SÃO PAULO - Uma das duas únicas ministras do governo de Jair Bolsonaro, Damares Alves colecionou polêmicas à frente do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em 2019.
Algumas das declarações controversas de Damares ocorreram antes mesmo de ela assumir a pasta e ganharam repercussão depois da viralização de vídeos antigos dos tempos em que era pastora de uma igreja evangélica. Relembre as principais:
Jesus na goiabeira
Em dezembro de 2018, antes de assumir o cargo de ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares foi alvo de piadas nas redes sociais depois que um vídeo antigo dela em um culto evangélico viralizou. Nas imagens, ela relata abusos que sofria quando era criança e revela que pensou em se matar. A pastora afirmou que subiu em uma goiabeira com um veneno que pretendia tomar, mas desistiu depois de ter visto Jesus Cristo.
"Eu estava em cima do pé de goiaba, eu ia tomar veneno, eu ia morrer, era muita dor na alma de todos os abusos que passei. E, quando estava em cima do pé de goiaba, eu não vi um unicórnio, eu vi, não vi um amigo imaginário, eu vi o que eu acreditava, Jesus", contou.
'Menino veste azul, e menina veste rosa'
Depois da posse de Jair Bolsonaro como presidente da República, um vídeo de Damares comemorandoa "nova era" circulou nas redes sociais. Nas imagens, ela afirma que "menino veste azul, e menina veste rosa".
Com a repercussão do vídeo, a ministra afirmou que seu objetivo foi, de fato, fazer uma declaração contra a "ideologia de gênero", referindo-se à sexualidade das crianças.
"Fiz uma metáfora contra a ideologia de gênero, mas meninos e meninas podem vestir azul, rosa, colorido, enfim, da forma que se sentirem melhores."
Adoção irregular de criança indígena
Indígenas da aldeia Kamayurá, localizada no centro da reserva indígena do Xingu, no norte de Mato Grosso, afirmaram em entrevista que Damares levou Kajutiti Lulu Kamayurá, à época com 6 anos, irregularmente da tribo. A ministra apresenta Lulu, hoje com 20 anos, como sua filha adotiva, mas a adoção nunca foi formalizada legalmente, conforme ela mesma já admitiu.
Sem diploma, mas com mestrado em 'ensino bíblico'
Damares dizia quando era pastora ser "mestre em educação" e "em direito constitucional e direito da família", títulos acadêmicos que ela não tem. A ministra confirmou que não dispunha de mestrado acadêmico, mas alegou que nas igrejas evangélicas é chamado mestre quem dedica a vida ao "ensino bíblico".
Entrada da Teoria da Evolução nas escolas
A ministra apareceu em um vídeo dizendo que a igreja evangélica "perdeu espaço" na ciência quando "deixou" a "Teoria da Evolução" entrar nas escolas sem questioná-la. Em uma pregação de 2013, Damares já havia dito que é favorável ao ensino religioso nas escolas. No vídeo que circulou no início de 2019, ela é entrevistada pela pastora Cynthia Ferreira, então coordenadora do Portal Fé em Jesus.
Cartilha para 'massagear sexualmente crianças' na Holanda
Em outro vídeo antigo, que viralizou depois de ser veiculado pela imprensa holandesa, Damares afirmou em uma palestra, em 2013, que especialistas na Holanda ensinam aos pais como "massagear sexualmente suas crianças".
"(Especialistas) Eles ensinam que o menino tem que ser masturbado com 7 meses de idade para quando ele chegar na fase adulta ele possa ser um homem saudável sexualmente, e a menina tem que ter a vagina manipulada desde cedo para que ela tenha prazer na fase adulta", afirmou a pastora. "Estão até distribuindo uma cartilha para os pais como massagear sexualmente suas crianças."
Hotéis-fazenda de fachada para turista se relacionar com animais
Também em um vídeo de 2013 que circulou após Damares se tornar ministra, ela disse que muitos hotéis-fazenda no País são de "fachada" e que os locais são usados para "turista ir transar com animais".
Meninas vítimas de abuso sexual na Ilha de Marajó 'porque não têm calcinha'
Em julho, Damares provocou polêmica durante o lançamento do programa Abrace o Marajó, de combate à exploração sexual e à violência na Ilha do Marajó, no Pará. Segundo a ministra, as meninas são vítimas de abuso no arquipélago por não usarem calcinha.
"As meninas lá são exploradas porque elas não têm calcinha, não usam calcinha, são muito pobres", afirmou Damares. "Me disseram: 'Por que o ministério não faz uma campanha para levar calcinhas para lá?'. Conseguimos um monte, mas por que levar calcinhas?"
Silêncio em coletiva para mostrar 'como é difícil uma mulher ficar em silêncio'
Em novembro, a ministra ficou em silêncio e deixou uma coletiva de imprensa sem falar com jornalistas. Damares saiu do local minutos antes da cerimônia para lançar campanha do governo de enfrentamento à violência contra a mulher. Mais tarde, ela alegou ter sido uma encenação.
"Fiquei em silêncio para que vocês sintam como é difícil uma mulher ficar em silêncio. Queria tanto falar tanto com vocês hoje, dizer para vocês sobre essa campanha belíssima, eu preferi o silêncio. É muito ruim tirar a voz de uma mulher", afirmou Damares. "Obrigado por terem participado, voluntariamente, involuntariamente da campanha."