A Operação Integration, que investiga suspeitas de lavagem de dinheiro do jogo do bicho, de apostas esportivas e cassinos online, tem como alvo um dos amigos do cantor Gusttavo Lima, o empresário Boris Maciel Padilha. Ele teve a prisão decretada pela Justiça de Pernambuco na segunda-feira, 23, após ser indiciado em inquérito da Polícia Civil.
A defesa de Boris Padilha não foi localizada pela reportagem. Já Gusttavo Lima teve a ordem de prisão revogada pelo desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, nesta terça-feira, 24. A defesa do sertanejo, cujo nome verdadeiro é Nivaldo Batista Lima, disse que recebeu “com tranquilidade e sentimento de justiça” a decisão que concedeu o habeas corpus.
O inquérito aponta Boris Padilha como responsável por “ocultar valores provenientes dos jogos ilegais” repassados por Darwin Henrique da Silva Filho. Boris teria recebido dois empréstimos de R$ 10 milhões de Darwin, em outubro e dezembro de 2023. A Polícia Civil afirma que Boris possui “alto poder econômico”, com bens que ultrapassam R$ 40 milhões e, por isso, não precisaria dos empréstimos.
Darwin Filho é CEO da bet Esportes da Sorte. Ele tem sete empresas em seu nome, a maioria delas sediada no Recife, onde mora. A investigação aponta indícios de prática de lavagem de dinheiro com cassino online e apostas esportivas da bet, além de lavagem de dinheiro do jogo do bicho, proveniente da empresa de seu pai, Darwin Henrique da Silva, proprietário da banca de bicho denominada Caminho da Sorte.
A defesa de Darwin Filho diz que as transações são “legalizadas e declaradas” e “serão justificadas no momento adequado”.
“Todas as operações são comerciais ou de prestação de serviço, que estão legalizadas e declaradas. Não tenho agora um relatório, precisamos fazer uma análise detalhada, mas todas elas serão justificadas no momento adequado. Essas informações foram trazidas agora, a gente não tem detalhes, mas com certeza vamos apresentar a documentação que justifica qualquer tipo de transação entre Darwin e Boris. Se é de fato que elas aconteceram. A gente tem visto tantos absurdos nesses inquéritos que pode ser que elas nem tenham acontecido”, disse ao Estadão Ademar Rigueira, advogado de Darwin Filho.
Na decisão de segunda-feira, a juíza Andrea Calado da Cruz, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, mandou bloquear R$ 21 milhões nas contas de Boris Padilha, além da apreensão de três carros de luxos que, juntos, são avaliados em R$ 19,9 milhões.
Entre os carros de luxo registrados no nome de Boris, estão:
- 3 Ferraris
- 2 Rolls Royces
- 2 Bentley
Em seu perfil no Instagram, Boris Padilha se define como “especialista em mercado de luxo”. Ele publica vídeos em iates, carros, helicópteros e também em shows de Gusttavo Lima. Em março, Boris aparece em um vídeo abraçando o cantor durante um show em Cuiabá, em Mato Grosso. “Você é um monstro, irmão. Muito obrigado pelo carinho”, escreveu Padilha.
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O investigado aparece como sócio de 10 empresas ativas, sendo oito em Santa Catarina e duas em Pernambuco. Sete empresas foram abertas em SC entre 2015 e 2021, associadas aos ramos de investimentos, cobranças, serviços, turismo e manutenção náutica. Já as empresas de Pernambuco, foram registradas em 1986 e 1975, no segmento imobiliário.
Além da prisão, Boris teve decretada a suspensão do passaporte e do certificado de registro e do porte de arma de fogo.
Investigações começaram em 2023
A polícia de Pernambuco investiga um grupo ligado a bets (sites de apostas esportivas, que são regulares), mas afirma que o alvo da investigação são os jogos de azar que funcionam de forma ilegal. As investigações conduzidas pela Polícia Civil de Pernambuco tiveram início em 2023. Conforme o inquérito, a organização criminosa usava várias empresas de eventos, publicidades, casas de câmbio, seguros e outras para lavagem de dinheiro feita por meio de depósitos e transações bancárias.
A suspeita é de que a quadrilha use tanto as casas de apostas online regulares, quanto os jogos de azar ilegais para as práticas criminosas.