vem se alterando. O percentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população – alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010.

“Vemos que há diferenças na experiência de envelhecer entre pessoas negras e brancas, principalmente, no acesso à renda e saúde, além da inclusão digital e da exposição à violência”, afirma Priscila Vieira, pesquisadora e coordenadora de projetos do Núcleo de Desenvolvimento do Cebrap.

“Pessoas negras enfrentam maior dificuldade para alcançar condições materiais e de saúde adequadas a um envelhecimento ativo e digno”, explica Vieira.

A exposição à violência também é diferente. Ao longo da vida, homens negros foram ameaçados com arma de fogo 8% mais que brancos. Entre negros, 21% disseram ter sido ameaçados por arma de fogo ao longo da vida, enquanto esse percentual foi de 13% entre os brancos.

Conheça a palavra ‘afrovelhice’

Os resultados identificados na pesquisa do Cebrap merecem uma nova denominação específica na opinião do professor Valmir Moratelli, especialista em longevidade: “Afrovelhice”.

O termo criado por ele consolida as consequências do racismo na etapa mais avançada da vida dos negros. “A afrovelhice é caracterizada pelo aprofundamento de desigualdades enraizadas na sociedade brasileira”, explica.

O racismo estrutural e institucional traz processos de exclusão social e de falta de direitos sociais básicos ao longo da vida. Esse quadro é ilustrado pelos indicadores de baixa escolaridade, insegurança alimentar, trabalho precário, mobilidade limitada, comprometimento da saúde mental e acesso reduzido aos serviços culturais.

A escassez de serviços sociais básicos para essa parcela da população produzem vulnerabilidades que se acentuam na velhice de pobres e negros. É uma soma de desigualdades.

“O envelhecimento no Brasil precisa ser entendido a partir de suas desigualdades, já que estamos falando de um País que não conseguiu resolver mais de três séculos de consequências de uma escravidão de povos originários da África”, afirma o autor do livro A Invenção da Velhice Masculina (Matrix Editora).

Como mudar o cenário

Como proposta para mudar o cenário, principalmente na dimensão da saúde, uma das mais preocupantes, pesquisadores do Cebrap recomendam campanhas de sensibilização voltadas ao público masculino, iniciativas de segurança alimentar e a disseminação de práticas inspiradas na medicina afro-brasileira. Além disso, é preciso adotar políticas públicas desde a infância, de acordo com os especialistas.

“Para transformar essa realidade, é essencial implementar políticas públicas desde a infância, visando à nova geração, para evitar a perpetuação dessas desigualdades. Para a população com 50 anos ou mais, é crucial repensar a inclusão produtiva e as formas de acesso à aposentadoria”, diz Paz.

O especialista cita ainda a necessidade de ajustes nas políticas previdenciárias, considerando a expectativa de vida, especialmente para homens negros que muitas vezes têm uma vida mais curta, e a inclusão digital, com centros de treinamento para tecnologias da informação.

“Atuar na produção de conhecimento ajuda a melhorar a qualidade do envelhecer no Brasil e a transformar, para melhor, a vida da população idosa, que logo será maioria no país”, explica Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.

Para Moratelli, combater o racismo é outra frente essencial para superar as disparidades. “Esse é um grande dilema ainda hoje, entra governo, sai governo”, critica.

“A velhice tem de ser discutida por jovens. A luta tem que ser de todos, inclusive, dos meios de comunicação, das novelas, que é o nosso grande entretenimento gratuito no País, que dialoga e que pauta discussões, para que haja mais representação das formas de vida das pessoas idosas”, afirma.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que desenvolve estudos a partir de dois núcleos. O Núcleo de Desenvolvimento (Nudes) orienta ações de desenvolvimento para diversos grupos (moradores de áreas urbanas e rurais, populações tradicionais). O Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial (Afro) busca fortalecer as pesquisas acadêmicas sobre desigualdades, relações raciais e interseccionalidade.

Metade das pessoas negras com mais de 50 anos considera difícil ou muito difícil pagar as contas; entre as brancas, esse percentual é de 44%. Na saúde, negros acessam 16% menos os serviços privados. Há diferenças também na inclusão digital: negros acessam 14% menos a internet que os brancos.

Dados da pesquisa recente “Envelhecimento e desigualdades raciais”, realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e o Itaú Viver Mais, apontam desigualdades no envelhecimento de pessoas negras e brancas em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, capitais com altos índices de envelhecimento populacional. Foram 1.462 indivíduos com 50 anos ou mais

Os números revelam o desafio de um País que envelhece cada vez mais rápido, como revela o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso, dizem especialistas, vai aumentar a demanda por políticas para esse público em áreas como saúde, assistência social, habitação, entre outros.

O estudo investiga 11 indicadores que compõem o chamado índice de envelhecimento ativo. São eles: autoestima, bem-estar, saúde: acesso e prevenção, atividades físicas, mobilidade, inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, capital social, práticas culturais e exposição à violência (acesse a publicação aqui).

Em algumas dimensões, a pesquisa encontra diferenças significativas. Em comparação com os grupos brancos, o envelhecimento de pessoas negras apresenta as piores condições de inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, exposição à violência e acesso à saúde. Há recortes em que os negros têm melhores índices, como atividade física e bem-estar. Em outras dimensões, não há diferenças.

Reajuste vai contra o Estatuto do Idoso, que impede aumentos em função da idade do consumidor Foto: Marcos de Paula/Estadão

“Chama a atenção a dificuldade da população negra em equilibrar as finanças mensais, as barreiras para tratamentos básicos de saúde, como diabetes e hipertensão, e a disparidade educacional em relação aos brancos. Além disso, a população negra acima de 50 anos está mais exposta à violência pessoal, enquanto os brancos enfrentam mais violências patrimoniais. Em suma, os dados revelam uma realidade preocupante de desigualdades persistentes”, analisa o professor Huri Paz, coordenador do AfroCEBRAP.

Do ponto de vista das aposentadorias, questão importante no momento do envelhecimento, a proporção de pessoas com 50 anos ou mais que recebem aposentadoria é 9% maior na população branca do que na população negra nas três metrópoles. O recebimento dessa fonte de renda é de 53% entre pessoas brancas e 44% entre pessoas negras nas três capitais.

Paz também aponta aspectos nos quais brancos e negros estão mais próximos. “Em dimensões mais subjetivas, observamos uma maior proximidade entre brancos e negros. Em São Paulo, por exemplo, homens brancos e negros têm um indicador de Bem-estar superior ao das mulheres brancas e negras”, diz.

Brasil está envelhecendo cada vez mais rapidamente

O tema do envelhecimento é marcado por estereótipos, que vão desde preconceitos sobre incapacidade até a exclusão de espaços públicos, do convívio e das atividades profissionais. A discussão se torna ainda mais atual porque a pirâmide etária do Brasil está mudando.

Até meados do século XX, o Brasil apresentava baixa esperança de vida ao nascer e alta taxa de natalidade, mas, nas últimas duas décadas, esse cenário vem se alterando. O percentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população – alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010.

“Vemos que há diferenças na experiência de envelhecer entre pessoas negras e brancas, principalmente, no acesso à renda e saúde, além da inclusão digital e da exposição à violência”, afirma Priscila Vieira, pesquisadora e coordenadora de projetos do Núcleo de Desenvolvimento do Cebrap.

“Pessoas negras enfrentam maior dificuldade para alcançar condições materiais e de saúde adequadas a um envelhecimento ativo e digno”, explica Vieira.

A exposição à violência também é diferente. Ao longo da vida, homens negros foram ameaçados com arma de fogo 8% mais que brancos. Entre negros, 21% disseram ter sido ameaçados por arma de fogo ao longo da vida, enquanto esse percentual foi de 13% entre os brancos.

Conheça a palavra ‘afrovelhice’

Os resultados identificados na pesquisa do Cebrap merecem uma nova denominação específica na opinião do professor Valmir Moratelli, especialista em longevidade: “Afrovelhice”.

O termo criado por ele consolida as consequências do racismo na etapa mais avançada da vida dos negros. “A afrovelhice é caracterizada pelo aprofundamento de desigualdades enraizadas na sociedade brasileira”, explica.

O racismo estrutural e institucional traz processos de exclusão social e de falta de direitos sociais básicos ao longo da vida. Esse quadro é ilustrado pelos indicadores de baixa escolaridade, insegurança alimentar, trabalho precário, mobilidade limitada, comprometimento da saúde mental e acesso reduzido aos serviços culturais.

A escassez de serviços sociais básicos para essa parcela da população produzem vulnerabilidades que se acentuam na velhice de pobres e negros. É uma soma de desigualdades.

“O envelhecimento no Brasil precisa ser entendido a partir de suas desigualdades, já que estamos falando de um País que não conseguiu resolver mais de três séculos de consequências de uma escravidão de povos originários da África”, afirma o autor do livro A Invenção da Velhice Masculina (Matrix Editora).

Como mudar o cenário

Como proposta para mudar o cenário, principalmente na dimensão da saúde, uma das mais preocupantes, pesquisadores do Cebrap recomendam campanhas de sensibilização voltadas ao público masculino, iniciativas de segurança alimentar e a disseminação de práticas inspiradas na medicina afro-brasileira. Além disso, é preciso adotar políticas públicas desde a infância, de acordo com os especialistas.

“Para transformar essa realidade, é essencial implementar políticas públicas desde a infância, visando à nova geração, para evitar a perpetuação dessas desigualdades. Para a população com 50 anos ou mais, é crucial repensar a inclusão produtiva e as formas de acesso à aposentadoria”, diz Paz.

O especialista cita ainda a necessidade de ajustes nas políticas previdenciárias, considerando a expectativa de vida, especialmente para homens negros que muitas vezes têm uma vida mais curta, e a inclusão digital, com centros de treinamento para tecnologias da informação.

“Atuar na produção de conhecimento ajuda a melhorar a qualidade do envelhecer no Brasil e a transformar, para melhor, a vida da população idosa, que logo será maioria no país”, explica Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.

Para Moratelli, combater o racismo é outra frente essencial para superar as disparidades. “Esse é um grande dilema ainda hoje, entra governo, sai governo”, critica.

“A velhice tem de ser discutida por jovens. A luta tem que ser de todos, inclusive, dos meios de comunicação, das novelas, que é o nosso grande entretenimento gratuito no País, que dialoga e que pauta discussões, para que haja mais representação das formas de vida das pessoas idosas”, afirma.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que desenvolve estudos a partir de dois núcleos. O Núcleo de Desenvolvimento (Nudes) orienta ações de desenvolvimento para diversos grupos (moradores de áreas urbanas e rurais, populações tradicionais). O Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial (Afro) busca fortalecer as pesquisas acadêmicas sobre desigualdades, relações raciais e interseccionalidade.

Metade das pessoas negras com mais de 50 anos considera difícil ou muito difícil pagar as contas; entre as brancas, esse percentual é de 44%. Na saúde, negros acessam 16% menos os serviços privados. Há diferenças também na inclusão digital: negros acessam 14% menos a internet que os brancos.

Dados da pesquisa recente “Envelhecimento e desigualdades raciais”, realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e o Itaú Viver Mais, apontam desigualdades no envelhecimento de pessoas negras e brancas em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, capitais com altos índices de envelhecimento populacional. Foram 1.462 indivíduos com 50 anos ou mais

Os números revelam o desafio de um País que envelhece cada vez mais rápido, como revela o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso, dizem especialistas, vai aumentar a demanda por políticas para esse público em áreas como saúde, assistência social, habitação, entre outros.

O estudo investiga 11 indicadores que compõem o chamado índice de envelhecimento ativo. São eles: autoestima, bem-estar, saúde: acesso e prevenção, atividades físicas, mobilidade, inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, capital social, práticas culturais e exposição à violência (acesse a publicação aqui).

Em algumas dimensões, a pesquisa encontra diferenças significativas. Em comparação com os grupos brancos, o envelhecimento de pessoas negras apresenta as piores condições de inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, exposição à violência e acesso à saúde. Há recortes em que os negros têm melhores índices, como atividade física e bem-estar. Em outras dimensões, não há diferenças.

Reajuste vai contra o Estatuto do Idoso, que impede aumentos em função da idade do consumidor Foto: Marcos de Paula/Estadão

“Chama a atenção a dificuldade da população negra em equilibrar as finanças mensais, as barreiras para tratamentos básicos de saúde, como diabetes e hipertensão, e a disparidade educacional em relação aos brancos. Além disso, a população negra acima de 50 anos está mais exposta à violência pessoal, enquanto os brancos enfrentam mais violências patrimoniais. Em suma, os dados revelam uma realidade preocupante de desigualdades persistentes”, analisa o professor Huri Paz, coordenador do AfroCEBRAP.

Do ponto de vista das aposentadorias, questão importante no momento do envelhecimento, a proporção de pessoas com 50 anos ou mais que recebem aposentadoria é 9% maior na população branca do que na população negra nas três metrópoles. O recebimento dessa fonte de renda é de 53% entre pessoas brancas e 44% entre pessoas negras nas três capitais.

Paz também aponta aspectos nos quais brancos e negros estão mais próximos. “Em dimensões mais subjetivas, observamos uma maior proximidade entre brancos e negros. Em São Paulo, por exemplo, homens brancos e negros têm um indicador de Bem-estar superior ao das mulheres brancas e negras”, diz.

Brasil está envelhecendo cada vez mais rapidamente

O tema do envelhecimento é marcado por estereótipos, que vão desde preconceitos sobre incapacidade até a exclusão de espaços públicos, do convívio e das atividades profissionais. A discussão se torna ainda mais atual porque a pirâmide etária do Brasil está mudando.

Até meados do século XX, o Brasil apresentava baixa esperança de vida ao nascer e alta taxa de natalidade, mas, nas últimas duas décadas, esse cenário vem se alterando. O percentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população – alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010.

“Vemos que há diferenças na experiência de envelhecer entre pessoas negras e brancas, principalmente, no acesso à renda e saúde, além da inclusão digital e da exposição à violência”, afirma Priscila Vieira, pesquisadora e coordenadora de projetos do Núcleo de Desenvolvimento do Cebrap.

“Pessoas negras enfrentam maior dificuldade para alcançar condições materiais e de saúde adequadas a um envelhecimento ativo e digno”, explica Vieira.

A exposição à violência também é diferente. Ao longo da vida, homens negros foram ameaçados com arma de fogo 8% mais que brancos. Entre negros, 21% disseram ter sido ameaçados por arma de fogo ao longo da vida, enquanto esse percentual foi de 13% entre os brancos.

Conheça a palavra ‘afrovelhice’

Os resultados identificados na pesquisa do Cebrap merecem uma nova denominação específica na opinião do professor Valmir Moratelli, especialista em longevidade: “Afrovelhice”.

O termo criado por ele consolida as consequências do racismo na etapa mais avançada da vida dos negros. “A afrovelhice é caracterizada pelo aprofundamento de desigualdades enraizadas na sociedade brasileira”, explica.

O racismo estrutural e institucional traz processos de exclusão social e de falta de direitos sociais básicos ao longo da vida. Esse quadro é ilustrado pelos indicadores de baixa escolaridade, insegurança alimentar, trabalho precário, mobilidade limitada, comprometimento da saúde mental e acesso reduzido aos serviços culturais.

A escassez de serviços sociais básicos para essa parcela da população produzem vulnerabilidades que se acentuam na velhice de pobres e negros. É uma soma de desigualdades.

“O envelhecimento no Brasil precisa ser entendido a partir de suas desigualdades, já que estamos falando de um País que não conseguiu resolver mais de três séculos de consequências de uma escravidão de povos originários da África”, afirma o autor do livro A Invenção da Velhice Masculina (Matrix Editora).

Como mudar o cenário

Como proposta para mudar o cenário, principalmente na dimensão da saúde, uma das mais preocupantes, pesquisadores do Cebrap recomendam campanhas de sensibilização voltadas ao público masculino, iniciativas de segurança alimentar e a disseminação de práticas inspiradas na medicina afro-brasileira. Além disso, é preciso adotar políticas públicas desde a infância, de acordo com os especialistas.

“Para transformar essa realidade, é essencial implementar políticas públicas desde a infância, visando à nova geração, para evitar a perpetuação dessas desigualdades. Para a população com 50 anos ou mais, é crucial repensar a inclusão produtiva e as formas de acesso à aposentadoria”, diz Paz.

O especialista cita ainda a necessidade de ajustes nas políticas previdenciárias, considerando a expectativa de vida, especialmente para homens negros que muitas vezes têm uma vida mais curta, e a inclusão digital, com centros de treinamento para tecnologias da informação.

“Atuar na produção de conhecimento ajuda a melhorar a qualidade do envelhecer no Brasil e a transformar, para melhor, a vida da população idosa, que logo será maioria no país”, explica Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.

Para Moratelli, combater o racismo é outra frente essencial para superar as disparidades. “Esse é um grande dilema ainda hoje, entra governo, sai governo”, critica.

“A velhice tem de ser discutida por jovens. A luta tem que ser de todos, inclusive, dos meios de comunicação, das novelas, que é o nosso grande entretenimento gratuito no País, que dialoga e que pauta discussões, para que haja mais representação das formas de vida das pessoas idosas”, afirma.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que desenvolve estudos a partir de dois núcleos. O Núcleo de Desenvolvimento (Nudes) orienta ações de desenvolvimento para diversos grupos (moradores de áreas urbanas e rurais, populações tradicionais). O Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial (Afro) busca fortalecer as pesquisas acadêmicas sobre desigualdades, relações raciais e interseccionalidade.

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